Mauro Ferreira no G1

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sábado, 30 de março de 2013

DVD 'Janelas do Brasil' documenta doce presença de Amelinha em cena

Resenha de CD e DVD
Título: Janelas do Brasil ao vivo
Artista: Amelinha
Gravadora: Lua Music / Canal Brasil
Cotação: * * * 1/2

O primeiro DVD de Amelinha - lançado neste mês de março de 2013 pela gravadora Lua Music - é fruto dos bons serviços prestados à música brasileira pela gravadora Joia Moderna em 2011, ano que o DJ Zé Pedro deu voz a cantoras que estavam esquecidas, sem chance de gravar em um mercado fonográfico cada vez mais cruel e imediatista. Calcado em violões, o álbum de tom interiorano gravado por Amelinha na Joia Moderna, Janelas do Brasil, mostrou uma cantora em boa forma vocal e foi justamente saudado na mídia como o grande disco que efetivamente é. Materializado pela garra do produtor Thiago Marques Luiz, o DVD Janelas do Brasil ao vivo - com gravação lançada também em formato de CD, o primeiro ao vivo da cantora cearense - é bom desdobramento do disco do estúdio. Mesmo tendo sido captado num show tenso, feito em 16 de maio de 2012 no Teatro Fecap de São Paulo (SP), o DVD resulta digno. A qualidade da filmagem é meramente regular e o áudio disponível, por questões orçamentárias, é somente 2.0. Ainda assim, Janelas do Brasil ao vivo é produto que soma na discografia de Amelinha por ser seu primeiro registro ao vivo de show e pelo conjunto da obra reunida no ótimo roteiro. Tal como o disco de estúdio, a gravação ao vivo está centrada em violões, os de Dino Barioni e o de Emiliano Cristo. As cordas dão o tom   folk das 18 regravações do repertório. Além das cordas, somente o piano de Alex Viana entra em cena em Depende (Fagner e Abel Silva, 1977), música interpretada por Amelinha em dueto harmonioso com Fagner. Inevitavelmente, Janelas do Brasil ao vivo rebobina parte do repertório do disco de 2011, mas mesmo esses números, redundantes para quem comprou o álbum da Joia Moderna, têm lá seu charme. Em cena, Amelinha ajusta seu canto doce à leveza pop de Felicidade (Marcelo Jeneci e Chico César, 2010), saúda orgulhosamente as origens em Terral (Ednardo, 1973) e acerta a pegada frenética de Quando fugias de mim (Alceu Valença e Emannoel Cavalcanti, 2001). Fora do universo do disco que originou o show, a cantora percorre Légua tirana (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1949) com firmeza, dá feitio de oração a Ave Maria (Vicente Paiva e Jayme Redondo, 1951), entoa lindamente a valsa Ai, quem me dera (Vinicius de Moraes, 1974) - composta em sua casa, mas nunca gravada pela cantora - e explora seus agudos em sintonia com a guitarra de Dino Barioni ao dar voz à balada Água e luz (Tavito e Ricardo Magno, 1984), boa lembrança de fase em que flertou perigosamente com o tecnopop romântico que imperou na década de 80. O toque do violão de Toquinho em Valsinha (Vinicius de Moraes e Chico Buarque, 1971) dá a impressão de soar mais virtuoso no CD/DVD do que no show - provavelmente por conta das tensões que pontuaram a gravação. E por falar em violão, o solo de Dino Barioni em Sol de primavera (Beto Guedes e Ronaldo Bastos, 1979) resulta dispensável. Inevitáveis na primeira gravação ao vivo da cantora, os sucessos Frevo mulher (Zé Ramalho, 1979) e Mulher nova bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor (Otacílio Batista e Zé Ramalho, 1982) ganham registros pálidos que não resistem às comparações com suas respectivas gravações originais. Em contrapartida, Asa partida (Fagner e Abel Silva, 1976) soa mais pungente no DVD, inclusive por conta da participação de Zeca Baleiro, preciso na interpretação dos versos doídos do poeta Abel Silva. Baleiro se une a Fagner e a Amelinha no fim para juntos fazerem desabrochar novamente Flor da paisagem (Robertinho de Recife e Fausto Nilo, 1977), canção-título do primeiro álbum da cantora. Enfim, é muito bom que Amelinha tenha tido a chance de voltar a gravar. Janelas do Brasil ao vivo é documento para as futuras gerações da doce presença da intérprete em cena.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

O primeiro DVD de Amelinha - lançado neste mês de março de 2013 pela gravadora Lua Music - é fruto dos bons serviços prestados à música brasileira pela gravadora Joia Moderna em 2011, ano que o DJ Zé Pedro deu voz a cantoras que estavam esquecidas, sem chance de gravar em um mercado fonográfico cada vez mais cruel e imediatista. Calcado em violões, o álbum de tom interiorano gravado por Amelinha na Joia Moderna, Janelas do Brasil, mostrou uma cantora em boa forma vocal e foi justamente saudado na mídia como o grande disco que efetivamente é. Materializado pela garra do produtor Thiago Marques Luiz, o DVD Janelas do Brasil ao vivo - com gravação lançada também em formato de CD, o primeiro ao vivo da cantora cearense - é bom desdobramento do disco do estúdio. Mesmo tendo sido captado num show tenso, feito em 16 de maio de 2012 no Teatro Fecap de São Paulo (SP), o DVD resulta digno. A qualidade da filmagem é meramente regular e o áudio disponível, por questões orçamentárias, é somente 2.0. Ainda assim, Janelas do Brasil ao vivo é produto que soma na discografia de Amelinha por ser seu primeiro registro ao vivo de show e pelo conjunto da obra reunida no ótimo roteiro. Tal como o disco de estúdio, a gravação ao vivo está centrada em violões, os de Dino Barioni e o de Emiliano Cristo. As cordas dão o tom folk das 18 regravações do repertório. Além das cordas, somente o piano de Alex Viana entra em cena em Depende (Fagner e Abel Silva, 1977), música interpretada por Amelinha em dueto harmonioso com Fagner. Inevitavelmente, Janelas do Brasil ao vivo rebobina parte do repertório do disco de 2011, mas mesmo esses números, redundantes para quem comprou o álbum da Joia Moderna, têm lá seu charme. Em cena, Amelinha ajusta seu canto doce à leveza pop de Felicidade (Marcelo Jeneci e Chico César, 2010), saúda orgulhosamente as origens em Terral (Ednardo, 1973) e acerta a pegada frenética de Quando fugias de mim (Alceu Valença e Emannoel Cavalcanti, 2001). Fora do universo do disco que originou o show, a cantora percorre Légua tirana (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1949) com firmeza, dá feitio de oração a Ave Maria (Vicente Paiva e Jayme Redondo, 1951), entoa lindamente a valsa Ai, quem me dera (Vinicius de Moraes, 1974) - composta em sua casa, mas nunca gravada pela cantora - e explora seus agudos em sintonia com a guitarra de Dino Barioni ao dar voz à balada Água e luz (Tavito e Ricardo Magno, 1984), boa lembrança de fase em que flertou perigosamente com o tecnopop romântico que imperou na década de 80. O toque do violão de Toquinho em Valsinha (Vinicius de Moraes e Chico Buarque, 1971) dá a impressão de soar mais virtuoso no CD/DVD do que no show - provavelmente por conta das tensões que pontuaram a gravação. E por falar em violão, o solo de Dino Barioni em Sol de primavera (Beto Guedes e Ronaldo Bastos, 1979) resulta dispensável. Inevitáveis na primeira gravação ao vivo da cantora, os sucessos Frevo mulher (Zé Ramalho, 1979) e Mulher nova bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor (Otacílio Batista e Zé Ramalho, 1982) ganham registros pálidos que não resistem às comparações com suas respectivas gravações originais. Em contrapartida, Asa partida (Fagner e Abel Silva, 1976) soa mais pungente no DVD, inclusive por conta da participação de Zeca Baleiro, preciso na interpretação dos versos doídos do poeta Abel Silva. Baleiro se une a Fagner e a Amelinha no fim para juntos fazerem desabrochar novamente Flor da paisagem (Robertinho de Recife e Fausto Nilo, 1977), canção-título do primeiro álbum da cantora. Enfim, é muito bom que Amelinha tenha tido a chance de voltar a gravar. Janelas do Brasil ao vivo é documento para as futuras gerações da doce presença da intérprete em cena.

lurian disse...

Não sabia que Amelinha havia gravado Sol de primavera, ou será apenas o momento em que a artista dá uma pausa e a banda fica em cena? No mais precisamos ouvir mais essa bela voz que ficou um tempo, injustamente, esquecida.

ADEMAR AMANCIO disse...

Muito boa a voz e afinação de Amelinha.

Luca disse...

Amelinha devia aproveitar a maré e grava outro disco de estúdio no fim do ano