sexta-feira, 15 de março de 2013

'People, hell and angels' pode ser o céu ou o inferno para fãs de Hendrix

Resenha de CD
Título: People, hell and angels
Artista: Jimi Hendrix
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * 1/2

Há duas formas de analisar People, hell and angels, o 12º título póstumo da discografia de Jimi Hendrix (1942 - 1970), lançado em escala mundial pela gravadora Sony Music neste mês de março de 2013. A primeira é encarar o CD como mais um produto mercantilista, criado para faturar com a aura mítica alimentada em torno do guitarrista que saiu precocemente de cena. Afinal, a obra oficial e oficiosa do artista vem sendo periodicamente exumada para gerar discos que explorem o mito. People, hell and angels se enquadra nessa análise com sua coleção de 12 fonogramas inéditos registrados por Hendrix em sessões de estúdio realizadas entre 1968 e 1969 (a rigor, a faixa gravada pelo guitarrista com os cantores do grupo The Ghetto Fighters, Mojo man, foi finalizada em 1970, mas iniciada em 1969). O conjunto de fonogramas é formado por registros alternativos de músicas em sua maioria já gravadas pelo artista. Nesse sentido, People, hell and angels pode soar como disco indicado somente para colecionares extremados da obra fonográfica de Hendrix e, nesse sentido, o encarte é farto de informações, vindo com detalhado faixa-a-faixa. Em contrapartida, a segunda forma de encarar o disco absolve People, hell and angels de sua natureza comercial - sim, há um contrato assinado pelos herdeiros de Hendrix com a Sony Music que prevê a produção regular de álbuns inéditos do artista - pelo fato de ele agregar, com certa unidade, fonogramas que apontam caminhos que Hendrix não teve tempo de seguir. A levada funky de Earth blues (1969) sinaliza um desses possíveis caminhos, embora o registro inédito do tema seja inferior ao lançado no póstumo álbum Rainbow bridge (1971). Já na gravação de Inside out, feita em junho de 1968, Hendrix se exercita no toque do baixo, além de pilotar a guitarra. Era uma experiência para o efervescente músico. Como guitarrista, Hendrix brilha exuberante entre os efeitos do psicodélico blues Somewhere, fonograma de março de 1968, já lançado na internet em janeiro para atiçar a curiosidade do universo pop em relação a People, hell and angels. Em contrapartida, Hear my train a comin' é (mais um) registro do blues de Hendrix, captado com a bateria de Buddy Miles e o baixo de Billy Cox (nome recorrente na ficha técnica de boa parte dos 12 fonogramas). Sim, a bem da verdade, o teor de novidade do repertório não é tão alto assim como alardeado. Os 12 fonogramas em si são todos inéditos - é fato. Mas são registros alternativos de músicas que já fazem parte da discografia póstuma do artista. Exceção é Let me move you, tema que fica entre o rock e soul, gravado por Hendrix em março de 1969 com o saxofonista Lonnie Youngblood, responsável pelos vocais da faixa. De todo modo, o som que se ouve em People, hell and angels é interessante. É música tocada por um dos maiores músicos do universo pop, guitarrista que se tornou referência e ícone no toque de seu instrumento. Ou seja, dependendo da forma como for encarado e avaliado, People, hell and angels pode significar o céu ou o inferno para o ouvinte fã de Jimi Hendrix.

2 comentários:

  1. Há duas formas de analisar People, hell and angels, o 12º título póstumo da discografia de Jimi Hendrix (1942 - 1970), lançado em escala mundial pela gravadora Sony Music neste mês de março de 2013. A primeira é encarar o CD como mais um produto mercantilista, criado para faturar com a aura mítica alimentada em torno do guitarrista que saiu precocemente de cena. Afinal, a obra oficial e oficiosa do artista vem sendo periodicamente exumada para gerar discos que explorem o mito. People, hell and angels se enquadra nessa análise com sua coleção de 12 fonogramas inéditos registrados por Hendrix em sessões de estúdio realizadas entre 1968 e 1969 (a rigor, a faixa gravada pelo guitarrista com os cantores do grupo The Ghetto Fighters, Mojo man, foi finalizada em 1970, mas iniciada em 1969). O conjunto de fonogramas é formado por registros alternativos de músicas em sua maioria já gravadas pelo artista. Nesse sentido, People, hell and angels pode soar como disco indicado somente para colecionares extremados da obra fonográfica de Hendrix e, nesse sentido, o encarte é farto de informações, vindo com detalhado faixa-a-faixa. Em contrapartida, a segunda forma de encarar o disco absolve People, hell and angels de sua natureza comercial - sim, há um contrato assinado pelos herdeiros de Hendrix com a Sony Music que prevê a produção regular de álbuns inéditos do artista - pelo fato de ele agregar, com certa unidade, fonogramas que apontam caminhos que Hendrix não teve tempo de seguir. A levada funky de Earth blues (1969) sinaliza um desses possíveis caminhos, embora o registro inédito do tema seja inferior ao lançado no póstumo álbum Rainbow bridge (1971). Já na gravação de Inside out, feita em junho de 1968, Hendrix se exercita no toque do baixo, além de pilotar a guitarra. Era uma experiência para o efervescente músico. Como guitarrista, Hendrix brilha exuberante entre os efeitos do psicodélico blues Somewhere, fonograma de março de 1968, já lançado na internet em janeiro para atiçar a curiosidade do universo pop em relação a People, hell and angels. Em contrapartida, Hear my train a comin' é (mais um) registro do blues de Hendrix, captado com a bateria de Buddy Miles e o baixo de Billy Cox (nome recorrente na ficha técnica de boa parte dos 12 fonogramas). Sim, a bem da verdade, o teor de novidade do repertório não é tão alto assim como alardeado. Os 12 fonogramas em si são todos inéditos - é fato. Mas são registros alternativos de músicas que já fazem parte da discografia póstuma do artista. Exceção é Let me move you, tema que fica entre o rock e soul, gravado por Hendrix em março de 1969 com o saxofonista Lonnie Youngblood, responsável pelos vocais da faixa. De todo modo, o som que se ouve em People, hell and angels é interessante. É música tocada por um dos maiores músicos do universo pop, guitarrista que se tornou referência e ícone no toque de seu instrumento. Ou seja, dependendo da forma como for encarado e avaliado, People, hell and angels pode significar o céu ou o inferno para o ouvinte fã de Jimi Hendrix.

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  2. O nobre articulista cita as faixas como "inéditas". Já li em outras resenhas que as mesmas teriam inclusive ficado "guardadas num cofre durante anos". Tudo papo furado. De inédito não há nada. Tudo mais do que conhecido através de bootlegs, alguns com excelente áudio, a mais de 30 anos. Mas é certo que trata-se apenas de um cd mercantilista, para aproveitar a fama do música apenas, e sem nehum valor real. Melhor teriam feito se lançassem na íntegra a jam de Hendrix com a participação de Stephen Stills, um verdadeiro show. No mais, material também conhecido à eras e disponível na grande rede.

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