Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


segunda-feira, 11 de março de 2013

Com rock atemporal, 'The next day' prova que Bowie continua bem vivo

Resenha de CD
Título: The next day
Artista: David Bowie
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * * 1/2

Sim, David Bowie está vivo. Como artista. Musculoso álbum de rock lançado no Reino Unido nesta segunda-feira, 11 de março de 2013, The next day surpreende ao expor o camaleão inglês em pele viçosa. Pista falsa do tom do disco, a melancólica e bela balada Where are we now? - faixa revelada em 8 de janeiro juntamente com o espantoso anúncio de que o sumido Bowie estava de volta e ia lançar neste mês de março o seu 24º álbum de estúdio, o primeiro em dez anos -  sugeria apego a um passado de glória com seus flashes da Berlim dos anos 70. Contudo, The next day conecta David Bowie com vigor ao tempo presente com seu rock paradoxalmente atemporal - ainda que uma ou outra faixa, caso da tristonha balada You feel so lonely you could die, possa remeter à era de Ziggy Stardust. Sim, trata-se de um disco de rock. A pegada veloz de faixas como If you can see me e The stars (Are out tonight) é essencialmente roqueira, ganhando peso e certa agressividade em (You will) set the world on fire. Aliada à contundência das letras, a qualidade de músicas como How does the grass grow (faixa com toque psicodélico) torna The next day um grande álbum, um dos melhores de Bowie. A produção de Tony Visconti se desvia da rota da célebre trilogia berlinense da segunda metade dos anos 70, evitando comparações e centrando o disco - gravado em Nova York (EUA) - no trinômio básico do rock. Além da voz de Bowie, em forma aos 66 anos, o que sobressai ao longo das 17 faixas do disco é a guitarra proeminente de Gerry Leonard, o baixo de Gail Ann Dorsey e a bateria de Zachary Alford - com ligeira ênfase nas guitarras. Mas há também eventuais violinos, saxofones e sintetizadores. Entre uma ou outra balada (Valentine's day tem título enganoso, pois fala sem doçura de bullying) e temas de caráter sombrio (Love is lost), Bowie apresenta disco contundente que injeta fôlego em sua discografia. "Here i am / Not quite dying", avisa o camaleão em versos da faixa-título The next day. Sim, o álbum prova - com seu rock atemporal e visceral - que David Bowie está vivo. Sobretudo como artista.

6 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Sim, David Bowie está vivo. Como artista. Musculoso álbum de rock lançado no Reino Unido nesta segunda-feira, 11 de março de 2013, The next day surpreende ao expor o camaleão inglês em pele viçosa. Pista falsa do tom do disco, a melancólica e bela balada Where are we now? - faixa revelada em 8 de janeiro juntamente com o espantoso anúncio de que o sumido Bowie estava de volta e ia lançar neste mês de março o seu 24º álbum de estúdio, o primeiro em dez anos - sugeria apego a um passado de glória com seus flashes da Berlim dos anos 70. Contudo, The next day conecta Bowie com vigor ao tempo presente com seu rock paradoxalmente atemporal - ainda que uma ou outra faixa, caso da tristonha balada You feel so lonely you could die, possa remeter à era de Ziggy Stardust. Sim, trata-se de um disco de rock. A pegada veloz de faixas como If you can see me e The stars (Are out tonight) é essencialmente roqueira, ganhando peso e certa agressividade em (You will) set the world on fire. Aliada à contundência das letras, a qualidade de músicas como How does the grass grow (faixa com toque psicodélico) torna The next day um grande álbum, um dos melhores de Bowie. A produção de Tony Visconti se desvia da rota da célebre trilogia berlinense da segunda metade dos anos 70, evitando comparações e centrando o disco - gravado em Nova York (EUA) - no trinômio básico do rock. Além da voz de Bowie, em forma aos 66 anos, o que sobressai ao longo das 17 faixas do disco é a guitarra proeminente de Gerry Leonard, o baixo de Gail Ann Dorsey e a bateria de Zachary Alford - com ligeira ênfase nas guitarras. Mas há também eventuais violinos, saxofones e sintetizadores. Entre uma ou outra balada (Valentine's day tem título enganoso, pois fala sem doçura de bullying) e temas de caráter sombrio (Love is lost), Bowie apresenta disco contundente que injeta fôlego em sua discografia. "Here i am / Not quite dying", avisa o camaleão em versos da faixa-título The next day. Sim, o álbum prova - com seu rock atemporal e visceral - que David Bowie está vivo. Sobretudo como artista.

Tiago Rios disse...

O disco está lindo!

Maria disse...

Deve estar mesmo! irei conferir agorinha.

Fernando Lima disse...

O disco é muito bom!! Mas acho que ele segue a trilha de "Heathen" e "Reality", talvez formando uma nova trilogia, tendo muito pouco da trilogia de Berlim ("Low", 'Heroes" e "Lodger"). Mas, surpreendente mesmo foi o sigilo que marcou a gravação do album; realmente um feito nesses tempos em que a imprensa acha que nada lhe escapa. Viva Bowie!!

Fernando Moraes disse...

Incrível mesmo o feito de ter 2 ANOS ESCONDIDO SOBRE A PRODUÇÃO! Nos dias de hoje? Poxa vida!

A alta cotação dada pelo Mauro faz jus, o disco eh realmente muito bom. Isso que ele não mencionou os belos arranjos das músicas. Ainda temos cordas e metais.

David Bowie arrasou!
Não ouvia tanto ele, e depois de ouvir este disco já comprei até box de coletânea e fiquei muito fã!

E tb legal mencionar que o disco está vendendo, mesmo no Brasil, como água. Também um feito pros dias de hoje.

Fernando Moraes disse...

E eu tb concordo, pelas audições que fiz agora, que o disco parece estar mais pra "Heathen" e "Reality" do que os de Berlin, apesar da foto.