Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Gang eletriza ao fazer a festa popular em seu autorreferente primeiro álbum

Resenha de CD
Título: Gang do Eletro
Artista: Gang do Eletro
Gravadora: Deck
Cotação: * * * *

"A festa vai começar, meu DJ", avisa Marcos Maderito, um dos cantores da Gang do Eletro, no início de Piripaque, primeira das dez faixas do sucinto primeiro álbum do quarteto paraense de eletromelody, gênero que cruza o tecnobrega com ritmos como a música dance da Europa e o funk à moda carioca. Pilotado e mixado pelo DJ e produtor Waldo Squash, criador e mentor da banda, o festivo CD Gang do Eletro usa e abusa das autorreferências - várias letras de Maderito versam sobre a "onda do Pará", a exemplo de Só no charminho, e sobre o universo musical da Gang - para marcar posição e território. No caso, a onda é a cena tecnobrega de Belém (PA), cuja exposição nacional foi ampliada ao longo de 2012 no rastro do sucesso da cantora Gaby Amarantos, amiga da Gang. Criada em novembro de 2008, em Belém do Pará, a Gang do Eletro ajudou a fomentar essa cena efervescente com as batidas eletrônicas das músicas que toca nas festas de aparelhagem da região. Dez dessas músicas compõem o repertório do CD ora lançado pela gravadora Deck. E, justiça seja feita, a Gang eletriza em disco sem medo de soar deliciosamente brega em músicas como Dançando no salão, cujo tema - a própria dança - é rebobinado na faixa seguinte, Esquenta. A repetição dos temas é, a rigor, o único problema deste CD gravado com Keila Gentil e William Love, cantores que entraram para a Gang do Eletro em 2010. No mais, Gang do Eletro - o disco - resulta eletrizante com seu mix de referências. Se Eletro do robô remete à batida automatizada do grupo alemão Kraftwerk (um dos pioneiros da música eletrônica), Una cosa - faixa cantada em português, ao contrário do que sugere seu título em castelhano - se escora na levada da cumbia, ritmo da Colômbia. Já Velocidade do eletro - frenética faixa que teve seu clipe lançado pela Gang em março de 2013, anunciando oficialmente a chegada do disco ao mercado - fala metalinguisticamente do treme, o passo agitado seguido pela galera que lança o eletromelody nas lajes e na festa de aparelhagem. A propósito, uma das músicas do CD Gang do Eletro é justamente Galera da laje, já conhecida na gravação do primeiro álbum de Gaby Amarantos, Treme. Vale ressaltar que a festa é, em essência, popular - o que justificam versos que aludem às danças de ritmos coreografados como a axé music e o funk. "Joga a mãozinha para cima e grita: 'hei! ho' ", ordena o vocalista da Gang em Tubagás. Por vezes erotizado, o papo da Gang do Eletro é curtição, azaração nas festas, como expõe o superpop jogo de sedução armado em Vamos de barco. Enfim, escorada na aura hype construída em volta da cena tecnobrega, a Gang do Eletro faz sua festa. Festa boa, com cacife para continuar animada após o hype  em torno da cena do Norte.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

"A festa vai começar, meu DJ", avisa Marcos Maderito, um dos cantores da Gang do Eletro, no início de Piripaque, primeira das dez faixas do sucinto primeiro álbum do quarteto paraense de eletromelody, gênero que cruza o tecnobrega com ritmos como a música dance da Europa e o funk à moda carioca. Pilotado e mixado pelo DJ e produtor Waldo Squash, criador e mentor da banda, o festivo CD Gang do Eletro usa e abusa das autorreferências - várias letras de Maderito versam sobre a "onda do Pará", a exemplo de Só no charminho, e sobre o universo musical da Gang - para marcar posição e território. No caso, a onda é a cena tecnobrega de Belém (PA), cuja exposição nacional foi ampliada ao longo de 2012 no rastro do sucesso da cantora Gaby Amarantos, amiga da Gang. Criada em novembro de 2008, em Belém do Pará, a Gang do Eletro ajudou a fomentar essa cena efervescente com as batidas eletrônicas das músicas que toca nas festas de aparelhagem da região. Dez dessas músicas compõem o repertório do CD ora lançado pela gravadora Deck. E, justiça seja feita, a Gang eletriza em disco sem medo de soar deliciosamente brega em músicas como Dançando no salão, cujo tema - a própria dança - é rebobinado na faixa seguinte, Esquenta. A repetição dos temas é, a rigor, o único problema deste CD gravado com Keila Gentil e William Love, cantores que entraram para a Gang do Eletro em 2010. No mais, Gang do Eletro - o disco - resulta eletrizante com seu mix de referências. Se Eletro do robô remete à batida automatizada do grupo alemão Kraftwerk (um dos pioneiros da música eletrônica), Una cosa - faixa cantada em português, ao contrário do que sugere seu título em castelhano - se escora na levada da cumbia, ritmo da Colômbia. Já Velocidade do eletro - frenética faixa que teve seu clipe lançado pela Gang em março de 2013, anunciando oficialmente a chegada do disco ao mercado - fala metalinguisticamente do treme, o passo agitado seguido pela galera que lança o eletromelody nas lajes e na festa de aparelhagem. A propósito, uma das músicas do CD Gang do Eletro é justamente Galera da laje, já conhecida na gravação do primeiro álbum de Gaby Amarantos, Treme. Vale ressaltar que a festa é, em essência, popular - o que justificam versos que aludem às danças de ritmos coreografados como a axé music e o funk. "Joga a mãozinha para cima e grita: 'hei! ho' ", ordena o vocalista da Gang em Tubagás. Por vezes erotizado, o papo da Gang do Eletro é curtição, azaração nas festas, como expõe o superpop jogo de sedução armado em Vamos de barco. Enfim, escorada na aura hype construída em volta da cena tecnobrega, a Gang do Eletro faz sua festa. E, sim, a festa da Gang é bem boa.

Raffa disse...

Fraco como a Banda Uó.