Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 2 de abril de 2013

Morta há 30 anos, Clara Nunes é referência de canto e de samba no Brasil

Faz 30 anos nesta terça-feira, 2 de abril de 2013, que Clara Nunes (1942 - 1983) saiu precocemente de cena, aos 40 anos de vida. Perda que chocou o Brasil na época pela morte estúpida, inesperada, consequência do que seria corriqueira operação de varizes. Decorridos 30 anos do voo da sabiá, Clara Nunes ainda é sólida referência de canto feminino no Brasil - e de samba, ainda que seu repertório tenha abarcado outros ritmos brasileiros. A associação de Clara ao samba no imaginário nacional é perfeitamente compreensível. Com voz luminosa, Clara Francisca Gonçalves irradiou alguns dos melhores sambas ouvidos nos anos 70, década de seu apogeu artístico e comercial. A emissão límpida e a afinação perfeita – treinadas espontaneamente na escola noturna das boates da Belo Horizonte (MG) dos anos 60 – ganharam projeção nacional quando, após transitar por boleros e por músicas de festivais, a mineira abraçou o samba em 1971, escorada em imagem afro-brasileira arquitetada pelo produtor e radialista Adelzon Alves em sintonia com o apego da intérprete aos temas do Candomblé. São dessa fase álbuns emblemáticos como Alvorecer (1974) e Claridade (1975). A partir de 1976, conduzida pelo produtor Paulo César Pinheiro, Clara abriu o leque estético do repertório em álbuns igualmente primorosos como Canto das três raças (1976), As forças da natureza (1977), Guerreira (1978), Esperança (1979), Brasil Mestiço (1980), Clara (1981) e Nação (1982), nos quais cantou outros ritmos brasileiros sem nunca se dissociar do samba. Gravações ainda hoje marcantes como as de Ê baiana (1971), Ilu ayê (Terra da vida) (1972), Tristeza pé no chão (1973), Conto de areia (1974), O mar serenou (1975), Canto das três raças (1976), Coração leviano (1977), Mente (1978), Na linha do mar (1979), Morena de Angola (1980), Portela na avenida (1981) e Ijexá (1982) ainda reverberam na alma do Brasil - 30 anos após o voo da sabiá - e atestam a perenidade do canto luminoso do ser de luz de voz guerreira calada justo quando tinha alcançado a maturidade artística.

10 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Faz 30 anos nesta terça-feira, 2 de abril de 2013, que Clara Nunes (1942 - 1983) saiu precocemente de cena, aos 40 anos de vida. Perda que chocou o Brasil na época pela morte estúpida, inesperada, consequência do que seria corriqueira operação de varizes. Decorridos 30 anos do voo da sabiá, Clara Nunes ainda é sólida referência de canto feminino no Brasil - e de samba, ainda que seu repertório tenha abarcado outros ritmos brasileiros. A associação de Clara ao samba no imaginário nacional é perfeitamente compreensível. Com voz luminosa, Clara Francisca Gonçalves irradiou alguns dos melhores sambas ouvidos nos anos 70, década de seu apogeu artístico e comercial. A emissão límpida e a afinação perfeita – treinadas espontaneamente na escola noturna das boates da Belo Horizonte (MG) dos anos 60 – ganharam projeção nacional quando, após transitar por boleros e por músicas de festivais, a mineira abraçou o samba em 1971, escorada em imagem afro-brasileira arquitetada pelo produtor e radialista Adelzon Alves em sintonia com o apego da intérprete aos temas do Candomblé. São dessa fase álbuns emblemáticos como Alvorecer (1974) e Claridade (1975). A partir de 1976, conduzida pelo produtor Paulo César Pinheiro, Clara abriu o leque estético do repertório em álbuns igualmente primorosos como Canto das três raças (1976), As forças da natureza (1977), Guerreira (1978), Esperança (1979), Brasil Mestiço (1980), Clara (1981) e Nação (1982), nos quais cantou outros ritmos brasileiros sem nunca se dissociar do samba. Gravações marcantes como as de Ê baiana (1971), Ilu ayê (Terra da vida) (1972), Tristeza pé no chão (1973), Conto de areia (1974), O mar serenou (1975), Canto das três raças (1976), Coração leviano (1977), Mente (1978), Na linha do mar (1979), Morena de Angola (1980), Portela na avenida (1981) e Ijexá (1982) ainda reverberam na alma do Brasil - 30 anos após o voo da sabiá - e atestam a perenidade do canto luminoso do ser de luz de voz guerreira calada justo quando tinha alcançado a maturidade artística.

Galex disse...

CLARA deixou uma marca indelével e incomparável na música popular. Com ela, o Brasil passou a ter menos vergonha de suas raízes africanas.

noca disse...

Clara,voz unica de beleza unica.Mas nem por isso,e muito por isso devemos saldar tudo e todos que a homenageam neste momento e sempre.Ate porque por a Elis,por ex. e homenageada quase que diariamente e ninguem reclama disso.E Clara tambem e fundamental!

Anônimo disse...

Minha saudação a Clara!
A cantora de samba, vamos enquadrá-la assim, com melhor repertório que o Brasil já teve.
Ele tinha um quê de Nara Leão na escolha certeira das músícas e dos compositores e um bom gosto musical acima da média.
Isso fez toda a diferença.

PS: Tá na hora do Paulo Cesar Pinheiro lançar mais um disquinho, né? Apesar de sempre ser lembrado como compositor genial que é, eu adoro o cara cantando.

lurian disse...

Pode ser que apareçam muitas e melhores, e covers e tal. Mas para mim Clara é a cantora que melhor representa a mistura de raças, de crenças, de linguagens desse Brasil... está profundamente ligada à minha memória afetiva, de forma que sempre que ouço me comovo.

Saudações à Estrela das Geraes do Brasil!

Maria disse...

Concordo plenamente com você Zé!
Minha cantora de Samba preferida.

Muscleboyg disse...

Decepcionante,para não dizer revoltante a repercussão acerca dos 30 anos da morte de Clara Nunes.Os orgãos de imprensa simplesmente ignoraram o fato-ao contrário da passagem dos 30 anos de falecimento de Elis Regina-,o Jornal "O DIA" dedicou-lhe um espaço de canto de página na seção de "Opinião"(pouco lida pelos leitores),o "EXTRA" e "O GLOBO" nem isto...As rádios...então...que tristeza.O pior de tudo isto é termos que ouvir intérpretes menores(nada contra,por favor) em regravações de sucessos que se imortalizaram na voz singular de Clara Nunes.Triste também constatar que sabe-se tão pouco acerca da obra musical de Clara.Há tanta coisa boa desconhecida.Um exemplo é a primorosa gravação de "Eu preciso de silêncio",composta por Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza,mesmos compositores de "Madalena",que foi sucesso com Elis...Enfim,Clara merecia e merece muito mais do que raros espaços em blogs especializados e merece tambem uma biografia mais abrangente acerca de sua obra como intérprete.
Mas,valeu pela lembrança,Mauro.
Um abraço.
Francisco Carlos.
Fã da MAIOR de TODAS as cantoras de SAMBA que este país já ouviu.

Dido Borges disse...

Clara é única!
A maior cantora brasileira de todos os tempos.
E como era bonita, aliás linda.

Unknown disse...

E nada do relançamento da caixa com os cds?!

Rafael disse...

Para mim uma das grandes cantoras que esse páis teve, ao lado de Elis, Nara e mais um grupo seleto. E por falar em Clara, esse ano se terá vários discos em tributo a ela. Carla Visi está gravando um, Valéria Oliveira outro, Fabiana Cozza também um. Que venham regados a qualidade.