Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quarta-feira, 1 de maio de 2013

À beira dos 84 anos, Ângela mostra no Rio que ainda é senhora cantora

Resenha de show
Título: Eu voltei
Artista: Ângela Maria (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Theatro Net Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 29 de abril de 2013
Cotação: * * * *
Show em cartaz no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro (RJ), até 30 de abril de 2013

"A voz agora está mais baixa. Ela já não está dando aqueles agudos", comenta espectadora de aguçado senso crítico enquanto Ângela Maria canta Abandono (Nazareno de Brito e Presyla de Barros, 1955) no palco do Theatro Net Rio, na sua volta aos palcos do Rio de Janeiro (RJ), em 29 de abril de 2013, data da primeira das duas concorridas apresentações cariocas do show Eu voltei, inspirado no homônimo disco lançado pela cantora fluminense em 2011. De fato, a voz de mezzo-soprano da Sapoti já não alcança os agudos dos tempos áureos, soando mais grave nos tons mais comedidos da maturidade. Nem por isso Ângela Maria deixa de ser a estrela que reluziu na constelação da música brasileira dos anos 50, no período pré-Bossa Nova dominado pelos sambas-canção e boleros de versos de tom folhetinesco. À beira dos 84 anos, a serem completados em 13 de maio, Ângela Maria mostrou ao público carioca que ainda é uma senhora cantora. Destaques do show roteirizado pelo diretor Thiago Marques Luiz com predominância dos sucessos do glorioso passado da artista, as interpretações de Bar da noite (Haroldo Barbosa e Bidu Reis, 1953) e Menino grande (Antonio Maria, 1952) - músicas propagadas na voz da cantora carioca Nora Ney (1922 - 2003) -  ratificaram o perfeito entendimento que Ângela tem das letras de seu repertório. Com porte de rainha da canção popular, a intérprete concentra atenções e devoções com canto majestoso que por vezes dá a impressão de haver lágrimas na voz da intérprete, como no verso "Eu chorei" de O portão (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1974) e como no verso final "Que vontade de chorar" de Gente humilde (Garoto, Vinicius de Moraes e Chico Buarque, 1969). Hit da cantora nos anos 60, década em que a discografia da Sapoti oscilou, Falhaste coração (Cuco Sanchez em versão em português de Luis Carlos Gouveia, 1965) enfatizou no show a conexão da artista com seu público passional. Já o samba-canção Ronda (Paulo Vanzolini, 1953) teve sua dramaticidade elevada no arranjo que esboçou clima de tango, fazendo link com o número seguinte, Tango pra Tereza (Jair Amorim e Evaldo Gouveia, 1975). Escuta (Ivon Curi, 1955) - número de voz e piano - e Balada triste (Dalton Vogeler e Esdras Silva, 1958) reiteraram a intimidade da cantora com um repertório geralmente calcado nas emoções doídas de amores fracassados. Folhetim às vezes temperado com um ritmo mais alegre, caso do cha cha cha Garota solitária (Adelino Moreira, 1962), número de menor expressão artística, precedido pela lembrança de Cinderela (Adelino Moreira, 1966), feita de forma interativa com o público (a cantora dividiu a plateia entre homens e mulheres, alterando o gênero de verso do refrão). No fim, antes de fazer no bis deslocado pot-pourri com sambas do compositor mineiro Ataulfo Alves (1909 - 1969), Ângela Maria experimenta agudos em Babalu (Margarita Lecuona, 1939), número obrigatório nos shows da cantora desde 1958, ano em que deu voz pela primeira vez ao tema mexicano. Mesmo que o alcance já seja menor, Ângela Maria é sempre cantora de tom maior.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

"A voz agora está mais baixa. Ela já não está dando aqueles agudos", comenta espectadora de aguçado senso crítico enquanto Ângela Maria canta Abandono (Nazareno de Brito e Presyla de Barros, 1955) no palco do Theatro Net Rio, na sua volta aos palcos do Rio de Janeiro (RJ), em 29 de abril de 2013, data da primeira das duas concorridas apresentações cariocas do show Eu voltei, inspirado no homônimo disco lançado pela cantora fluminense em 2011. De fato, a voz de mezzo-soprano da Sapoti já não alcança os agudos dos tempos áureos, soando mais grave nos tons mais comedidos da maturidade. Nem por isso Ângela Maria deixa de ser a estrela que reluziu na constelação da música brasileira dos anos 50, no período pré-Bossa Nova dominado pelos sambas-canção e boleros de versos folhetinescos. À beira dos 84 anos, a serem completados em 13 de maio, Ângela Maria mostrou ao público carioca que ainda é uma senhora cantora. Destaques do show roteirizado pelo diretor Thiago Marques Luiz com predominância dos sucessos do glorioso passado da artista, as interpretações de Bar da noite (Haroldo Barbosa e Bidu Reis, 1953) e Menino grande (Antonio Maria, 1952) - músicas propagadas na voz da cantora carioca Nora Ney (1922 - 2003) - ratificaram o perfeito entendimento que Ângela tem das letras de seu repertório. Com porte de rainha da canção popular, a intérprete concentra atenções e devoções com canto majestoso que por vezes dá a impressão de haver lágrimas na voz da intérprete, como no verso "Eu chorei" de O portão (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1974) e como no verso final "Que vontade de chorar" de Gente humilde (Garoto, Vinicius de Moraes e Chico Buarque, 1970). Hit da cantora nos anos 60, década em que a discografia da Sapoti oscilou, Falhaste coração (Cuco Sanchez em versão em português de Luis Carlos Gouveia, 1965) enfatizou no show a conexão da artista com seu público passional. Já o samba-canção Ronda (Paulo Vanzolini, 1953) teve sua dramaticidade elevada no arranjo que esboçou clima de tango, fazendo link com o número seguinte, Tango pra Tereza (Jair Amorim e Evaldo Gouveia, 1975). Escuta (Ivon Curi, 1955) - número de voz e piano - e Balada triste (Dalton Vogeler e Esdras Silva, 1958) reiteraram a intimidade da cantora com um repertório geralmente calcado nas emoções doídas de amores fracassados. Folhetim às vezes temperado com um ritmo mais alegre, caso do cha cha cha Garota solitária (Adelino Moreira, 1962), número de menor expressão artística, precedido pela lembrança de Cinderela (Adelino Moreira, 1966), feita de forma interativa com o público (a cantora dividiu a plateia entre homens e mulheres, alterando o gênero de verso do refrão). No fim, antes de fazer no bis deslocado pot-pourri com sambas do compositor mineiro Ataulfo Alves (1909 - 1969), Ângela Maria experimenta agudos em Babalu (Margarita Lecuona, 1939), número obrigatório nos shows da cantora desde 1958, ano em que deu voz pela primeira vez ao tema mexicano. Mesmo que o alcance já seja menor, Ângela Maria é sempre cantora de tom maior.

ADEMAR AMANCIO disse...

A Elis não seria fã de qualquer coisa né.Quanto ao verso da música de Roberto e Erasmo,não seria "Eu voltei"?

EDELWEISS1948 disse...

ANGELA FAZ PARTE DA SANTISSIMA TRINDADE. DALVA/ANGELA/ELIS.

Gill Sampaio Ominirò disse...

Só rindo mesmo. Santíssima trindade? Que ridículo!

Graças aos deuses da música nasceu Gal Costa para modernizar a MPB com seus berros operísticos e inundados de vibrato.