Título: Cadafalso
Artista: Momo
Gravadora: Sem indicação
Cotação: * * * 1/2
Disco disponível para download gratuito e legalizado no site www.momomusica.com
Em 2011, a bordo com seu violão, Momo - nome artístico de Marcelo Frota, compositor, cantor e músico mineiro radicado no Rio de Janeiro (RJ) - cruzou o mar da solidão no leme das belas melodias do CD Serenade of a sailor (Pimba / Tratore, 2011), um dos melhores discos daquele ano. Outros músicos compunham a tripulação, dispensada no quarto álbum do artista, Cadafalso, já disponibilizado para download gratuito e legalizado. Em Cadafalso, álbum de voz e violão gravado à moda antiga em janeiro de 2013 por seu coprodutor Gilberto Fortes, Momo dispensa também os overdubs ao dar sequência à sua viagem melancólica pelo mar turbulento dos desencontros existenciais. "Cá estou eu apaixonado / E o que faço daquilo que existe em você? / ... / Isso que assombra e suspende o teu barco / Esse vento sul no que era um mar calmo", questiona o navegante solitário, atônito, em versos da sedutora Copacabana, uma das três parcerias de Frota com o emergente Wado, cantor e compositor catarinense que se prepara para lançar álbum produzido por Marcelo Camelo, cujo universo musical Momo, aliás, evoca por vezes com o canto cool de suas composições tristonhas. Cadafalso condensa nove músicas em 25 minutos, totalizando sete canções autorais, uma faixa-vinheta - o instrumental Tema em estéreo (Marcelo Frota), no qual Momo toca um vintage harmonium (espécie de órgão) - e a estilização do baião Eu vou pro Ceará (Humberto Teixeira, 1953), presença afetiva no repertório por remeter à infância e adolescência do artista, vivenciadas em parte no Ceará. Com letra que também fala de mar, Eu vou pro Ceará é instante mais exteriorizado de Cadafalso sem deixar de embutir toda a dor que atravessa, cortante, o disco. Melancolia sofrida também em solo urbano, como explicitam versos de Recomeço (Marcelo Frota). Mesmo que a safra de inéditas não reedite a beleza pungente do repertório de Serenade of a sailor, a inspiração de Momo se confirma em Cadafalso (Marcelo Frota e Wado), a música-título, "um samba de beira de abismo com clima barroco", na definição poética do parceiro Wado, autor do texto que apresenta o disco. Aliás, Sozinho (Marcelo Frota e Wado) destila poesia que ecoa também em Uu (Marcelo Frota) e em Arte (Marcelo Frota), outro destaque do cancioneiro de Cadafalso na viagem iniciada com saudade em Coragem (Marcelo Frota). A rigor, o marujo solitário - ora desnudado na crueza intencional deste registro de voz e violão - já andou mais inspirado, mas segue o seu rumo sem perder o prumo.
Em 2011, a bordo com seu violão, Momo - nome artístico de Marcelo Frota, compositor, cantor e músico mineiro radicado no Rio de Janeiro (RJ) - cruzou o mar da solidão no leme das belas melodias do CD Serenade of a sailor (Pimba / Tratore, 2011), um dos melhores discos daquele ano. Outros músicos compunham a tripulação, dispensada no quarto álbum do artista, Cadafalso, já disponibilizado para download gratuito e legalizado. Em Cadafalso, álbum de voz e violão gravado à moda antiga em janeiro de 2013 por seu coprodutor Gilberto Fortes, Momo dispensa também os overdubs ao dar sequência à sua viagem melancólica pelo mar turbulento dos desencontros existenciais. "Cá estou eu apaixonado / E o que faço daquilo que existe em você? / ... / Isso que assombra e suspende o teu barco / Esse vento sul no que era um mar calmo", questiona o navegante solitário, atônito, em versos da sedutora Copacabana, uma das três parcerias de Frota com o emergente Wado, cantor e compositor catarinense que se prepara para lançar álbum produzido por Marcelo Camelo, cujo universo musical Momo, aliás, evoca por vezes com o canto cool de suas composições tristonhas. Cadafalso condensa nove músicas em 25 minutos, totalizando sete canções autorais, uma faixa-vinheta - o instrumental Tema em estéreo (Marcelo Frota), no qual Momo toca um vintage harmonium (espécie de órgão) - e a estilização do baião Eu vou pro Ceará (Humberto Teixeira, 1953), presença afetiva no repertório por remeter à infância e adolescência do artista, vivenciadas em parte no Ceará. Com letra que também fala de mar, Eu vou pro Ceará é instante mais exteriorizado de Cadafalso sem deixar de embutir toda a dor que atravessa, cortante, o disco. Melancolia sofrida também em solo urbano, como explicitam versos de Recomeço (Marcelo Frota). Mesmo que a safra de inéditas não reedite a beleza pungente do repertório de Serenade of a sailor, a inspiração de Momo se confirma em Cadafalso (Marcelo Frota e Wado), a música-título, "um samba de beira de abismo com clima barroco", na definição poética do parceiro Wado, autor do texto que apresenta o disco. Aliás, Sozinho (Marcelo Frota e Wado) destila poesia que ecoa também em Uu (Marcelo Frota) e em Arte (Marcelo Frota), outro destaque do cancioneiro de Cadafalso na viagem iniciada com saudade em Coragem (Marcelo Frota). A rigor, o marujo solitário - ora desnudado na crueza intencional deste registro de voz e violão - já andou mais inspirado, mas segue o seu rumo sem perder o prumo.
ResponderExcluirBelíssimo disco do Momo. As canções são belíssimas e carregadas de lirismo. Espero que ele arrebente no cenário musical como Otto, Thiago Pethit e tantos outros do cenário alternativo.
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