quinta-feira, 30 de maio de 2013

Bárbara dá salto ao refinar canção popular romântica em 'É o que temos'

Resenha de CD
Título: É o que temos
Artista: Bárbara Eugenia
Gravadora: Oi Música
Cotação: * * * * 1/2

É impressionante o salto qualitativo de Bárbara Eugenia - cantora fluminense radicada em São Paulo (SP) - em seu segundo álbum, É o que temos, lançado em edição física pelo selo Oi Música neste mês de maio de 2013. Esqueça aquela cantora meia-boca de Journal de BAD (2010), álbum de espírito underground e depressivo, produzido pelos (ótimos) guitarristas Junior Boca e Dustan Gallas. Bárbara cresce e aparece, sobretudo como compositora, neste disco bem produzido em que ela refina o pop romântico de aura kitsch. Ao cantar aquela velha história, o amor, a cantora volta e meia se depara com a melancolia que pulsa nos (des)compassos do coração, mas a precisa produção de Clayton Martin (do grupo Cidadão Instigado) e Edgard Scandurra desanuvia o tempo. Música de autoria de Bárbara que bate em suave ritmo pop, Coração já anuncia o sol na abertura do disco. "... Quero paz / E cantar a vida, bailemos, bailemos...", avisa a cantautora (de voz agradável e extremamente bem colocada) por meio de versos da canção. É sintomático que, na sequência, a artista revisite com classe Porque brigamos, versão do compositor capixaba Rossini Pinto (1937 - 1985) para I am... I said (Neil Diamond, 1971), gravada pela cantora carioca Diana em 1972 com grande sucesso popular. O cover está em sintonia com o espírito do disco. Intérprete jogada na vala comum do brega por não seguir os padrões ditados pela MPB reinante na década de 70, Diana bem poderia encarar Roupa suja, lavada pela cantautora em É o que temos com Pélico, seu parceiro na composição. Sozinha - versão literal de Bárbara Eugenia para Me siento solo (2010), música do cantor e compositor francês Adanowsky - também se ajustaria bem ao repertório direto de Diana. Tudo parece dentro da ordem. E o que impressiona no segundo álbum de Bárbara Eugenia é que sua bela e limpa sonoridade (pontuada por guitarras, geralmente tocadas por Scandurra e Davi Bernardo) não foi criada para encobrir a escassez de inspiração melódica - fato comum no universo indie. Sim, há melodia em É o que temos! Basta ouvir Não tenho medo da chuva e não fico só - parceria de Bárbara com Tatá Aeroplano, com quem a cantora faz dueto na faixa - e a delícia pop sessentista You wish, you get it (Bárbara Eugenia), criada e gravada em inglês, para comprovar a evolução da compositora. Que flerta bonito com a chanson française de Serge Gainsbourg (1928-1991) em Jusqu'a la mort (Bárbara Eugenia) - faixa que termina em clima espacial, após passagem instrumental que exemplifica o primor da produção - e que se embrenha pelas trilhas do Sul norte-americano em  I wonder (Bárbara Eugenia) sem perder a ternura. Faixa em inglês de leve tom country, gravada com o grupo Mustache e os Apaches, I wonder é outro atestado do salto de Bárbara Eugenia como compositora. Contudo, mesmo que acene para outras galáxias do universo pop e flerte com o rock (em Ugabuga feelings, tema de Bárbara Eugenia), É o que temos está essencialmente entranhado na canção popular romântica, inspiração de O peso dos erros (Bárbara Eugenia). Mas nada soa pesado ou cafona. A atmosfera é solar como Out of the sun, faixa de voz, violão (o de Bárbara), cello (o de Peri Pane) e um único verso em inglês, alocada depois das dez músicas oficiais do álbum. Enfim, ainda queima a esperança. Bárbara Eugenia apresenta suas armas - e o que temos já é um dos grandes discos deste ano de 2013.

6 comentários:

  1. É impressionante o salto qualitativo de Bárbara Eugênia - cantora fluminense radicada em São Paulo (SP) - em seu segundo álbum, É o que temos, lançado em edição física pelo selo Oi Música neste mês de maio de 2013. Esqueça aquela cantora meia-boca de Journal de BAD (2010), álbum de espírito underground e depressivo, produzido pelos (ótimos) guitarristas Junior Boca e Dustan Gallas. Bárbara cresce e aparece, sobretudo como compositora, neste disco bem produzido em que ela refina o pop romântico de aura kitsch. Ao cantar aquela velha história, o amor, a cantora volta e meia se depara com a melancolia que pulsa nos (des)compassos do coração, mas a precisa produção de Clayton Martin (do grupo Cidadão Instigado) e Edgard Scandurra desanuvia o tempo. Música de autoria de Bárbara que bate em suave ritmo pop, Coração já anuncia o sol na abertura do disco. "... Quero paz / E cantar a vida, bailemos, bailemos...", avisa a cantautora (de voz agradável e extremamente bem colocada) por meio de versos da canção. É sintomático que, na sequência, a artista revisite com classe Porque brigamos, versão do compositor capixaba Rossini Pinto (1937 - 1985) para I am... said (Neil Diamond, 1971), gravada pela cantora carioca Diana em 1972 com grande sucesso popular. O cover está em sintonia com o espírito do disco. Intérprete jogada na vala comum do brega por não seguir os padrões ditados pela MPB reinante na década de 70, Diana bem poderia encarar Roupa suja, lavada pela cantautora em É o que temos com Pélico, seu parceiro na composição. Sozinha - versão literal de Bárbara Eugênia para Me siento solo (2010), música do cantor e compositor francês Adanowsky - também se ajustaria bem ao repertório direto de Diana. Tudo parece dentro da ordem. E o que impressiona no segundo álbum de Bárbara Eugênia é que sua bela e limpa sonoridade (pontuada por guitarras, geralmente tocadas por Scandurra e Davi Bernardo) não foi criada para encobrir a escassez de inspiração melódica - fato comum no universo indie. Sim, há melodia em É o que temos! Basta ouvir Não tenho medo da chuva e não fico só - parceria de Bárbara com Tatá Aeroplano, com quem a cantora faz dueto na faixa - e a delícia pop sessentista You wish, you get it (Bárbara Eugênia), criada e gravada em inglês, para comprovar a evolução da compositora. Que flerta bonito com a chanson française de Serge Gainsbourg (1928-1991) em Jusqu'a la mort (Bárbara Eugênia) - faixa que termina em clima espacial, após passagem instrumental que exemplifica o primor da produção - e que se embrenha pelas trilhas do Sul norte-americano em I wonder (Bárbara Eugênia) sem perder a ternura. Faixa em inglês de leve tom country, gravada com o grupo Mustache e os Apaches, I wonder é outro atestado do salto de Bárbara Eugênia como compositora. Contudo, mesmo que acene para outras galáxias do universo pop e flerte com o rock (em Ugabuga feelings, tema de Bárbara Eugênia), É o que temos está essencialmente entranhado na canção popular romântica, inspiração de O peso dos erros (Bárbara Eugênia). Mas nada soa pesado ou cafona. A atmosfera é solar como Out of the sun, faixa de voz, violão (o de Bárbara), cello (o de Peri Pane) e um único verso em inglês, alocada depois das dez músicas oficiais do álbum. Enfim, ainda queima a esperança. Bárbara Eugênia apresenta suas armas - e o que temos já é um dos grandes discos deste ano de 2013.

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  2. Gostei infinitamente mais da radicalidade do primeiro disco. Esse segundo achei uma guinada pop palatável, como aconteceu com Otto ao se meter com a Oi. Gostei muito da musica do Gainsbourg.

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  3. A primeira vez que leio uma referência a cantora Diana por um crítico especializado.Quando criança era minha cantora favorita,não conhecia Elis regina e seus aliados.

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  4. Não ouvi o disco, mas já ouvi a cantora, e sinceramente é uma das vozes mais inexpressivas que já escutei na minha vida.

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