terça-feira, 21 de maio de 2013

Canto preciso de Zizi gera puro prazer em emotivo show de voz e piano

Resenha de show
Título: Piano e voz
Artista: Zizi Possi (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Theatro Net Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 20 de maio de 2013
Cotação: * * * * 1/2

Piano e voz - o show que trouxe Zizi Possi de volta aos palcos do Rio de Janeiro (RJ) em 20 de maio de 2013 - se origina de um disco de voz e piano, Puro prazer (1999), lançado pela cantora paulista após o grande sucesso de seus dois álbuns italianos. Contudo, não se trata exatamente do mesmo show. O pianista, Jether Garotti Junior, é o mesmo. A atmosfera também é a mesma. Algumas músicas são as mesmas, casos das recorrentes Disparada (Geraldo Vandré e Théo de Barros, 1966) e Volver a los 17 (Violeta Parra, 1966), alocadas tanto na abertura do disco como na do show. Contudo, nada foi do jeito que já foi um dia. O roteiro assimilou outras músicas, herdadas de álbuns gravados por Zizi ao longo dos 14 anos que separam o lançamento de Puro prazer da apresentação que embeveceu o público do lotado Theatro Net Rio. Bem mais magra ("Tá um pitéu, hein, Zizi?", observou um espectador), a cantora também já é outra, tendo atravessado longo período de imobilidade profissional por conta de graves problemas de saúde. Enfim, o momento foi outro, mas não menos especial. Até porque havia uma emoção especial no ar do Net Rio na noite de segunda-feira, pois Zizi - há anos radicada em São Paulo (SP) - já é presença bissexta em palcos cariocas. O público do Rio queria vê-la. Zizi queria cantar para o público do Rio. E o resultado foi um show belo e emotivo que levou a cantora às lágrimas após a ovação recebida pela arrebatadora interpretação de Meu erro (Herbert Vianna, 1984). Mas a emoção do reencontro não empanou a precisão de seu canto. Nesse sentido, parece que o tempo não passou para Zizi. Sua voz laminada permanece no auge da forma, adensando a emoção contida em temas como Eu te amo (Tom Jobim e Chico Buarque, 1980) e Sobre todas as coisas (Edu Lobo e Chico Buarque, 1983) sem fazer (melo)drama. Ao longo do roteiro dominado por Chico Buarque (compositor de cinco das 22 músicas), Zizi exibiu refinada gama de sentimentos em sintonia com o toque também preciso do piano de Jether Garotti, que sintetizou sons espaciais em Fly me to the moon (Bart Howard, 1954), número em que o músico também tocou clarinete. Sem jamais sair do tom, a cantora fez o jogo de cena proposto por Lábia (Chico Buarque e Edu Lobo, 2001), mostrou em Luiza (Tom Jobim, 1981) o que se pode chamar de um canto perfeito e regeu o coro do público no sucesso Asa morena (Zé Caradípia, 1982), singela música de menor envergadura, mas de presença plenamente justificável no roteiro pela importância que ocupa na fase inicial da carreira de Zizi. Com a mesma beleza singela e o mesmo poder de sedução popular, Caminhos de sol (Herman Torres e Salgado Maranhão, 1981) também iluminou outro êxito desse período seminal. De todo modo, em qualquer época, a voz de Zizi foi o instrumento que equiparou músicas maiores e menores no registro de sua obra fonográfica. A grandeza de seu canto se fez evidente nas passagens a capella de O que é o que é (Gonzaguinha, 1982), samba em que o piano de Jether Garotti adquiriu toque percussivo em arranjo que remeteu ao antológico número do show Sobre todas as coisas (1991). No bis, I don't want to talk about it (Danny Whitten, 1971) - sucesso de Rod Stewart em 1975 - reiterou a habilidade da cantora para revelar nuances de músicas já batidas, algumas até mesmo na sua própria voz. Enfim, o canto de Zizi Possi é show - capaz de gerar puro prazer.

8 comentários:

  1. Piano e voz - o show que trouxe Zizi Possi de volta aos palcos do Rio de Janeiro (RJ) em 20 de maio de 2013 - se origina de um disco de voz e piano, Puro prazer (1999), lançado pela cantora paulista após o sucesso de seus dois álbuns italianos. Contudo, não se trata exatamente do mesmo show. O pianista, Jether Garotti Junior, é o mesmo. A atmosfera também é a mesma. Algumas músicas são as mesmas, casos das recorrentes Disparada (Geraldo Vandré e Théo de Barros, 1966) e Volver a los 17 (Violeta Parra, 1966), alocadas tanto na abertura do disco como na do show. Contudo, nada foi do jeito que já foi um dia. O roteiro assimilou outras músicas, herdadas de álbuns gravados por Zizi ao longo dos 14 anos que separam o lançamento de Puro prazer da apresentação que embeveceu o público do lotado Theatro Net Rio. Bem mais magra ("Tá um pitéu, hein, Zizi?", observou um espectador), a cantora também já é outra, tendo atravessado longo período de imobilidade profissional por conta de graves problemas de saúde. Enfim, o momento foi outro, mas não menos especial. Até porque havia uma emoção especial no ar do Net Rio na noite de segunda-feira, pois Zizi - há anos radicada em São Paulo (SP) - já é presença bissexta em palcos cariocas. O público do Rio queria vê-la. Zizi queria cantar para o público do Rio. E o resultado foi um show emotivo que levou a cantora às lágrimas após a ovação recebida pela arrebatadora interpretação de Meu erro (Herbert Vianna, 1984). Mas a emoção do reencontro não empanou a precisão de seu canto. Nesse sentido, parece que o tempo não passou para Zizi. Sua voz laminada permanece no auge da forma, adensando a emoção contida em temas como Eu te amo (Tom Jobim e Chico Buarque, 1980) e Sobre todas as coisas (Edu Lobo e Chico Buarque, 1983) sem fazer (melo)drama. Ao longo do roteiro dominado por Chico Buarque (compositor de cinco das 22 músicas), Zizi exibiu refinada gama de sentimentos em sintonia com o toque também preciso do piano de Jether Garotti, que sintetizou sons espaciais em Fly me to the moon (Bart Howard, 1954), número em que o músico também tocou clarinete. Sem jamais sair do tom, a cantora fez o jogo de cena proposto por Lábia (Chico Buarque e Edu Lobo, 2001), mostrou em Luiza (Tom Jobim, 1981) o que se pode chamar de um canto perfeito e regeu o coro do público no sucesso Asa morena (Zé Caradípia, 1982), singela música de menor envergadura, mas de presença plenamente justificável no roteiro pela importância que ocupa na fase inicial da carreira de Zizi. Com a mesma beleza singela e o mesmo poder de sedução popular, Caminhos de sol (Herman Torres e Salgado Maranhão, 1981) também iluminou outro êxito desse período seminal. De todo modo, em qualquer época, a voz de Zizi foi o instrumento que equiparou músicas maiores e menores no registro de sua obra fonográfica. A grandeza de seu canto se fez evidente nas passagens a capella de O que é o que é (Gonzaguinha, 1982), samba em que o piano de Jether Garotti adquiriu toque percussivo em arranjo que remeteu ao antológico número do show Sobre todas as coisas (1991). No bis, I don't want to talk about it (Danny Whitten, 1971) - sucesso de Rod Stewart em 1975 - reiterou a habilidade da cantora para revelar nuances de músicas já batidas, algumas até mesmo na sua própria voz. Enfim, o canto de Zizi Possi é show - capaz de gerar puro prazer.

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  2. Zizi? TUDO de BOM
    Não mergulha.
    Voa.

    Ricardo Sérgio

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  3. Zizi linda, quero muito ver esse show, que repertório!

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  4. É fantástica,mas com esse repertório repetitivo,cantado a décadas,so para os carentes do Rio mesmo.E ainda esta muito nova para se comentar da manutenção da qualidade física de sua voz,além de ser muito técnica,faz pouquíssimos show,sabe se preservar.

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  5. Foi um show emocionante. Até em O Que é O Que é, que é uma música super batida, ela conseguiu se superar e emocionar. Ela e a platéia estavam em sintonia. Perfeita!!! E as músicas inéditas em sua voz ficaram maravilhosas.

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  6. Parabéns pelo post, Mauro!!
    Sei que tudo o que disseste na resenha é a mais pura verdade em se tratando de Zizi Possi!! Cantora maravilhosa e perfeita que dispensa maiores comentários!!

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  7. Noca, existem várias colegas da geração se Zizi cujas vozes jã foram pro espaço! Zizi está cada vez melhor!

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  8. Zizi é uma das grandes,maiores cantoras do Brasil,só ela consegue sussurrar cantando sem perder o tom...repertório maravilhoso,arranjos primorosos enfim uma discografia impecável...Zizi é 1000!

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