Mauro Ferreira no G1

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domingo, 19 de maio de 2013

Com banda, RoRo revisita tristeza que o amor lhe deu em show da Virada

Resenha de show
Evento: Virada Cultural 2013
Título: Angela Ro Ro, 1979
Artista: Ângela Ro Ro (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Theatro Municipal de São Paulo (São Paulo, SP)
Data: 19 de maio de 2013
Cotação: * * * *

Entre 1973 e 1979, Ângela Ro Ro compôs o supra-sumo de sua obra autoral. Foram músicas feitas com a tristeza que o amor já lhe havia dado naqueles então vinte e poucos anos. Esse repertório gerou o melhor álbum da artista carioca, Angela Ro Ro, lançado em 1979, ano marcado pela profusão de cantoras e/ou compositoras que surgiram simultaneamente na MPB. Foi esse álbum antológico - obra-prima que resiste ao tempo como uma das mais pungentes estreias fonográficas de um artista no Brasil - que Ro Ro revisitou com capricho e com banda em show produzido por Thiago Marques Luiz e apresentado no Theatro Municipal de São Paulo às 3h da madrugada deste domingo, 19 de maio de 2013, dentro da programação da Virada Cultural 2013. Com zelo, sem o desleixo que vez por outra empanou o brilho de suas interpretações ao longo dos últimos anos, Ro Ro fez show memorável. Tempero habitual de suas apresentações, seu humor ferino diluiu a tristeza impressa nestas belas canções que atravessaram gerações e que, em sua maioria, acabaram de ganhar releituras no CD Coitadinha bem feito - As canções de Angela Ro Ro (Joia Moderna, 2013), gravado sob a direção artística de Marcus Preto, um dos curadores do evento, responsável pela seleção dos álbuns revisitados nos shows da 9ª edição da Virada Cultural de São Paulo. Somente pela oportunidade de ver e ouvir Ro Ro tocar seu piano personalíssimo no número de abertura, Gota de sangue (Angela Ro Ro), já valeu o show. O segundo e o terceiro números, Me acalmo danando (Angela Ro Ro) e Não há cabeça (Angela Ro Ro), também foram feitos somente com voz e piano, mas com este já tocado por Ricardo McCord, fiel escudeiro de Ro Ro nos bons e nos maus shows e momentos. A partir de Cheirando a amor (Angela Ro Ro), entrou em cena a banda, que valorizou a refazenda deste repertório que funciona como best of da compositora. Contudo, entre hits já atemporais como Tola foi você (Angela Ro Ro) e Amor, meu grande amor (Angela Ro Ro e Ana Terra), a cantora deu voz a uma ou outra música menos conhecida, casos do boogie Minha mãezinha (Angela Ro Ro) - um sermão dado pela filha na mãe - e de Abre o coração (Ângela Ro Ro), mostrando que ainda há joias guardadas em seu baú. Independentemente do grau de popularidade das canções, foi uma experiência única ouvir Ro Ro cantar às três e pouco da madrugada músicas de denso clima noturno como Mares de Espanha (Angela Ro Ro) e a Balada da arrasada (Angela Ro Ro). Parafraseando versos de A mim e a mais ninguém (Angela Ro Ro e Sérgio Bandeyra), música vibrante repetida no bis, o tempo passou e as coisas iniciais de Ângela Ro Ro ficaram. Infelizmente não gravado pelo Canal Brasil, seu show na Virada Cultural 2013 foi feliz celebração de repertório criado com a tristeza do amor e registrado em disco que cheira a talento incomum 34 anos após sua edição. 

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Entre 1973 e 1979, Ângela Ro Ro compôs o supra-sumo de sua obra autoral. Foram músicas feitas com a tristeza que o amor já lhe havia dado naqueles então vinte e poucos anos. Esse repertório gerou o melhor álbum da artista carioca, Ângela Ro Ro, lançado em 1979, ano marcado pela profusão de cantoras e/ou compositoras que surgiram simultaneamente na MPB. Foi esse álbum antológico - obra-prima que resiste ao tempo como uma das mais pungentes estreias fonográficas de um artista no Brasil - que Ro Ro revisitou com capricho e com banda em show produzido por Thiago Marques Luiz e apresentado no Theatro Municipal de São Paulo às 3h da madrugada deste domingo, 19 de maio de 2013, dentro da programação da Virada Cultural 2013. Com zelo, sem o desleixo que vez por outra empanou o brilho de suas interpretações ao longo dos últimos anos, Ro Ro fez show memorável. Tempero habitual de suas apresentações, seu humor ferino diluiu a tristeza impressa nestas belas canções que atravessaram gerações e que, em sua maioria, acabaram de ganhar releituras no CD Coitadinha bem feito - As canções de Ângela Ro Ro (Joia Moderna, 2013), gravado sob a direção artística de Marcus Preto, um dos curadores do evento, responsável pela seleção dos álbuns revisitados nos shows da 9ª edição da Virada Cultural de São Paulo. Somente pela oportunidade de ver e ouvir Ro Ro tocar seu piano personalíssimo no número de abertura, Gota de sangue (Ângela Ro Ro), já valeu o show. O segundo e o terceiro números, Me acalmo danando (Ângela Ro Ro) e Não há cabeça (Ângela Ro Ro), também foram feitos somente com voz e piano, mas com este já tocado por Ricardo McCord, fiel escudeiro de Ro Ro nos bons e nos maus shows e momentos. A partir de Cheirando a amor (Ângela Ro Ro), entrou em cena a banda, que valorizou a refazenda deste repertório que funciona como best of da compositora. Contudo, entre hits já atemporais como Tola foi você (Ângela Ro Ro) e Amor, meu grande amor (Ângela Ro Ro e Ana Terra), a cantora deu voz a uma ou outra música menos conhecida, casos do boogie Minha mãezinha (Ângela Ro Ro) - um sermão dado pela filha na mãe - e de Abre o coração (Ângela Ro Ro), mostrando que ainda há joias guardadas em seu baú. Independentemente do grau de popularidade das canções, foi uma experiência única ouvir Ro Ro cantar às três e pouco da madrugada músicas de denso clima noturno como Mares de Espanha (Ângela Ro Ro) e a Balada da arrasada (Ângela Ro Ro). Parafraseando versos de A mim e a mais ninguém (Ângela Ro Ro e Sérgio Bandeyra), música vibrante repetida no bis, o tempo passou e as coisas iniciais de Ângela Ro Ro ficaram. Infelizmente não gravado pelo Canal Brasil, seu show na Virada Cultural 2013 foi feliz celebração de repertório criado com a tristeza do amor e registrado em disco que cheira a talento incomum 34 anos após sua edição.

Marcelo disse...

Gravam tanta porcaria que na hora que tem que registrar um momento como esse, deixam passar... Angela é única!! E ninguém canta sua obra como ela. Viva Angela!!!

Rhenan Soares disse...

Maravilhosa! Repertório sensacional! Shows inesquecíveis! Para mim, já teria valido só pela inclusão de "Minha mãezinha" no roteiro.

p.s.: Comecei a ouvir o Coitadinha bem feito este final de semana e, desde então, é só o que ouço. Muito bem feito. Rô Rô merecia, há muito tempo, uma homenagem tão incrível.

Felipe dos Santos disse...

As composições podem estar distantes do tempo que nos deu as pérolas como as que ela cantou no show resenhado por Mauro.

Mas... dane-se!

Fico muito, MUITO contente, por ver Ângela ter se distanciado, já há muito tempo, do exagero e por manter a vida sem ter virado carola/moralista, mantendo a verve que é tão sua, as frases mordazes e altamente espirituosas.

Uma verdadeira lição em muita gente que acha que "artista inteligente é artista doidão", ou que "artista 'saudável' é chato e burro".

Felipe dos Santos Souza

Anônimo disse...

Não sei se os adjetivos inteligente e burro estão bem empregados nesse contexto, acho que não.
O problema, ao meu ver, é que a "maluquice" é muitas vezes atrelada a quem não se enquadra, a quem não segue as regrinhas impostas.
- Muitas vezes, como é o caso do rock, as regras impostas são justamente as da "maluquice" -
Já o artista "saudável" tende a ser mais cooptável.
Obviamente não estou me referindo a quem usa ou deixa de usar subtâncias ilícitas.
Na verdade, como cantou Raul Seixas em Metrô linha 743, vc tem que ser avaliado pelo nível mental que está usando.
O da Ângela, como bem disse o Felipe, continua alto.
E que bom que alguém, nesses tempos atuais, se "regenera" sem virar evangélica. :-)