Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 24 de maio de 2013

EP 'Amor e fé' é indicado apenas para devotos fiéis do canto intenso de Fafá

Resenha de EP
Título: Amor e fé
Artista: Fafá de Belém
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * 

 Fafá de Belém ficou seis anos sem lançar um disco de circulação nacional. Amor e fé - EP lançado pela gravadora Universal Music neste mês de maio de 2013 com quatro músicas e com expressiva tiragem inicial de 40 mil cópias - ameniza a sede dos fãs da cantora sem ser o CD que Fafá deve ao seu público. Em ótima forma vocal, a intérprete paraense canta nos mesmos tons dos áureos anos 70 e 80. Nem por isso Amor e fé deixa de ser indicado somente para devotos incondicionais do canto passional de Fafá. Conduzida pela própria Fafá, a produção peca por excessos que empanam o brilho de algumas interpretações. O dispensável coro ouvido em Nossa Senhora (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1993) é um desses excessos por tirar o foco do canto de Fafá. Canto que soa surpreendentemente menos encorpado na Ave Maria (1825) do compositor austríaco Franz Schubert (1797 - 1828), ouvida em adaptação para o português - feita por Fafá com Dudu Falcão - que soa sem a fluência exigida de uma versão. Das três gravações inéditas, a melhor é a de Gracias a la vida (Violeta Parra, 1966), tema que tem muito mais a ver com a faceta politizada do repertório da cantora-musa do movimento Diretas Já nos anos 80 do que com o caráter religioso do EP, gravado no embalo da movimentação católica gerada pela vindoura realização da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro (RJ) em julho. Fafá acerta o tom quente de interpretação que é prejudicada - mais uma vez - pela entrada do coro aos três minutos da gravação. Por isso mesmo, a melhor faixa de Amor e fé é Eu sou de lá, bonito tema composto pelo padre Fábio de Melo em tributo ao Círio de Nazaré - evento religioso de Belém - e já gravado por Fafá em 2012 em EP de circulação restrita ao Pará. Na gravação, rebobinada em Amor e fé, produção (de Luiz Karam), arranjo e interpretação estão em maior harmonia. Mesmo pecando pelos excessos (de cordas, inclusive), Amor e fé mostra que Fafá continua pronta para gravar um disco à altura de sua voz e de sua importância na música brasileira. Disco que seria especialmente bem-vindo se fosse feito neste momento em que o Brasil olha com mais atenção para a produção musical do Pará. Fé, Fafá!

7 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Fafá de Belém ficou seis anos sem lançar um disco de circulação nacional. Amor e fé - EP lançado pela gravadora Universal Music neste mês de maio de 2013 com quatro músicas e com expressiva tiragem inicial de 40 mil cópias - ameniza a sede dos fãs da cantora sem ser o CD que Fafá deve ao seu público. Em ótima forma vocal, a intérprete paraense canta nos mesmos tons dos áureos anos 70 e 80. Nem por isso Amor e fé deixa de ser indicado somente para devotos incondicionais do canto passional de Fafá. Conduzida pela própria Fafá, a produção peca por excessos que empanam o brilho de algumas interpretações. O dispensável coro ouvido em Nossa Senhora (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1993) é um desses excessos por tirar o foco do canto de Fafá. Canto que soa surpreendentemente menos encorpado na Ave Maria (1825) do compositor austríaco Franz Schubert (1797 - 1828), ouvida em adaptação para o português - feita por Fafá com Dudu Falcão - que soa sem a fluência exigida de uma versão. Das três gravações inéditas, a melhor é a de Gracias a la vida (Violeta Parra, 1966), tema que tem muito mais a ver com a faceta politizada do repertório da cantora-musa do movimento Diretas Já nos anos 80 do que com o caráter religioso do EP, gravado no embalo da movimentação católica gerada pela vindoura realização da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro (RJ) em julho. Fafá acerta o tom quente de interpretação que é prejudicada - mais uma vez - pela entrada do coro aos três minutos da gravação. Por isso mesmo, a melhor faixa de Amor e fé é Eu sou de lá, bonito tema composto pelo padre Fábio de Melo em tributo ao Círio de Nazaré - evento religioso de Belém - e já gravado por Fafá em 2012 em EP de circulação restrita ao Pará. Na gravação, rebobinada em Amor e fé, produção (de Luiz Karam), arranjo e interpretação estão em maior harmonia. Mesmo pecando pelos excessos (de cordas, inclusive), Amor e fé mostra que Fafá continua pronta para gravar um disco à altura de sua voz e de sua importância. Disco que seria especialmente bem-vido se fosse feito nesse momento em que o Brasil olha com maior atenção para a produção musical do Pará. Fé, Fafá!

Marcelo disse...

Fafá deveria gravar um cd só com canções do Bituca. O casamento seria perfeito!!!!

Fabio Gomes disse...

Interessante a estratégia de Fafá para manter seu nome em evidência no mercado, já é o segundo EP que lança este ano, e o terceiro em menos de 8 meses. Não vejo nenhum outro artista de sua importância na MPB fazendo isto. AO contrário, os medalhões se acomodam muitas vezes em CDs bienais ou trienais.

Rafael disse...

Fafá deveria gravar um novo disco, isso sim!!! Este EP visa somente o lucro rápido e fácil. Acho um item dispensável da sua carreira. E o EP de frevos, nenhuma gravadora irá lança-lo não?

lurian disse...

Concordo Mauro,

Ao contrário do colega acima, penso que Fafá poderia estar fazendo um trabalho de vigor com ritmos da sua terra, como o fez tão bem em Canto das Águas, um dos melhores discos de sua safra 'recente', ao invés de desfocar sua carreira em trabalhos paralelos, que têm seu valor para determinados segmentos, mas que não cobrem a lacuna de um disco, há grande falta deste e não de EP's pontuais.

Estalactites hemorrágicas disse...

Rafael o EP de frevos da Fafá vc pode adquiri-lo acessando o site do Galo da Madrugada.

Abr

Ricardo Sérgio

Rafael disse...

Ricardo,

Obrigado pela informação!!!