Título: Pulsando MPB
Artista: Duofel
Gravadora: Fine Music
Cotação: * * * * 1/2
Em texto escrito para o encarte de Pulsando MPB, CD recém-editado via Fine Music, Fernando Melo e Luiz Bueno - os virtuosos violonistas que formaram o Duofel em 1978 - contam que começaram a ouvir música nos anos 60, na era dos festivais. Foi nessa época que surgiu a música rotulada como MPB, rótulo a rigor válido somente até 1982, ano em que o rock deu uma blitz na MPB - como sentenciou Gilberto Gil em trocadilho lapidar - e tudo se transformou. De todo modo, o espírito da MPB ainda paira no ar e em discos, sendo revolvido pelo Duofel neste CD que alinha no repertório músicas de gigantes da tal MPB como Chico Buarque (medley que agrega Construção, Cotidiano e Deus lhe pague), Edu Lobo (Casa forte) e Gilberto Gil (Procissão, parceria com Edy Star, pela primeira vez creditado em disco por sua efetiva colaboração na letra - crédito por ironia dado em registro instrumental). Poderia ser um disco óbvio, mas, no toque sempre renovador do Duofel, músicas como Romaria (Renato Teixeira) ganham nuances. Às vezes, mais do que renovar um tema, o Duofel consegue até descortinar um horizonte, sobretudo quando aborda música pouco conhecida, caso do Acalanto das nonas, tema do violonista Baden Powell (1937 - 2000) que o alagoano Fernando Melo e o paulista Luiz Bueno tocam com o arco de rabeca. A limpidez e a precisão do toque do Duofel saltam aos ouvidos em Palhaço (Egberto Gismonti e Geraldo Carneiro) e em Dindi (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira), obra-prima surgida antes da efervescente era dos festivais. Sim, a rigor, Pulsando MPB até trai o conceito de MPB quando seleciona músicas da fase pré-Bossa Nova como O vento - canção lançada em 1949 por Dorival Caymmi (1914 - 2008) - e o choro Urubu malandro (Lourival Carvalho), gravado sem letra em 1917, relançado em 1943 pela cantora Ademilde Fonseca (1921 - 2012) com os versos de Braguinha (1907 - 2006), o João de Barro, e ora recriado com vivacidade pelo Duofel em tom frenético. De todo modo, por mais que algumas músicas tenham se originado bem antes da cristalização do universo da MPB, há harmonia na abordagem dos 14 temas pelos dois violonistas que se juntaram há 35 anos. A sintonia é fina. Talvez por isso, o pulso da MPB ainda pulse forte no toque virtuoso do Duofel.
Um comentário:
Em texto escrito para o encarte de Pulsando MPB, CD recém-editado via Fine Music, Fernando Melo e Luiz Bueno - os virtuosos violonistas que formaram o Duofel em 1978 - contam que começaram a ouvir música nos anos 60, na era dos festivais. Foi nessa época que surgiu a música rotulada como MPB, rótulo a rigor válido somente até 1982, ano em que o rock deu uma blitz na MPB - como sentenciou Gilberto Gil em trocadilho lapidar - e tudo se transformou. De todo modo, o espírito da MPB ainda paira no ar e em discos, sendo revolvido pelo Duofel neste CD que alinha no repertório músicas de gigantes da tal MPB como Chico Buarque (medley que agrega Construção, Cotidiano e Deus lhe pague), Edu Lobo (Casa forte) e Gilberto Gil (Procissão, parceria com Edy Star, pela primeira vez creditado em disco por sua efetiva colaboração na letra - crédito por ironia dado em registro instrumental). Poderia ser um disco óbvio, mas, no toque sempre renovador do Duofel, músicas como Romaria (Renato Teixeira) ganham nuances. Às vezes, mais do que renovar um tema, o Duofel consegue até descortinar um horizonte, sobretudo quando aborda música pouco conhecida, caso do Acalanto das nonas, tema do violonista Baden Powell (1937 - 2000) que o alagoano Fernando Melo e o paulista Luiz Bueno tocam com o arco de rabeca. A limpidez e a precisão do toque do Duofel saltam aos ouvidos em Palhaço (Egberto Gismonti e Geraldo Carneiro) e em Dindi (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira), obra-prima surgida antes da efervescente era dos festivais. Sim, a rigor, Pulsando MPB até trai o conceito de MPB quando seleciona músicas da fase pré-Bossa Nova como O vento - canção lançada em 1949 por Dorival Caymmi (1914 - 2008) - e o choro Urubu malandro (Lourival Carvalho), gravado sem letra em 1917, relançado em 1943 pela cantora Ademilde Fonseca (1921 - 2012) com os versos de Braguinha (1907 - 2006), o João de Barro, e ora recriado com vivacidade pelo Duofel em tom frenético. De todo modo, por mais que algumas músicas tenham se originado bem antes da cristalização do universo da MPB, há harmonia na abordagem dos 14 temas pelos dois violonistas que se juntaram há 35 anos. A sintonia é fina. Talvez por isso, o pulso da MPB ainda pulse forte no toque virtuoso do Duofel.
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