Título: À flor da pele ao vivo
Artista: Rebeca Matta
Gravadora: sem indicação
Cotação: * * * *
Mesmo incensado com adjetivos hiperbólicos pela crítica paulista, o terceiro álbum de Rebeca Matta, Rosa sônica (2006), não conseguiu fazer desabrochar em escala nacional a carreira desta cantora e compositora baiana que despontara no mercado fonográfico oito anos antes com o CD Tantas coisas (1998). Tanto que levou seis anos para Matta voltar ao mundo do disco com À flor da pele ao vivo, kit duplo de CD e DVD que registra show captado em 21 de dezembro de 2011 no Cine-Teatro Solar Boa Vista, em Salvador (BA). Visceral, o retorno compensa a espera. A gravação ao vivo capta a pressão do rock de Mata, imerso em eventual psicodelia que ambienta temas como Pele (Rebeca Matta) em atmosfera sensorial. E o fato é que o pulso do rock ainda pulsa no som de Matta. As programações eletrônicas de João Meirelles jamais diluem a pegada pesada do trio de guitarra (Juninho Costa), baixo (Cadinho) e bateria (Emanuel Venâncio), mote de rocks como os incandescentes Como um raio (Rebeca Matta) e É que a vida é (Rebeca Matta), de versos incisivos como "Não dá mais pé / engolir sapo sentada / nem ficar calada". Temas inéditos como Sem palavras (Rebeca Matta) mostra que a roqueira baiana tem muito o que dizer. Até quando regrava tema até certo ponto batido como a Balada do louco (Arnaldo Baptista e Rita Lee, 1972), hit (do fim) da fase inicial do grupo Os Mutantes. O vigoroso toque do violão de Mario Ulloa traduz o desajuste emocional da personagem da balada em sons que se conectam à ambiência espacial de outra balada, Um sopro leve (Rebeca Matta e Ronei Jorge), gravada pela artista com adesões do conterrâneo duo Dois em Um e do parceiro Ronei Jorge, companheiro de militância na noite roqueira de Salvador (BA). Parceria de Matta com o recentemente falecido compositor e guitarrista baiano Peu Souza (1977 - 2013), À flor da pele retoma o tom visceral do registro à reboque da guitarra lancinante de Peu. Na sequência, a verborrágica Boca pouca (Rebeca Matta) rebobina o discurso robusto da roqueira. Que ainda põe a pressão de seu rock no xaxado Xique-xique (Parabelo) - composto por Tom Zé e Zé Miguel Wisnik para a trilha sonora de Parabelo (1997), balé do Grupo Corpo - e canta em inglês o rock Populations, outra parceria com Ronei Jorge. Enfim, como já sinalizaram álbuns como Garotas boas vão pro céu, garotas más vão pra qualquer lugar (2000), Matta é cantora visceral. Embora seu som seja por vezes melhor do que suas músicas, o pulso firme da roqueira tem sangue correndo nas veias, à flor da pele.
4 comentários:
Mesmo incensado com adjetivos hiperbólicos pela crítica paulista, o terceiro álbum de Rebeca Matta, Rosa sônica (2006), não conseguiu fazer desabrochar em escala nacional a carreira desta cantora e compositora baiana que despontara no mercado fonográfico oito anos antes com o CD Tantas coisas (1998). Tanto que levou seis anos para Matta voltar ao mundo do disco com À flor da pele ao vivo, kit duplo de CD e DVD que registra show captado em 21 de dezembro de 2011 no Cine-Teatro Solar Boa Vista, em Salvador (BA). Visceral, o retorno compensa a espera. A gravação ao vivo capta a pressão do rock de Mata, imerso em eventual psicodelia que ambienta temas como Pele (Rebeca Matta) em atmosfera sensorial. E o fato é que o pulso do rock ainda pulsa no som de Matta. As programações eletrônicas de João Meirelles jamais diluem a pegada pesada do trio de guitarra (Juninho Costa), baixo (Cadinho) e bateria (Emanuel Venâncio), mote de rocks como os incandescentes Como um raio (Rebeca Matta) e É que a vida é (Rebeca Matta), de versos incisivos como "Não dá mais pé / engolir sapo sentada / nem ficar calada". Temas inéditos como Sem palavras (Rebeca Matta) mostra que a roqueira baiana tem muito o que dizer. Até quando regrava tema até certo ponto batido como a Balada do louco (Arnaldo Baptista e Rita Lee, 1972), hit (do fim) da fase inicial do grupo Os Mutantes. O vigoroso toque do violão de Mario Ulloa traduz o desajuste emocional da personagem da balada em sons que se conectam à ambiência espacial de outra balada, Um sopro leve (Rebeca Matta e Ronei Jorge), gravada pela artista com adesões do conterrâneo duo Dois em Um e do parceiro Ronei Jorge, companheiro de militância na noite roqueira de Salvador (BA). Parceria de Matta com o recentemente falecido compositor e guitarrista baiano Peu Souza (1977 - 20130, À flor da pele retoma o tom visceral do registro à reboque da guitarra lancinante de Peu. Na sequência, a verborrágica Boca pouca (Rebeca Matta) rebobina o discurso robusto da roqueira. Que ainda põe a pressão de seu rock no xaxado Xique-xique (Parabelo) - composto por Tom Zé e Zé Miguel Wisnik para a trilha sonora de Parabelo (1997), balé do Grupo Corpo - e canta em inglês o rock Populations, outra parceria com Ronei Jorge. Enfim, como já sinalizaram álbuns como Garotas boas vão pro céu, garotas más vão pra qualquer lugar (2000), Matta é cantora visceral. Embora seu som seja por vezes melhor do que suas músicas, o pulso firme da roqueira tem sangue correndo nas veias, à flor da pele.
Adoro Rebeca, principalmente o segundo disco, "Garotas Boas...". O "Rosa Sônica" eu achei excessivamente dissonante e eletrônico, não gostei. Mas, pelo que pude ouvir pelo Youtube, o DVD traz de volta a Rebeca do disco anterior, mais temperada com um pouco de "brasilidade" (no bom sentido).
A data da morte do cara saiu errada, Mauro.
Em 20130 99,9999% da população que hoje está viva estará morta.
Sete bilhões e meio de almas penadas, bem interessante isso. :-)
PS: Força aos amigos e familiares.
Grato pelo toque, Zé Henrique. Já corrigi. Abs, obrigado, MauroF
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