Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


domingo, 30 de junho de 2013

Aos 69, Diana Ross mostra em show no Rio que resiste bem ao tempo

Resenha de show
Título: Diana Ross
Artista: Diana Ross (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: HSBC Arena (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 29 de junho de 2013
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz no Teatro Positivo, em Curitiba (PR), em 2 de julho de 2013

Aos 69 anos de vida e 54 de carreira, Diana Ross resiste bem ao tempo. Uma das mais bem-sucedidas cantoras norte-americanas, Ross foi projetada na primeira metade da década de 60 como principal vocalista do trio The Supremes (1959 - 1977), grupo do qual saiu em 1970 para pavimentar trajetória solo que gerou grandes sucessos nos anos 70 e 80 e que foi perdendo fôlego ao longo dos 90. Atualmente, a cantora vive de seu passado de glória. É uma diva e se porta como tal no palco e - ao que parece - também fora de cena. Contudo, a Diana Ross que subiu ao palco da HSBC Arena, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 29 de junho de 2013, se mostrou extremamente simpática ao longo de show de caráter retrospectivo. Por mais que não alcance os tons mais altos dos tempos áureos, fato perceptível em Touch me in the morning (Ron Miller e Michael Masser, 1973), a voz se encontra em bom estado, com viço e vigor. O público carioca não viu uma cantora decadente em cena, mas uma artista ainda em forma, disposta a passar em revista, durante 1h20m, seus principais sucessos. Alguns foram ignorados, caso da açucarada balada Endless love, gravada por Ross em dueto com Lionel Richie, o compositor da canção, hit mundial em 1981. Mas o show cumpriu sua função de resumir a obra da cantora, ausente dos palcos brasileiros desde 1994. Aberto com I'm coming out (Bernard Edwards e Nile Rodgers, 1980), música que significou para Ross uma saída de armário no império gay da discoteca, o roteiro priorizou hits das Supremes em sua primeira metade. Sem recorrer a medleys, Ross apresentou na íntegra músicas como Baby love (Brian Holland, Lamont Dozier e Edward Holland Jr., 1964), Where did our love go (Brian Holland, Lamont Dozier e Edward Holland Jr., 1964) e Stop! In the name of love (Brian Holland, Lamont Dozier e Edward Holland Jr., 1965), esta com direito à coreografia com a mão direita no refrão-título, repetido em coro pela plateia com o incentivo da artista. São músicas fabricadas em escala industrial pela fábrica de hits da gravadora Motown que ganharam as paradas com sua diluição pop da pegada negra do soul e do r & b. Do repertório das Supremes, Love child (R. Dean Taylor, Frank Wilson, Pam Sawyer e Deke Richards, 1968) - música que se distanciou da linha pueril do cancioneiro do trio com letra que expunha os argumentos de garota marginalizada pela sociedade para escapar do risco de engravidar do namorado - foi número temperado no show com molho cubano pela azeitada banda que dividiu o palco com a cantora. O suingue latino desaguou no balanço de Ease on down the road (Charlie Smalls, 1975) - tema de musical da Broadway que Ross gravou em 1978 em dueto com seu amigo Michael Jackson (1958 - 2009) - e preparou o clima dançante do bloco com hits da disco music. Como vários intérpretes dos EUA, Ross teve que aderir ao som dos embalos noturnos de sábado. Mas soube se cercar das pessoas certas, em especial de Bernard Edwards e Nile Rodgers, mentores do grupo Chic e compositores de hits como Upside down (1980) e o já citado I'm coming out (1980) - músicas que revitalizaram a discografia de Ross na virada dos anos 70 para os 80. Dividido em cinco blocos, meros pretextos para as trocas de figurinos (cinco oficiais e um sexto usado num bis que não chegou a acontecer de fato), o roteiro também aloca número interiorizado, Don't explain (Billie Holiday e Arthur Herzog Jr., 1946), balada jazzy do repertório de Billie Holiday (1915 - 1959), cantora norte-americana vivida por Ross no cinema no filme Lady sings the blues (1972). Outro tema de filme, Theme from Mahogany (Do you know where you're going to?) (Michael Masser e Gerald Goffin,1975), surtiu efeito ainda maior. Propagada no Brasil na trilha sonora da novela Anjo mau (TV Globo, 1976), a balada ganhou coro do público que, no Rio, se dividiu entre casais cinquentões e integrantes (de todas as idades) da tribo GLS. Para essa plateia, que considera Ross uma diva da música, ouvi-la soltar a voz em Ain't no mountain high enough (Nickolas Ashford e Valerie Simpson, 1966) é uma emoção que justifica o preço do ingresso do show, encerrado com I will survive (Freddie Perren e Dino Fekaris, 1978), o hino disco propagado na voz de Glória Gaynor que Diana Ross finge ser seu e seu fã acredita. Não importa. Diana Ross, afinal, já saiu no armário.

Ross prioriza hits das Supremes e da 'disco music' em bom show no Rio

Música do repertório da banda norte-americana The Spiral Starecase que fez sucesso em 1969, More today than yesterday (Patrick Upton) ganhou a voz de Diana Ross no último álbum lançado pela cantora norte-americana, I love you (2006). Neste disco, editado no Brasil sem repercussão, Ross também regravou The look of love (1967), clássico da parceria de Burt Bacharach com Hal David. É por isso que tanto More than yesterday quanto The look of love figuram no roteiro do show apresentado pela artista no Brasil em turnê que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) em 29 de junho de 2013 e que ainda passa por Curitiba (PR) em 2 de julho. Na volta ao país, após 19 anos de ausência dos palcos nacionais, Diana Ross - em foto de Rodrigo Amaral - apresenta show retrospectivo em em que prioriza no roteiro sucessos do trio The Supremes e os hits que emplacou na era da disco music. Eis o roteiro seguido por Diana Ross na apresentação que eletrizou o público que foi à HSBC Arena, no Rio, em 29 de junho de 2013:

1. I'm coming out (Bernard Edwards e Nile Rodgers, 1980)
2. More today than yesterday (Patrick Upton, 1969)
    - Música do repertório do grupo The Spiral Starecase, gravada por Diana Ross em 2006
3. My world is empty without you (Brian Holland, Lamont Dozier e Edward Holland, 1965)
    - Música do repertório da banda The Supremes 
4. Where did our love go (Brian Holland, Lamont Dozier e Edward Holland Jr., 1964)
    - Música do repertório da banda The Supremes
5. Baby love (Brian Holland, Lamont Dozier e Edward Holland Jr., 1964)
    - Música do repertório da banda The Supremes
6. Stop! In the name of love (Brian Holland, Lamont Dozier e Edward Holland Jr., 1965)
    - Música do repertório da banda The Supremes
7. You can't hurry love (Brian Holland, Lamont Dozier e Edward Holland Jr., 1966)
    - Música do repertório da banda The Supremes
8. Touch me in the morning (Ron Miller e Michael Masser, 1973)
9. Love child (R. Dean Taylor, Frank Wilson, Pam Sawyer e Deke Richards, 1968)
    - Música do repertório da banda The Supremes
10. The boss (Nickolas Ashford e Valerie Simpson, 1979)
11. It's my house (Ashford & Simpson, 1979)
12. Upside down (Bernard Edwards e Nile Rodgers, 1980)
13. Love hangover (Marilyn McLeod e Pamela Sawyer, 1976) /
14. Take me higher (Sally Jo Dakota, Nikita Germaine e Narada Michael Walden, 1995)
15. Ease on down the road (Charlie Smalls, 1975)
16. The look of love (Burt Bacharach e Hal David, 1967)
      - Música gravada por Diana Ross em 2006
17. Don't explain (Billie Holiday e Arthur Herzog Jr., 1946)
      - Música do repertório de Billie Holiday (1915-1959), gravada por Diana Ross em 1972
18. Why do fools fall in love? (Morris Levy e Frankie Lymon, 1956)
      - Música gravada por Diana Ross em 1981
19. Theme from Mahogany (Do you know where you're going to?) (Michael Masser e Gerald Goffin,1975)
20. Ain't no mountain high enough (Nickolas Ashford e Valerie Simpson, 1966)
      - Música gravada por Diana Ross em 1970
21. I will survive (Freddie Perren e Dino Fekaris, 1978)
      - Música do repertório de Glória Gaynor, gravada por Diana Ross em 1996
Bis:
22. I will survive (Freddie Perren e Dino Fekaris, 1978) - trecho

Figurinos de Diana Ross são show à parte no retorno da cantora ao Brasil

Sem cantar no Brasil desde 1994, ano em que se apresentou no Rio de Janeiro (RJ) e em São Paulo (SP), Diana Ross voltou ao país para miniturnê que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) na noite de sábado, 29 de junho de 2013, em apresentação que contagiou as cerca de quatro mil pessoas que foram ver o show da cantora norte-americana na HSBC Arena. Foram 21 músicas e seis figurinos em uma hora e 20 minutos de show. A rigor, são cinco os figurinos oficiais do show de caráter retrospectivo. Contudo, como o público carioca pediu um bis, Diana voltou ao palco com uma sexta roupa para cantar (breve) trecho de I will survive (Freddie Perren e Dino Fekaris, 1978), o hino da disco music lançado por Glória Gaynor e regravado por Ross, que encerra o show com o sucesso dançante. O mosaico de fotos de Rodrigo Amaral expõe, na ordem, os seis figurinos usados pela cantora de 69 anos na apresentação carioca. Providenciais para descansar a voz ainda em boa forma, as trocas de roupa de Diana Ross são show à parte.

Registro ao vivo põe o ascendente Catto no olho do furacão mercadológico

Resenha de CD e DVD
Título: Entre cabelos, olhos & furacões - Ao vivo
Artista: Filipe Catto
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * 1/2

♪ Filipe Catto é o melhor cantor de sua geração. Na contramão da estrada cool trilhada pela maioria de seus colegas (mais pela falta de voz do que por opção estética), o artista gaúcho - radicado em São Paulo (SP) - arde em cena com seu canto inflamado. Postos nas lojas neste mês de junho de 2013, o CD e DVD Entre cabelos, olhos & furacões são produtos que se justificam pela natureza teatral do intérprete, vocacionado para o palco. Trata-se do registro ao vivo do show baseado no primeiro álbum de Catto, Fôlego (2011). Uma gravação que põe o ascendente jovem cantor no olho do furacão mercadológico. Em essência, a grandeza do show estreado no segundo semestre de 2011 está perpetuada no DVD. Contudo, a estratégica escolha da gravação de Eu te amo (1977) para promover o CD e o DVD sinaliza a intenção da gravadora Universal Music de propagar a voz de Catto no limite entre o popular e o brega, embora o arranjo da faixa contribua para diminuir o alto teor de glicose da melosa versão da balada dos Beatles And I love her (John Lennon e Paul McCartney, 1964), feita por Roberto Carlos e Erasmo Carlos na déca de 1970, gravada pelo Rei em 1984 e mais tarde revivida pela dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano. Da mesma forma, embora reitere a precisão do canto de Catto, a abordagem de Quem é você (Eduardo Dussek e Isolda, 1995) - gravada em estúdio, sob encomenda da TV Globo para a trilha sonora da novela Sangue bom (2013), e alocada como faixa-bônus - corrobora a sensação de que Catto vai precisar estar atento e forte na escolha do repertório do segundo álbum de estúdio para preservar o prestígio conquistado com o disco e show Fôlego. Com público crescente e já ardoroso em todo o Brasil, sobretudo na cidade de São Paulo (SP), o cantor dá muitas provas neste Entre cabelos, olhos & furacões de que pode dispensar muletas na caminhada para a consagração popular. O alto voo artístico alcançado em Ave de prata (Zé Ramalho, 1979) - com interpretação tão forte que Elba Ramalho, intérprete original da música, se viu motivada a voltar a cantar o tema em seus shows - é um dos atestados da soberania da voz do artista entre o time masculino de sua geração. Já o apuro da interpretação de Redoma (Filipe Catto, 2011) mostra que Catto é cantor capaz de fazer crescer no palco até música que soa menor em disco. Se o compositor ainda pode maturar sua obra, como mostra a inédita A sós (Filipe Catto, 2013), o cantor parece já ter nascido pronto e maduro o suficiente para juntar em medley um standard da canção norte-americana Boulevard of broken dreams (Harry Warren e Al Dubin, 1933) com um bolero do compositor mexicano Agustín Lara (1900 - 1970), Piensa em mi (1943), sem sair do tom. Produzida por Paul Ralphes, a gravação ao vivo dosa a intensidade do canto de Catto em números como Sem medida (Pélico) - bela canção lançada pelo compositor paulista em seu segundo álbum, Que isso fique entre nós (2011) - e Mergulho (Alzira Espíndola e Alice Ruiz, 2008), mas sem diluir a paixão do canto, mote deste intérprete que sabe fazer o jogo de cena. Não é à toa que uma das músicas do eclético roteiro do show - captado em duas apresentações no Auditório Ibirapuera, em São Paulo (SP), em 2 e 3 de fevereiro de 2103 - é Puro teatro (Catalino Curet Alonso, 1968), tema conhecido na voz da cantora cubana La Lupe (1939 - 1992). Catto nasceu para a cena, dividida em Johnny, Jack & Jameson (Filipe Catto, 2011) com a convidada Blubell, à vontade no vivaz número jazzy ambientado em clima de cabaré com toques de blues. Por isso mesmo, o lançamento de Entre cabelos, olhos & furacões faz sentido. É o registro do artista em cena, um retrato da ascensão de Filipe Catto no mercado comum da música. Mas - vale repetir - é preciso estar atento aos próximos passos fonográficos, sem se embriagar com o sucesso e casas cheias, para não ser sugado pelo furacão do mercado e trilhar caminhos errados que podem ser irreversíveis no futuro. 

sábado, 29 de junho de 2013

CD 'Sangue bom nacional vol. 1' junta Gulin, Kessous, Naldo, Ney, Rita e Teló

♪ Nas lojas em julho de 2013, em edição da Som Livre, o CD Sangue bom nacional vol. 1 reúne 14 gravações postas em rotação na trilha sonora da novela exibida pela TV Globo às 19h. A seleção inclui fonogramas inéditos da cantora Thaís Gulin - que gravou a bela modinha Até pensei (Chico Buarque, 1968) especialmente para a trilha - e Emicida (Zoião). Intérprete da Mulher Mangaba na trama de Maria Adelaide Amaral e de Vincent Villari, a atriz Ellen Roche figura na trilha sonora com a gravação da inédita Solterinha da Pompéia. Eis as 14 faixas do CD Sangue bom nacional vol. 1:

1. Toda forma de amor - Sambô
2. Simples desejo - Thiaguinho
3. Calma aí - Monique Kessous
4. Vagalumes - Banda Pollo
5. Exagerado - Naldo
6. De janeiro a Janeiro - Roberta Campos (com Nando Reis)
7. Camaro amarelo - Munhoz & Mariano
8. Até pensei - Thaís Gulin
9. Love song - Michel Teló
10. Eu ainda acredito - Leandro Lehart
11. Zoião - Emicida
12. Poema - Ney Matogrosso
13. Dias melhores virão - Rita Lee
14. Solteirinha da Pompéia - Ellen Roche

Anitta tenta ir além do funk no primeiro CD, nas lojas em julho via Warner

Fenômeno do funk melody que tem feito apresentações sempre lotadas, sobretudo no circuito fluminense de shows, a cantora carioca Anitta se prepara para lançar seu primeiro álbum. Nas lojas em julho de 2013, em edição da gravadora Warner Music, o CD Anitta tem produção assinada por Umberto Tavares e Mãozinha. Anitta pretende extrapola o universo do funk com o disco, que traz músicas já conhecidas como Show das poderosas (sucesso potencializado com clipe que bombou na rede) e Meiga e abusada (tema em rotação na trilha sonora da novela Amor à vida) entre inéditas como Príncipe do vento e Não para. O repertório também inclui remix de Show das poderosas - assinado pelo DJ Batutinha - entre outras músicas já veiculadas na internet, casos de Menina má e Tá na mira, e novidades como Cachorro eu tenho em casa.

'O que é que a baiana tem?' expõe a liberdade de Caymmi na era do rádio

Resenha de livro
Título: O que é que a baiana tem? - Dorival Caymmi na era do rádio
Autora: Stella Caymmi
Editora: Civilização Brasileira
Cotação: * * * *

Doze anos após reconstituir os passos de seu avô Dorival Caymmi (1914 - 2008) na monumental biografia Dorival Caymmi - O mar e o tempo (Editora 34, 2001) e cinco anos após mostrar que as inovações harmônicas do cancioneiro marítimo do compositor baiano também anteciparam de certa forma a onda modernista de 1958 em Caymmi e a Bossa Nova (Íbis Libris, 2008), a jornalista e escritora carioca Stella Caymmi presta outro relevante serviço à bibliografia musical brasileira com a edição de O que é que a baiana tem? - Dorival Caymmi na era do rádio. O livro esmiúça a trajetória de Caymmi - e sua dificuldade para ser reconhecido na selva da cidade do Rio de Janeiro (RJ), para onde o baiano migrou em 1938 - no período em que o rádio dava as cartas no mercado comum da música em jogo nem sempre limpo, como admitiu o próprio Caymmi em entrevista concedida a Stella em 1995 na cidade de Pequeri (MG). "O que se procura esconder é a verdade, a realidade, porque os interesses são esses: a fábrica quer vender o disco, o artista não quer perder a fama, a imprensa é adulada para não dar notas maliciosas; então havia tudo isso, não vai dizer que não que eu estava ali", disse Caymmi, com autoridade de quem testemunhou e/ou viveu fatos relevantes da era do rádio, em depoimento reproduzido pela autora à página 169 do livro. Stella esclarece as regras do jogo que imperavam - e ainda imperam, a bem da verdade - na indústria da música na era do rádio, período que vai dos anos 30 aos 50, sendo seu apogeu situado entre 1940 e 1955. O livro resulta de tese de doutorado defendida pela escritora, mas sua linguagem evita o academicismo. Com clareza e com objetividade jornalística, Stella mostra como Caymmi teve que fazer impor sua personalidade pacífica no rádio e na gravadora Odeon. Nessa companhia fonográfica, o cantor debutou em 1939 em disco de 78 rotações dividido pelo artista com ninguém menos do que Carmen Miranda (1909 - 1955), cantora portuguesa que era a maior estrela da música brasileira na época. Com Carmen, Caymmi gravou duas músicas de sua autoria, O que é que a baiana tem? - samba que seria divisor de águas na carreira da cantora e que ajudaria a Brazilian Bombshell a cristalizar a imagem de baiana estilizada com a qual faria sucesso nos Estados Unidos ao longo da década de 40 - e A preta do acarajé. Ao analisar o impacto dessa histórica gravação, Stella mostra como a importância da música de Caymmi na carreira de Carmen foi muitas vezes minimizada pela imprensa da época. De todo modo, apesar do retumbante sucesso do samba O que é que a baiana tem?, incluído no filme Banana da terra (1939) em decisão que provocou a ira de compositores como David Nasser (1917 - 1980) e alfinetou o ego do então soberano Ary Barroso (1903 - 1964), Caymmi se sentiu desconfortável ao dar continuidade à sua carreira fonográfica na Odeon. É que a gravadora exigia, em contrato leonino, que o novato compositor - hábil intérprete e violonista - gravasse sucessos. Temeroso de estar pondo sua criação artística a serviço da indústria da música, Caymmi preferiu abrir mão de um contrato de longo prazo com a companhia para garantir sua liberdade. Tática que também usou com as emissoras de rádio sempre que se sentia tolhido em sua liberdade Por cantar bem e tocar um violão singular, o artista preferiu muitas vezes o conforto dos shows feitos em boates, mesmo sendo acusado pelos jornais de estar "se distanciando do povo". Além de traçar rico painel da música brasileira na época, o livro O que é que a baiana tem? - Dorival Caymmi na era do rádio expõe a integridade de Caymmi na condução de sua carreira nesse período de consolidação de sua obra e de seu jeito de ser. A obra relativamente curta do compositor - cerca de 120 músicas compostas em 94 anos de vida - é o maior atestado de que Dorival Caymmi soube caminhar em seu tempo próprio, fazendo valer seus princípios na selvagem era do rádio, ora dissecada no ótimo livro de Stella Caymmi.

'Piracema' faz a banda Do Amor evoluir entre excessos e diversidade rítmica

Resenha de CD
Título: Piracema
Artista: Do Amor
Gravadora: Maravilha 8
Cotação: * * * 1/2

Segundo álbum do quarteto carioca Do Amor, Piracema é legítimo produto da fazenda. Foi pré-produzido em dezembro de 2011 por Gabriel Mayall (guitarra e voz), Gustavo Benjão (guitarra e voz), Marcelo Callado (bateria e voz) e Ricardo Dias Gomes (baixo e voz) na fazenda situada em Três Rios (RJ) que dá nome ao disco, sucessor do álbum Do Amor, lançado em 2010. Formatado pelo produtor Daniel Carvalho no estúdio Monoaural, no Rio de Janeiro (RJ), Piracema marca a evolução do grupo entre excessos provocados pela longa duração - 18 músicas que totalizam 72 minutos - do CD. Com a mesma diversidade rítmica do antecessor Do Amor, álbum mais conciso produzido por Chico Neves, Piracema alterna climas com sonoridade burilada pelo produtor com o auxílio de músicos convidados como o norte-americano Arto Lindsay, que toca guitarra em Ninguém vai deixar (Gustavo Benjão). Com versos estruturados na forma de poesia concreta, Ar (Ricardo Dias Gomes e Gustavo Benjão) abre Piracema, sugerindo um disco mais climático. Mas tal atmosfera mais densa é diluída logo na sequência por Ofusca (Gustavo Benjão), canção pontuada por leveza pop que concilia as vozes de Moreno Veloso - presença recorrente ao longo do disco - e Alice Caymmi com os teclados viajantes de Donatinho. Minha mente (Ricardo dias Gomes) tem encorpado seu jogo de palavras com o peso roqueiro das guitarras de Pedro Sá. El cancionero mistura versos em português e espanhol em sintonia com a fusão de cumbia e carimbó explicitada na letra, em exercício de metalinguagem depurado em I'm a drummer (Marcelo Callado e Gabriel Bubu), tema no qual Marcelo Callado vive o drama do baterista que ignora melodias e harmonias, preocupado em manter a música e a vida no ritmo. Mote da letra (a mais engenhosa do disco), a aliteração drummer, drama e dreamer valoriza o tema composto em inglês, tal como Life is (Gabriel Bubu e Marcelo Callado) - o reggae de clima havaiano cantado pela voz grave de Gabriel Mayall - e May I bleed? (Gabriel Bubu, Marcelo Callado e Ricardo Dias Gomes) e Tears no fears away (Gabriel Bubu, Gustavo Benjão, Marcelo Callado e Ricardo Dias Gomes). Com suingue, Eu vou pra Belém (Gustavo Benjão e Marcelo Callado) já sinaliza no título a rota nortista que norteia o ritmo da faixa - caminho tangenciado também, já no fecho do álbum, por Umdum (Marcelo Callado). Enfim, Piracema expõe o progresso da obra da banda Do Amor, mas se situa no mesmo bom nível do álbum anterior por pecar pelos excessos. De músicas, inclusive. Mindingo (Gabriel Bubu, Gustavo Benjão, Marcelo Callado e Ricardo Dias Gomes) e Pé na terra (Gabriel Bubu, Gustavo Benjão, Marcelo Callado e Ricardo Dias Gomes) - faixa em que hermano Rodrigo Amarante toca banjolão - são temas que fazem algum sentido no CD mais pelas letras e pela sonoridade. Já Ir e vir (Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado) soa totalmente dispensável no conjunto do disco. Por vezes, parece apenas que faltou foco e um maior direcionamento em Piracema, embora o CD seja de fato bom.

Sai no Brasil 'The silver violin',CD em que Benedetti toca temas de filmes

Violinista escocesa de música clássica, Nicola Benedetti se aventura pelo terreno do crossover em seu sétimo álbum, The silver violin (Decca, 2012), recém-editado no Brasil pela Universal Music. No disco, Benedetti se junta a Bournemouth Symphony Orchestra para tocar músicas propagadas em filmes como A lista de Schindler (o tema-título do filme, cuja trilha sonora é assinada por John Williams), Perfume de mulher (o tango Por una cabeza, de Carlos Gardel), Senhores do crime (o Concertino, de Howard Shore) e O violonista que veio do mar (Ladies in lavender, tema de Nigel Hess que batizou o filme no original em inglês), entre outros temas.

Carla Bruni oscila entre melancolia e extroversão em 'Little french songs'

Resenha de CD
Título: Little french songs
Artista: Carla Bruni
Gravadora: Decca / Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Uma década separa o lançamento do primeiro álbum de Carla Bruni, Quelqu’un m’a dit (2003),da edição de seu quarto disco de inéditas, Little french songs (2013), recém-lançado no Brasil pela Universal Music. Ao longo desses dez anos, a modelo franco-italiana se impôs como cantora e compositora, se tornou a Primeira Dama da França ao se casar em 2008 com o presidente Nicolas Sarkozy, deu à luz sua filha Giulia em 2011 e perdeu o posto de Primeira Dama em 2012 com a derrota de Sarkozy nas últimas eleições presidenciais da França. Gestado desde 2011, Little french songs é o primeiro (sedutor) álbum da artista em cinco anos - sucedendo Comme si de rien n’était (2008) - e reflete a gangorra emocional da vida de Bruni ao longo de suas onze músicas autorais. Produzido por Bénédicte Schmitt, o disco oscila entre a melancolia e a extroversão sem inventar qualquer moda com as canções de Bruni, pautadas por simplicidade que se ajusta bem à suavidade da voz da cantora. Dentre os temas melancólicos, os destaques são J'arrive à toi (Carla Bruni), Priére (Carla Bruni e Julien Clerc) e La valse posthume (composta sobre tema de Frédéric Chopin). Dentre as músicas animadas, que preservam o tempo de delicadeza do álbum, Chez Keith et Anita (Carla Bruni) e Mon Raymond (Carla Bruni) merecem atenção. Tanto quanto Dolce Francia, faixa de início recitada em que Bruni saúda a França em italiano ao adaptar Douce France, tema de autoria do compositor francês Charles Trenet (1913-2001). No todo, com pequenas canções francesas, Little french songs prova que a música de Carla Bruni sobrevive bem sem a política das relações exteriores. 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Em turnê pelos EUA, Marisa lança inédita composta com Arnaldo e Dadi

Em turnê pelos Estados Unidos com o show Verdade, uma ilusão, Marisa Monte tem incluído no roteiro de suas apresentações música inédita, Dizem (Quem me dera), composta com Arnaldo Antunes e Dadi. Por aludir em seus versos utópicos ao atual momento político do Brasil, a canção tem sido precedida por discurso da artista - em foto de Leonardo Aversa - a favor das manifestações públicas que mobilizam o Brasil neste mês de junho de 2013. Clique aqui para ouvir o discurso e a nova música da cantora carioca em vídeo filmado dia 24 em show da artista no The Fillmore Miami Beach, no Jackie Gleason Theater, e postado hoje no YouTube.

Aos 73 anos, Vânia Carvalho, irmã de Beth, lança o CD 'Coração na voz'

Samba-canção de tom sentimental lançado por Dalva de Oliveira (1917 - 1972) em julho de 1947, em disco de 78 rotações editado pela gravadora Odeon, Segredo ganha a voz de Vânia Carvalho. Aos 73 anos, a cantora carioca - irmã de Beth Carvalho - lança seu segundo álbum, Coração na voz,  35 anos após ter debutado no mercado fonográfico com o LP Vânia (1978). Sob a produção tradicionalista do violonista Fernando Coelho, a intérprete dá voz a músicas como A paixão e a jura (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) - samba lançado pelo cantor Roberto Ribeiro (1940 - 1996) no álbum Massa, raça e emoção (1981) - e Jamais (Jacob do Bandolim e Luiz Bittencourt, 1968), samba propagado na voz de Elizeth Cardoso (1920 - 1990). O disco é dedicado ao ator, compositor e ativista político Mário Lago (1911 - 2002), de quem Vânia regrava o samba-canção Rua sem sol (Mário Lago e Henrique Gandelman, 1953). Coração na voz alinha também no repertório Pr'um samba (Egberto Gismonti, 1969), Que saudade é essa? (Ivor Lancellotti e Délcio Carvalho, 2010), O Dono das Calçadas (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, 1980), Para um amor no Recife (Paulinho da Viola, 1971), Resposta (Maysa, 1956) e Serenata do adeus (Vinicius de Moraes, 1958), entre outras músicas.

Grupo RPM planeja lançar DVD e CD com inéditas no segundo semestre

Dando sequência à sua discografia, retomada em 2011 com a edição do revigorante álbum Elektra, o reativado grupo paulista RPM planeja lançar no segundo semestre de 2013 um DVD - de caráter documental, com entrevistas, cenas de bastidores e trechos de shows da turnê baseada em Elektra - e um CD com músicas inéditas e remixes de gravações do disco de 2011.

CD 'A cozinha do samba' junta Aldir, Martinho, Monarco, Moacyr e Surica

A foto de Christian Parente flagra Moacyr Luz (à esquerda) e Martinho da Vila no palco da casa Tom Brasil, em São Paulo (SP), em 17 de agosto de 2004 - data em que foi apresentado e gravado ao vivo show que, além de Martinho e Moacyr, reuniu Aldir Blanc, Monarco e Tia Surica. Nove anos depois, a gravação vai dar origem ao CD Pirajá - Esquina carioca - A cozinha do samba, nas lojas em julho de 2013 em edição da gravadora Dabliú Discos. O CD é sequência de Pirajá - Esquina carioca - Uma noite com a raiz do samba, CD editado em 1999 pela Dabliú com o registro ao vivo do show que reuniu em 24 de março de 1999, no mesmo Tom Brasil, Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, João Nogueira (1941 - 2000), Luiz Carlos da Vila (1949-2008), Moacyr Luz e Walter Alfaiate (1930-2010). No show de 2004, para o qual Luz compôs o samba Delírio da baixa gastronomia, os artistas cantaram na companhia de Paulão 7 cordas (violão de seis cordas), Carlinhos 7 cordas (violão de 7 cordas), Pedro Amorim (cavaquinho), Roberto Marques (trombone), Beto Cazes (percussão), Marcelinho Moreira (percussão), Gordinho (percussão), Verônica Ferriani (coro), Carmen Queiroz (coro) e Ione Papas (coro). Pirajá - cabe explicar - é bar paulistano que funciona como ponto de encontro de admiradores do samba carioca em São Paulo (SP), promovendo shows com bambas do gênero.

Valéria posa em frente à casa em que Clara nasceu na capa de CD-tributo

Com lançamento programado para julho de 2013, o oitavo CD da cantora potiguar Valéria Oliveira, Em águas claras - Homenagem a Clara Nunes, expõe na capa uma foto da artista em frente à casa onde Clara Nunes (1942 - 1983) nasceu, na cidade mineira de Caetanópolis. A arte gráfica do disco - registro de estúdio de show estreado por Valéria em 2011 - é assinada pelo artista plástico potiguar Jorge Henrique. Nas 17 faixas do disco, gravado entre Rio de Janeiro (RJ) e Natal (RN), a cantora combina vários sucessos de Clara, como O mar serenou (Candeia, 1975) e O canto das três raças (Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte, 1976), com músicas menos ouvidas do repertório da Guerreira - casos de À flor da pele (Maurício Tapajós, Paulo César Pinheiro e Clara Nunes, 1977), Alvoroço no sertão (Aldair Soares e Raymundo Evangelista, 1976), Apenas um adeus (Edil Pacheco, Paulinho Diniz e Roque Ferreira, 1979) e Puxada de rede do Xaréu (Maria Rosita Salgado Goes, 1971). A produção do CD é de Rildo Hora.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Aos 80, Yoko anuncia álbum 'Take me to the land of hell' para setembro

Aos 80 anos, Yoko Ono se prepara para lançar o álbum Take me to the land of hell em 16 de setembro de 2013 pelo selo Chimera Music. Produzido por Yoko Ono com Sean Lennon e Yuka Honda, o disco foi gravado em Nova York (EUA) com colaborações de Questlove (baterista do grupo The Roots) e de Nels Cline (do grupo Wilco). O sucessor de Between my head and the sky (2009) vai apresentar remixes assinados por Ad-Rock e Mike D, do grupo The Beastie Boys.

Capa do CD que saúda 100 anos de Caymmi expõe autorretrato do artista

Autorretrato de Dorival Caymmi (1914 - 2008), que também era pintor, ilustra a capa do álbum em que os três filhos do compositor baiano -  Danilo, Dori e Nana - celebram os 100 anos de nascimento do artista, a serem completos em 30 de abril de 2014. A ideia de usar o autorretrato na capa do disco - já nas lojas, em edição da gravadora Som Livre - foi de Danilo. Intitulado Caymmi, o CD alinha em 13 faixas 16 músicas menos ouvidas do genial cancioneiro do compositor-ourives. Produzido por Dori, o álbum expõe no encarte seis quadros de Caymmi.

Com atraso na distribuição, CD de Rosa chega às lojas no início de julho

Previsto de início para ter chegado ao mercado físico a partir de 28 de maio de 2013, o 17º álbum de Rosa Passos, Samba dobrado - Canções de Djavan, sofreu atraso na distribuição orquestrada pela gravadora Universal Music. Procurado em vão pelos admiradores da cantora baiana, o CD vai chegar efetivamente às lojas na primeira semana de julho. Clique aqui para ler a resenha do ótimo CD Samba dobrado - Canções de Djavan postada em Notas Musicais.

New Order lança terceiro álbum ao vivo e planeja gravar EP em setembro

Reativado em 2011, sem o baixista Peter Hook, o grupo inglês New Order ainda nem lançou seu terceiro álbum ao vivo - Live at Bestival 2012, CD que tem lançamento programado no Reino Unido para 8 de julho de 2013 - e já planeja sua volta aos estúdios para registrar repertório inédito. A intenção do quinteto é gravar em setembro um EP com as músicas inéditas compostas recentemente pelos integrantes do New Order. O EP vai ser lançado no fim deste ano de 2013. Já Live at Bestival 2012 registra o show feito pelo grupo em setembro de 2012 no Bestival, festival realizado em Robin Hill, na Ilha de Wight, na Inglaterra. Entre hits como Blue monday, True faith e Bizarre love triangle, o repertório do CD ao vivo rebobina Isolation, Love will tear us apart e Transmission - três músicas do Joy Division, o grupo que deu origem em 1980 ao New Order ao ser encerrado com o suicídio de Ian Curtis (1956-1980).

'Foi no mês que vem' confunde o tempo ao resumir grande obra de Ramil

Resenha de CD
Título: Foi no mês que vem
Artista: Vitor Ramil
Gravadora: Satolep Music
Cotação: * * * * 1/2

Música lançada por Vitor Ramil em seu álbum de pegada mais roqueira, À beça (1995), Foi no mês que vem embaralha a noção de tempo em seu título. Talvez por isso mesmo a canção tenha sido escolhida para abrir e batizar o disco duplo em que o compositor gaúcho compila sua obra, já grande na qualidade e na quantidade. Com gravações inéditas de 32 músicas selecionadas entre os nove álbuns de Ramil, o CD duplo Foi no mês que vem também brinca com a noção de tempo ao reapresentar em novas embalagens canções velhas que, no entanto, podem soar novas. Sobretudo para quem está se iniciando na obra de Ramil no momento em que suas músicas ganham projeção adicional na voz do cantor Ney Matogrosso. Sucesso do penúltimo disco e show de Ney, Beijo bandido (2009), Invento (2007) figura no repertório aclimatado na ambiência acústica - criada pela predominância de violões nos arranjos - que pauta este álbum retrospectivo produzido pelo próprio Ramil e gravado entre Brasil e Argentina. Enraizado nas tradições musicais dos Pampas, mas sem qualquer ranço folclórico, o cancioneiro de Ramil sempre foi embebido em fina poesia e tem um requinte melódico que se esconde na aparente simplicidade de músicas como Grama verde (Vitor Ramil e André Gomes, 1995) - gravada para Foi no mês que vem com a percussão precisa de Marcos Suzano, com quem Ramil já dividiu inspirado álbum, Satolep sambatown (2007) - e Neve de papel (2004), composição gravada com a Orquestra de Câmara Theatro São Pedro, cujas cordas, arranjadas por Wagner Cunha, adornam também Livro aberto (2007), Perdão (2004) e O primeiro dia (2004). O rodízio de convidados - recrutados entre Argentina, Brasil e Uruguai - impede que a longa revisão soe linear, caindo na monotonia que acomete alguns álbuns de formato acústico. Em tom outonal, Milton Nascimento põe sua voz em Não é céu (1995). Além de tocar mellotron, o roqueiro argentino Fito Paez se aventura a cantar em português carregado Espaço (2000), uma das mais envolventes canções de Ramil. Além de dar voz a À beça (1995), o também argentino Pedro Aznar toca baixo e cuatro venezuelano na faixa. A harmônica de outro argentino, Franco Luciani, aviva a pulsação de Valérie (2000).  E tudo soa natural, pois a obra de Ramil dialoga bem com o caloroso universo musical portenho, embora tenha nascido sob a égide da Estética do frio, termo criado pelo próprio Ramil para conceituar temas como Ramilonga (1997), música que exemplifica a habilidade do compositor para se apropriar dos ritmos do Sul com linguagem contemporânea. Há, a propósito, um caráter cosmopolita no cancioneiro de Ramil que faz com que soe natural que uma de suas músicas, Noa noa (2004), reapareça em Foi no mês que vem com leitura em francês (por Isabel Ramil) de trecho do livro homônimo da canção lançada no álbum Longes (2004). Tal cancioneiro adquire por vezes contorno épico em temas como Tango da independência (Vitor Ramil e Paulo Seben) - música que reforça o elo do compositor com o universo portenho e que até então não fazia parte da discografia oficial de Ramil - e Joquim, longa versão de Joey (Bob Dylan e Jacques Levy) feita por Ramil para Tango, o álbum de 1987 que apresentou outra obra-prima de tom épico, Loucos de cara (Kleiton Ramil e Vitor Ramil), música que pede mais do que um violão no arranjo. Acima de rótulos e conceitos, paira a beleza melódica e poética de canções como Astronauta lírico (Vitor Ramil a partir de Vielimir Khlébnikov e Haroldo de Campos, 2007) - música que encerra o bis do atual show de Ney Matogroso, Atento aos sinais - e Deixando o pago (Vitor Ramil e João da Cunha Vargas, 2004). Ney, aliás, também figura na lista de convidados de Foi no mês que vem, dando voz a Que horas não são? (2000). Vasto, o time de convidados inclui também o uruguaio Jorge Drexler - que se harmoniza com Ramil ao cantar Viajei (2007) em português desenvolto - e os manos Kleiton & Kledir, que se unem ao irmão desgarrado (apenas musicalmente) em Noite de São João (Vitor Ramil sobre poema de Fernando Pessoa, 1997). Enfim, Foi no mês que vem pode significar mais do mesmo para o público atento que acompanha Ramil desde seu aparecimento, em 1981, com Estrela, estrela, álbum batizado com o nome da canção - também presente entre as 32 músicas, claro - que ganhou as vozes de cantoras como Gal Costa e Maria Rita ao longo dos 32 anos de carreira fonográfica do compositor. Contudo, ao revisar sua obra com apuro, o artista dá nova vida a velhas canções, viajando no tempo com propriedade e sofisticação. Que horas não são?

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Presença e voz de Mariana Baltar valorizam a cena no show 'tReSvaRiOs'

Resenha de show
Título: tReSvaRiOs
Artistas: Mariana Baltar, Mauro Aguiar e Luiz Flavio Alcofra 
Local: Teatro Rival (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 25 de junho de 2013
Foto: Rodrigo Amaral
Cotação: * * * 
Show volta ao cartaz no Teatro Ipanema, no Rio de Janeiro (RJ), em 2 de julho de 2013

Ousado pela própria natureza de apresentar somente músicas inéditas da parceria de dois compositores ainda conhecidos somente no meio musical, o CD tReSvaRiOs celebra essa parceria ao mesmo tempo em que  também pode ser encarado simplesmente como o terceiro disco de Mariana Baltar, a cantora escolhida pelos parceiros Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar para dar voz às suas 14 músicas. Voz que faz a diferença no disco e que também se impõe no show. tReSvaRiOs - o show que estreou em 25 de junho de 2013 no Teatro Rival e que vai voltar à cena em 2 de julho, no Teatro Ipanema, também no Rio de Janeiro (RJ) - reitera a beleza e a versatilidade da voz de Baltar, cantora carioca que o Brasil precisa ouvir com mais atenção. É a forte presença cênica da intérprete - perceptível já na primeira das 17 músicas do roteiro, o tema-título tReScaRiOs (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013) - que faz com que o show transcorra sedutor. Com sua voz meramente eficaz, Mauro Aguiar divide as falas, os holofotes e algumas músicas do show com Baltar, em participação que poderia ser mais reduzida, mas é a cantora que conduz o show com sua voz e seu carisma. Os aplausos entusiásticos para interpretação que Baltar dá a Basta de clamares inocência (Cartola, 1979) - um dos números que se destacou na estreia - sinalizam que o público percebeu estar diante de cantora segura. Por ser também atriz de musicais, Baltar domina a cena com facilidade. Seu número teatral em Risque (Ary Barroso, 1952) - o samba-canção transformado em tango sob a direção musical de Alcofra, com direito a rosas arremessadas pela cantora ao palco do Teatro Rival - é outro momento que se impõe no roteiro, a ponto de ter sido repetido no bis. Contudo, a boa qualidade da obra de Alcofra e Aguiar também ficou evidente. Se as músicas conhecidas de outros compositores se destacam no show, é mais por conta do ineditismo do cancioneiro do disco tReSvaRiOs. Mesmo assim, saltaram aos ouvidos a beleza melódica e poética da valsa Sem par (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013) e o refrão envolvente de Gênese (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013), o samba-enredo que traça a evolução do samba desde sua criação. Assim como a participação de Mauro Aguiar, que sola Latin lover (1975) para explicitar a influência das músicas de João Bosco e Aldir Blanc na obra da dupla, as falas do show poderiam ser reduzidas. Após o samba Capataz (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013), introduzido por uma batucada, Aguiar entra em cena somente para dizer uma fala que poderia ter sido incorporada à sua intervenção anterior. Encoberto pelas presenças mais expansivas de Aguiar e Baltar, Alcofra fica mais nítido sob os holofotes em Sem pai nem mãe (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013), canção de tom mais soturno cantada por Baltar somente na companhia do violão de Alcofra, na mesma atmosfera íntima que introduz Curto circuito (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013), evidenciando o toque preciso do piano de Carlos Fuchs. Fora da seara da dupla,  o Samba do grande amor (Chico Buarque, 1983) surpreende positivamente pelo tom melancólico do dueto de Aguiar com Baltar, feito na contramão dos registros mais expansivos do samba. Enfim, tReSvaRiOs é bom show que joga luz sobre um cancioneiro e uma cantora que merecem atenção de país que ainda produz boa música, mesmo à margem de um mercado que nivela cada vez mais por baixo o som do Brasil.

Baltar dá voz a Ary, a Cartola, a Chico e a Nelson no show 'tReSvaRiOs'

Ao lançar em 1952 o samba-canção Risque, um dos títulos mais conhecidos de seu cancioneiro, Ary Barroso (1903 - 1964) teve que fazer valer sua vontade para que a composição fosse gravada no ritmo original de samba-canção, e não como bolero. Por isso mesmo, é provável que o ranzinza compositor mineiro fechasse a cara se ouvisse a sedutora transformação de Risque em tango no show tReSvaRiOs. Com direito a rosas arremessadas ao palco do Teatro Rival por Mariana Baltar, o número é um dos destaques do roteiro do show em que a cantora carioca dá voz à obra composta por Luiz Flavio Alcofra com Mauro Aguiar. Tanto que o número foi repetido no bis da estreia mundial - como brincou Baltar - do show baseado no recém-lançado CD tReSvaRiOs. Além das músicas de Alcofra com Aguiar, que entra em cena como cantor em sete das 17 músicas do roteiro, o público que assistiu à estreia de tReSvaRiOs no Rio de Janeiro (RJ), em 25 de junho de 2013, viu e ouviu a ótima cantora dar voz a músicas de Cartola (1908-1980) (Basta de clamares inocência, 1979), Chico Buarque (Samba do grande amor, 1983) e Nelson Cavaquinho (1911-1986) (Luz negra, com Amâncio Cardoso, 1961). Eis o roteiro seguido por Mariana Baltar - em foto de Rodrigo Amaral - na estreia de tReSvaRiOs:

1. Tresvarios (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013)
2. Sem par (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013)
3. Na mesma moeda (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013)
4. Ponto cego (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013) - com Mauro Aguiar
5. Latin lover (João Bosco e Aldir Blanc, 1975) - solo de Mauro Aguiar
6. Claudicantes (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013) - com Mauro Aguiar
7. Luz negra (Nelson Cavaquinho e Amâncio Cardoso, 1961)
8. Basta de clamares inocência (Cartola, 1979)
9. Estreito infinito (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar)
10. Capataz (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar)
11. Curto circuito (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar)
12. Risque (Ary Barroso, 1952)
13. Sem pai nem mãe (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar)
14. Samba do grande amor (Chico Buarque, 1983) - com Mauro Aguiar
15. Enfim, saudade (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar) - com Mauro Augiar
16. Não cabe num quibe (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar) - com Mauro Aguiar
17. Gênese (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013) - com Mauro Aguiar
Bis:
18. Risque (Ary Barroso, 1952)
19.  Gênese (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013) - com Mauro Aguiar

Dora canta parcerias com Toquinho e Cris em CD produzido por Marlon

Dora Vergueiro lança seu quarto CD, produzido por Marlon Sette e editado pela gravadora Biscoito Fino. No álbum intitulado Dora Vergueiro, a cantora e compositora dá voz a parcerias com Toquinho (Vento leste), Cris Dellano (Tanta água), Carlinhos Vergueiro (Clareou e Paixão na rede, entre outras) e Isabella Rocha, ex-integrante do grupo Natiruts, com quem Vergueiro assina o reggae Quero te encantar. Além de assinar com Rogê o sambalanço De ponta cabeça, o produtor Marlon Sette arregimentou time azeitado de músicos - Alberto Continentino, Daniel Jobim, Dirceu Leite, Donatinho e Lincoln Olivetti, entre outros nomes - para criar a sonoridade do disco em que Dora regrava Meu drama (Silas de Oliveira e J. Ilarindo) - sucesso na voz do cantor carioca Roberto Ribeiro (1940 - 1996) - e Ijexá (Edil Pacheco), sucesso de Clara Nunes (1942 - 1983), revivido no CD com citação de música inédita de Dora Vergueiro, Mamãe Oxum.

DVD de Estrela Leminski e Téo Ruiz rebobina repertório do CD 'São sons'

Em 2010, a dupla paranaense Estrela Leminski & Téo Ruiz lançou seu terceiro CD, São sons, com participações de André Abujamra, Anelis Assumpção, Carlos Careqa, Ceumar, Kléber Albuquerque e Ná Ozzetti, entre outros nomes que indicam os caminhos musicais e poéticos trilhados pela dupla na composição de suas músicas. Primeiro registro ao vivo de show de Leminski e Ruiz, São sons ao vivo (2012) perpetua espetáculo gravado em agosto de 2012, em Curitiba (PR), e chega ao mercado em edição dupla que junta o inédito DVD com o CD lançado em 2010. São sons ao vivo rebobina obviamente o repertório de São sons em roteiro que apresenta as inéditas Nosso livro (Estrela Leminski e Téo Ruiz), Quase feliz (Estrela Leminski e Anelis Assumpção) - canção nascida a partir de texto enviado por Anelis a Leminski por e-mail - e Trago (Estrela Leminski, Téo Ruiz e Fábio Navarro), música que conta com a participação de Bernardo Bravo. Outro convidado do DVD, o cantor e compositor Kléber Albuquerque entra em cena em Inverossímil, parceria de Albuquerque com Ruiz. Ao rebobinar o repertório do terceiro álbum da dupla, São sons ao vivo dá nova oportunidade ao público antenado de conhecer músicas como Quirera (Estrela Leminski e Téo Ruiz), tema valorizado pela pulsação da rabeca e da viola tocadas por Du Gomide, um dos produtores do CD São sons.

Ferriani apronta segundo álbum solo com a colaboração de Gustavo Ruiz

Verônica Ferriani vai lançar seu segundo disco solo no segundo semestre de 2013. Postada pela cantora paulista em fevereiro, em sua página oficial no Facebook, a foto acima flagra Ferriani no estúdio El Rocha, em São Paulo (SP), com músicos recrutados para a gravação do álbum. Gustavo Ruiz - ao centro da foto com a guitarra amarela - foi escalado para produzir o álbum no qual Ferriani vai mostrar sua produção autoral como compositora. A artista já jogou na rede há meses a música Tu, neguinha, parceria com Giani Viscardi. CD é basicamente autoral.

terça-feira, 25 de junho de 2013

MGMT lança o terceiro álbum, 'MGMT', em 17 de setembro via Columbia

MGMT é o título do terceiro álbum do MGMT, o duo norte-americano formado por Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser. Com lançamento programado para 17 de setembro de 2013, em edição da gravadora Columbia Records, o disco foi gravado no Tarbox Road Studios, nos Estados Unidos, com a colaboração de Dave Fridmann na produção (Fridmann foi o produtor do espetacular primeiro álbum da dupla). Em comunicado postado em seu site oficial, o MGMT revela que o CD reúne "uma poderosa coleção de dez canções". Uma dessas músicas, Alien days, já foi lançada em abril de 2013. Outra, Introspection, é o único cover do repertório essencialmente autoral. Trata-se de música do repertório de Faine Jade, nome artístico de Chuck Laskowski, compositor e guitarrista norte-americano que seguiu a trilha psicodélica do garage rock nos anos 60. O álbum MGMT terá recurso intitulado The Optimizer que, segundo o duo, expandirá a experiência sensorial na audição das músicas. Eis as 10 faixas do CD MGMT:

1. Alien days
2. Cool song no. 2
3. Mystery disease
4. Introspection
5. Your life is a lie
6. A good sadness
7. Astro-mancy
8. I love you to death
9. Plenty of girls in the sea
10. An orphan of fortune

'Songbook Vitor Ramil' cristaliza e analisa belo cancioneiro do compositor

Resenha de livro
Título: Songbook Vitor Ramil
Autor: Vitor Ramil
Editora: Belas Letras
Cotação: * * * *

Vitor Ramil está em tempo de revisão de obra que, nos últimos anos, vem ganhando projeção além do circuito gaúcho-portenho, tanto pela propagação virtual do cancioneiro do artista como pelas já recorrentes incursões do cantor Ney Matogrosso por esse repertório, tendo Ney incluído músicas do compositor de Pelotas (RS) nos roteiros de seus shows Beijo bandido (2009 / 2012) e Atento aos sinais (2013). Além de regravar 32 músicas de seu cancioneiro no álbum duplo Foi no mês que vem, lançado e distribuído por seu selo Satolep Music neste mês de junho de 2013, o autor de Estrela, estrela (1981), Não é céu (1995) e Astronauta lírico (2007) publica simultaneamente pela editora Belas Letras o Songbook Vitor Ramil. Ao longo de suas 310 páginas, o livro revisa, cristaliza - através de partituras de 60 músicas (com harmonias, melodias, afinações, tablaturas, diagramas e letras) - e analisa essa obra em textos que procuram elucidar os cânones de repertório criado na Estética do Frio, longe demais das capitais que ditam modas e tendências musicais. "Vitor Ramil se movimenta esteticamente a partir de uma formação cultural não hegemônica, o sul do Brasil, mais precisamente uma cidade que na vida real se chama Pelotas, mas que em sua obra aparece revertida em Satolep. Não é um trocadilho pensado para fugir do imediato e óbvio reconhecimento, mas uma estratégia, talvez inconsciente, para pegar pela outra ponta, pela ponta oposta, a meada da criação artística, estratégia de quem não está no centro dominador, não pretende aderir a ele e, ao contrário, quer tomar a sua circunstância como um novo centro, o centro de um novo jeito de ler a vida", defende Luís Augusto Fischer, autor do preciso ensaio Nesta rua passa o universo, primeiro dos três textos do songbook que lançam olhares embasados sobre a obra de Ramil. De caráter biográfico, Casa, milonga, livro, canção, tempo, Satolep - texto assinado por Juarez Fonseca e entremeado com fotos de todos os tempos do artista - traça as origens familiares e sociais de Ramil, reconstituindo os principais passos da vida pessoal e profissional do cantor e compositor, inclusive os confrontos ideológicos com as gravadoras por conta da singularidade de seu cancioneiro e da firmeza da ideologia do artista. Abrangente, o texto de Fonseca sinaliza inclusive que o próximo passo de Ramil deverá ser disco de inéditas pontuado pelas parcerias com a poeta conterrânea Angélica Freitas. Já o terceiro texto - Canções, na verdade, de autoria de Celso Loureiro Chaves - radiografa a estrutura da obra de Vitor Ramil através da análise técnica de suas músicas mais emblemáticas. É quando o Songbook Vitor Ramil expõe manuscritos de canções como a obra-prima Loucos de cara (Vitor Ramil e Kleiton Ramil, 1987), Neve de papel (Vitor Ramil, 2004) e Satolep (Vitor Ramil, 1984). Por fim, a publicação da discografia do cantautor ajuda a traçar visualmente a rota de obra iniciada em 1981 e que nunca saiu dos trilhos, veiculando emoções e percepções obtidas pelo artista em sua particular Satolep, o quintal do inspirado Vitor Ramil.

Chega às lojas registro ao vivo de show feito por Criolo e Emicida em SP

Nas lojas a partir de 2 de julho de 2013, em edição distribuída pela Universal Music, o CD/DVD Criolo & Emicida ao vivo traz o registro do show feito pelos dois rappers paulistas em 8 de setembro de 2012, no Espaço das Américas, em São Paulo (SP). Com participações de Mano Brown (Racionais Mc's) e Rodrigo Campos, o show - captado ao vivo com 40 minicâmeras operadas sob a direção de Andrucha Waddington, Paula Lavigne e Ricardo Della Rosa - está baseado nos repertórios dos álbuns Pra quem já mordeu um cachorro por comida até que eu cheguei longe (lançado por Emicida em 2009) e Nó na orelha (o disco que consagrou Criolo em 2011). Eis as 18 músicas perpetuadas em Criolo & Emicida ao vivo, CD / DVD que gera turnê:

1. Zica, vai lá
2. Dedo na ferida
3. Rua Augusta
4. Mariô
5. Subirusdoistiozin
6. Demorô
7. Viva (Melô dos vileiros)
8. Só mais uma noite
9. Não existe amor em SP
10. Linha de frente
11. A cada vento
12. Outras palavras
13. Lion man
14. Grajauex
15. Triunfo
16. Capítulo 4, versículo 3
17. Vida loka I
18. Bogotá

Paula Toller prepara quarto disco da carreira solo com o produtor Liminha

Com o grupo Kid Abelha de novo em recesso por tempo indeterminado, Paula Toller - em foto de Fernando Torquatto - arquiteta seu quarto álbum solo. Piloto dos primeiros álbuns do Kid, Liminha é o produtor do CD que sucede Paula Toller (1998), SóNós (2007) e Nosso (2008) na discografia individual da cantora e compositora carioca. Paula - que tem feito músicas com Liminha - ainda estuda o formato mais adequado para lançar o trabalho numa era em que o mercado de música digital cresce a cada dia, tendo revalorizado no Brasil a cultura dos singles.

Zé Pedro festeja 70 anos de Sueli Costa com o tributo 'Simples pessoa'

Já está em fase de pré-produção na gravadora Joia Moderna o tributo Simples pessoa - As canções de Sueli Costa, CD idealizado pelo DJ Zé Pedro para festejar os 70 anos que a compositora carioca vai completar em 25 de julho de 2013. A ideia é (re)apresentar músicas pouco conhecidas da obra da compositora de Coração ateu (Sueli Costa, 1975) e Jura secreta (Sueli Costa e Abel Silva, 1977) nas vozes de cantoras bem pouco ouvidas. O repertório inclui parceria inédita de Sueli com Paulo César Feital feita para a cantora Ninah Jo na década de 80.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Quarto disco do Dead Fish, 'Zero e um', é reeditado em vinil pela Polysom

Quarto álbum de estúdio do grupo mineiro Dead Fish, lançado originalmente em 2004, Zero e um vai ser reeditado em formato de vinil de 180 gramas, em julho de 2013, pela Polysom. Produzido por Rafael Ramos, Zero e um foi o primeiro CD feito pela banda de hardcore na gravadora Deck. A reedição em vinil de Zero e um está sendo fabricada com prensagem especial bicolor. No caso, metade do vinil vai vir em preto e a outra metade será em amarelo.

Quinto álbum do Arctic Monkeys, 'AM', sai em setembro e inclui Homme

O quinto álbum de estúdio do grupo inglês Arctic Monkeys se chama AM e tem lançamento agendado no Reino Unido para 9 de setembro de 2013 em edição da Domino Records. Produzido por James Ford, com auxílio do coprodutor Ross Orton, AM foi gravado com intervenções de Josh Homme (líder do grupo Queens of the Stone Age), Bill Ryder-Jones (do grupo The Coral) e Pete Thomas (baterista do cantor Elvis Costello). O quarteto - em foto de Zackery Michael - alinha 12 músicas autorais no repertório de AM, sendo que algumas já são conhecidas, casos de  R U mine? (lançada pela banda em seu canal oficial no YouTube em 26 de fevereiro de 2012), de Mad sounds (já tocada em shows) e do single Do I wanna know? (jogado na rede neste mês de junho de 2013). A faixa que encerra o disco, I wanna be yours, contém versos do poeta inglês John Cooper Clarke. Eis, na ordem, as 12 músicas de AM, álbum que sucede Suck it and see (2011) e que vai ser lançado também em vinil e em edição digital:

1. Do I wanna know?
2. R U mine?
3. One for the road
4. Arabella
5. I want it all
6. No.1 party anthem
7. Mad sounds
8. Fireside
9. Why’d you only call me when you’re high?
10. Snap out of it
11. Knee socks
12. I wanna be yours