Título: Diana Ross
Artista: Diana Ross (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: HSBC Arena (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 29 de junho de 2013
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz no Teatro Positivo, em Curitiba (PR), em 2 de julho de 2013
Aos 69 anos de vida e 54 de carreira, Diana Ross resiste bem ao tempo. Uma das mais bem-sucedidas cantoras norte-americanas, Ross foi projetada na primeira metade da década de 60 como principal vocalista do trio The Supremes (1959 - 1977), grupo do qual saiu em 1970 para pavimentar trajetória solo que gerou grandes sucessos nos anos 70 e 80 e que foi perdendo fôlego ao longo dos 90. Atualmente, a cantora vive de seu passado de glória. É uma diva e se porta como tal no palco e - ao que parece - também fora de cena. Contudo, a Diana Ross que subiu ao palco da HSBC Arena, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 29 de junho de 2013, se mostrou extremamente simpática ao longo de show de caráter retrospectivo. Por mais que não alcance os tons mais altos dos tempos áureos, fato perceptível em Touch me in the morning (Ron Miller e Michael Masser, 1973), a voz se encontra em bom estado, com viço e vigor. O público carioca não viu uma cantora decadente em cena, mas uma artista ainda em forma, disposta a passar em revista, durante 1h20m, seus principais sucessos. Alguns foram ignorados, caso da açucarada balada Endless love, gravada por Ross em dueto com Lionel Richie, o compositor da canção, hit mundial em 1981. Mas o show cumpriu sua função de resumir a obra da cantora, ausente dos palcos brasileiros desde 1994. Aberto com I'm coming out (Bernard Edwards e Nile Rodgers, 1980), música que significou para Ross uma saída de armário no império gay da discoteca, o roteiro priorizou hits das Supremes em sua primeira metade. Sem recorrer a medleys, Ross apresentou na íntegra músicas como Baby love (Brian Holland, Lamont Dozier e Edward Holland Jr., 1964), Where did our love go (Brian Holland, Lamont Dozier e Edward Holland Jr., 1964) e Stop! In the name of love (Brian Holland, Lamont Dozier e Edward Holland Jr., 1965), esta com direito à coreografia com a mão direita no refrão-título, repetido em coro pela plateia com o incentivo da artista. São músicas fabricadas em escala industrial pela fábrica de hits da gravadora Motown que ganharam as paradas com sua diluição pop da pegada negra do soul e do r & b. Do repertório das Supremes, Love child (R. Dean Taylor, Frank Wilson, Pam Sawyer e Deke Richards, 1968) - música que se distanciou da linha pueril do cancioneiro do trio com letra que expunha os argumentos de garota marginalizada pela sociedade para escapar do risco de engravidar do namorado - foi número temperado no show com molho cubano pela azeitada banda que dividiu o palco com a cantora. O suingue latino desaguou no balanço de Ease on down the road (Charlie Smalls, 1975) - tema de musical da Broadway que Ross gravou em 1978 em dueto com seu amigo Michael Jackson (1958 - 2009) - e preparou o clima dançante do bloco com hits da disco music. Como vários intérpretes dos EUA, Ross teve que aderir ao som dos embalos noturnos de sábado. Mas soube se cercar das pessoas certas, em especial de Bernard Edwards e Nile Rodgers, mentores do grupo Chic e compositores de hits como Upside down (1980) e o já citado I'm coming out (1980) - músicas que revitalizaram a discografia de Ross na virada dos anos 70 para os 80. Dividido em cinco blocos, meros pretextos para as trocas de figurinos (cinco oficiais e um sexto usado num bis que não chegou a acontecer de fato), o roteiro também aloca número interiorizado, Don't explain (Billie Holiday e Arthur Herzog Jr., 1946), balada jazzy do repertório de Billie Holiday (1915 - 1959), cantora norte-americana vivida por Ross no cinema no filme Lady sings the blues (1972). Outro tema de filme, Theme from Mahogany (Do you know where you're going to?) (Michael Masser e Gerald Goffin,1975), surtiu efeito ainda maior. Propagada no Brasil na trilha sonora da novela Anjo mau (TV Globo, 1976), a balada ganhou coro do público que, no Rio, se dividiu entre casais cinquentões e integrantes (de todas as idades) da tribo GLS. Para essa plateia, que considera Ross uma diva da música, ouvi-la soltar a voz em Ain't no mountain high enough (Nickolas Ashford e Valerie Simpson, 1966) é uma emoção que justifica o preço do ingresso do show, encerrado com I will survive (Freddie Perren e Dino Fekaris, 1978), o hino disco propagado na voz de Glória Gaynor que Diana Ross finge ser seu e seu fã acredita. Não importa. Diana Ross, afinal, já saiu no armário.
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Aos 69 anos de vida e 54 de carreira, Diana Ross resiste bem ao tempo. Uma das mais bem-sucedidas cantoras norte-americanas, Ross foi projetada na primeira metade da década de 60 como principal vocalista do trio The Supremes (1959 - 1977), grupo do qual saiu em 1970 para pavimentar trajetória solo que gerou grandes sucessos nos anos 70 e 80 e que foi perdendo fôlego ao longo dos 90. Atualmente, a cantora vive de seu passado de glória. É uma diva e se porta como tal no palco e - ao que parece - também fora de cena. Contudo, a Diana Ross que subiu ao palco da HSBC Arena, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 29 de junho de 2013, se mostrou extremamente simpática ao longo de show de caráter retrospectivo. Por mais que não alcance os tons mais altos dos tempos áureos, fato perceptível em Touch me in the morning (Ron Miller e Michael Masser, 1973), a voz se encontra em bom estado, com viço e vigor. O público carioca não viu uma cantora decadente em cena, mas uma artista ainda em forma, disposta a passar em revista, durante 1h20m, seus principais sucessos. Alguns foram ignorados, caso da açucarada balada Endless love, gravada por Ross em dueto com Lionel Richie, o compositor da canção, hit mundial em 1981. Mas o show cumpriu sua função de resumir a obra da cantora, ausente dos palcos brasileiros desde 1994. Aberto com I'm coming out (Bernard Edwards e Nile Rodgers, 1980), música que significou para Ross uma saída de armário no império gay da discoteca, o roteiro priorizou hits das Supremes em sua primeira metade. Sem recorrer a medleys, Ross apresentou na íntegra músicas como Baby love (Brian Holland, Lamont Dozier e Edward Holland Jr., 1964), Where did our love go (Brian Holland, Lamont Dozier e Edward Holland Jr., 1964) e Stop! In the name of love (Brian Holland, Lamont Dozier e Edward Holland Jr., 1965), esta com direito à coreografia com a mão direita no refrão-título, repetido em coro pela plateia com o incentivo da artista. São músicas fabricadas em escala industrial pela fábrica de hits da gravadora Motown que ganharam as paradas com sua diluição pop da pegada negra do soul e do r & b. Do repertório das Supremes, Love child (R. Dean Taylor, Frank Wilson, Pam Sawyer e Deke Richards, 1968) - música que se distanciou da linha pueril do cancioneiro do trio com letra que expunha os argumentos de garota marginalizada pela sociedade para escapar do risco de engravidar do namorado - foi número temperado no show com molho cubano pela azeitada banda que dividiu o palco com a cantora. O suingue latino desaguou no balanço de Ease on down the road (Charlie Smalls, 1975) - tema de musical da Broadway que Ross gravou em 1978 em dueto com seu amigo Michael Jackson (1958 - 2009) - e preparou o clima dançante do bloco com hits da disco music.
Como vários intérpretes dos EUA, Ross teve que aderir ao som dos embalos noturnos de sábado. Mas soube se cercar das pessoas certas, em especial de Bernard Edwards e Nile Rodgers, mentores do grupo Chic e compositores de hits como Upside down (1980) e o já citado I'm coming out (1980) - músicas que revitalizaram a discografia de Ross na virada dos anos 70 para os 80. Dividido em cinco blocos, meros pretextos para as trocas de figurinos (cinco oficiais e um sexto usado num bis que não chegou a acontecer de fato), o roteiro também aloca número interiorizado, Don't explain (Billie Holiday e Arthur Herzog Jr., 1946), balada jazzy do repertório de Billie Holiday (1915 - 1959), cantora norte-americana vivida por Ross no cinema no filme Lady sings the blues (1972). Outro tema de filme, Theme from Mahogany (Do you know where you're going to?) (Michael Masser e Gerald Goffin,1975), surtiu efeito ainda maior. Propagada no Brasil na trilha sonora da novela Anjo mau (TV Globo, 1976), a balada ganhou coro do público que, no Rio, se dividiu entre casais cinquentões e integrantes (de todas as idades) da tribo GLS. Para essa plateia, que considera Ross uma diva da música, ouvi-la soltar a voz em Ain't no mountain high enough (Nickolas Ashford e Valerie Simpson, 1966) é uma emoção que justifica o preço do ingresso do show, encerrado com I will survive (Freddie Perren e Dino Fekaris, 1978), o hino disco propagado na voz de Glória Gaynor que Diana Ross finge ser seu e seu fã acredita. Não importa. Diana Ross, afinal, já saiu no armário.
Em 1974, quando eu tinha 14 anos, achava Diana Ross a pior cantora do mundo, um verdadeiro lixo. Falei isso em sala de aula e uma professora quase me linchou. Anos depois li uma entrevista de Marvin Gaye sobre os discos que tinha gravado com ela por imposição da Motown. E Marvin Gaye repetia exatamente o que eu havia dito: é uma péssima cantora. Até hoje penso assim... eu e o saudoso Marvin Gaye.
Diana é uma cantora de voz miúda, porém um canto elegante, alias não s o canto como a postura. Era cobiçada por todos os homens, ricos ou pobres. Nos anos 70 ir ao um show da Diana Ross era sinônimo de status,´riqueza! Nos anos 80 ela se bandeou para o lado comercial em busca de hits e alta vendagem de discos. Gravou musicas com arranjos eletrônicos, aquela batidinha enjoativa, característica de muitos álbuns gravados naquela década. Com relação a uma informação de um comentário anterior, onde diz que o Marvin Gaye achava ela uma péssima cantora, acho que não procede. Após a morte dele, ela foi a mestre de cerimonia de uma homanagem a ele no grammy de 1984. Ate dedicou a canção Missing You (sucesso mundial) ao Marvin, também em 84. Se tivesse falado mau dela, acho que ela não teria feito tais homenagens! Particularmente acho o Marvin Gaye um péssimo cantor, que canto e voz mais sem graça!
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