Título: Sandy
Artista: Sim
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * *
Sim, Sandy Leah está em crescimento como compositora. O segundo álbum solo da artista paulista - anunciado para maio, mas efetivamente posto nas lojas neste mês de junho de 2013 pela gravadora Universal Music - reitera com coerência tal crescimento, já perceptível no EP Princípios, meios e fins (2012), lançado em novembro em edição digital e em CD físico de tiragem limitada, vendida somente nos shows da cantora. Álbum produzido por Lucas Lima e Jarson Tarver sob a direção artística de Sandy, Sim rebobina as cinco músicas desse EP e acrescenta outras cinco ao cancioneiro autoral da compositora. Mesmo que a edição do EP tenha inevitavelmente baixado o teor de novidade de Sim, o alinhamento das dez inéditas contribui para firmar o estilo pop juvenil de Sandy. Canções confessionais e um ou outro pop rock começam a construir o universo particular da artista. No entanto, como seu antecessor Manuscrito (2010), Sim ainda deixa a impressão de que, mesmo em evolução, Sandy continua aprisionada numa redoma, num castelo encantado, sem coragem para encarar o mundo lá fora e de estabelecer conexões com outros compositores que poderiam enriquecer seu universo autoral. No máximo, entre reflexões sobre sensações provocadas pela chegada dos 30 anos (feitas em Aquela dos 30, parceria de Sandy com Lucas Lima), a artista que adolesceu frente às câmeras se permite expor o desencanto com o príncipe-sapo perfilado no pop rock Ponto final, uma das cinco inéditas de Sim. A propósito, Ponto final é música de autoria da artista com Lucas Lima e com a escritora paulistana Tati Bernardi, nome novo no time de parceiros de Sandy na composição das dez inéditas de Sim. Bernardi assina com Sandy e com Lucas a música mais bonita dentre as cinco apresentadas em Sim. Trata-se de Morada, canção de melancolia sublinhada pelo violoncelo de Jaques Morelenbaum. Balada embasada pelos teclados de Eloá Gonçalves, Refúgio (Sandy Leah e Lucas Lima) corrobora a sensação - ao situar o ser amado como o abrigo que protege dos perigos da vida - de que a princesa prefere ficar confinada no castelo, às voltas com a melancolia exalada pelas já conhecidas canções Segredo (Sandy Leah e Lucas Lima) e Olhos meus (Sandy Leah). Sintomaticamente, aliás, Ninguém é perfeito (Sandy Leah e Lucas Lima) reconstrói a imagem do príncipe encantado em animada levada pop. Castelos à parte, o repertório de Sim soa mais coeso do que o de Manuscrito. Sim (Sandy Leah, Lucas Lima e Junior Lima) - a música-título do CD, de batida bem marcada pelo toque quase marcial da bateria de Delino Costa, destaque do arranjo que caminha em progressão e intensidade sedutoras - é atestado da evolução de Sandy como compositora. Tal evolução é valorizada no álbum pela excelência da produção de Lucas Lima e Jason Tarver. Nada parece faltar ou sobrar os arranjos. Tudo está no seu lugar, como as cordas orquestradas por Lucas para adornar Escolho você (Sandy Leah, Lucas Lima e Jason Tarver) de forma envolvente. Enfim, por mais que o persistente tom adolescente da voz da cantora insista em dizer o contrário, Sandy Leah cresceu. Somente o também persistente preconceito contra a artista pela maioria dos críticos de música impede o reconhecimento público de seu progresso.
16 comentários:
Sim, Sandy Leah está em crescimento como compositora. O segundo álbum solo da artista paulista - anunciado para maio, mas efetivamente posto nas lojas neste mês de junho de 2013 pela gravadora Universal Music - reitera com coerência tal crescimento, já perceptível no EP Princípios, meios e fins (2012), lançado em novembro em edição digital e em CD físico de tiragem limitada, vendida somente nos shows da cantora. Álbum produzido por Lucas Lima e Jarson Tarver sob a direção artística de Sandy, Sim rebobina as cinco músicas desse EP e acrescenta outras cinco ao cancioneiro autoral da compositora. Mesmo que a edição do EP tenha inevitavelmente baixado o teor de novidade de Sim, o alinhamento das dez inéditas contribui para firmar o estilo pop juvenil de Sandy. Canções confessionais e um ou outro pop rock começam a construir o universo particular da artista. No entanto, como seu antecessor Manuscrito (2010), Sim ainda deixa a impressão de que, como compositora, Sandy continua aprisionada numa redoma, num castelo encantado, sem coragem para encarar o mundo lá fora e de estabelecer conexões com outros compositores que poderiam enriquecer seu universo autoral. No máximo, entre reflexões sobre sensações provocadas pela chegada dos 30 anos (feitas em Aquela dos 30, parceria de Sandy com Lucas Lima), a artista que adolesceu frente às câmeras se permite expor o desencanto com o príncipe-sapo perfilado no pop rock Ponto final, uma das cinco inéditas de Sim. A propósito, Ponto final é música de autoria da artista com Lucas Lima e com a escritora paulistana Tati Bernardi, nome novo no time de parceiros de Sandy na composição das dez inéditas de Sim. Bernardi assina com Sandy e com Lucas a música mais bonita dentre as cinco apresentadas em Sim. Trata-se de Morada, canção de melancolia sublinhada pelo violoncelo de Jaques Morelenbaum. Balada embasada pelos teclados de Eloá Gonçalves, Refúgio (Sandy Leah e Lucas Lima) corrobora a sensação - ao situar o ser amado como o abrigo que protege dos perigos da vida - de que a princesa prefere ficar confinada no castelo, às voltas com a melancolia exalada pelas já conhecidas canções Segredo (Sandy Leah e Lucas Lima) e Olhos meus (Sandy Leah). Sintomaticamente, Ninguém é perfeito (Sandy Leah e Lucas Lima) reconstrói a imagem do príncipe encantado em animada levada pop. Castelos à parte, o repertório de Sim soa mais coeso do que o de Manuscrito. Sim (Sandy Leah, Lucas Lima e Junior Lima) - a música-título do CD, de batida bem marcada pelo toque quase marcial da bateria de Delino Costa, destaque do arranjo que caminha em progressão e intensidade sedutoras - é atestado da evolução de Sandy como compositora. Tal evolução é valorizada no álbum pela excelência da produção de Lucas Lima e Jason Tarver. Nada parece faltar ou sobrar os arranjos. Tudo está no seu lugar, como as cordas orquestradas por Lucas para adornar Escolho você (Sandy Leah, Lucas Lima e Jason Tarver) de forma envolvente. Enfim, por mais que o persistente tom adolescente da voz da cantora insista em dizer o contrário, Sandy Leah cresceu. Somente o também persistente preconceito contra a artista pela maioria dos críticos de música impede o reconhecimento público de seu progresso.
Disse tudo! Sim é perfeito e Sandy se supera a cada trabalho!
Álbum lindo..
Com canções extraordinárias..
As composições refletem a vida sentimental de muitas pessoas..
SIM, esta bem diferente de Manuscrito..
Morada é a minha música favorita..Que arranjo, que melodia..Que interpretação...Que voz..
Sandy não cresceu na voz, pode ser afinadinha e tal mas tem voz de adolescentezinha. É igual a Xuxa que com 50 anos tem aquela voz de criancinha.
Até você Mauro??? Não gostar não tem nada a ver com preconceito. Não curto a voz, o jeito, o timbre, o repertório..enfim...nada... Isso é questão de gosto.
Concordo plenamente com a resenha. Sandy é ótima melodista e o irmao/marido/etc são otimos arranjadores, o que torna a sonoridade dos seus álbuns de boa qualidade. Contudo, as letras e a forma de projeção da sua voz ainda são imaturas, infantis. Aquela dos 3o é ótimo exemplo disso, arranjo cool com levada pop/folk e uma letra de CD da Kelly Key ou das Chiquititas. Parceiros diferenciados - o q nao deve faltar inclusive, ja q ela tem um certo prestigio na mpb - a ajudariam a sair dessa redoma e progredir como intérprete e letrista.
Um disco curto, mas bem costurado. Destaque para o arranjo de "Morada" e a balada "Ninguém é Perfeito". Da lavra solo de Sandy, "Olhos Meus" mostra que a cantora e compositora exala poesia naquilo que faz. Já em "Saudade", a intérprete fala mais alto e fala bonito.
Também concordo com o Mauro, a voz, acredito que não irá mudar, pois ela já fez 30 rs!Mas gosto de sua afinação.No geral o cd mostra que ela cresceu e acredito que o que falte é expandir a parceria em composições, ela precisa se desafiar neste sentido. Contudo, músicas como morada, olhos meus e saudade demonstram do que ela é capaz e os arranjos do cd estão excelentes!!
Há muitos e muitos anos que as críticas sobre cada lançamento da Sandy vem dizendo que ela está crescendo e mostra mais amadurecimento.
Eu quero saber é o dia que ela vai terminar de crescer e amadurecer.
Convenhamos que falar dos lançamentos e Sandy e de crescimento já não soa nem um pouco novidade.
Sandy, se você ler isso, siga os passos a seguir:
1 Pare de compor por melhor que seja a música.
2 Tire as cordas dos arranjos e da banda, esse tom 'pop' e 'radiofônico' que você não consegue se livra vem delas.
3 Sai da zona de conforto e procura produtores novos e contrastantes pros discos.
4 Coloca um baterista de Jazz no lugar desses de Pop Rock, por melhores que sejam.
5 Pronto, só partir pro abraço e pro roll das cantoras jovens consagradas (Ana, Maria Rita, Paula Toller...)
Victor Moraes, Sandy é uma cantora mto consagrada, bem mais que Paula Toller, Maria Rita e Ana. Fala sério!
Adoro suas críticas, Mauro. Sempre coerente, imparcial, correto e sensato. Sem preconceitos, você é capaz de criticar (com classe e argumentos) o que não julga bom, e ao mesmo tempo reconhecer e valorizar outras qualidades do artista.
Escutando o disco da Sandy, o mais recente trabalho com dez canções, eu me perguntava o que o crítico falava lá em cima: por que será que a crítica "especializada" pega tanto no pé dessa menina? Por que não levam o trabalho dela a sério, no sentido de pontuá-la e significá-la no mesmo contexto e, com a devida categoria, que o fazem com Marisa, Zélia, Adriana, Céu, Mariana, Paula, Roberta, etc...A Sandy é uma cantora extremamente afinada ao vivo, talvez uma das mais. É público e notório que esta artista vem se preocupando em fazer uma música melhor a cada disco, a cada trabalho dela. O fato dela gostar de arranjar suas músicas com piano- ao mesmo tempo em não larga da atmosfera folk- parece lançá-la a um espaço paralelo de música no Brasil, como se ela fosse a mesma menina ingênua e sem sal- imagem que a televisão muito corroborou de impor sobre ela. Sandy é um talento, antenado com o moderno e com a tradição. Seu disco é bem produzido, extremamente profissional e de qualidade. Exigir que ela seja uma compositora como Adriana Calcanhotto ou uma letrista universal como Zélia Duncan é querer enquadrá-la em um universo que é um pouco distante do dela: ela é doce, seu objeto de análise e observação é mais sentimental, menos influenciado- tropicalista que o das outras; menos rico, mas ela vem prezando pela sensível profundidade. Tudo isso diz que Sandy aprende a cada novo disco a se colocar como artista que produz música boa. Adoro ela. Ela é doce!
Escutando o disco da Sandy, o mais recente trabalho com dez canções, eu me perguntava o que o crítico falava lá em cima: por que será que a crítica "especializada" pega tanto no pé dessa menina? Por que não levam o trabalho dela a sério, no sentido de pontuá-la e significá-la no mesmo contexto e, com a devida categoria, que o fazem com Marisa, Zélia, Adriana, Céu, Mariana, Paula, Roberta, etc...A Sandy é uma cantora extremamente afinada ao vivo, talvez uma das mais. É público e notório que esta artista vem se preocupando em fazer uma música melhor a cada disco, a cada trabalho dela. O fato dela gostar de arranjar suas músicas com piano- ao mesmo tempo em não larga da atmosfera folk- parece lançá-la a um espaço paralelo de música no Brasil, como se ela fosse a mesma menina ingênua e sem sal- imagem que a televisão muito corroborou de impor sobre ela. Sandy é um talento, antenado com o moderno e com a tradição. Seu disco é bem produzido, extremamente profissional e de qualidade. Exigir que ela seja uma compositora como Adriana Calcanhotto ou uma letrista universal como Zélia Duncan é querer enquadrá-la em um universo que é um pouco distante do dela: ela é doce, seu objeto de análise e observação é mais sentimental, menos influenciado- tropicalista que o das outras; menos rico, mas ela vem prezando pela sensível profundidade. Tudo isso diz que Sandy aprende a cada novo disco a se colocar como artista que produz música boa. Adoro ela. Ela é doce!
Escutando o disco da Sandy, o mais recente trabalho com dez canções, eu me perguntava o que o crítico falava lá em cima: por que será que a crítica "especializada" pega tanto no pé dessa menina? Por que não levam o trabalho dela a sério, no sentido de pontuá-la e significá-la no mesmo contexto e, com a devida categoria, que o fazem com Marisa, Zélia, Adriana, Céu, Mariana, Paula, Roberta, etc...A Sandy é uma cantora extremamente afinada ao vivo, talvez uma das mais. É público e notório que esta artista vem se preocupando em fazer uma música melhor a cada disco, a cada trabalho dela. O fato dela gostar de arranjar suas músicas com piano- ao mesmo tempo em não larga da atmosfera folk- parece lançá-la a um espaço paralelo de música no Brasil, como se ela fosse a mesma menina ingênua e sem sal- imagem que a televisão muito corroborou de impor sobre ela. Sandy é um talento, antenado com o moderno e com a tradição. Seu disco é bem produzido, extremamente profissional e de qualidade. Exigir que ela seja uma compositora como Adriana Calcanhotto ou uma letrista universal como Zélia Duncan é querer enquadrá-la em um universo que é um pouco distante do dela: ela é doce, seu objeto de análise e observação é mais sentimental, menos influenciado- tropicalista que o das outras; menos rico, mas ela vem prezando pela sensível profundidade. Tudo isso diz que Sandy aprende a cada novo disco a se colocar como artista que produz música boa. Adoro ela. Ela é doce!
Não vou dizer que a Sandy é incrivel ou coisa parecida, mas me surpreendeu muito no último disco, mesmo assim a crítica especializada continua a rotula-la como cantora teen, até ela completar quarenta anos não se livrará deste estigma. Foi assim como o Paul McCartney que na época dos Wings era o saco de pancadas da crítica por fazer um pop rock melódico e ter sido o Beatle que mais vendeu na carreira solo, e hoje esta consagrado, até quem não gosta dele o classifica entre os maiores cantores de rock de todos os tempos. Rótulos a parte o que sobra é uma cantora e compositora que não se rendeu a "brasilidade tropicalista" forçada de 99% das cantoras da MPB. Assim gostando ou não da Sandy tentem avalia-la sem o preconceito típico, quem sabe ela seja no futuro o Paul McCartney de saias da MPB.
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