quarta-feira, 26 de junho de 2013

Presença e voz de Mariana Baltar valorizam a cena no show 'tReSvaRiOs'

Resenha de show
Título: tReSvaRiOs
Artistas: Mariana Baltar, Mauro Aguiar e Luiz Flavio Alcofra 
Local: Teatro Rival (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 25 de junho de 2013
Foto: Rodrigo Amaral
Cotação: * * * 
Show volta ao cartaz no Teatro Ipanema, no Rio de Janeiro (RJ), em 2 de julho de 2013

Ousado pela própria natureza de apresentar somente músicas inéditas da parceria de dois compositores ainda conhecidos somente no meio musical, o CD tReSvaRiOs celebra essa parceria ao mesmo tempo em que  também pode ser encarado simplesmente como o terceiro disco de Mariana Baltar, a cantora escolhida pelos parceiros Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar para dar voz às suas 14 músicas. Voz que faz a diferença no disco e que também se impõe no show. tReSvaRiOs - o show que estreou em 25 de junho de 2013 no Teatro Rival e que vai voltar à cena em 2 de julho, no Teatro Ipanema, também no Rio de Janeiro (RJ) - reitera a beleza e a versatilidade da voz de Baltar, cantora carioca que o Brasil precisa ouvir com mais atenção. É a forte presença cênica da intérprete - perceptível já na primeira das 17 músicas do roteiro, o tema-título tReScaRiOs (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013) - que faz com que o show transcorra sedutor. Com sua voz meramente eficaz, Mauro Aguiar divide as falas, os holofotes e algumas músicas do show com Baltar, em participação que poderia ser mais reduzida, mas é a cantora que conduz o show com sua voz e seu carisma. Os aplausos entusiásticos para interpretação que Baltar dá a Basta de clamares inocência (Cartola, 1979) - um dos números que se destacou na estreia - sinalizam que o público percebeu estar diante de cantora segura. Por ser também atriz de musicais, Baltar domina a cena com facilidade. Seu número teatral em Risque (Ary Barroso, 1952) - o samba-canção transformado em tango sob a direção musical de Alcofra, com direito a rosas arremessadas pela cantora ao palco do Teatro Rival - é outro momento que se impõe no roteiro, a ponto de ter sido repetido no bis. Contudo, a boa qualidade da obra de Alcofra e Aguiar também ficou evidente. Se as músicas conhecidas de outros compositores se destacam no show, é mais por conta do ineditismo do cancioneiro do disco tReSvaRiOs. Mesmo assim, saltaram aos ouvidos a beleza melódica e poética da valsa Sem par (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013) e o refrão envolvente de Gênese (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013), o samba-enredo que traça a evolução do samba desde sua criação. Assim como a participação de Mauro Aguiar, que sola Latin lover (1975) para explicitar a influência das músicas de João Bosco e Aldir Blanc na obra da dupla, as falas do show poderiam ser reduzidas. Após o samba Capataz (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013), introduzido por uma batucada, Aguiar entra em cena somente para dizer uma fala que poderia ter sido incorporada à sua intervenção anterior. Encoberto pelas presenças mais expansivas de Aguiar e Baltar, Alcofra fica mais nítido sob os holofotes em Sem pai nem mãe (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013), canção de tom mais soturno cantada por Baltar somente na companhia do violão de Alcofra, na mesma atmosfera íntima que introduz Curto circuito (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013), evidenciando o toque preciso do piano de Carlos Fuchs. Fora da seara da dupla,  o Samba do grande amor (Chico Buarque, 1983) surpreende positivamente pelo tom melancólico do dueto de Aguiar com Baltar, feito na contramão dos registros mais expansivos do samba. Enfim, tReSvaRiOs é bom show que joga luz sobre um cancioneiro e uma cantora que merecem atenção de país que ainda produz boa música, mesmo à margem de um mercado que nivela cada vez mais por baixo o som do Brasil.

Um comentário:

  1. Ousado pela própria natureza de apresentar somente músicas inéditas da parceria de dois compositores ainda conhecidos somente no meio musical, o CD tReSvaRiOs celebra essa parceria ao mesmo tempo em que também pode ser encarado simplesmente como o terceiro disco de Mariana Baltar, a cantora escolhida pelos parceiros Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar para dar voz às suas 14 músicas. Voz que faz a diferença no disco e que também se impõe no show. tReSvaRiOs - o show que estreou em 25 de junho de 2013 no Teatro Rival e que vai voltar à cena em 2 de julho, no Teatro Ipanema, também no Rio de Janeiro (RJ) - reitera a beleza e a versatilidade da voz de Baltar, cantora carioca que o Brasil precisa ouvir com mais atenção. É a forte presença cênica da intérprete - perceptível já na primeira das 17 músicas do roteiro, o tema-título tReScaRiOs (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013) - que faz com que o show transcorra sedutor. Com sua voz meramente eficaz, Mauro Aguiar divide as falas, os holofotes e algumas músicas do show com Baltar, em participação que poderia ser mais reduzida, mas é a cantora que conduz o show com sua voz e seu carisma. Os aplausos entusiásticos para interpretação que Baltar dá a Basta de clamares inocência (Cartola, 1979) - um dos números que se destacou na estreia - sinalizam que o público percebeu estar diante de cantora segura. Por ser também atriz de musicais, Baltar domina a cena com facilidade. Seu número teatral em Risque (Ary Barroso, 1952) - o samba-canção transformado em tango sob a direção musical de Alcofra, com direito a rosas arremessadas pela cantora ao palco do Teatro Rival - é outro momento que se impõe no roteiro, a ponto de ter sido repetido no bis. Contudo, a boa qualidade da obra de Alcofra e Aguiar também ficou evidente. Se as músicas conhecidas de outros compositores se destacam no show, é mais por conta do ineditismo do cancioneiro do disco tReSvaRiOs. Mesmo assim, saltaram aos ouvidos a beleza melódica e poética da valsa Sem par (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013) e o refrão envolvente de Gênese (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013), o samba-enredo que traça a evolução do samba desde sua criação. Assim como a participação de Mauro Aguiar, que sola Latin lover (1975) para explicitar a influência das músicas de João Bosco e Aldir Blanc na obra da dupla, as falas do show poderiam ser reduzidas. Após o samba Capataz (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013), introduzido por uma batucada, Aguiar entra em cena somente para dizer uma fala que poderia ter sido incorporada à sua intervenção anterior. Encoberto pelas presenças mais expansivas de Aguiar e Baltar, Alcofra fica mais nítido sob os holofotes em Sem pai nem mãe (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013), canção de tom mais soturno cantada por Baltar somente na companhia do violão de Alcofra, na mesma atmosfera íntima que introduz Curto circuito (Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar, 2013), evidenciando o toque preciso do piano de Carlos Fuchs. Fora da seara da dupla, o Samba do grande amor (Chico Buarque, 1983) surpreende positivamente pelo tom melancólico do dueto de Aguiar com Baltar, feito na contramão dos registros mais expansivos do samba. Enfim, tReSvaRiOs é bom show que joga luz sobre um cancioneiro e uma cantora que merecem atenção de país que ainda produz boa música, mesmo à margem de um mercado que nivela cada vez mais por baixo o som do Brasil.

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