Um dos títulos mais obscuros da discografia do cantor e compositor uruguaio Taiguara (1945 - 1996), Imyra, Tayra, Ipy ganha a primeira edição em CD no Brasil dentro da terceira fornada de reposições do catálogo da gravadora Kuarup, revitalizado com distribuição da Sony Music. A edição chega às lojas em agosto de 2013. Lançado originalmente em 1976 pela gravadora EMI-Odeon, o disco foi recolhido do mercado dias após chegar às lojas por determinação da censura do governo militar de Ernesto Geisel (1907 - 1996). Um dos alvos principais dos órgãos de repressão da época, Taiguara tinha sido tão perseguido que se exilara em Londres na primeira metade dos anos 70. Foi na volta ao Brasil, em 1975, que o artista começou a conceber Imyra, Tayra, Ipy, disco de referências indígenas, inspirado pela leitura de Quarup (1967), romance do escritor fluminense Antônio Callado (1917 - 1997) do qual Taiguara extraiu os três termos em tupi que batizam o álbum. Hermeto Pascoal assina os arranjos de seis das oito músicas do disco, gravado por músicos como Jacques Morelembaun (violoncelo), Nivaldo Ornellas (sax e flautas), Novelli (baixo), Toninho Horta (violão) e Zé Eduardo Nazário (bateria e percussão). As regências foram confiadas ao maestro e produtor Wagner Tiso. Formatada em arranjo de pegada nordestina, a mineira Três Pontas (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1967) foi a única regravação do disco, de repertório essencialmente autoral. Assinadas por Taiguara com seu sobrenome Chalar da Silva, para tentar driblar a censura, músicas como Aquarela de um país na lua, Primeira bateria, Sete cenas de Imyra (faixa de tom experimental), Situação e Terra das palmeiras são peças-chaves de repertório de forte cunho ideológico e social. Lançado em CD no Japão, em 2004, Imyra, Tayra, Ipy chega enfim ao mercado brasileiro em CD oportuno que mostra que o cancioneiro engajado e consciente de Taiguara não se limita aos hits gravados pelo cantor em álbuns editados pela Odeon na virada dos anos 60 para os 70.
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17 comentários:
ATÉ QUE ENFIM!.
tomara que incluam as faixas do compacto como bônus.
tomara que incluam as faixas do compacto como bônus.
a pergunta que não quer calar: esse disco é da EMI e vai ser relançado pela Sony??? aquela gravadora que ADORA lançar discos de catálogo? que mistério é esse?
Tiago, até onde sei, os direitos de edição deste disco pertenciam a uma empresa do Japão. O que talvez explique a edição via Sony. Abs, MauroF
Um dos álbuns mais incríveis já gravados no Brasil e no mundo. Revolucionário, vanguardista e musical ao mesmo tempo.
Concordo com o comentário de KL. E espero que esta merecida (e tardia)versão em CD venha com a bela arte gráfica utilizada no lançamento original.
Bottini, quais são as faixas desse compacto e saiu em que ano? Não sabia da existência dele. Abraço!
kl, o compacto contêm estas 3: Lar Futuro/Público/Primeira Bateria
Está em pré-venda na Livrarias Curitiba: http://www.livrariascuritiba.com.br/cd-taiguara-imyra-tayra-ipy-1976-pre-venda-para-20082013,product,AV093824,2852.aspx?src=
Está em pré-venda(20/08) na Livrarias Curitiba: http://www.livrariascuritiba.com.br/cd-taiguara-imyra-tayra-ipy-1976-pre-venda-para-20082013,product,AV093824,2852.aspx?src=
CD TAIGUARA - IMYRA, TAYRA, IPY - 1976
Faixas:
1. Pianice
2. Delírio transatlântico e chegada no rio
3. Público
4. Terra das palmeiras
5. Como em guernica
6. A volta do pássaro ameríndio
7. Luanda, violeta africana
8. Aquarela de um país na lua
9. Situação
10. Sete cenas de imyra
11. Três pontas
12. Samba das cinco
13. Primeira bateria
14. Outra cena
Demorei a comentar para não cometer um equívoco mas, infelizmente, acho correto avisar.
Nesse cd lançado não foi utilizado arquivo da versão que foi lançada no Japão remasterizada pela Toshiba há algum anos.
Tenho as duas, o cd importado e esse agora, e é muito frustrante ouvir esse novo.
A qualidade do aúdio da versão nacional ficou catastrófica. Os graves sumiram, os detalhes de arranjo parecem "estalos" de um vinil velho e os agudos estão comprimidos parecendo que passaram por um cone.
Sobraram (resistiram) a beleza das melodias, a voz única de Taiguara nessa masterização vergonhosa.
Dica de admirador: procurem o vinil no Mercado Livre ou, no e-bay (a preços bem salgados) o cd da versão japonesa.
Uma pena ter ocorrido algo assim num trabalho tão desejado por tantos.
Mauro - os fonogramas sao da EMI. A Kuarup fez um licenciamento desses fonogramas. A Sony Music esta realizando a distribuicao do disco.
Aqui Carlos Montes, sou eterno fã deste compositor Taiguara, um dos mais injustiçados pela ditadura, até em face da bela e inteligente poesia de Imyra Trayra Ipy e da belíssima música e também dos arranjos deste disco fundamental.
A edição japonesa é da própria EMI-Toshiba, subsidiária japonesa da mesma EMI, dona da Odeon no Brasil, selo original de lançamento do disco.
Tenho o vinil original e ele não contém compacto.
Realmente, o som das 14 faixas originais, possivelmente lançadas no Japão a partir das fitas master da Odeon brasileira, é bastante superior à edição 2013 da Sony.
Prezado Carlos,
Não há como o som do CD distribuído pela Sony, licenciado pela Kuarup da EMI, ser inferior ao CD japonês porque o CD brasileiro foi feito a partir do japonês.
abs
Alcides
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