Título: Vanessa da Mata canta Tom Jobim
Artista: Vanessa da Mata
Gravadora: Jabuticaba / Sony Music
Cotação: * * *
♪ Se você disser que Vanessa da Mata desafina ao cantar as 16 músicas de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) reunidas no CD que a Sony Music põe nas lojas a partir desta quinta-feira, 4 de julho, saiba que isso é mentira. Blindada pelas modernas tecnologias de gravação, a cantora apresenta disco levemente superior ao controvertido espetáculo que o originou. Produzido por Kassin, o registro de estúdio do show idealizado para o projeto Nívea viva Tom Jobim - ao qual a cantora dá continuidade em turnê que segue pelo Brasil neste segundo semestre de 2013 - atenua quase sempre as eventuais inadequações da artista ao cancioneiro de Jobim por conta do tom jovial que pontua e valoriza o disco. A inusitada interação do maestro e pianista Eumir Deodato - arregimentado para fazer os arranjos - com a turma de músicos convocada por Kassin (o baixista Alberto Continentino, o tecladista Danilo Andrade, o guitarrista Gustavo Ruiz e o baterista Stéphane San Juan, entre outros) deu à abordagem de Jobim pela cantora um frescor que, sim, pode aproximar a obra soberana de Tom de um público mais jovem e mais distante desse cancioneiro. Já que o disco apresenta somente 16 das 24 músicas do roteiro original do show, Vanessa poderia ter ignorado músicas de maior carga emocional para a qual não tem voz e vocação, sobretudo Por causa de você (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1957), pior momento do álbum. A cantora também poderia ter baixado o tom de Dindi (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira, 1959) em algumas passagens da canção conduzida pelo piano de Danilo Andrade. Até porque o grande trunfo do disco é a leveza imprimida nas interpretações e nos arranjos de músicas como Só danço samba (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962), Este seu olhar (Antonio Carlos Jobim, 1959), Wave (Antonio Carlos Jobim, 1967) - numa onda bem próxima do som que se convencionou rotular como bossa nova - e Caminhos Cruzados (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1958). Inseridas no universo bucólico que remete às origens da artista nascida e criada em cidade do interior de Mato Grosso, Chovendo na roseira (Antonio Carlos Jobim, 1971) e Correnteza (Antonio Carlos Jobim e Luiz Bonfá, 1973) também se ajustam bem ao tom de Vanessa. Já Sabiá (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1968) voa baixo porque, no canto de Mata, se perde todo o sentido político dos versos de Chico. Em contrapartida, Eu sei que vou te amar (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959) é ambientada em clima de bolero em ousadia estilística que preserva o tom apaixonado da canção. Aliás, a produção de Kassin jamais inventa moda a ponto de desconfigurar o cancioneiro perfeito de Jobim. Há até um diálogo sutil com a linguagem musical da Banda Nova - o grupo que dividiu o palco com Jobim a partir de 1984 - em faixas como Só tinha de ser com você (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira, 1964). Ao executar os arranjos de Deodato com os músicos recrutados para a gravação (feita de 5 a 8 de abril de 2013, dias antes da estreia nacional do show no Rio de Janeiro), Kassin se limita a criar sonoridade mais atual para uma obra que em si já soa eternamente nova por conta de sua perene modernidade. Enfim, Vanessa da Mata canta Tom Jobim resulta digno. Está longe de ser um registro antológico do cancioneiro de Jobim - até porque músicas como Samba de uma nota só (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1959) já mereceram dezenas de registros superiores de intérpretes mais identificados com a obra do maestro - mas tampouco depõe contra a discografia de Vanessa da Mata. De todo modo, que venha logo o álbum de inéditas autorais gravado em 2012 pela cantora e compositora (cada vez melhor, a julgar por seu álbum anterior) com produção de Kassin e Liminha.
17 comentários:
Se você disser que Vanessa da Mata desafina ao cantar as 16 músicas de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) reunidas no CD que a Sony Music põe nas lojas a partir desta quinta-feira, 4 de julho, saiba que isso é mentira. Blindada pelas modernas tecnologias de gravação, a cantora apresenta disco levemente superior ao controvertido espetáculo que o originou. Produzido por Kassin, o registro de estúdio do show idealizado para o projeto Nívea viva Tom Jobim - ao qual a cantora dá continuidade em turnê que segue pelo Brasil neste segundo semestre de 2013 - atenua quase sempre as eventuais inadequações da artista ao cancioneiro de Jobim por conta do tom jovial que pontua e valoriza o disco. A inusitada interação do maestro e pianista Eumir Deodato - arregimentado para fazer os arranjos - com a turma de músicos convocada por Kassin (o baixista Alberto Continentino, o tecladista Danilo Andrade, o guitarrista Gustavo Ruiz e o baterista Stephane San Juan, entre outros) deu à abordagem de Jobim pela cantora um frescor que, sim, pode aproximar a obra soberana de Tom de um público mais jovem e mais distante desse cancioneiro. Já que o disco apresenta somente 16 das 24 músicas do roteiro original do show, Vanessa poderia ter ignorado músicas de maior carga emocional para a qual não tem voz e vocação, sobretudo Por causa de você (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1957), pior momento do álbum. A cantora também poderia ter baixado o tom de Dindi (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira, 1959) em algumas passagens da canção conduzida pelo piano de Danilo Andrade. Até porque o grande trunfo do disco é a leveza imprimida nas interpretações e nos arranjos de músicas como Só danço samba (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962), Este seu olhar (Antonio Carlos Jobim, 1959), Wave (Antonio Carlos Jobim, 1967) - numa onda bem próxima do som que se convencionou rotular como bossa nova - e Só danço samba (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962). Inseridas no universo bucólico que remete às origens da artista nascida e criada em cidade do interior de Mato Grosso, Chovendo na roseira (Antonio Carlos Jobim, 1971) e Correnteza (Antonio Carlos Jobim e Luiz Bonfá, 1973) também se ajustam bem ao tom de Vanessa. Já Sabiá (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1968) voa baixo porque, no canto de Mata, se perde todo o sentido político dos versos de Chico. Em contrapartida, Eu sei que vou te amar (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959) é ambientada em clima de bolero em ousadia estilística que preserva o tom apaixonado da canção. Aliás, a produção de Kassin jamais inventa moda a ponto de desconfigurar o cancioneiro perfeito de Jobim. Há até um diálogo sutil com a linguagem musical da Banda Nova - o grupo que dividiu o palco com Jobim a partir de 1984 - em faixas como Só tinha de ser com você (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira, 1964). Ao executar os arranjos de Deodato com os músicos recrutados para a gravação (feita de 5 a 8 de abril de 2013, dias antes da estreia nacional do show no Rio de Janeiro), Kassin se limita a criar sonoridade mais atual para uma obra que em si já soa eternamente nova por conta de sua perene modernidade. Enfim, Vanessa da Mata canta Tom Jobim resulta digno. Está longe de ser um registro antológico do cancioneiro de Jobim - até porque músicas como Samba de uma nota só (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1959) já mereceram dezenas de registros superiores de intérpretes mais identificados com a obra do maestro - mas tampouco depõe contra a discografia de Vanessa da Mata. De todo modo, que venha logo o álbum de inéditas autorais gravado em 2012 pela cantora e (boa) compositora com produção de Kassin e Liminha.
Mauro,
Aproveitando o fato de você ter publicado sua visão sobre o álbum "Vanessa da Mata canta Tom Jobim", tendo opinado que a cantora não tem voz e vocação, sobretudo, para "Por causa de você", gostaria de saber se você conheceu e o que achou da interpretação da cantora Paula Toller para essa música (gravada para o projeto "Olha Que Coisa Mais Linda - Homenagem a Tom Jobim").
Obrigado!
Mauro,
veja se não há repetição da citação da música "só danço samba" nesse trecho do texto:
"Até porque o grande trunfo do disco é a leveza imprimida nas interpretações e nos arranjos de músicas como Só danço samba (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962), Este seu olhar (Antonio Carlos Jobim, 1959), Wave (Antonio Carlos Jobim, 1967) - numa onda bem próxima do som que se convencionou rotular como bossa nova - e Só danço samba (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962)
Sim, Carlos, havia mesmo a repetição da música. Grato pelo toque. Abs, MauroF
PAG, sorry, mas não faço análises via comentários. Grato pela participação, MauroF
Vanessa e o pro - tools! Rsrsrsr...pra meio entendedor meia palavra bas...!
Esse Kassin é o Lincoln Olivetti do mundo pós-moderno, neh!
Vanessa deveria voltar pra mata dela e cantar suas composições que são belas e apropriadas pra sua voz e tom.
Parece que existe um cantor para críticos e outros para um público apaixonada pela doçura e talento desta Menina flor de Canto. existe sim inúmeros registros do Tom e a maioria fica no anonimato pela mediocridade de interpretação. Mas Vanessa fica sim na história pois seu canto jovial e seu jeito inconfundível emociona seus fãs, que ao contrário dos que detonam, acompanham seu trabalho e melhor: comprar seus discos!Ave Vanessa. No tom menor ou maior mas nunca fora do Tom!
Depois de Gal Costa e Olivia Byington, fica difícil!!
bom, diva por diva, ella fitzgerald gravou jobim... e daí?
diminuir a obra de uma artista que já provou que sabe fazer música, é um pouco deprimente, ainda mais com valores de comparação, isso não existe... tererível! esse disco tem seu valor, Vanessa se faz ouvir por sua singularidade, e se é ou não desafinada, bobagem, se é sincero, passa batido!
respeito e confio muito no que o Mauro diz, inclusive concordo com o texto sobre o disco, só uma ou outra coisinha me dói um pouco, talvez por ser fã da Vanessa, mas quem entende, entende, tem embasamento e distância necessária para analisar...
não vou deixar de ouvir, nem de comprar esse e o próximo, que promete! ;)
Sinceramente? acho ela uma cantora peculiar, acho-a inexpressiva, sem graça, não gosto do seu canto. E cantar Tom Jobim não é para qualquer um. Desculpe.
Acho que esse disco é um café-com-leite na carreira da Vanessa, não conta muito por ser mais um "disco de projeto" assim como um ao vivo. As comparações com outros intérpretes é um tanto quanto injusta, cada voz tem uma história diferente. Enfim.
Conferi dois shows dela (turnê "Sim" e "Bicicleta, Bolos...") e sua evolução foi visível. Ela está muito mais segura com os tons altos do que antes além de ter um repertório que só melhora. Realmente é sentar e aguardar o próximo álbum de inéditas, Vanessa é uma compositora de mão cheia.
Comprei, já ouvi algumas vezes, esta bonito, leve, tem arranjos que saíram do comum, como a versão abolerada de Eu sei que vou te amar, e só danço samba, que começa com uma batida nada samba. Mas 2 considerações, achei a voz baixa na mixagem, ouvi em aparelhos diferentes para me certificar, e em alguns momentos a voz está igual ou mais baixa que o instrumental. E outra coisa, se a idéia era aproximar o público joven de Tom, porque um encarte sem as letras das músicas ? apenas alguns versos cortados por cima das fotos. Com apenas 2 folhas a mais, caberia a letra de todas as músicas. por enquanto é isso.
Achei fresco, jovial e ao contrário de Mauro, acho que Vanessa está cantando divinamente (a despeito das aparelhagens utilizadas pra correção de voz. Alias, quem nunca??) e aproxima Jobim desse público que não tinha muito contato com sua obra.
Também ao contrário de Mauro, ao qual respeito muitíssimo, acho que as melhores do cd são Sabiá, em uma interpretação emocionada (menos política sim, mas carregada de emoção de qualquer jeito) e Dindi, já imortalizada na voz de DIVAS como Ella e Gal, mas ainda assim linda em sua regravação.
Achei chatíssimo! Gosto da Vanessa e das composições dela. Que venha esse disco inédito logo pra me tirar desse som desagradável do "Vanessa da Mata canta Tom Jobim".
Os arranjos são bons, mas a voz dela não é pra isso.
gostei bastante do disco. se comparado ao Nivea Viva Elis, o resultado é superior ao de Maria Rita pq Vanessa achou tom certo pra ela nessas canções.
ficou leve, gostoso. arranjos bacanas. pro-tools? pode ser. melhor do que os exageros de umas e outras grandes vozes que não sabem dosar.
Vanessa foi superior à Maria Rita nesse projeto??? Oi??
Pedro Progresso,
desnecessária essa comparacão pois ambas artistas, apesar de mesmo patrocinador do projetos, possuem objetivos completamente díspares.
Não há necessidade, nem possibilidade de encontrar semelhanças nesses dois shows, uma vez que a Maria Rita, veio com um repertório emocionalmente "dela", onde o mesmo faz parte de sua vida, desde antes seu nascimento. Enquanto, "Vanessa da Mata", sustentou-se na ousadia de sair do seu conforto estético e mostrar que "pode" sentir mais que uns "ai, ai, ai", mostrar que "essa boneca tem manual" comprometido c/a arte, justificar-se "sim" como uma intérprete da MPB, que vai além de seus "bolos, bicicletas e outras alegrias"...
Cada vez que leio alguém dizendo que esse CD da Vanessa é chato, que ela desafina, que depois de Gal, Elis e outras ótimas cantoras fizeram melhor, cada vez mais quero ouvir e tenho certeza de que vou adorar o disco da Vanessa.
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