Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Ao misturar rap com baticum, álbum 'Batuk freak' firma Karol Conká na tribo

Resenha de CD
Título: Batuk freak
Artista: Karol Conka
Gravadora: Deck
Cotação: * * * 1/2

 Primeiro álbum de Karol Conka, produzido por Nave, Batuk freak firma o nome da rapper de Curitiba (MC) na tribo do hip hop. Como já sinalizaram algumas músicas que projetaram a artista na internet, sobretudo Corre, corre erê (Karol Conka e Nave) e Boa noite (Karol Conka e Nave), Conka mixa a batida do rap com o baticum nativo e com o pancadão dos bailes funks. Batuk freak é pontuado por esse clima tribal sem deixar de rebobinar o discurso típico do rap. Vô lá (Karol Conka e Nave) ergue a cabeça do povo do gueto - ao começar falando de uma Dona Maria que levanta cedo de segunda à segunda - e prega a mania de ter fé na vida e no trabalho honesto. "Podemos ser a elite / ... / Seguindo a potência do beat", garante Conka, crente, por meio dos versos do tema. A ambição é alta também em Gueto ao luxo (Karol Conka e Nave), faixa cuja introdução percussiva dá a impressão (errônea) de que a faixa vai desaguar num samba-reggae. A altivez dá o tom de Você não vai (Karol Conka e Nave) e de Bate a poeira (Karol Conka e Nave), temas de autoestima alta e de batidas menos envolventes. Um dos sucessos prévios da MC na internet, Gandaia (Karol Conka e Nave) faz exaltação à balada com beats eletrônicos moldados para as pistas. Já Sandália (Karol Conka, Rincon Sapiência e Nave) - faixa em que figura o rapper paulistano Rincon Sapiência - cruza rap e reggae de forma azeitada. O mix tribal de Batuk freak faz várias evocações ao som de preto produzido na mãe África. Uma das mais fortes é quando Mundo loco (Karol Conka e Nave) incorpora sample de Dhinha ô (Karol Conka e Nave), tema do folclore africano em registro do percussionista Naná Vasconcelos. E é por isso que a releitura fervida de Caxambu (Élcio do Pagode, Jorge Neguinho, Zé Lobo e Bidudi, 1986), ao fim de Batuk freak, faz todo sentido. A rapper traz o sucesso do pagodeiro carioca Almir Guineto para a sua tribo moderna. O caldeirão de Karol Conka ferve na temperatura exata no álbum Batuk freak.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Primeiro álbum de Karol Conka, produzido por Nave, Batuk freak firma o nome da rapper de Curitiba (MC) na tribo do hip hop. Como já sinalizaram algumas músicas que projetaram a artista na internet, sobretudo Corre, corre erê (Karol Conka e Nave) e Boa noite (Karol Conka e Nave), Conka mixa a batida do rap com o baticum nativo e com o pancadão dos bailes funks. Batuk freak é pontuado por esse clima tribal sem deixar de rebobinar o discurso típico do rap. Vô lá (Karol Conka e Nave) ergue a cabeça do povo do gueto - ao começar falando de uma Dona Maria que levanta cedo de segunda à segunda - e prega a mania de ter fé na vida e no trabalho honesto. "Podemos ser a elite / ... / Seguindo a potência do beat", garante Conka, crente, por meio dos versos do tema. A ambição é alta também em Gueto ao luxo (Karol Conka e Nave), faixa cuja introdução percussiva dá a impressão (errônea) de que a faixa vai desaguar num samba-reggae. A altivez dá o tom de Você não vai (Karol Conka e Nave) e de Bate a poeira (Karol Conka e Nave), temas de autoestima alta e de batidas menos envolventes. Um dos sucessos prévios da MC na internet, Gandaia (Karol Conka e Nave) faz exaltação à balada com beats eletrônicos moldados para as pistas. Já Sandália (Karol Conka, Rincon Sapiência e Nave) - faixa em que figura o rapper paulistano Rincon Sapiência - cruza rap e reggae de forma azeitada. O mix tribal de Batuk freak faz várias evocações ao som de preto feito na mãe África. Uma das mais fortes é quando Mundo loco (Karol Conka e Nave) incorpora sample de Dhinha ô (Karol Conka e Nave), tema do folclore africano em registro do percussionista Naná Vasconcelos. E é por isso que a releitura fervida de Caxambu (Élcio do Pagode, Jorge Neguinho, Zé Lobo e Bidudi, 1986), ao fim de Batuk freak, faz tudo sentido. A rapper traz o sucesso de Almir Guineto para a sua tribo. Sim, o caldeirão de Karol Conka ferve.