sábado, 3 de agosto de 2013

Com 'Monstrão', MV Bill não foge às lutas travadas na selva das cidades

Resenha de CD
Título: Monstrão
Artista: MV Bill
Gravadora: Chapa Preta
Cotação: * * * 1/2

A chapa ainda continua quente, mas MV Bill não foge às lutas externas e internas travadas no cotidiano das favelas. Representante da vertente mais engajada e tensa do rap carioca,  em contraposição à turma mais descontraída que tem em Gabriel O Pensador seu representante mais bem-sucedido, Alex Pereira Barbosa encara com seu quinto álbum, Monstrão, os embates da selva das cidades. No discurso do rap que dá título ao CD lançado por sua gravadora Chapa Preta, Monstrão, o multimídia artista carioca - que, além de rapper, Bill é escritor, ator e cineasta - prega resistência para que neguinho não sucumba moralmente às leis dessa selva. No disco, gravado entre o fim de 2012 e o primeiro trimestre de 2013, Bill se alia aos jovens produtores DJs Andre Laudz, Caique, Gug, Luciano SP e Nyack. Contudo, tais conexões nem sempre resultam fortes o suficiente para alterar a batida do rap do artista. O baticum de A luz - faixa produzida pelo baiano Gug com o paulista DJ Luciano SP - poderia ter ganhado mais peso para sustentar o link do rap com a percussão afro-baiana. Da mesma forma, Vivo - rap formatado pelo paulista DJ Caique - poderia ter ficado com latinidade mais caliente. Os metais não chegam a ficar em brasa. Já o flerte com o soul sensual em Vibe da noite - faixa produzida por DJ Nyack - desce bem e quase soa como sopro de leveza em disco que toca o terror em O soldado que fica - tema produzido pelo curitibano Andre Laudz que foca o embate entre policiais e traficantes na instalação das Unidades de Polícia Pacificadora, as populares UPPs, nos morros do Rio de Janeiro - e que lava a roupa suja da relação em Estilo vagabundo 3, faixa na qual Bill enfrenta Kmilla CDD, nome recorrente nos créditos de Monstrão. Enfim, a chapa está quente tanto na esfera pública como na privada. Sem fugir da luta, MV Bill se revela duro na queda em Monstrão, traçando sua rota em Eu vou - faixa pontuada por sample de Alegria alegria (Caetano Veloso, 1967) - e aumentando a velocidade de seu contundente discurso em Siga. Se o bagulho é doido, o rapper da Cidade de Deus continua lúcido e atuante.

Um comentário:

  1. A chapa ainda continua quente, mas MV Bill não foge às lutas externas e internas travadas no cotidiano das favelas. Representante da vertente mais engajada e tensa do rap carioca, em contraposição à turma mais descontraída que tem em Gabriel O Pensador seu representante mais bem-sucedido, Alex Pereira Barbosa encara com seu quinto álbum, Monstrão, os embates da selva das cidades. No discurso do rap que dá título ao CD lançado por sua gravadora Chapa Preta, Monstrão, o multimídia artista carioca - que, além de rapper, Bill é escritor, ator e cineasta - prega resistência para que neguinho não sucumba moralmente às leis dessa selva. No disco, gravado entre o fim de 2012 e o primeiro trimestre de 2013, Bill se alia aos jovens produtores DJs Andre Laudz, Caique, Gug, Luciano SP e Nyack. Contudo, tais conexões nem sempre resultam fortes o suficiente para alterar a batida do rap do artista. O baticum de A luz - faixa produzida pelo baiano Gug com o paulista DJ Luciano SP - poderia ter ganhado mais peso para sustentar o link do rap com a percussão afro-baiana. Da mesma forma, Vivo - rap formatado pelo paulista DJ Caique - poderia ter ficado com latinidade mais caliente. Os metais não chegam a ficar em brasa. Já o flerte com o soul sensual em Vibe da noite - faixa produzida por DJ Nyack - desce bem e quase soa como sopro de leveza em disco que toca o terror em O soldado que fica - tema produzido pelo curitibano Andre Laudz que foca o embate entre policiais e traficantes na instalação das Unidades de Polícia Pacificadora, as populares UPPs, nos morros do Rio de Janeiro - e que lava a roupa suja da relação em Estilo vagabundo 3, faixa na qual Bill enfrenta Kmilla CDD, nome recorrente nos créditos de Monstrão. Enfim, a chapa está quente tanto na esfera pública como na privada. Sem fugir da luta, MV Bill se revela duro na queda em Monstrão, traçando sua rota em Eu vou - faixa pontuada por sample de Alegria alegria (Caetano Veloso, 1967) - e aumentando a velocidade de seu contundente discurso em Siga. Se o bagulho é doido, o rapper da Cidade de Deus continua lúcido e atuante.

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