terça-feira, 6 de agosto de 2013

Folk de Marling atinge grande ponto de crueza em 'Once i was an eagle'

Resenha de CD
Título: Once i was an eagle
Artista: Laura Marling
Gravadora: Virgin / EMI Music
Cotação: * * * * 1/2

Grandes desilusões amorosas já renderam grandes álbuns. Até então com apenas dois discos adolescentes lançados no Canadá, Alanis Morissette cresceu e apareceu com força no universo pop com o raivoso Jagged little pill (1995). Amy Winehouse (1983 - 2011) se consagrou com Back to black (2006), resultado de um pé-na-bunda. Quarto (grande) álbum de Laura Marling, Once i was an eagle se insere nessa tradição e faz o indie folk da cantora, compositora e violonista britânica atingir ponto de maturação. Produzido por Ethan Johns, o disco ecoa influências de Bob Dylan e Joni Mitchell ao longo de suas 16 músicas, que totalizam 63 minutos. Sim, Once i was an eagle é CD longo que narra, em tons geralmente sombrios, toda a saga afetiva da artista através de repertório autoral. Com densidade emocional, Once i was an eagle mistura raiva, dor (exposta sobretudo na faixa que inspirou o título do disco, I was an eagle), amargura e autopiedade (sobretudo em Pray for me) em cancioneiro arranjado com violões de toque cru, enfático, por vezes até dramático. A costura do cancioneiro expõe a preocupação conceitual de contar uma história de amor com final infeliz. E, de fato, temas como Take the night off, I was an eagle, You know, Breathe e o single Master hunter se encadeiam com perfeição no início mais tempestuoso e pesado do álbum. Não por acaso, há tema instrumental, Interlude, alocado no meio do repertório como linha divisória que separa a queda (concentrada nas músicas dessa irada primeira metade) da tentativa de se reerguer - sem nunca perder o fio folk da meada entre toques eventuais de rock, country e blues. Tanto que Once i was an eagle se permite alguma luz em Where can i go? e culmina com música, Saved these words, pontuada por certa leveza. Uma leveza melancólica, diga-se. Contudo, de certa forma, é um happy end para um disco que expõe a crueza das relações amorosas com som igualmente cru, cortante, direto. Como Alanis e Amy, Laura Marling cresceu e apareceu...

3 comentários:

  1. Grandes desilusões amorosas já renderam grandes álbuns. Até então com apenas dois discos adolescentes lançados no Canadá, Alanis Morissette cresceu e apareceu com força no universo pop com o raivoso Jagged little pill (1995). Amy Winehouse (1983 - 2011) se consagrou com Back to black (2006), resultado de um pé-na-bunda. Quarto (grande) álbum de Laura Marling, Once i was an eagle se insere nessa tradição e faz o indie folk da cantora, compositora e violonista britânica atingir ponto de maturação. Produzido por Ethan Johns, o disco ecoa influências de Bob Dylan e Joni Mitchell ao longo de suas 16 músicas, que totalizam 63 minutos. Sim, Once i was an eagle é CD longo que narra, em tons geralmente sombrios, toda a saga afetiva da artista através de repertório autoral. Com densidade emocional, Once i was an eagle mistura raiva, dor (exposta sobretudo na faixa que inspirou o título do disco, I was an eagle), amargura e autopiedade (sobretudo em Pray for me) em cancioneiro arranjado com violões de toque cru, enfático, por vezes até dramático. A costura do cancioneiro expõe a preocupação conceitual de contar uma história de amor com final infeliz. E, de fato, temas como Take the night off, I was an eagle, You know, Breathe e o single Master hunter se encadeiam com perfeição no início mais tempestuoso e pesado do álbum. Não por acaso, há tema instrumental, Interlude, alocado no meio do repertório como linha divisória que separa a queda (concentrada nas músicas dessa irada primeira metade) da tentativa de se reerguer - sem nunca perder o fio folk da meada entre toques eventuais de rock, country e blues. Tanto que Once i was an eagle se permite alguma luz em Where can i go? e culmina com música, Saved these words, pontuada por certa leveza. Uma leveza melancólica, diga-se. Contudo, de certa forma, é um happy end para um disco que expõe a crueza das relações amorosas com som igualmente cru, cortante, direto. Como Alanis e Amy, Laura Marling cresceu e apareceu...

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  2. Conheço a L. Marling desde o primeiro album. Virei fã! Sem dúvidas seus dois últimos albuns são os melhores!! Uma grande artista. Só não pode ficar muito (e acho que nem vai) popular, se não perde a graça!

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  3. Esse disco é primoroso, brilhante! Não paro de ouvir!

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