Mauro Ferreira no G1

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domingo, 18 de agosto de 2013

Rael extrapola rap em álbum positivista com mais melodia e menos rima

Resenha de CD
Título: Ainda bem que eu segui as batidas do meu coração
Artista: Rael
Gravadora: Laboratório Fantasma
Cotação: * * * *

É sintomático que o rapper Rael tenha abolido o sobrenome da Rima de seu nome artístico neste ano de 2013. O segundo álbum do paulistano Israel Feliciano, Ainda bem que eu segui as batidas do meu coração, jamais descarta o rap e as rimas, mas extrapola o gênero e sai do gueto dos manos e das minas. Longe da dureza da batida do rap, temas como Caminho (Rael) tem um molho e um suingue que facilitam a absorção do disco - sucessor de MP3 - Música popular do 3º mundo (2010) - por quem transita fora do universo do hip hop. Egresso do grupo paulista de rap Pentágono, Rael apresenta um disco humanista, calcado em sua visão positiva da vida - ótica explicitada já na faixa que abre o CD, Ainda bem (Rael). Em vez de cuspir raiva e ódio, Rael prega até a resignação diante do ritmo inexorável da vida - como fica claro em Semana (Rael), balada melodiosa, arranjada à moda da MPB. Produzido pela dupla norte-americana K-Salaam & Beatnick, Ainda bem que eu segui as batidas do meu coração é álbum formatado com menos rimas e mais melodia. Sem preconceito ou amarras estéticas, Rael se joga na praia do reggae em Diáspora (Rael) e em Tudo vai passar, parceria com MSano, responsável pelo rap inserido na ótima faixa. Rael cai até no samba, regravando Oya (Carica e Prateado) - sucesso do grupo de pagode Sensação - em registro turbinado com o rap de Emicida e a voz de Péricles. E, sim, o samba caiu bem em disco que receita a fé na vida. Manos e minas mais ortodoxos talvez prefiram o remix de Só não posso (Rael) ou então Coração, faixa em que Rael se exercita na arte de rimar as coisas do coração. Parceira do rapper no tema, Mariana Aydar contribui com vocais secundários. Coeso, o segundo álbum de Rael também rebobina Ela me faz (Rael), música lançada pelo artista na coletânea Soma amplifica vol. # 4 (2011), sem perder o pique. Seguindo as batidas do seu coração, com ou sem rima, Rael está no caminho certo com este (excelente) disco que cruza a fronteira do rap.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

É sintomático que o rapper Rael tenha abolido o sobrenome da Rima de seu nome artístico neste ano de 2013. O segundo álbum do paulistano Israel Feliciano, Ainda bem que eu segui as batidas do meu coração, jamais descarta o rap e as rimas, mas extrapola o gênero e sai do gueto dos manos e das minas. Longe da dureza da batida do rap, temas como Caminho (Rael) tem um molho e um suingue que facilitam a absorção do disco - sucessor de MP3 - Música popular do 3º mundo (2010) - por quem transita fora do universo do hip hop. Egresso do grupo paulista de rap Pentágono, Rael apresenta um disco humanista, calcado em sua visão positiva da vida - ótica explicitada já na faixa que abre o CD, Ainda bem (Rael). Em vez de cuspir raiva e ódio, Rael prega até a resignação diante do ritmo inexorável da vida - como fica claro em Semana (Rael), balada melodiosa, arranjada à moda da MPB. Produzido pela dupla norte-americana K-Salaam & Beatnick, Ainda bem que eu segui as batidas do meu coração é álbum formatado com menos rimas e mais melodia. Sem preconceito ou amarras estéticas, Rael se joga na praia do reggae em Diáspora (Rael) e em Tudo vai passar, parceria com MSano, responsável pelo rap inserido na ótima faixa. Rael cai até no samba, regravando Oya (Carica e Prateado) - sucesso do grupo de pagode Sensação - em registro turbinado com o rap de Emicida e a voz de Péricles. E, sim, o samba caiu bem em disco que receita a fé na vida. Manos e minas mais ortodoxos talvez prefiram o remix de Só não posso (Rael) ou então Coração, faixa em que Rael se exercita na arte de rimar as coisas do coração. Parceira do rapper no tema, Mariana Aydar contribui com vocais secundários. Coeso, o segundo álbum de Rael também rebobina Ela me faz (Rael), música lançada pelo artista na coletânea Soma amplifica vol. # 4 (2011), sem perder o pique. Seguindo as batidas do seu coração, com ou sem rima, Rael está no caminho certo com este (excelente) disco que cruza a fronteira do rap.