Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Em ótima forma vocal, Beth põe novamente seu (coerente) samba na rua

Resenha de show
Título: Nosso samba tá na rua (versão 2013)
Artista: Beth Carvalho (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 7 de setembro de 2013
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz na casa HSBC Brasil, em São Paulo (SP), em 18 de outubro de 2013

A rigor, o show que trouxe Beth Carvalho de volta aos palcos em 7 de setembro de 2013 - após oito meses de internação em hospital do Rio de Janeiro (RJ) para tratamento de problema de coluna que atrapalha a agenda e a vida da sambista desde dezembro de 2009 - não foi o primeiro retorno da cantora carioca à cena. Em 19 de fevereiro de 2011, show emocionante no Pier Mauá, no Rio de Janeiro (RJ), festejou o que - imaginava-se na época - seria a volta definitiva da artista aos palcos. De todo modo, um justificado clima de festa e emoção permeou toda a apresentação que levou o público da cantora a lotar a casa Vivo Rio. Era, afinal, uma nova retomada da agenda de shows de Beth. O título do atual show, Nosso samba tá na rua, é o mesmo do disco de inéditas lançado pela artista em 2011 e do show que estreou em novembro de 2011 na mesma casa Vivo Rio. Contudo, o roteiro foi bem diferente. Beth diminuiu a quantidade de músicas do CD em favor de sambas que há muito não cantava - casos do carnavalesco Toque de malícia (Jorge Aragão, 1984), samba alocado no bloco pagodeiro que fecha o farto roteiro, e de Sentimento do povo (Otacílio da Mangueira e Délcio Carvalho, 1980). As mudanças no roteiro enfatizaram a coerência da obra da artista, voltada para o samba há 40 anos. "A palavra pagode ficou deturpada de uns anos para cá, mas eu sou pagodeira com muito orgulho", mandou recado, antes de lembrar Coisa de pele (Jorge Aragão e Acyr Marques, 1986). O que não mudou é a forma pungente com que Beth canta Cartola (1908 - 1980). A interpretação de O mundo é um moinho (Cartola, 1976) - música que voltou a ser propagada recentemente na trilha sonora da novela Lado a lado (TV Globo, 2012 / 2013) - foi um dos pontos altos do show, tendo sido seguida por As rosas não falam (Cartola, 1976) com espaço na segunda parte para que o público cantasse sozinhos os versos do compositor carioca - tal como Beth faz há 22 anos, mais precisamente desde o show Intérprete (1991). A alegria da cantora por voltar aos palcos - "Vocês não imaginam a saudade que eu estava disso aqui...", disparou logo após abrir o show com Minha festa, raro samba da parceria de Nelson Cavaquinho (1911 - 1986) e Guilherme de Brito (1922 - 1986) que exprime felicidade - motivou a inclusão no show de sambas igualmente alegres, otimistas. Como Coração feliz (Gerson do Vale, Marquinho PQD e Adilson Bispo, 1984), outra pérola do pagode que Beth não cantava há anos (o samba deu título ao disco lançado pela cantora em 1984). Precedida por vídeo em que Evinha canta num festival a antológica Cantiga por Luciana (Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, 1969), a participação de Lu Carvalho - sobrinha de Beth e musa inspiradora da canção - manteve o astral alto, com destaque para sua interpretação do samba Alma boêmia (Toninho Geraes, 2010). Já o inédito samba Parada errada - em que o compositor Serginho Meriti foca o grave problema do crack sob a ótica da mãe de um viciado - surtiu pouco efeito, apesar de Beth (em ótima forma vocal, diga-se) ter defendido bem a letra triste. Possivelmente porque o samba resultou inadequado ao clima de festa do show. Afinal, a versão remodelada do show Nosso samba tá na rua tinha o intuito primordial de ser uma noite de celebração - como a própria Beth enfatizou em cena. O que redime a cantora de ter ignorado grandes sambas do disco de 2011 - caso Tambor (Almir Guineto, Daniel Oliveira e Adalto Magalha, 2011) - em favor de sambas menores como Tô feliz demais (Edinho Santana, 2011). Enfim, o belo samba de Beth Carvalho está novamente na rua. E isso é motivo de festa.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

A rigor, o show que trouxe Beth Carvalho de volta aos palcos em 7 de setembro de 2013 - após oito meses de internação em hospital do Rio de Janeiro (RJ) para tratamento de problema de coluna que atrapalha a agenda e a vida da sambista desde dezembro de 2009 - não foi o primeiro retorno da cantora carioca à cena. Em 19 de fevereiro de 2011, show emocionante no Pier Mauá, no Rio de Janeiro (RJ), festejou o que - imaginava-se na época - seria a volta definitiva da artista aos palcos. De todo modo, um justificado clima de festa e emoção permeou toda a apresentação que levou o público da cantora a lotar a casa Vivo Rio. Era, afinal, uma nova retomada da agenda de shows de Beth. O título do atual show, Nosso samba tá na rua, é o mesmo do disco de inéditas lançado pela artista em 2011 e do show que estreou em novembro de 2011 na mesma casa Vivo Rio. Contudo, o roteiro foi bem diferente. Beth diminuiu a quantidade de músicas do CD em favor de sambas que há muito não cantava - casos do carnavalesco Toque de malícia (Jorge Aragão, 1984), samba alocado no bloco pagodeiro que fecha o roteiro, e de Sentimento do povo (Otacílio da Mangueira e Délcio Carvalho, 1980). As mudanças no roteiro enfatizaram a coerência da obra da artista, voltada para o samba há 40 anos. "A palavra pagode ficou deturpada de uns anos para cá, mas eu sou pagodeira com muito orgulho", mandou recado, antes de lembrar Coisa de pele (Jorge Aragão e Acyr Marques, 1986). O que não mudou é a forma pungente com que Beth canta Cartola (1908 - 1980). A interpretação de O mundo é um moinho (Cartola, 1976) - música que voltou a ser propagada recentemente na trilha sonora da novela Lado a lado (TV Globo, 2012 / 2013) - foi um dos pontos altos do show, tendo sido seguida por As rosas não falam (Cartola, 1976) com espaço na segunda parte para que o público cantasse sozinhos os versos do compositor carioca - tal como Beth faz há 22 anos, mais precisamente desde o show Intérprete (1991). A alegria da cantora por voltar aos palcos - "Vocês não imaginam a saudade que eu estava disso aqui...", disparou logo após abrir o show com Minha festa, raro samba da parceria de Nelson Cavaquinho (1911 - 1986) e Guilherme de Brito (1922 - 1986) que exprime felicidade - motivou a inclusão no show de sambas igualmente alegres, otimistas. Como Coração feliz (Gerson do Vale, Marquinho PQD e Adilson Bispo, 1984), outra pérola do pagode que Beth não cantava há anos (o samba deu título ao disco lançado pela cantora em 1984). Precedida por vídeo em que Evinha canta num festival a antológica Cantiga por Luciana (Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, 1969), a participação de Lu Carvalho - sobrinha de Beth e musa inspiradora da canção - manteve o astral alto, com destaque para sua interpretação do samba Alma boêmia (Toninho Geraes, 2010). Já o inédito samba Parada errada - em que o compositor Serginho Meriti foca o grave problema do crack sob a ótica da mãe de um viciado - surtiu pouco efeito, apesar de Beth (em ótima forma vocal, diga-se) ter defendido bem a letra triste. Possivelmente porque o samba resultou inadequado ao clima de festa do show. Afinal, a versão remodelada do show Nosso samba tá na rua tinha o intuito primordial de ser uma noite de celebração - como a própria Beth enfatizou em cena. O que redime a cantora de ter ignorado grandes sambas do disco de 2011 - caso Tambor (Almir Guineto, Daniel Oliveira e Adalto Magalha, 2011) - em favor de sambas menores como Tô feliz demais (Edinho Santana, 2011). Enfim, o belo samba de Beth Carvalho está novamente na rua. E isso é motivo de festa.

Marcelo Barbosa disse...

"E você é a MAIOR sambista de TODOS OS TEMPOS"

Daniela Mercury - Beth Carvalho Canta o Samba da Bahia

Fábio disse...

Hoje (08/11/2013) tem um SEM CENSURA especialmente dedicado a ela.