Título: Raimundo Fagner - 40 anos de carreira
Artista: Raimundo Fagner (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 31 de agosto de 2013
Cotação: * * *
"Eu canto porque o instante existe / E a minha vida está completa / Não sou alegre nem triste, sou poeta", se autodefiniu Raimundo Fagner, através dos versos da poeta Cecília Meireles (1901 - 1964), para o público que ocupou todos os lugares da casa Vivo Rio no último sábado, 31 de agosto de 2013, para ver o show comemorativo dos 40 anos de carreira do cantor e compositor cearense. Música do álbum Eu canto (1978), Motivo (Fagner sobre poema de Cecília Meireles) foi um dos destaques dentre as 30 músicas do roteiro do espetáculo. Mantendo a boa forma vocal, Fagner cantou sucessos para seu público do Rio de Janeiro (RJ) porque existe agora o instante de festejar as quatro décadas de carreira fonográfica, contabilizadas a partir do lançamento, em 1973, do primeiro álbum do artista, Manera, Fru Fru, manera. A rigor, o generoso roteiro nem foi assim tão diferente do show apresentado por Fagner na mesma casa Vivo Rio em novembro de 2011. Contudo, a entrada na banda do violonista, violeiro e guitarrista cearense Manassés de
Souza - músico de sonoridade singular que contribuiu
para cristalizar o som marcante de discos gravados por Fagner nos anos 70 e 80 - alterou a dinâmica dos arranjos. O solo do violão de Manassés ao fim de Amor escondido (Fagner e Abel Silva, 1989) é momento que legitima o reencontro do músico com Fagner. Com peso, a guitarra de Cristiano Pinho - outro destaque da banda formada por André Carneiro (baixo), Marcus Vinnie
(teclados), Michel Higor (teclados e acordeom) e Rick
de la Torre
(bateria), além de trio poderoso de metais - contribuiu para moldar a atmosfera roqueira que envolve músicas como Revelação (Clésio e Clodô, 1978), Guerreiro menino (Um homem também chora) (Gonzaguinha, 1983) e Reino (Raimundo Fagner e Francisco Carvalho, 2006), raro lado B de repertório pontuado por hits radiofônicos. É uma guitarra que soa cortante em Fanatismo (Fagner sobre poema de Florbela Espanca, 1981). Tanto peso fez com que o show se comunicasse de forma mais fácil com o público no set acústico comandado por Fagner com seu violão. Revivida como lembrança do legado de Dominguinhos (1941 - 2013) e a adição do toque do acordem de Michel Higor, Quem me levará sou eu (Dominguinhos e Manduka, 1979) estabeleceu empatia imediata com a plateia de meia-idade. É nesse clima mais ameno que Fagner ilumina Lua do Leblon (Lisieux Costa e Fausto Nilo, 1986) e dá voz a Canção brasileira (Sueli Costa e Abel Silva), tema de lirismo poético que foi lançado pelo cantor no álbum de 1980 que projetou Eternas ondas (Zé Ramalho), um dos muitos sucessos do roteiro (revivido pelo cantor com divisão e pulsação diferentes do registro original). Similar lirismo poético temperou a amarga Cebola cortada (Clodô e Petrúcio Maia, 1977). À medida em que avançou, o show aumentou seu poder de sedução junto ao público. Paralelas (Belchior, 1975) ganhou interpretação envolvente que reiterou a boa forma vocal do cantor, que se prepara para festejar 64 anos de vida em 13 de outubro. Já Nossa canção (Luiz Ayrão, 1966) - sucesso de Roberto Carlos na época em que ele era o rei da Jovem Guarda - ganhou o coro espontâneo da plateia. Contudo, a ambiência heavy jamais foi abandonada, sendo trazida de volta à cena em Deixa viver (Francisco Casaverde e Fausto Nilo, 1985), hit da fase pop de Fagner. No fim, o cantor surpreendeu ao incluir Chorando e cantando (Geraldo Azevedo e Fausto Nilo, 1986) no roteiro apropriadamente fechado com Retrovisor (Fagner e Fausto Nilo, 1989). É de olho no retrovisor que Fagner canta no instante em que celebra 40 anos de carreira fonográfica.
Um comentário:
"Eu canto porque o instante existe / E a minha vida está completa / Não sou alegre nem triste, sou poeta", se autodefiniu Raimundo Fagner, através dos versos da poeta Cecília Meireles (1901 - 1964), para o público que ocupou todos os lugares da casa Vivo Rio no último sábado, 31 de agosto de 2013, para ver o show comemorativo dos 40 anos de carreira do cantor e compositor cearense. Música do álbum Eu canto (1978), Motivo (Fagner sobre poema de Cecília Meireles) foi um dos destaques dentre as 30 músicas do roteiro do espetáculo. Mantendo a boa forma vocal, Fagner cantou sucessos para seu público do Rio de Janeiro (RJ) porque existe agora o instante de festejar as quatro décadas de carreira fonográfica, contabilizadas a partir do lançamento, em 1973, do primeiro álbum do artista, Manera, Fru Fru, manera. A rigor, o generoso roteiro nem foi assim tão diferente do show apresentado por Fagner na mesma casa Vivo Rio em novembro de 2011. Contudo, a entrada na banda do violonista, violeiro e guitarrista cearense Manassés de Souza - músico de sonoridade singular que contribuiu para cristalizar o som marcante de discos gravados por Fagner nos anos 70 e 80 - alterou a dinâmica dos arranjos. O solo do violão de Manassés ao fim de Amor escondido (Fagner e Abel Silva, 1989) é momento que legitima o reencontro do músico com Fagner. Com peso, a guitarra de Cristiano Pinho - outro destaque da banda formada por André Carneiro (baixo), Marcus Vinnie (teclados), Michel Higor (teclados e acordeom) e Rick de la Torre (bateria), além de trio poderoso de metais - contribuiu para moldar a atmosfera roqueira que envolve músicas como Revelação (Clésio e Clodô, 1978), Guerreiro menino (Um homem também chora) (Gonzaguinha, 1983) e Reino (Raimundo Fagner e Francisco Carvalho, 2006), raro lado B de repertório pontuado por hits radiofônicos. É uma guitarra que soa cortante em Fanatismo (Fagner sobre poema de Florbela Espanca, 1981). Tanto peso fez com que o show se comunicasse de forma mais fácil com o público no set acústico comandado por Fagner com seu violão. Revivida como lembrança do legado de Dominguinhos (1941 - 2013) e a adição do toque do acordem de Michel Higor, Quem me levará sou eu (Dominguinhos e Manduka, 1979) estabeleceu empatia imediata com a plateia de meia-idade. É nesse clima mais ameno que Fagner ilumina Lua do Leblon (Lisieux Costa e Fausto Nilo, 1986) e dá voz a Canção brasileira (Sueli Costa e Abel Silva), tema de lirismo poético que foi lançado pelo cantor no álbum de 1980 que projetou Eternas ondas (Zé Ramalho), um dos muitos sucessos do roteiro (revivido pelo cantor com divisão e pulsação diferentes do registro original). Similar lirismo poético temperou Cebola cortada (Clodô e Petrúcio Maia, 1977). À medida em que avançou, o show aumentou seu poder de sedução junto ao público. Paralelas (Belchior, 1975) ganhou interpretação envolvente que reiterou a boa forma vocal do cantor, que se prepara para festejar 64 anos de vida em 13 de outubro. Já Nossa canção (Luiz Ayrão, 1966) - sucesso de Roberto Carlos na época em que ele era o rei da Jovem Guarda - ganhou o coro espontâneo da plateia. Contudo, a ambiência heavy jamais foi abandonada, sendo trazida de volta à cena em Deixa viver (Francisco Casaverde e Fausto Nilo, 1985), hit da fase pop de Fagner. No fim, o cantor surpreendeu ao incluir Chorando e cantando (Geraldo Azevedo e Fausto Nilo, 1986) no roteiro apropriadamente fechado com Retrovisor (Fagner e Fausto Nilo, 1989). É de olho no retrovisor que Fagner canta no instante em que celebra 40 anos de carreira fonográfica.
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