Título: The standards
Artista: Gloria Estefan
Gravadora: Crescent Moon Records / Sony Music
Cotação: *
O tempo parece estar fazendo mal a Gloria Estefan. Após se jogar na pista mais trivial do pop dance sob a condução de Pharrell Williams, produtor do equivocado 14º álbum de estúdio da artista cubana, Miss little Havana (2011), a cantora e compositora - outrora sólida referência da música latina produzida nos Estados Unidos - recorre à fórmula dos clássicos em seu 15º álbum. Recém-lançado no Brasil via Sony Music, o álbum é óbvio até no título The standards. Na capa, Estefan traja vestido de gala para não deixar dúvidas sobre a natureza previsível deste disco produzido pela própria artista. Os arranjos - justiça seja feita - são classudos e o canto de Estefan soa comedido. Mas o fato é que a abordagem destes standards pela cantora - alguns tratados com leve toque jazzy, caso de They can't take that away from me (George Gershwin e Ira Gershwin, 1937), outros com leve toque de latinidade, caso de You made me love you (James Monaco e Joseph McCarthy, 1937) - resulta bem insossa. Mesmo quando a orquestração se revela acertadamente econômica, como em I've grown accustomed to his face (Frederick Loewe e Alan Jay Lerner, canção de 1956 - e não de 1936, como desatentamente grafado no encarte do CD), a interpretação de Estefan carece de um algo mais que justifique a regravação de músicas já registradas de forma definitiva. Cantora caliente habituada a manter o fogo alto dos ritmos latinos, Estefan tem emoção rala para encarar um tema doído como Good morning heartache (Irene Higginbotham, Ervin Drake e Dan Fischer, 1946), talhado para cantoras capazes de mergulhos mais profundos nos versos de uma canção, caso de Billie Holiday (1915 - 1959), a quem tal standard estará para sempre associado. Estefan tampouco parece à vontade em The day you say you love me, versão em inglês (escrita pela própria artista) da abolerada canção El día que me quieras (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera, 1934). A faixa é quase risível, assim como o português carregado ouvido no registro de Eu sei que vou te amar (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959), envolto em arranjo-clichê de cordas. O único momento do álbum em que é possível ouvir Estefan sem lembrar imediatamente de registros anteriores muito mais felizes é Embraceable you (George Gershwin e Ira Gershwin, 1928), faixa de tom terno. No mais, Estefan nada acrescenta ou faz por standards como What a difference a day makes (Maria Grever e Stanley Adams, 1934) e What a wonderful world (George David Weiss e Bob Thiele, 1936). How long has this been going on? (George Gershwin e Ira Gershwin, 1928) ao menos se escora no suingue do (refinado) arranjo de metais. E o que dizer do dueto feito por Estefan com a cantora italiana Laura Pausini em Sonríe, versão em espanhol (feita por Estefan) de Smile (Charles Chaplin, John Turner e Geoffrey Parsons, 1954)? Enfim, o renascimento de Rod Stewart no mercado fonográfico em 2002, com o primeiro dos cinco volumes da série The great american songbook, fez a indústria do disco crer que um punhado de regravações de standards tinha o poder de trazer à tona artistas já sem fôlego comercial. The standards - o segundo consecutivo álbum equivocado de Gloria Estefan - prova que a gasta fórmula já está exaurida.
13 comentários:
O tempo parece estar fazendo mal a Gloria Estefan. Após se jogar na pista mais trivial do pop dance sob a condução de Pharrell Williams, produtor do equivocado 14º álbum de estúdio da artista cubana, Miss little Havana (2011), a cantora e compositora - outrora sólida referência da música latina produzida nos Estados Unidos - recorre à fórmula dos clássicos em seu 15º álbum. Recém-lançado no Brasil via Sony Music, o álbum é óbvio até no título The standards. Na capa, Estefan traja vestido de gala para não deixar dúvidas sobre a natureza previsível deste disco produzido pela própria artista. Os arranjos - justiça seja feita - são classudos e o canto de Estefan soa comedido. Mas o fato é que a abordagem destes standards pela cantora - alguns tratados com leve toque jazzy, caso de They can't take that away from me (George Gershwin e Ira Gershwin, 1937), outros com leve toque de latinidade, caso de You made me love you (James Monaco e Joseph McCarthy, 1937) - resulta bem insossa. Mesmo quando a orquestração se revela acertadamente econômica, como em I've grown accustomed to his face (Frederick Loewe e Alan Jay Lerner, canção de 1956 - e não de 1936, como desatentamente grafado no encarte do CD), a interpretação de Estefan carece de um algo mais que justifique a regravação de músicas já registradas de forma definitiva. Cantora caliente habituada a manter o fogo alto dos ritmos latinos, Estefan tem emoção rala para encarar um tema doído como Good morning heartache (Irene Higginbotham, Ervin Drake e Dan Fischer, 1946), talhado para cantoras capazes de mergulhos mais profundos nos versos de uma canção, caso de Billie Holiday (1915 - 1959), a quem tal standard estará para sempre associado. Estefan tampouco parece à vontade em The day you say you love me, versão em inglês (escrita pela própria artista) da abolerada canção El día que me quieras (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera, 1935). A faixa é quase risível, assim como o português carregado ouvido no registro de Eu sei que vou te amar (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959), envolto em arranjo-clichê de cordas. O único momento do álbum em que é possível ouvir Estefan sem lembrar imediatamente de registros anteriores muito mais felizes é Embraceable you (George Gershwin e Ira Gershwin, 1928), faixa de tom terno. No mais, Estefan nada acrescenta ou faz por standards como What a difference a day makes (Maria Grever e Stanley Adams, 1934) e What a wonderful world (George David Weiss e Bob Thiele, 1936). How long has this been going on? (George Gershwin e Ira Gershwin, 1928) ao menos se escora no suingue do (refinado) arranjo de metais. E o que dizer do dueto feito por Estefan com a cantora italiana Laura Pausini em Sonríe, versão em espanhol (feita por Estefan) de Smile (Charles Chaplin, John Turner e Geoffrey Parsons, 1954)? Enfim, o renascimento de Rod Stewart no mercado fonográfico em 2002, com o primeiro dos cinco volumes da série The great american songbook, fez a indústria do disco crer que um punhado de regravações de standards tinha o poder de trazer à tona artistas já sem fôlego comercial. The standards - o segundo consecutivo álbum equivocado de Gloria Estefan - prova que a gasta fórmula já está exaurida.
AAAiiii Mauro, que pena que sua resenha saiu agora ! Eu comprei ... e me arrependi muito. Sempre gostei dos albuns da Glória ...até aqueles mais - Pistas de dança ! Mas esse aqui ta de lascar ... não consigo nem chegar no final de TÃO CHATO que é ....nossa ...se pudesse eu ia trocar na loja. Mas agora ja foi né. Paciência ...é daqueles CDs que a gente coloca quando quer acabar com alguma festa e as pessoas não vão embora. Esse aqui é infalível ! Por mim teria estrelas negativas. Joguei meu dim dim no lixo.
muito chato,chaaatooo, me arrependi de ter comprado ! é daqueles CDs pra por em final de festa, quando o povo não vai embora .... é só colocar este que é infalível. Que pena, eu adoro Glória, tenho todos seus anteriores, mas esse aqui ....ela deveria riscar da discografia.
Um grande problema desta nova onda de gravar o "great american songbook" é que muito raramente se foge do óbvio na escolha das canções. Um repertório tão vasto e cheio de compositores maravilhosos e todo mundo vai lá e grava o mesmo punhado de coisas. Acaba soando tudo desnecessário mesmo. Pena Gloria ter lançado algo tão trivial, seus últimos discos em espanhol são bem interessantes, pena q isso não se traduz quando muda de idioma.
Um grande problema desta nova onda de gravar o "great american songbook" é que muito raramente se foge do óbvio na escolha das canções. Um repertório tão vasto e cheio de compositores maravilhosos e todo mundo vai lá e grava o mesmo punhado de coisas. Acaba soando tudo desnecessário mesmo. Pena Gloria ter lançado algo tão trivial, seus últimos discos em espanhol são bem interessantes, pena q isso não se traduz quando muda de idioma.
Ela é fantástica cantando rumba, salsa, bolero, cha cha cha, cumbia, enfm... ritmos latinos. Deveria ficar nessa e não passear por praias que não seja a dela. Talvez preferiu gravar esse disco para o ego dela, mas o disco é ruim demais. E cara, você deveria ter escutado o disco antes aqui na internet, antes de jogar dinheiro fora.
Discordo totalmente dessa merda de critica! Gloria está perfeita e as versões estão na medida da voz maravilhosa que ela tem. Vc não sabem nada.
pois é - o blog - é que sempre confiei no bom gosto da Glória, sempre comprei seus Cds de olhos fechados e sempre amei todos. mas esse aqui, rapaz ... foi um tiro no pé !
De discos de standarts americanos, gostei do disco do Caetano.
Meu nome é Bruno e discordo totalmente da crítica, pois quem ouviu, achou chato, ou que ela não inovou etc, é porque não entendeu a proposta do disco.
Gloria nunca quis inovar com este disco, ao contrário, este cd é um projeto pessoal da cantora, que vinha idealizado o mesmo há muitos anos e a proposta dela era cantar as músicas que ela mais se identificava, músicas que marcaram a sua vida. O álbum tem uma proposta de ser algo leve, bem calmo e foi assim que ele seguiu.
Sinceramente achei a produção do disco muito bem feita e Gloria conseguiu se sair bem, mesmo essa linha jazz não ser muito a praia dela. E outra, falaram do português dela, pra mim ficou perfeito para uma estrangeira cantando a nossa língua, inclusive tem muito artista nacional que nem consegue sequer cantar em sua própria língua. Gloria foi excelente!
Se você espera um disco como os anteriores dela, esqueçam! Esse trabalho tem a simples finalidade de ser algo bem sutil. Gloria Estefan continua sendo maravilhosa!
Discordo desses conentario chulus... a Gloria foi ousada em fazer um trabalho como esse, e digo que lindo trabalho, poucas pessoas entendem isso.
Discordo desses conentario chulus... a Gloria foi ousada em fazer um trabalho como esse, e digo que lindo trabalho, poucas pessoas entendem isso.
Discordo desses conentario chulus... a Gloria foi ousada em fazer um trabalho como esse, e digo que lindo trabalho, poucas pessoas entendem isso.
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