Título: Mundo Livre S.A. vs Nação Zumbi
Artistas: Mundo Livre S.A. e Nação Zumbi
Gravadora: Deck
Cotação: * * * 1/2
Sugere embate o título do álbum em que as bandas pernambucanas Mundo Livre S.A.e Nação Zumbi - ícones do Mangue Beat, o movimento dos anos 90 que revolveu a lama do maracatu com doses bem calculadas de eletrônica, psicodelia, samba e atitude roqueira - trocam de repertório. Contudo, bem mais do que um duelo, Mundo Livre S.A. vs Nação Zumbi expõe a comunhão entre dois grupos da mesma geração que, mesmo com sonoridade diversa, caminharam lado a lado. De todo modo, esse clima de real confraternização jamais dilui a impressão - recorrente ao longo da audição das 14 faixas do disco - de que a recriação do repertório da Nação pelo Mundo Livre resultou mais feliz, mais surpreendente, talvez até pelo fato de o cancioneiro inicial da Nação ser originalmente superior ao do Mundo Livre. Sem a base percussiva da Nação, músicas como A cidade (Chico Science, 1994), A Praieira (Chico Science, 1994) e Etnia (Chico Science e Lúcio Maia, 1996) ganham texturas mais leves e climas melancólicos que renovam as músicas e evidenciam seus contornos melódicos. Grupo em que um cavaquinho sempre se fez ouvir, o Mundo Livre gravita em torno de seu samba noise ao abordar o repertório da Nação e, por isso, se sente em casa ao tocar o Samba makossa (Chico Science, 1994). Ficou clara a intenção de priorizar o repertório composto pelo olindense Chico Science (13 de março de 1966 - 2 de fevereiro de 1997) na seleção de sete músicas. E uma delas resulta emblemática por ser parceria do mentor da Nação com Fred Zero Quatro, o líder do Mundo Livre. Trata-se de Rios, pontes e overdrives (1994), música que alterna andamentos de samba e punk hardcore na pegada do Mundo Livre. Já a Nação Zumbi - que atravessa fase de menor vigor criativo - não faz feio ao tocar músicas como Livre iniciativa (Fred Zero Quatro e Tony, 1994) e Girando em torno do sol (Fred Zero Quatro, 1996) com sua habitual mistura heavy e psicodélica de tambores e guitarras. Bolo de ameixa (Fred Zero Quatro, Xico Sá e Mundo Livre S/A, 1998) ganha peso. Musa da Ilha Grande (Fred Zero Quatro, 1994) se engrandece na Nação. Contudo, fica no ar a sensação de que a Nação podia ir mais fundo e soar menos burocrática. Se Mundo Livre S.A. vs Nação Zumbi propõe um duelo, como quer fazer crer o título do CD (o segundo de projeto estreado em 2012 com os grupos Raimundos e Ultraje a Rigor), a vitória é do Mundo Livre, bem mais criativo ao revolver a lama do mangue.
7 comentários:
Sugere embate o título do álbum em que as bandas pernambucanas Mundo Livre S.A.e Nação Zumbi - ícones do Mangue Beat, o movimento dos anos 90 que revolveu a lama do maracatu com doses bem calculadas de eletrônica, psicodelia, samba e atitude roqueira - trocam de repertório. Contudo, mais do que um duelo, Mundo Livre S.A. vs Nação Zumbi expõe a comunhão entre dois grupos da mesma geração que, mesmo com sonoridade diversa, caminharam lado a lado. De todo modo, esse clima de real confraternização jamais dilui a impressão - recorrente ao longo da audição das 14 faixas do disco - de que a recriação do repertório da Nação pelo Mundo Livre resultou mais feliz, mais surpreendente, talvez até pelo fato de o cancioneiro inicial da Nação ser originalmente superior ao do Mundo Livre. Sem a base percussiva da Nação, músicas como A cidade (Chico Science, 1994), A Praieira (Chico Science, 1994) e Etnia (Chico Science e Lúcio Maia, 1996) ganham texturas mais leves e climas melancólicos que renovam as músicas e evidenciam seus contornos melódicos. Grupo em que um cavaquinho sempre se fez ouvir, o Mundo Livre gravita em torno de seu samba noise ao abordar o repertório da Nação e, por isso, se sente em casa ao tocar o Samba makossa (Chico Science, 1994). Ficou clara a intenção de priorizar o repertório composto pelo olindense Chico Science (13 de março de 1966 - 2 de fevereiro de 1997) na seleção de sete músicas. E uma delas resulta emblemática por ser parceria do mentor da Nação com Fred Zero Quatro, o líder do Mundo Livre. Trata-se de Rios, pontes e overdrives (1994), música que alterna andamentos de samba e punk hardcore na pegada do Mundo Livre. Já a Nação Zumbi - que atravessa fase de menor vigor criativo - não faz feio ao tocar músicas como Livre iniciativa (Fred Zero Quatro e Tony, 1994) e Girando em torno do sol (Fred Zero Quatro, 1996) com sua habitual mistura heavy e psicodélica de tambores e guitarras. Bolo de ameixa (Fred Zero Quatro, Xico Sá e Mundo Livre S/A, 1998) ganha peso. Musa da Ilha Grande (Fred Zero Quatro, 1994) se engrandece na Nação. Contudo, fica no ar a sensação de que a Nação podia ir mais fundo e soar menos burocrática. Se Mundo Livre S.A. vs Nação Zumbi propõe um duelo, como quer fazer crer o título do CD (o segundo de projeto estreado em 2012 com os grupos Raimundos e Ultraje a Rigor), a vitória é do Mundo Livre, bem mais criativo ao revolver a lama do mangue.
Como grande fã das duas bandas assino embaixo da resenha do Mauro, letrinha por letrinha.
A impressão que ficou é que o Mundo Livre levou mais a sério, fez com mais esmero e a Nação fez a coisa "nas coxas".
A turma de Zero Quatro deu um nocaute em termos de criatividade e instigação.
A Nação Zumbi, realmente, parece estar no seu ocaso.
Bola pra frente que atrás vem gente.
Ainda não escutei o CD, mas em se tratando de Nação Zumbi vale a pena ouvir. Lúcio Maia é um guitarrista genial e Pupilo é também um baterista diferenciado.
MUNDO LIVRE FICOU MAIS CRIATIVO QUE A NAÇÃO VERDADE! MAS COM TODA CERTEZA A NAÇÃO SAIU VENCEDORA NESTE DUELO.MUNDO LIVRE FICOU MUITO MELÓDICO.NÃO GOSTEI A NAÇÃO VEIO COM TODO SEU PESO QUE PESA UMA TONELADA!!!
MUNDO LIVRE FICOU MAIS CRIATIVO QUE A NAÇÃO VERDADE! MAS COM TODA CERTEZA A NAÇÃO SAIU VENCEDORA NESTE DUELO.MUNDO LIVRE FICOU MUITO MELÓDICO.NÃO GOSTEI A NAÇÃO VEIO COM TODO SEU PESO QUE PESA UMA TONELADA!!!
MUNDO LIVRE FICOU MAIS CRIATIVO QUE A NAÇÃO VERDADE! MAS COM TODA CERTEZA A NAÇÃO SAIU VENCEDORA NESTE DUELO.MUNDO LIVRE FICOU MUITO MELÓDICO.NÃO GOSTEI A NAÇÃO VEIO COM TODO SEU PESO QUE PESA UMA TONELADA!!!
Gosto muito das duas bandas, mas ouvindo o cd eu concordo com a resenha do Mauro, realmente o Mundo Livre SA se saiu melhor. Fred Zero Quatro deu um show.
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