Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Banda Mais Bonita da Cidade fica mais melódica em 'O mais feliz da vida'

Resenha de CD
Título: O mais feliz da vida
Artista: A Banda Mais Bonita da Cidade
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * 1/2
Disco disponível para download gratuito e legalizado no site oficial da banda.

A Banda Mais Bonita da Cidade é aquele caso típico de artista que vira cult e hype da noite para o dia por conta de um clipe que gera acessos acima da média do YouTube. No caso do grupo, formado em Curitiba (PR) em 2009, a sorte começou a mudar em 2011 quando o vídeo de Oração virou hit viral na internet, contabilizando milhões de acessos (atualmente, o número de views já ultrapassa os 12 milhões). Seguiu-se ao clipe o lançamento de um confuso primeiro álbum, A banda mais bonita da cidade (2011), imerso em experimentações que sinalizou imaturidade e falta de rumo. Na sequência, EP editado no formato de vinil, Canções que vão morrer no ar (2012), evidenciou algum progresso. Contudo, A Banda Mais Bonita da Cidade realmente começa a justificar o hype com a edição de seu segundo (bonito) álbum, O mais feliz da vida. Já na abertura do CD, com a faixa-título O mais feliz da vida (Rodrigo Lemos), dá para detectar que a banda apostou mais em melodia e menos na sua pretensão de ser a banda mais criativa do Brasil. Sim, o disco resulta mais melódico, mais pop e com mais unidade - qualidades que vão sendo delineadas em canções como Potinhos (Luiz Felipe Leprevost e Thayana Barbosa) e Deixa eu dormir na sua casa (Luiz Felipe Leprevost,  Troy Rossilho e Alexandre França). Mesmo quando roça atmosfera roqueira, como em Saindo de casa (Alexandre França) e em Uma atriz (Vitor Paiva), a Banda Mais Bonita da Cidade se recusa a abrir mão da delicadeza, da melodia e também de boas letras, escritas com poética contemporânea. A primeira metade do álbum é excelente - com direito à feliz releitura de uma das canções mais bonitas do cantor e compositor paulistano Pélico, Que isso fique entre nós. Há um ou outro momento, como A balada da contramão (Rodrigo Lemos), em que o grupo parece querer soar (em vão, diga-se) como Los Hermanos - sensação reforçada pelo vocal excepcionalmente masculino de Rodrigo Lemos, compositor do tema. Há também uma ou outra música menos inspirada, caso de Um cão sem asas (Vitor Paiva e Uyara Torrente). Mas as eventuais faixas menores jamais maculam o conceito e unidade do álbum. Que inclui abordagem introspectiva de Olhos da cara, tema de Nuno Ramos. O canto seguro e limpo da vocalista Uyara Torrente - justiça seja feita - valoriza o repertório feliz. Outro acerto são os arranjos, adequados a músicas como Maré alta (Tibério Azul, Castor Luiz e Rodrigo Lemos) e a bela Reza para um querubim (Luiz Felipe Leprevost, Troy Rossilho e Thiago Menegassi), tema de tom quase etéreo e de versos como "Dê asas para eu aterrissar no céu", cantado tanto por Uyara Torrente como por Troy Rossilho, com quem a vocalista divide a interpretação de uma das músicas mais bonitas do disco. Enfim, O mais feliz da vida mostra que A Banda Mais Bonita de Cidade tem fôlego para sobreviver ao volátil mundinho hype e trilhar caminho longo.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

A Banda Mais Bonita da Cidade é aquele caso típico de artista que vira cult e hype da noite para o dia por conta de um clipe que gera acessos acima da média do YouTube. No caso do grupo, formado em Curitiba (PR) em 2009, a sorte começou a mudar em 2011 quando o vídeo de Oração virou hit viral na internet, contabilizando milhões de acessos (atualmente, o número de views já ultrapassa os 12 milhões). Seguiu-se ao clipe o lançamento de um confuso primeiro álbum, A banda mais bonita da cidade (2011), imerso em experimentações que sinalizou imaturidade e falta de rumo. Na sequência, EP editado no formato de vinil, Canções que vão morrer no ar (2012), evidenciou algum progresso. Contudo, A Banda Mais Bonita da Cidade realmente começa a justificar o hype com a edição de seu segundo (bonito) álbum, O mais feliz da vida. Já na abertura do CD, com a faixa-título O mais feliz da vida (Rodrigo Lemos), dá para detectar que a banda apostou mais em melodia e menos na sua pretensão de ser a banda mais criativa do Brasil. Sim, o disco resulta mais melódico, mais pop e com mais unidade - qualidades que vão sendo delineadas em canções como Potinhos (Luiz Felipe Leprevost r Thayana Barbosa) e Deixa eu dormir na sua casa (Luiz Felipe Leprevost, Troy Rossilho e Alexandre França). Mesmo quando roça atmosfera roqueira, como em Saindo de casa (Alexandre França) e em Uma atriz (Vitor Paiva), a Banda Mais Bonita da Cidade se recusa a abrir mão da delicadeza, da melodia e também de boas letras, escritas com poética contemporânea. A primeira metade do álbum é excelente - com direito à feliz releitura de uma das canções mais bonitas do cantor e compositor paulistano Pélico, Que isso fique entre nós. Há um ou outro momento, como A balada da contramão (Rodrigo Lemos), em que o grupo parece querer soar (em vão) como Los Hermanos - sensação reforçada pelo vocal excepcionalmente masculino de Rodrigo Lemos, compositor do tema. Há também uma ou outra música menos inspirada, caso de Um cão sem asas (Vitor Paiva e Uyara Torrente). Mas as eventuais faixas menores preservam o conceito e unidade do álbum. Que inclui abordagem introspectiva de Olhos da cara, tema de Nuno Ramos. O canto seguro e limpo da vocalista Uyara Torrente - justiça seja feita - valoriza o repertório feliz. Outro acerto são os arranjos, adequados a músicas como Maré alta (Tibério Azul, Castor Luiz e Rodrigo Lemos) e a bela Reza para um querubim (Luiz Felipe Leprevost, Troy Rossilho e Thiago Menegassi), tema de tom quase etéreo e de versos como "Dê asas para eu aterrissar no céu", cantado tanto por Uyara Torrente como por Troy Rossilho, com quem a vocalista divide a interpretação de uma das músicas mais bonitas do disco. Enfim, O mais feliz da vida mostra que A Banda Mais Bonita de Cidade tem fôlego para sobreviver ao volátil mundinho hype e trilhar caminho longo.