Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Cícero aprofunda introspecção na safra esmaecida e acústica de 'Sábado'

Resenha de CD
Título: Sábado
Artista: Cícero
Gravadora: Deck
Cotação: * * 

Dispostos em esmaecidas letras brancas no encarte azul do segundo álbum de Cícero, os versos das dez músicas inéditas e autorais de Sábado são de difícil leitura para o ouvinte que manusear o encarte do CD recém-posto nas lojas pela gravadora Deck. Talvez tenha sido até intencional. Afinal, a arte gráfica de Sábado é a perfeita tradução visual do igualmente esmaecido segundo disco do cantor e compositor carioca. Avalizado pelo volátil mundinho hype da internet e da mídia, Cícero ganhou projeção há dois anos na cena indie do Rio de Janeiro (RJ) com o lançamento de seu primeiro álbum, Canções de apartamento (2011). Produzido pelo próprio Cícero com Bruno Schulz e Bruno Giorgi, Sábado resiste à tentação de clonar seu antecessor e relaciona na ficha técnica alguns nomes - como o de Marcelo Camelo, piloto das baterias de Fuga nº 3 da Rua Nestor e Ela e a lata - capazes de atrair atenções e elogios no mundinho. Mas não justifica o hype em torno de Cícero. Não há - entre as dez composições autorais de Sábado - uma música que se revele realmente interessante, capaz de seduzir ouvintes além do universo caseiro do artista. Sábado é disco interiorizado, melancólico e de arquitetura acústica construída de forma quase sempre minimalista. É um dos aqueles discos em que a sonoridade de uma faixa como Frevo por acaso resulta mais sedutora do que a música em si. Como o canto do compositor também soa pálido, Sábado transcorre linear e cansativo, em que pese sua curta duração (29 minutos e 30 segundos, para ser exato). Há temas com leveza que evoca a vibe da bossa nova, como Por Botafogo, e alguns sambas tortos de linha cool, casos de Duas quadras e de Porta, retrato. Mas todas essas referências são reprocessadas dentro de um universo tão particular que fica difícil se envolver pelo som e pela tristeza embutida na safra autoral do álbum. Sábado abusa do direito de ser íntimo e pessoal.

6 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Dispostos em esmaecidas letras brancas no encarte azul do segundo álbum de Cícero, os versos das dez músicas inéditas e autorais de Sábado são de difícil leitura para o ouvinte que manusear o encarte do CD recém-posto nas lojas pela gravadora Deck. Talvez tenha sido até intencional. Afinal, a arte gráfica de Sábado é a perfeita tradução visual do igualmente esmaecido segundo disco do cantor e compositor carioca. Avalizado pelo volátil mundinho hype da internet e da mídia, Cícero ganhou projeção há dois anos na cena indie do Rio de Janeiro (RJ) com o lançamento de seu primeiro álbum, Canções de apartamento (2011). Produzido pelo próprio Cícero com Bruno Schulz e Bruno Giorgi, Sábado resiste à tentação de clonar seu antecessor e relaciona na ficha técnica alguns nomes - como o de Marcelo Camelo, piloto das baterias de Fuga nº 3 da Rua Nestor e Ela e a lata - capazes de atrair atenções e elogios no mundinho. Mas não justifica o hype em torno de Cícero. Não há - entre as dez composições autorais de Sábado - uma música que se revele realmente interessante, capaz de seduzir ouvintes além do universo caseiro do artista. Sábado é disco interiorizado, melancólico e de arquitetura acústica construída de forma quase sempre minimalista. É um dos aqueles discos em que a sonoridade de uma faixa como Frevo por acaso resulta mais sedutora do que a música em si. Como o canto do compositor também soa pálido, Sábado transcorre linear e cansativo, em que pese sua curta duração (29 minutos e 30 segundos, para ser exato). Há temas com leveza que evoca a vibe da bossa nova, como Por Botafogo, e alguns sambas tortos de linha cool, casos de Duas quadras e de Porta, retrato. Mas todas essas referências são reprocessadas dentro de um universo tão particular que fica difícil se envolver pelo som e pela tristeza embutida na safra autoral do álbum. Sábado abusa do direito de ser íntimo e pessoal.

Raffa disse...

Momo e Wado também lançaram neste ano discos introspectivos e minimalistas. Será que ambos + Cícero (todos parceiros entre si) estariam a arquitetar um movimento ou é coincidência mesmo?

Cadafalso, do Momo, pra mim, é o que se sai melhor nessa trilogia crua.

Mauro Ferreira disse...

oi, Raffa, acredito mais em coincidência do que em movimento. Gosto muito de Momo e de Wado. Mas Wado já lançou discos bem melhores do que este em que parece ter entrado na onda de Marcelo Camelo. Grato pela participação. Abs, MauroF

ADEMAR AMANCIO disse...

O resenhista acordou com a macaca.Será que Marcelo jeneci também entrou nessa linha Down?

Unknown disse...

putz, véio... achei esse album tão cansativo!! parece até um pré-adolescente narrando musicalmente em sua mente um rolé pela cidade o dia todo! as vezes as letras não tem o menor sentido!

Carla_ disse...

Gosto pra caramba do primeiro cd. E gosto desse também, mas é preciso reconhecer que ele é introspectivo, chega ser estranho. Ele trás uma sensação de canseira da vida. Mas gostei mesmo assim. Gosto é gosto.