terça-feira, 22 de outubro de 2013

Entre mesmices e novidades, Simone é melhor quando escapa do óbvio

Resenha de CD
Título: É melhor ser
Artista: Simone
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * *

"Dias perdidos não podem voltar / Mas tem a dona esperança no ar", contemporiza Simone em versos de Só se for, belo bolero de atmosfera clássica e romântica, assinado pela Cigarra, bissexta compositora, com Zélia Duncan. Só se for é uma das três (boas) inéditas dentre as 13 músicas cantadas por Simone em seu 41º disco, É melhor ser, disponível no iTunes a partir desta terça-feira, 22 de outubro de 2013, e com edição física em CD prevista para chegar às lojas em novembro pela gravadora Biscoito Fino. Simone perdeu dias e discos com trabalhos aquém de sua importância e de seu histórico na MPB. Sem força para alterar o status da artista na cena atual, É melhor ser não é o grande e arrojado disco que Simone pode e deve oferecer ao seu público. Em certo sentido, o álbum - gravado sob a produção musical de Bia Paes Leme, com arranjos do pianista Leandro Braga - até representa retrocesso em relação ao arejado disco anterior de Simone, Na veia (2009), por conta do altíssimo teor de regravações. Algumas - sobretudo a do samba Acreditar (Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1976) - soam como mais do mesmo. Outras oferecem visão nova de músicas já batidas e, dentre estas, merece menção honrosa a releitura de Charme do mundo (Marina Lima e Antonio Cícero, 1981), abordada com suingue à moda norte-americana. O primeiro hit autoral de Marina Lima ganhou charme ao se distanciar da gravação original da cantora carioca. Entre mesmices e novidades, É melhor ser se revela disco digno, ambientado na atmosfera confortável que acomoda Simone desde os anos 90. Pelo fato de ter sido inteiramente arranjado por um pianista, o craque Leandro Braga, o disco ficou calcado no piano, instrumento condutor das regravações de Só nos resta viver (Angela Ro Ro, 1980) - faixa em que nem a entrada de percussão suave aos dois minutos da gravação tira o piano do segundo plano - e Vida de artista (Sueli Costa e Abel Silva, 1978). Feito no tempo da delicadeza, o registro de Vida de artista resulta especialmente sedutor e em sintonia com o tom feminino deste disco de Simone, a cantora que mais deu voz às melodias sensíveis de Sueli Costa e à poética dos parceiros homens da compositora. No mercado comum da música humana, É melhor ser cresce quando mais se desvia do óbvio. Baião inédito de Fátima Guedes, Haicai expia com otimismo a dor da ausência do ser amado - "Há uma esperança lá onde a saudade começa" - no ritmo vivaz e veloz de faixa luminosa, de tom maroto e de um suingue que evoca temas amaxixados. A já conhecida Mulher o suficiente (Alzira Espíndola e Vera Lúcia Motta, 1995) é outro ponto literalmente alto. Simone eleva os tons nesta música que soa como inédita para seu público. O tom pop da faixa é turbinado pelo solo da guitarra rock'n'roll de João Gaspar. Contudo, É melhor ser é disco mais calcado em climas íntimos. Ótima sacada dentre as regravações, a canção Descaminhos (Joanna e Sarah Benchimol, 1979) - o primeiro sucesso de Joanna, bela música que merecia mesmo ser lembrada - é entoada por Simone como um recado dado ao pé do ouvido. O clima de intimidade é mantido até quando a balada resvala para o ritmo de samba-canção. Samba aquém do histórico da obra de seus compositores Teresa Cristina e Lula Queiroga, Trégua suspensa - lançado por Teresa nos extras do DVD Melhor assim (2010) - foi inserido nessa atmosfera mais íntima que pauta É melhor ser, estando mais para boate do que para fundo de quintal. Já Aquele plano para me esquecer - o samba mais fraco dentre a safra gravada por Adriana Calcanhotto em seu cool CD O micróbio do samba (2011) - ganha cor, calor e vida no registro de Simone. Em contrapartida, Mutante (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1981) é exemplo de regravação totalmente dispensável. Simone nada acrescenta a uma música já batida. São essas faixas desnecessárias - como Acreditar e Mutante - que impedem É melhor ser de ser o grande disco que ele poderia ser. Simone pode - e deve - ousar mais. Parceria obscura de Joyce Moreno com Rodolfo Stroeter, lançada por Joyce em 2004 no álbum A little bit crazy, Os medos apresenta no registro de Simone um esboço de modernidade e ousadia no arranjo que pira ao fim. Mas aí o disco acaba, remetendo ao seu começo, com a vinheta de oito segundos que reproduz verso ("Uma pessoa é o que a sua voz é") de A propósito, outra (boa) incursão de Simone no universo da composição - no caso, musicando bilhete lhe endereçado pela atriz Fernanda Montenegro. Como Simone canta em A propósito, "o artista também é o que são sua voz e o seu canto". Por sua voz e por seu canto, de tons ainda firmes e elegantes, Simone poderia ser atualmente muito mais do que é em É melhor ser, o disco de seus 40 anos de carreira. Mas (sempre) tem a dona esperança no ar...

34 comentários:

  1. "Dias perdidos não podem voltar / Mas tem a dona esperança no ar", contemporiza Simone em versos de Só se for, bom bolero de atmosfera clássica e romântica, assinado pela Cigarra, bissexta compositora, com Zélia Duncan. Só se for é uma das três inéditas dentre as 13 músicas cantadas por Simone em seu 41º disco, É melhor ser, disponível no iTunes a partir desta terça-feira, 22 de outubro de 2013, e com edição física em CD prevista para chegar às lojas em novembro pela gravadora Biscoito Fino. Simone perdeu dias e discos com trabalhos aquém de sua importância e de seu histórico na MPB. Sem força para alterar o status da artista na cena atual, É melhor ser não é o grande e arrojado disco que Simone pode e deve oferecer ao seu público. Em certo sentido, o álbum - gravado sob a produção musical de Bia Paes Leme, com arranjos do pianista Leandro Braga - até representa retrocesso em relação ao arejado disco anterior de Simone, Na veia (2009), por conta do altíssimo teor de regravações. Algumas - sobretudo a do samba Acreditar (Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1976) - soam como mais do mesmo. Outras oferecem visão nova de músicas já batidas e, dentre estas, merece menção honrosa a releitura de Charme do mundo (Marina Lima e Antonio Cícero, 1981), abordada com suingue à moda norte-americana. O primeiro hit autoral de Marina Lima ganhou charme ao se distanciar da gravação original da cantora carioca. Entre mesmices e novidades, É melhor ser se revela disco digno, ambientado na atmosfera confortável que acomoda Simone desde os anos 90. Pelo fato de ter sido inteiramente arranjado por um pianista, o craque Leandro Braga, o disco ficou calcado no piano, instrumento condutor das regravações de Só nos resta viver (Angela Ro Ro, 1980) - faixa em que nem a entrada de percussão suave aos dois minutos da gravação tira o piano do segundo plano - e Vida de artista (Sueli Costa e Abel Silva, 1978). Feito no tempo da delicadeza, o registro de Vida de artista resulta especialmente sedutor e em sintonia com o tom feminino deste disco de Simone, a cantora que mais deu voz às melodias sensíveis de Sueli Costa e à poética dos parceiros homens da compositora. No mercado comum da música humana, É melhor ser cresce quando mais se desvia do óbvio. Baião inédito de Fátima Guedes, Haicai expia com otimismo a dor da ausência do ser amado - "Há uma esperança lá onde a saudade começa" - no ritmo vivaz e veloz de faixa luminosa, de tom maroto e de um suingue que evoca temas amaxixados. A já conhecida Mulher o suficiente (Alzira Espíndola e Vera Lúcia Motta, 1995) é outro ponto literalmente alto. Simone eleva os tons nesta música que soa como inédita para seu público. O tom pop da faixa é turbinado pelo solo da guitarra rock'n'roll de João Gaspar. Contudo, É melhor ser é disco mais calcado em climas íntimos. Ótima sacada dentre as regravações, a canção Descaminhos (Joanna e Sarah Benchimol, 1979) - o primeiro sucesso de Joanna, bela música que merecia mesmo ser lembrada - é entoada por Simone como um recado dado ao pé do ouvido. O clima de intimidade é mantido até quando a balada resvala para o ritmo de samba-canção. Samba aquém do histórico da obra de seus compositores Teresa Cristina e Lula Queiroga, Trégua suspensa - lançado por Teresa nos extras do DVD Melhor assim (2010) - foi inserido nessa atmosfera mais íntima que pauta É melhor ser, estando mais para boate do que para fundo de quintal.

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  2. Já Aquele plano para me esquecer - o samba mais fraco dentre a safra gravada por Adriana Calcanhotto em seu cool CD O micróbio do samba (2011) - ganha cor, calor e vida no registro de Simone. Em contrapartida, Mutante (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1981) é exemplo de regravação totalmente dispensável. Simone nada acrescenta a uma música já batida. São essas faixas desnecessárias - como Acreditar e Mutante - que impedem É melhor ser de ser o grande disco que ele poderia ser. Simone pode - e deve - ousar mais. Parceria obscura de Joyce Moreno com Rodolfo Stroeter, lançada por Joyce em 2004 no álbum A little bit crazy, Os medos apresenta no registro de Simone um esboço de modernidade e ousadia no arranjo que pira ao fim. Mas aí o disco acaba, remetendo ao seu começo, com a vinheta de oito segundos que reproduz verso ("Uma pessoa é o que a sua voz é") de A propósito, outra (boa) incursão de Simone no universo da composição - no caso, musicando bilhete lhe endereçado pela atriz Fernanda Montenegro. Como Simone canta em A propósito, "o artista também é o que são sua voz e o seu canto". Por sua voz e por seu canto, de tons ainda firmes e elegantes, Simone poderia ser atualmente muito mais do que é em É melhor ser, o disco de seus 40 anos de carreira. Mas (sempre) tem a dona esperança no ar...

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  3. Suas críticas sempre com total transparência, sem tentar agradar opiniões alheias. Parabéns!

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  4. "É Melhor Ser" deveria ser chamado "É Melhor Não Ser" porque comemorar 40 anos de carreira com esse álbum é uma decepção. "Mulher o Suficiente" parecia mostrar como seria o mote do disco, mas ledo engano. O CD "Na Veia" é melhor que o lançado virtualmente ontem.
    Zona de conforto total! Clichê, mas a pura verdade. Uma pena.

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  5. Bela voz que tem sido colocada a serviço de interpretações, escolhas e arranjos equivocados. A cantora é quem mais joga contra ela mesma.Já temia por isto.

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  6. Como disse o mano Caetano: "E deixa que digam, que pensem, que falem".

    Deixem a cigarra SER!

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  7. Pelo que entendi da crítica, o Mauro não gosta é de regravações, não importa se elas são boas. Com exceção de Mutantes e Acreditar, as outras são boas - algumas até muito boas -.
    E somando com as 3 inéditas, consideradas boas também pelo resenhista, como Simone está numa faixa confortável?
    E qual status de Simone na cena atual? Definitivamente Simone não precisa provar mais nada a ninguém.
    E por favor, que a frase "Simone perdeu dias e discos..." não seja AINDA uma referência aos anos 80.
    Desnecessário dizer aqui quantos bons discos ela já gravou depois disso.
    E finalmente,Mauro, não costumo fazer comentários aqui, mas sou seu leitor diário. Imagino também que os comentaristas que postaram comentários aqui criticando compraram TODAS as músicas e as ouviram.
    Como eu não tenho nada contra regravações, principalmente das boas, na minha modesta opinião (eu ouvi as músicas do cd) É melhor ser é mais um grande disco da eterna Cigarra.

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  8. Parece que os 'críticos' já ouviram...eu continuo no aguardo!
    A princípio não vejo problemas em regravações, as grandes damas do jazz fizeram discos de standards contínuos e nunca deixaram de ser boas por isso. Sempre esperamos ouvir uma versão superior, hoje me contento com uma versão "tão boa quanto", ou ao menos um "outro modo" de entender a canção. Quando fica na mesmice é que é chato.
    Tiradas Mutante e Descaminhos, essas inevitavelmente associadas às boas versões das autoras, a maioria das músicas escolhidas nem é tão conhecida assim...

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  9. Mauro concordo com vc em %100

    Ótima sacada dentre as regravações, a canção Descaminhos (Joanna e Sarah Benchimol, 1979)

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  10. Augusto Flávio (Petrolina-Pe/Juazeiro-Ba)

    Bem que ao invés de Mutante, ela poderia ter regravado "Raio x" do disco Bombom de 1983, que, aliás, é um porre de disco, mas no entanto tem Raio x e Fissura que são bonitas além de Desculpe o auê, apesar de batida. O Problema de Mutante é que Rita gravou legal em 1981 no disco Saúde, e já existem regravações recentes como a de Ná Ozzetti no disco Loveleerita 1996 e Daniela Mercury a qual até tema de novela foi no inicio dos anos 2000. Tem também uma música muito bonita da Rita no disco de 1982, Pirata cigano, aquele disco que tem Flagra. Quanto a Charme do mundo, regravaram demais (Patrícia Marx, Claudette Soares e tem outras que não me lembro agora)sendo que nos discos de Marina "Fullgás, Desta vida, desta arte, Olhos felizes e Marina Lima 1991", tem o que se aproveitar vindo como se fosse novidade. Já "Vida de artista" sendo a gravação de Gal, que é a original e linda, acho difícil ser superada... Mas vale pelo fato de não haver regravações sobre ela, que eu saiba, posso estar enganado.

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  11. Eu compreendo Simone. Compreendo Mauro. Mas não Vítor ('tudo cafona, como sempre'???). Opinião é válida desde que seja fundamentada. Aqui vemos um clichê (não só artista padece disso, né não colega?).

    Em casos assim, eu passo e deixo. Não me interessa, não gosto, não opino. Não me atinge (se fosse o Hino...) Mas o ser humano precisa 'transcender'. Vide os muros pichados e as pinturas rupestres. Tudo da mesma safra, com milhares de anos por meio!

    Difícil chamar cafona 'Mulher o suficiente', uma música que, justamente, deixa desconcertados os habitues da Cigarra, que a preferem em sons mais light e românticos!

    Tudo bem, a veia feminista, é antiga (desde 79 e talvez antes). Contudo, o single, não é bom, pois afasta o público convencional e o que é pior, não reflete o resto...

    Seduzido e abandonado! pode se sentir alguém que impressionado pelo desempenho e força de Mulher... tenha que enfrentar um CD bem menos dramático e diluído.

    A ‘intenção de Simone’ (pensemos que é dela) se entende. E a ‘decepção’ (é isso Mauro?) também.

    Eu mesmo prefiro uma Simone radical OU explícita. Sem medo de ser feliz. Mas, não é isso o que vemos...

    Queria concordar com Miro, mas acho que a Cigarra, vem flertando sim com a crítica há anos. Justamente tentando demonstrar que É. E é sem dúvida. Mas nem todos acham.

    Caso contrário, não teria de ‘fantasiar’ a música melosa e apelar ao samba pra render.

    Se o negócio era ‘fórmula’ (a mesma desde Baiana da gema - balada/ samba/ balada/ samba), melhor era a voltar à ‘clássica’ dos 80 que tantos resultados lhe deu: um musicão apaixonado abrindo lado A, outro lado B. Pelo meio algo pop, algo social, dançante... o que for. Tudo seria (e era) bem recebido.

    Se ao menos houvesse isso aqui, eu, como fã estaria satisfeito (crítico não é prioridade, não compra disco, recebe por cortesia e ainda assim deplora sem base – nada pessoal Mauro, o seu espaço é muito respeitável).

    Mulher o suficiente, à cabeça (pra impressionar gostos 'sofisticados'), e X números mais tarde, lá pela metade, com a mesma intensidade ou força, uma canção amorosa. Simone nos deve isso há muitos, mas muitos anos!

    A Cigarra está comedida demais. E inclusive monótona. Bem no estilo dessas produções ‘periféricas’, feitas à base de patrocínios, pretensamente ‘artísticas’.

    Porém, não sei se com isso seja o status de ‘star’ que ela vem defendendo... Mais uma vez: satisfazer árabes e gregos fica difícil.

    Resumindo: basicamente concordo. Por enquanto, até escutar na íntegra, acho o disco bastante ‘anêmico’. O negócio não é regravação, mas a qualidade de... Eu queria ela mais incisiva! E menos ‘comprometida’...

    PS. "E por favor, que a frase "Simone perdeu dias e discos..." não seja AINDA uma referência aos anos 80". Concordo plenamente! É uma dívida que nem ela vai pagar, nem há moral pra cobrar. Menos quando todos lhe exigiram algo que nunca tiveram: menos romance e mais integridade. Algo mais romântico que a crítica de arte, é difícil encontrar. Julgar pelo que poderia ser e não pelo que é sintoma disso!

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  12. Me alinho ao Mauro, quanto a me desagradar o excesso de regravações que impera na maioria dos repertórios dos cantores atuais.

    Mas ouvi a gravação da Simone para "Acreditar", da divina Dona Ivone Lara, e amei...

    Enfim, quero ouvir as outras músicas.

    abração,
    Denilson

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  13. Escutei o disco e achei muito melhor que Na veia, inclusive Simone optou por usar mais tons agudos na belíssima vos e abandonou os tons baixos o que achei fantástico.Quanto a suas críticas Mauro concordo apenas com a regravação de mutante, o resto do disco soa sim o melhor trabalho desde muito tempo e deve como sempre se superar no palco, onde Simone é senhora absoluta. Me lembro de uma crítica que nunca esqueço...quando Simone abre os braços no palco ninguém é maior que ela na MPB...a voz continua intocada, diria melhor e os críticos desde que ela surgiu em cena nos anos 70 continuam sem sucesso tentando enquadrá-la em seus gostos pessoas...chega a ser divertido. Simone x mídia dá uma tese.

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  14. Voz...erro de digitação ...Parabéns por esse espaço Mauro.

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  15. Não gostaria de me envolver nessa polêmica (se bem que acho toda polêmica sempre salutar).
    Escrevo apenas, como compositor e amante da música que sou, para dizer que:
    1 - muito admiro Simone, acho-a uma das melhores intérpretes de toda a história da nossa MPB.
    2 - tropeços em repertório todos têm/temos. Também tropeçamos todos na vida.
    3 - há necessidade, sim, de todos esses grandes medalhões (digo "medalhões" como um elogio) se abrirem a talentos novos. O Brasil é enorme e se está a fazer muita coisa interessante, seja no Acre, no Rio Grande do Sul, no Tocantins ou em Sergipe. Cabe ao intérprete - como Elis sempre fez e Ney o faz esporadicamente - servir de ponte entre o novo que vale a pena ser ouvido e o público. Artista não rima mesmo com acomodação. Quando isso acontece, deixa de ser artista e passa a ser apenas um ser burocrático que trabalha com música.
    4 - Regravações são bem vindas? Às Vezes. Quando lançam luzes sobre canções memoráveis que passaram batidas por qualquer motivo, sim! Quando recaem sobre obras já revisitadas à exaustão soam apenas como tapa-buracos e só enganam aos fãs mais entusiasmados e aos produtores vaidosos e pouco inteligentes.
    5 - Mauro, nem sempre concordo com vc, mas vc é dez!

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  16. Eu comprei o álbum assim que a versão digital foi lançada. Ouvi todas as músicas esperando por um clímax que não veio. Também sou fã da Simone, tenho todos os discos, Cds, a caixa que foi lançada, mas não sou aquele fã cego que defende a cantora com unhas e dentes mesmo quando algo mediano é lançado.

    Snao 40 anos de carreira que deveriam ser comemorados com mais pompa, mais audácia e menos do mesmo.

    Ontem ela esteve no "Mais Você" e o que me surpreendeu foi de onde ela tirou a idéia pro nome do CD. Pra quem não viu ela disse ser patrocinada pela Bradesco Seguros e que o slogan da empresa a fez dar ao álbum o título de "É Melhor Ser". Sei lá.

    Sim, sua voz é ímpar. Quincy Jones já disse que quer morrer ouvindo Simone cantando, mas tenho quase certeza que ele quer ouvir a Simone de outrora e não a desse último lançamento.

    É questão de gosto mesmo. Gosto da Simone pra cima, daquela que solta a voz. Caetano poderia fazer um Recanto pra Simone, mas ela já disse que os "Doces Bárbaros" nunca a chamaram ou deram oportunidade e espaço a ela e por isso que ela se voltou para Minas e Bituca.

    Taí, Milton poderia produzir Simone!

    Espero que as músicas ganhem mais brilho no palco.

    Ah....e essa capa hein? Vocês gostaram?

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  17. Permita-me Nick Nolte concordar com sua opinião


    ...quando Simone abre os braços no palco ninguém é maior que ela na MPB..., diria melhor e os críticos desde que ela surgiu em cena nos anos 70 continuam sem sucesso tentando enquadrá-la em seus gostos pessoas...chega a ser divertido. Simone x mídia dá uma tese.
    ___________
    Então Fábio...Eu gostei da capa.

    A beleza, a transparência de imagem da figura de Simone(como ela é).

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  18. Ah...Quero lembrar que Simone optou por essas músicas/autoras, que de acordo com sua opinião contribuíram de alguma forma em sua vida pessoal/profissional. E assim temos o resultado das já mencionadas, as eleitas em comemoração aos 'SEUS' 40 anos de carreira.
    'La Torloni', nesse trabalho, tb simboliza parte da história da Diva e vai-se saber mais as razões do coração(leia-se coração -visão-alma de artista)da Cigarra.
    Pensar no público, jogada comercial, até que é fácil, a questããão é- gostamos de Simone ou o quê?

    Eu ... prefiro a Cigarra...como ela é. Claro que viajo um 'cadinho' na maionese, mas enfim, cada um...

    Com outras características? Estão aí cantoras a saltar das moitas.
    Crítica para o artista ter uma visão e fazer algumas correções aqui e ali,tudo bem...opiniões tudo bem...claaaro... mas Simone é assim e sempre foi...
    AFINAL: - MENOS É MAIS. Né não, BB?

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  19. Eu tb tenho todos os albuns, caixa, dvs, e shows que cavamos pela net, até aquele memoravel show em que ela simulava transar em cima de almofadas - antes da madonna - simone já lotou estádios, com shows e sua ousadia e músicas que estraçalhavam nossos corações. Para mim , o melhor cd de regravações de simone foi o SOU EU, mesmo sendo todas bem conhecidas, simone deu luz, sangue e pudins a todas. Mas este que acabou de ser lançado, a começar pela capa, com tantas outras fotos desse mesmo ensaio maravilhosas, essa enfiando o dedo no nariz, ficou feia, me lembra foto da enfermeira pedindo silêncio dentro do hospital ...quase que um - não ouça o disco ...deixa o silêncio ! Ouvi só algumas faixas ... mutante ficou um saco ! Mulher o suficiente é bem desconcertante, e eu achei que o album iria me pegar por essa estranheza bela ... mas depois, cai numa monotonia, alternada com sambinhas ... Cigarra, eu adoro você, mas um produtor mais antenado seria muito bem vindo.

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  20. Acho que Simone errou na escolha dos produtores,os dois engessados demais. Aquele pianinho insistente irrita lembrando o Ricardo Monótono Leão. Regravações desnecessárias com tanta gente nova e boa esperando uma oportunidade de ser gravado por alguém como Simone e seus 40 anos de carreira. Não sei qual vai ser a capa, se for essa aí do dedo, acho que parece mesmo pedido de silencio em hospital. Qualquer uma das fotos que andam por aí será melhor do que a horrorosa capa do Boa Companhia.Essa é que foi de lascar. Concordo com o Mauro: comprei no Tunes, ouvi, não gostei.

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  21. "ficou feia, me lembra foto da enfermeira pedindo silêncio dentro do hospital ...quase que um - não ouça o disco ...deixa o silêncio !"

    RSRSRSRSR, ótima essa, Eduardo, ótima! Ri muito ao ler (se bem achei a capa, digamos 'potável').

    Quanto a 'La Torloni', amiga Kakau, sei lá... ela é atriz, não diretora de teatro/ espetáculos. Ela, até que poder ter experiência, mas geralmente ator é dirigido... 'detalhe' importante.

    Acho que isso é pra ter mais um chamariz (ela é global e site de fococa não vai deixar de noticiar: Simone dirigida POR 'La Torloni').

    Sobre as mulheres... faltou Isolda. Que deu a elas alguns grandes sucessos. Não sei ainda haja música valiosa dela pra se (re)gravar, mas Isolda é muito boa.

    Também das antigas Dolores Duran, que é bem mais batida (eu não aguentaria uma Noite do meu bem ou Fim de caso, que ela cantou nos 80 e eu adoro, mas gasta).

    Quando a produtores, a Bia Paes Leme, foi a produtora do elogiado Amigo é caso, um desperdiço de talento, pra exaltar QUEM? ZD, pois a Simone, justamente, tendo a chance de mostrar algo melhor de si, o que deu? Encontros e despedidas, Medo de amar # 2 e par de outras cois (a) mais que já soaram e soaram e não se encaixavam no disco tão 'alternativo'.

    Simone cantou 'menos' (no show, dizem foi ao invés) do que a ZD. E pra rematar, com repertório antiquado.

    Pra mim é operação 'carne x peixe'. Preciso vender, mas não quero encarar...

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  22. ...e piraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarrr

    Se tudo fosse assim!!!! Eu pirava mesmo!!!!

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  23. Mauro, antes de mais nada tenho o maior respeito pelo seu trabalho e pelo seu profissionalismo. Mas a minha opinião é que SIMONE escolheu muitas músicas pelo contexto do disco, todas falam de Maturidade, de mulher madura e bem resolvida com a vida, e no caso MUTANTE como conversei com um amigo consigo captar o porque da escolha, SIMONE é mutante, percorreu vários caminhos na carreira. Na verdade no repertório do disco a única canção que menos me agradou foi VIDA DE ARTISTA, mas entendo também o porque da escolha, a letra é linda, e corresponde muito ao contexto do disco. Acredito que você por mais especializado que seja, em algumas críticas você deixou de olhar bem a fundo qual o propósito do trabalho de um artista. Não me refiro só ao de SIMONE. Mas de muitos que já li. Fora isso respeito a sua opinião, afinal crítica é uma opinião pessoal. Mas faltou a você nesse caso um pouco mais de percepção sobre a proposta do trabalho de SIMONE.Agora eu ler aqui numa postagem, não sua, que SIMONE deveria lançar algo parecido como RECANTO da GAL, me desculpe mas aquilo é "CHUTA QUE É MACUMBA", nunca vi ou ouvi um trabalho tão ruim. Tá falado! Abraços a você por ser de extrema elegância em tudo que faz.

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  24. "Então é Natal..." (Simone, chame o pessoal remanescente dos anos 1970 que trabalhou com você na época, bote um anúncio recrutando novas canções e compositores inéditos, porque esse esquema 1980-90-2000 não funciona).

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  25. E, sem querer ofender, a logomarca ficou parecendo uma tampa do creme Nívea. E ainda pagaram para fazerem isso.

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  26. KL, essa marca não faz parte da capa do CD. É um adesivo colado pela Biscoito Fino sobre o plástico, com o nome do disco e da cantora. A capa é somente a foto. Abs, MauroF

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  27. Mauro, obrigado pela informação. O mais (menos, na verdade) interessante é que a foto lembra uma dessas de propaganda naqueles catálogos de cosméticos. Acho um absurdo que vigore esse tipo de estética - tão anódina quanto as faixas gravadas. A tal mpb precisa com urgência de duas atitudes: ou de renovação radical ou de volta às raízes. Chegou-se a um impasse: os veteranos perderam o rumo e a noção das coisas e os novatos não têm história nem background musical. Em ambos os casos, não se tem produzido absolutamente nada de interessante ou de vigoroso. Talvez já tenha chegado a hora de um novo festival sério, com um júri alto nível, porque o esquema The Voice também não convence.

    Abraço!

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  28. KL, uma pergunta... Você ouviu o disco? Ou apenas julgou pelo que Mauro ACHOU dele?

    Não digo que MPB (inclusive aquela que os críticos gostam e exaltam) não esteja 'down'. Mas essa percepção 'escatológica' existe há tempo.

    Da própria Simone, Décio Pignatari, disse que era 'ice-cream MPB', quando todos a achavam na melhor forma 'artística' (anos 78-79).

    Comparando com Rita Lee - na eferverscência de ambas - diziam que ela e Elizeth (Cardoso) eram boas, mas não traziam novidade. Eram clássicas e corretas.

    Portanto, não é coisa de tempos ou épocas. Mas de sensibilidades, que são tão variadas, quanto legítimas – em teoria.

    Não curto duplas sertanejas, pagodeiros e toda sorte de música industrial (sem esforço mínimo).

    Mas entendo que nem todos foram feitos pra ouvir Zeca Baleiro, Bjork ou mesmo Egberto Gismonti (para quem tenho meus momentos).

    Não gosto do gênero de Ivete, mas acho que o canta bem. Tem centenas de outros que não e fazem lingüiça em vez de música.

    Dificilmente compre a lenda da Marisa Monte ou Ana Carolina (tão banais quanto, mas com um aura de virtuosismo que gostaria que alguém me explicasse).

    Ou seja, tudo é relativo e deve ser analisado na dimensão exata. PRIMÁRIA, Simone nunca foi. Se fosse, ainda estaria vendendo milhões, mesmo em épocas de crise. Dentro da veia romântica, Simone é ímpar!

    Até pras 'pausas e suspiros' a la RC, como disse Mauro do show é preciso saber fazer. Alguns fazem bem, outros mal. Alguns nem fazem, porque não sabem.

    Simone happens to be, sim! E não só. Eis Mulher o suficiente, OS MEDOS (espectacular!), Aquele plano pra me esquecer (da mesma safra sensacionalista das Marisas e tais, que com três ou quatro palavrinhas sofisticadas e saídas curiosas, seduzem os ‘especialistas’). A propósito (impronunciável, mas Simone a doma). Haicai.

    Como você reclama dos 80-90-00, eu podia reclamar dos 70 e dizer que isso já foi gravado e não precisa voltar à tona.

    De fato, era outra época e Simone – perceba-se – se mantém no padrão dos tempos. Se o tempo atual não tem face, como querer que a Simone – como ARTISTA – a tenha?

    A melhor maneira de se reconciliar com É melhor ser, é compreender que não é disco de aniversário, mas disco de compositoras, com sensibilidade feminina predominante e com um quê – discretíssimo – de filosofia. ‘Filosofia’ que basta pra celebrar os 40 anos.

    Por falar nisso, Art de Simone tá certa. Mutante, é uma música que tem muito a ver com a Cigarra... Até mesmo com este espaço de crítica. É só reparar na letra... “Quando eu me sinto um pouco rejeitada, me dá um nó na garganta...”. O resto já Mauro conhece, porque ele mesmo captou a ironia e expôs na sua matéria sobre o espetáculo.

    PS. Mais uma vez, mil perdões pela novela! Por mais que queira escrever curto, não consigo!

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  29. Esqueci: 'entende-se', que eu me 'reconciliei' com o disco. Queria mais. Mas o que tem basicamente me agrada. Descobri todo 'esse mistério' (concordo plenamente que a faixa é deliciosa).

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  30. Sinceramente não acredito que regravação des mereça trabalho. No discurso do crítico o disco apresenta apenas duas faixas que em sua opinião não caberiam. Fica o questionamento: Será que duas faixas comprometem todo o disco? Será que as interpretações estão inadequadas para se destacar tão negativamente? Com tantas observações positivas ao resenhar o disco, a conclusão do critico soa contraditória. Ouvi o trabalho, realmente não foi a melhor obra da cantora, mas não considero um trabalho ruim não, nem tampouco que não merecesse ser feito. Para mim o disco foi estruturado a partir de uma mensagem que ela queria e conseguiu falar e para isso recorreu a discursos musicais que já circulam no cenário nacional e obras novas, mas todos unidos a partir da discussividade que Simone quis lançar.

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  32. Sinceramente não concordo que regravações comprometam um trabalho de musica brasileira, isso em absoluto não deveria ser considerado ponto negativo, pois musica não tem idade, validade, tempo. Nas observações do critico duas faixas conseguiram comprometer o trabalho. Vale questionar como? Será mesmo que somente duas faixas tornam inviáveis um disco em que as demais partes são observadas positivamente na opinião do próprio comentador, para mim parece uma contradição. Realmente essa obra não e o melhor trabalho da cantora, mas acredito sim que deveria ser feita, que no cenário musical atual merece elogio pois apresenta uma proposta clara que consegue unir os discussões dos autores selecionados e que a cantora conseguiu atingir. 'E um disco para ser ouvido por interior. 'E muito bom quando a novidade vem com força, quando o novo trabalho 'e melhor que o anterior, mas transformar isso em obrigação 'e complicado, a vida não funciona assim, nem tampouco a música. 'E melhor ser consegue algo raro no cenário musical atual: leva o ouvinte a reflexão, isso infelizmente esta cada vez mais raro, mesmo com belas, mas "infelizes regravações".

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