Título: La família 013
Artista: Charlie Brown Jr
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *
Chegou a ser tristemente irônico: no dia em que saiu de cena Alexandre Magno Abrão (9 de abril de 1970 - 5 de março de 2013), o Chorão, entrou em rotação na internet e em algumas rádios a gravação de uma balada chamada Meu novo mundo (Chorão e Thiago Castanho), escolhida para iniciar os trabalhos promocionais do disco de inéditas que, com a morte do mentor do Charlie Brown Jr, forçosamente se tornou álbum póstumo do grupo paulista. Foi pura coincidência, pois a veiculação da faixa já havia sido previamente acertada. Pelo tom romântico dos versos de Meu novo mundo, já era perceptível que o discurso de Chorão estava mais ameno. Suavização comprovada com a audição de La família 013, o álbum finalizado pouco antes da morte de Chorão e editado pela gravadora Som Livre neste mês de outubro de 2013. Produzido por Tadeu Patola e Green Goes com o grupo, o disco chega às lojas sete meses após a entrada de Meu novo mundo na rede e um mês após o suicídio de Luiz Carlos Leão Duarte Junior (16 de junho de 1978 - 9 de setembro de 2013), o baixista conhecido pelo nome artístico de Champignon - tragédia que aumentou a expectativa por este CD que ameniza o discurso outrora mais virulento de Chorão sem trair a ideologia do Charlie Brown Jr. Por mais que o ouvinte seja tentado a buscar sinais premonitórios em disco aberto com rock intitulado Um dia a gente se encontra (Chorão e Thiago Castanho), o fato é que La família 013 soa coerente com a mistura de rock, reggae e rap que caracteriza o grupo e que toca corações e mentes do público-alvo do Charlie Brown Jr. "Minha gente é humilde e simples", ressalta Chorão em verso do autorreferente reggae Fina arte (Chorão). Fora da praia do reggae, o álbum alterna rocks gravados com certo peso - como Camisa preta 010 (Chorão, Marcão, Thiago Castanho, Champignon e Graveto), Cheia de vida (Chorão e Thiago Castanho) e Rock star (Chorão) - com canções de sonoridade mais leve em que o peso reside mais nas letras. É o caso de Contrastes da vida (Chorão e Thiago Castanho), canção tristonha que encerra o disco em clima acústico com versos quase depressivos como "Mesmo os mais fortes, às vezes / Não encontram uma saída". Em tom menos resignado, Samba triste (Chorão e Thiago Castanho) - música que não é um samba, mas uma balada com toques de rap - prega otimismo em (grande) arranjo que combina violões e guitarras distorcidas. A receita de bem-viver da faixa é parecida com a propagada pelos versos do reggae Vem ser minha (Chorão e Thiago Castanho). Se a letra da roqueira A mais linda do bar (Chorão e Thiago Castanho) recicla o tema da garota proibida para Chorão (que aparenta certa fragilidade vocal na faixa), os versos da balada Vou me embriagar de você (Chorão) beiram o sentimentalismo. Mas Hoje sou eu que não mais te quero (Chorão e Thiago Castanho) endurece bem o jogo romântico, emoldurado pela linha bem marcada do baixo de Champignon. Enfim, apesar do tom mais ameno e por vezes sentimental do discurso de Chorão, La família 013 é disco coerente com a trajetória do Charlie Brown Jr. Não vai mudar a opinião de ninguém em relação à banda, mas tampouco atenta contra a memória do grupo, até porque reitera o som e as ideias de Chorão.
3 comentários:
Chegou a ser tristemente irônico: no dia em que saiu de cena Alexandre Magno Abrão (9 de abril de 1970 - 5 de março de 2013), o Chorão, entrou em rotação na internet e em alguma rádios a gravação de uma balada chamada Meu novo mundo (Chorão e Thiago Castanho), escolhida para iniciar os trabalhos promocionais do disco de inéditas que, com a morte do mentor do Charlie Brown Jr, se tornou álbum póstumo do grupo paulista. Foi pura coincidência, pois a veiculação da faixa já havia sido previamente acertada. Pelo tom romântico dos versos de Meu novo mundo, já era perceptível que o discurso de Chorão estava mais ameno. Suavização comprovada com a audição de La família 013, o álbum finalizado pouco antes da morte de Chorão e editado pela gravadora Som Livre neste mês de outubro de 2013. Produzido por Tadeu Patola e Green Goes com o grupo, o disco chega às lojas sete meses após a entrada de Meu novo mundo na rede e um mês após o suicídio de Luiz Carlos Leão Duarte Junior (16 de junho de 1978 - 9 de setembro de 2013), o baixista conhecido pelo nome artístico de Champignon - tragédia que aumentou a expectativa por este CD que ameniza o discurso outrora mais virulento de Chorão sem trair a ideologia do Charlie Brown Jr. Por mais que o ouvinte seja tentado a buscar sinais premonitórios em disco aberto com rock intitulado Um dia a gente se encontra (Chorão e Thiago Castanho), o fato é que La família 013 soa coerente com a mistura de rock, reggae e rap que caracteriza o grupo e que toca corações e mentes do público-alvo do Charlie Brown Jr. "Minha gente é humilde e simples", ressalta Chorão em verso do autorreferente reggae Fina arte (Chorão). Fora da praia do reggae, o álbum alterna rocks gravados com certo peso - como Camisa preta 010 (Chorão, Marcão, Thiago Castanho, Champignon e Graveto), Cheia de vida (Chorão e Thiago Castanho) e Rock star (Chorão) - com canções de sonoridade mais leve em que o peso reside mais nas letras. É o caso de Contrastes da vida (Chorão e Thiago Castanho), canção tristonha que encerra o disco em clima acústico com versos quase depressivos como "Mesmo os mais fortes, às vezes / Não encontram uma saída". Em tom menos resignado, Samba triste (Chorão e Thiago Castanho) - música que não é um samba, mas uma balada com toques de rap - prega otimismo em (grande) arranjo que combina violões e guitarras distorcidas. A receita de bem-viver da faixa é parecida com a propagada pelos versos do reggae Vem ser minha (Chorão e Thiago Castanho). Se a letra da roqueira A mais linda do bar (Chorão e Thiago Castanho) recicla o tema da garota proibida para Chorão (que aparenta certa fragilidade vocal na faixa), os versos da balada Vou me embriagar de você (Chorão) beiram o sentimentalismo. Mas Hoje sou eu que não mais te quero (Chorão e Thiago Castanho) endurece bem o jogo romântico, emoldurado pela linha bem marcada do baixo de Champignon. Enfim, apesar do tom mais ameno e por vezes sentimental do discurso de Chorão, La família 013 é disco coerente com a trajetória do Charlie Brown Jr. Não vai mudar a opinião de ninguém em relação à banda, mas tampouco atenta contra a memória do grupo, até porque reitera o som e as ideias de Chorão.
mauro tá falando bem só porque o chorão morreu, o disco é o pior deles
N é mesmo. Um dos melhores.
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