Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

'Lightning bolt' ilumina Pearl Jam entre fúria do rock e calma das baladas

Resenha de CD
Título: Lightning bolt
Artista: Pearl Jam
Gravadora: Monkeywrench Records / Republic Records / Universal Music
Cotação: * * * *

Ao comentar sobre seu décimo álbum de estúdio, Lightning bolt, lançado esta semana em escala mundial via Universal Music, o grupo norte-americano Pearl Jam disse que o disco teria influências do som do grupo inglês Pink Floyd, um dos ícones do rock progressivo da década de 70. Inusitada para uma banda que se consolidou como um dos ícones do grunge, tal inspiração de fato pode ser detectada no clima e na arquitetura prog do arranjo de Pendulum (Jeff Ament, Stone Grossard e Eddie Vedder), uma das 12 músicas do CD produzido por Brendan O' Brien, também piloto do álbum anterior do Pearl Jam, Backspacer (2009). Contudo, tal influência se resume a essa faixa. Lightning bolt é, de certa forma, um disco clássico em que, sem inventar moda, o Pearl Jam se ilumina entre a fúria do rock e a calma das baladas. Aliás, foi sintomático que os dois primeiros singles do álbum tenham sido um rock de atmosfera punk (Mind your manners, parceria de Eddie Vedder com o guitarrista Mike McCready) - no qual salta aos ouvidos a energia que move Lightning bolt - e uma power balada (Sirens) que Mike McCready afirma ter composto sob inspiração de Roger Waters após assistir a uma apresentação do show The wall. Na letra, escrita por Eddie Vedder sobre a melodia de McCready, o vocalista do Pearl Jam divaga sobre a fragilidade da vida humana e esboça reflexão sobre sua existência ao ouvir as sirenes (supostamente de uma ambulância). A morte também é assunto do pop rock My father's son (Jeff Ament e Eddie Vedder), mas, no caso, é tratada com mordaz ironia na letra escrita sob a ótica de um filho atormentado que se alivia com a partida do pai psicopata. E o fato é que, 23 anos após um definidor primeiro álbum, Ten (1991), o Pearl Jam conserva sua chama - como já sinaliza o ótimo rock, Getaway (Eddie Vedder), que abre o disco na pressão. A música-título Lightning bolt (Eddie Vedder) reitera a pegada do Pearl Jam nas faixas mais roqueiras do álbum. As guitarras incandescentes do rock Let the records play (Eddie Vedder e Stone Grossard) honram o histórico de banda egressa do grunge. Da seara de baladas, Future days (Eddie Vedder) - levada ao piano, ao fim do álbum - se impõe por sua beleza melódica. Já Infalible (Jeff Ament, Stone Grossard e Eddie Vedder) e Yellow moon (Jeff Ament e Eddie Vedder) são baladas de menor poder de sedução em disco que flerta com o pop em Swallowed Whole (Eddie Vedder) e que esboça clima folk em Sleeping by myself (Eddie Vedder), única música não inédita dentre as 12 de Lightning bolt, já tendo sido gravada por Vedder no seu disco solo Ukelele songs (2011). No todo, o álbum Lightning bolt mostra que o Pearl Jam (ainda) continua iluminado, com vigor e energia.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Ao comentar sobre seu décimo álbum de estúdio, Lightning bolt, lançado esta semana em escala mundial via Universal Music, o grupo norte-americano Pearl Jam disse que o disco teria influências do som do grupo inglês Pink Floyd, um dos ícones do rock progressivo da década de 70. Inusitada para uma banda que se consolidou como um dos ícones do grunge, tal inspiração de fato pode ser detectada no clima e na arquitetura prog do arranjo de Pendulum (Jeff Ament, Stone Grossard e Eddie Vedder), uma das 12 músicas do CD produzido por Brendan O' Brien, também piloto do álbum anterior do Pearl Jam, Backspacer (2009). Contudo, tal influência se resume a essa faixa. Lightning bolt é, de certa forma, um disco clássico em que, sem inventar moda, o Pearl Jam se ilumina entre a fúria do rock e a calma das baladas. Aliás, foi sintomático que os dois primeiros singles do álbum tenham sido um rock de atmosfera punk (Mind your manners, parceria de Eddie Vedder com o guitarrista Mike McCready) - no qual salta aos ouvidos a energia que move Lightning bolt - e uma power balada (Sirens) que Mike McCready afirma ter composto sob inspiração de Roger Waters após assistir a uma apresentação do show The wall. Na letra, escrita por Eddie Vedder sobre a melodia de McCready, o vocalista do Pearl Jam divaga sobre a fragilidade da vida humana e esboça reflexão sobre sua existência ao ouvir as sirenes (supostamente de uma ambulância). A morte também é assunto do pop rock My father's son (Jeff Ament e Eddie Vedder), mas, no caso, é tratada com mordaz ironia na letra escrita sob a ótica de um filho atormentado que se alivia com a partida do pai psicopata. E o fato é que, 23 anos após um definidor primeiro álbum, Ten (1991), o Pearl Jam conserva sua chama - como já sinaliza o ótimo rock, Getaway (Eddie Vedder), que abre o disco na pressão. A música-título Lightning bolt (Eddie Vedder) reitera a pegada do Pearl Jam nas faixas mais roqueiras do álbum. As guitarras incandescentes do rock Let the records play (Eddie Vedder e Stone Grossard) honram o histórico de banda egressa do grunge. Da seara de baladas, Future days (Eddie Vedder) - levada ao piano, ao fim do álbum - se impõe por sua beleza melódica. Já Infalible (Jeff Ament, Stone Grossard e Eddie Vedder) e Yellow moon (Jeff Ament e Eddie Vedder) são baladas de menor poder de sedução em disco que flerta com o pop em Swallowed Whole (Eddie Vedder) e que esboça clima folk em Sleeping by myself (Eddie Vedder), única música não inédita dentre as 12 de Lightning bolt, já tendo sido gravada por Vedder no seu disco solo Ukelele songs (2011). No todo, o álbum Lightning bolt mostra que o Pearl Jam (ainda) continua iluminado, com vigor e energia.

Luca disse...

O Ten é muuuuuuuuuuiiiiito melhor mas concordo que esse novo também é muito bom