Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Paraense Marco André ironiza 'hype' do Norte no CD 'Nem revi nem laite'

Resenha de CD
Título: Nem revi nem laite
Artista: Marco André
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * 1/2

Bem antes de a mídia do eixo Rio-São Paulo começar a incensar os sons do Norte, em modismo hype que tem levado artistas da região a repetir fórmulas em busca de projeção nacional, o paraense Marco André já tentava propagar no Sudeste os sons nortistas. Discos como Amazônia groove (2004) e Beat iú (2007) investiram no balanço do Norte sem seguir uma receita de sucesso - até porque, na época, ainda não havia uma receita a ser seguida. Quinto álbum do cantor e compositor, produzido pelo artista com Alexandre Moreira (do trio carioca BossaCucaNova), Nem revi nem laite ironiza de certa forma o culto hype às tribos do Pará já no título jocoso, extraído da letra de Insight, a canção zen que fecha o disco. A ironia beira o sarcasmo nos versos espirituosos de O bullying do brega, o tema que abre o disco lembrando em versos como "Agora eu sou cult, tô moderno / Tirei meu nome do inferno" que o brega - gênero antes menosprezado pela crítica musical - hoje dá até prestígio. Ideologia à parte, Nem revi nem laite seduz com suas misturas rítmicas calientes. André funde rumba e tecnobrega em Rumbero tecnoloco, esboça clima novo baiano em Amor em código, faz um bolerão à moda de cabaré acertar o passo do frevo em Só risos - faixa aquecida pelos metais em brasa orquestrados por Humberto Araújo - e entra na roda do samba baiano em Chão de jambo. Fiel às origens paraenses, o alquimista chega também com Carimbó pra everybody, se aventura como compositor de guitarrada na (irresistível) Egotrip (do verso "Quem mais te ama é tu mesmo") e celebra o poder afrodisíaco do jambu na canção romântica Se liga no tremor da língua. Mais light do que heavy, o disco de Marco André tem leveza de espírito. Parece não haver no CD a intenção disfarçada de projetar seu artista na onda do sucesso da conterrânea paraense Gaby Amarantos. As conexões com (antenados) músicos cariocas fazem com que os grooves do Norte soem com frescor que já escasseia na maioria dos recentes discos do gênero.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Bem antes de a mídia do eixo Rio-São Paulo começar a incensar os sons do Norte, em modismo hype que tem levado artistas da região a repetir fórmulas em busca de projeção nacional, o paraense Marco André já tentava propagar no Sudeste os sons nortistas. Discos como Amazônia groove (2004) e Beat iú (2007) investiram no balanço do Norte sem seguir uma receita de sucesso - até porque, na época, ainda não havia uma receita a ser seguida. Quinto álbum do cantor e compositor, produzido pelo artista com Alexandre Moreira (do trio carioca BossaCucaNova), Nem revi nem laite ironiza de certa forma o culto hype às tribos do Pará já no título jocoso, extraído da letra de Insight, a canção zen que fecha o disco. A ironia beira o sarcasmo nos versos espirituosos de O bullying do brega, o tema que abre o disco lembrando em versos como "Agora eu sou cult, tô moderno / Tirei meu nome do inferno" que o brega - gênero antes menosprezado pela crítica musical - hoje dá até prestígio. Ideologia à parte, Nem revi nem laite seduz com suas misturas rítmicas calientes. André funde rumba e tecnobrega em Rumbero tecnoloco, esboça clima novo baiano em Amor em código, faz um bolerão à moda de cabaré acertar o passo do frevo em Só risos - faixa aquecida pelos metais em brasa orquestrados por Humberto Araújo - e entra na roda do samba baiano em Chão de jambo. Fiel às origens paraenses, o alquimista chega também com Carimbó pra everybody, se aventura como compositor de guitarrada na (irresistível) Egotrip (do verso "Quem mais te ama é tu mesmo") e celebra o poder afrodisíaco do jambu na canção romântica Se liga no tremor da língua. Mais light do que heavy, o disco de Marco André tem leveza de espírito. Parece não haver no CD a intenção disfarçada de projetar seu artista na onda do sucesso da conterrânea paraense Gaby Amarantos. As conexões com (antenados) músicos cariocas fazem com que os grooves do Norte soem com frescor que já escasseia na maioria dos recentes discos do gênero.

Luca disse...

já encheu esses discos do Pará