Título: Gueixa tropical
Artista: Daniela Procopio
Gravadora: Edição independente da artista
Cotação: * 1/2
Cantora paulista radicada no Rio de Janeiro (RJ), Daniela Procopio ergue uma ponte que liga o Brasil ao Japão no seu conceitual segundo álbum, Gueixa tropical, lançado neste mês de outubro de 2013. Na teoria, parece boa a ideia de narrar no sucessor de Daniela Procopio (2008) a história de brasileira de origem indígena que encontra sua harmonia no Oriente. Na prática, a travessia dessa ponte se revela longa, linear e cansativa, sobretudo por conta da irregularidade do repertório. Música que abre o disco produzido e arranjado (com a artista) pelo carioca Eugenio Dale, Gueixa do Xingu se impõe mais pela orquestração de tom indígena em que as flautas de Carlos Malta sopram sons do Kuarup. Love in Xangai, insossa música do publicitário Nizan Guanes, se desvia para a China, evidenciando o pouco rigor da artista na seleção do repertório. Já Outro mar, outro amor - música finalizada por Procopio com Dale a partir de esboço feito pelo compositor baiano Carlinhos Brown - se revela mais interessante na arquitetura final e na mistura de sons orientais tocados por músicos japoneses e chineses. Procopio e Dale também criaram a letra do bolero Adeus, a partir da melodia feita há mais de 30 anos pelo compositor acriano João Donato. Adeus expõe a falta de bossa da cantora, que também dilui toda a beleza intimista de Syracuse (1982), música de Henri Salvador (1917 - 2008) - compositor da Guiana Francesa cheio de bossa - letrada por Bernard Disney. Música do primeiro CD do compositor gaúcho Antonio Villeroy, Keiko (1991) - parceria de Villeroy com Fernando Corona - é exemplo de como a viagem oriental da Gueixa tropical tem escalas enfadonhas. Ao menos, Moraes Moreira contribui para aliviar o cansaço da travessia com as inéditas Foi tanto carinho - samba de aura bossa-novista - e Tadinho. Há algo da bossa sempre nova em Iara do Leblon (Marco André), mas a ausência de matizes no canto de Procopio tira todo o colorido de todas as músicas, até do bolero Alma mía - composto pela mexicana Maria Grever (1894 - 1954) e propagado na voz do cantor cubano Bola de Nieve (1911 - 1971) - e da pouco ouvida Canção das águas claras (Heitor Villa-Lobos e Gilberto Amado, 1954). Parceria de Procopio com Vitor Santana, a marítima Moreré reitera a sensação de que Procopio pegou a onda errada com disco chato que desperdiça um bom conceito. Pena!
7 comentários:
Cantora paulista radicada no Rio de Janeiro (RJ), Daniela Procopio ergue uma ponte que liga o Brasil ao Japão no seu conceitual segundo álbum, Gueixa tropical, lançado neste mês de outubro de 2013. Na teoria, parece boa a ideia de narrar no sucessor de Daniela Procopio (2008) a história de brasileira de origem indígena que encontra sua harmonia no Oriente. Na prática, a travessia dessa ponte se revela longa, linear e cansativa, sobretudo por conta da irregularidade do repertório. Música que abre o disco produzido e arranjado (com a artista) pelo carioca Eugenio Dale, Gueixa do Xingu se impõe mais pela orquestração de tom indígena em que as flautas de Carlos Malta sopram sons do Kuarup. Love in Xangai, insossa música do publicitário Nizan Guanes, se desvia para a China, evidenciando o pouco rigor da artista na seleção do repertório. Já Outro mar, outro amor - música finalizada por Procopio com Dale a partir de esboço feito pelo compositor baiano Carlinhos Brown - se revela mais interessante na arquitetura final e na mistura de sons orientais tocados por músicos japoneses e chineses. Procopio e Dale também criaram a letra do bolero Adeus, a partir da melodia feita há mais de 30 anos pelo compositor acriano João Donato. Adeus expõe a falta de bossa da cantora, que também dilui toda a beleza intimista de Syracuse (1982), música de Henri Salvador (1917 - 2008) - compositor da Guiana Francesa cheio de bossa - letrada por Bernard Disney. Música do primeiro CD do compositor gaúcho Antonio Villeroy, Keiko (1991) - parceria de Villeroy com Fernando Corona - é exemplo de como a viagem oriental da Gueixa tropical tem escalas enfadonhas. Ao menos, Moraes Moreira contribui para aliviar o cansaço da travessia com as inéditas Foi tanto carinho - samba de aura bossa-novista - e Tadinho. Há algo da bossa sempre nova em Iara do Leblon (Marco André), mas a ausência de matizes no canto de Procopio tira todo o colorido de todas as músicas, até do bolero Alma mía - composto pela mexicana Maria Grever (1894 - 1954) e propagado na voz do cantor cubano Bola de Nieve (1911 - 1971) - e da pouco ouvida Canção das águas claras (Heitor Villa-Lobos e Gilberto Amado, 1954). Parceria de Procopio com Vitor Santana, a marítima Moreré reitera a sensação de que Procopio pegou a onda errada com disco chato que desperdiça um bom conceito. Pena!
Nossa Mauro..pra vc dizer que é chato...é porque deve ser algo tão insuportável que não consigo imaginar o som que vem desse cd...
Bom, Marcelo, uma resenha expressa sempre um ponto de vista pessoal, por mais que seja honesta e imparcial. Pode ser que haja quem considere o disco bom. Abs, MauroF
Espero que essa Procopio não sei das quantas,não leia essa resenha,coitada.
Eu escutei o preview no itunes e gostei do CD, tanto que baixei o single grátis disponível essa semana. Mauro tá amargo hoje, detonando todos os cds
Estava pensando aqui na mesma coisa... Quando a coitada da Daniela ler essa resenha, se é que já não leu, vai ter uma decepção daquelas...
Imparcialidade, neutralidade não existem, somos sujeitos. Gostamos ou não gostamos...
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