Título: ARTPOP
Artista: Lady Gaga
Gravadora: Interscope Records / Universal Music
Cotação: * * *
Lady Gaga é megalomaníaca. ARTPOP - seu terceiro álbum de estúdio, ou quarto para quem põe na conta The fame monster (2009), disco-sequência do seminal The fame (2008) - está impregnado dessa megalomania que rege a vida, a mente e a arte de Stefani Joanne Angelina Germanotta. Tal como seu antecessor Born this way (2011), álbum que frustrou expectativas mercadológicas e artísticas, ARTPOP não justifica a longa espera desde que foi anunciado por Gaga, ainda em 2011. ARTPOP repete ideias e sons da artista norte-americana sem de fato impressionar. É, sim, um álbum digno. Só que ARTPOP ainda não é o disco que vai pôr Gaga no ambicionado trono pop ora ocupado por outra lady, Madonna. ARTPOP tem lá seus bons momentos, mas às vezes cansa ao longo de suas 15 músicas, centradas no som eurodance do DJ White Shadow, nome artístico de Paul Blair, um dos produtores do disco e parceiro de Gaga em temas como Do what u want, o segundo single (sucessor de Applause) do álbum. Em dueto com o cantor norte-americano R. Kelly, Gaga se insere no universo do r & b em tom eletropop com a mesma artificialidade com que se junta aos rappers T.I, Too Short e Twista em Jewels n' drugs. Tal artificialidade, aliás, é o principal problema de ARTPOP. Tudo parece demasiadamente calculado e manobrado para forjar a impressão de que Gaga é mais relevante e inovadora do que de fato ela é. Aliás, ARTPOP segue a linha "nada se cria, tudo se copia e/ou se transforma", filosofia que rege o universo pop, diga-se. Ecos de Alejandro ressoam na introdução mezzo latina mezzo oriental de Aura, música valorizada por refrão sedutor. Venus também tem até bom refrão, mas os efeitos eletrônicos dominam a música, cuja aura pop somente fica mais clara quando a faixa já ultrapassa os três minutos. G.U.Y. - música cujo título-sigla significa Girl under you e faz trocadilho com Guy (rapaz, em inglês) - recicla a sensualidade sombria que pautou Born this way com atmosfera erótica que atinge seu clímax em Sexxx dreams, música menos sedutora, exemplo de como ARTPOP peca pelo excesso (de faixas e de pretensão). Com mais trocadilho e certo erotismo, MANiCURE tem aura mais pop roqueira, adicionando energia ao disco. Com pegada robótica que remete ao som do grupo alemão Kraftwerk, sobretudo na introdução, a convidativa música-título ARTPOP traz verso - My ARTPOP could mean anything - que, de certa forma, justifica os vários flertes de Gaga ao longo do longo álbum. Sim, sua ARTPOP pode significar qualquer coisa previamente calculada, manipulada para fazer a egoica cantora soar importante e permanecer na mídia. Dentro desse universo, Swine é faixa de forte textura eletrônica cujo poder de sedução é anulado fora da pista. Em contrapartida, Donatella - música que celebra a estilista italiana Donatella Versacce e que é introduzida pelo som de uma bebida (champagne, claro) caindo em copo com gelo - reitera a capacidade de Gaga de criar um refrão poderoso que vai surtir efeito nos shows. Na sequência, ainda no mundo da moda, Fashion! bebe da fonte de David Bowie e de Madonna sem sorver a genialidade do artista britânico e a autoridade da rival norte-americana para tocar no assunto. Mary Jane Holland - uma possível alusão à maconha (marijuana, em inglês) - realimenta a sensação de que o repertório de ARTPOP soa por vezes enfadonho. Até que vem Dope - balada de voz e piano - com alguma emoção real e a chance de ouvir a voz privilegiada de Gaga, até então abafada pelas batidas eletrônicas. Gaga também eleva os tons em Gypsy, mas sem deixar de se jogar na pista. A já conhecida Applause encerra ARTPOP com batida house, vibe tecnopop e a certeza de que a discografia da artista não está à altura do barulho feito por Gaga no universo pop. ARTPOP não merece vaias, mas tampouco aplausos calorosos.
9 comentários:
Lady Gaga é megalomaníaca. ARTPOP - seu terceiro álbum de estúdio, ou quarto para quem põe na conta The fame monster (2009), disco-sequência do seminal The fame (2008) - está impregnado dessa megalomania que rege a vida e a arte de Stefani Joanne Angelina Germanotta. Tal como seu antecessor Born this way (2011), que frustrou expectativas mercadológicas e artísticas, ARTPOP não justifica a longa espera desde que foi anunciado por Gaga, ainda em 2011. ARTPOP repete ideias e sons da artista norte-americana sem impressionar. É, sim, um álbum digno. Só que ARTPOP ainda não é o disco que vai pôr Gaga no ambicionado trono pop ora ocupado por outra lady, Madonna. ARTPOP tem lá seus momentos, mas às vezes cansa ao longo de suas 15 músicas, centradas no som eurodance do DJ White Shadow, nome artístico de Paul Blair, um dos produtores do disco e parceiro de Gaga em temas como Do what u want, o segundo single (sucessor de Applause) do álbum. Em dueto com o cantor norte-americano R. Kelly, Gaga se insere no universo do r & b em tom eletropop com a mesma artificialidade com que se junta aos rappers T.I, Too Short e Twista em Jewels n' drugs. Tal artificialidade é o principal problema de ARTPOP. Tudo parece demasiadamente calculado e manobrado para forjar a impressão de que Gaga é mais relevante e inovadora do que de fato ela é. Aliás, ARTPOP segue a linha "nada se cria, tudo se copia e/ou se transforma", filosofia que rege o universo pop. Ecos de Alejandro ressoam na introdução mezzo latina mezzo oriental de Aura, música valorizada por refrão sedutor. Venus também tem bom refrão, mas os efeitos eletrônicos dominam a música, cuja aura pop somente fica mais clara quando a faixa já ultrapassa os três minutos. G.U.Y. - música cujo título-sigla significa Girl under you e faz trocadilho com Guy (rapaz, em inglês) - recicla a sensualidade sombria que pautou Born this way com atmosfera erótica que atinge seu clímax em Sexxx dreams, música menos sedutora, exemplo de como ARTPOP peca pelo excesso (de faixas e de pretensão). Com mais trocadilho e certo erotismo, MANiCURE tem aura mais pop roqueira, adicionando energia ao disco. Com pegada robótica que evoca o som do grupo alemão Kraftwerk, sobretudo na introdução, a convidativa música-título ARTPOP traz verso - My ARTPOP could mean anything - que, de certa forma, justifica os vários flertes de Gaga ao longo do álbum. Sim, sua ARTPOP pode significar qualquer coisa previamente calculada, manipulada para fazer a cantora soar importante e permanecer na mídia. Dentro desse universo, Swine é faixa de forte textura eletrônica cujo poder de sedução é anulado fora da pista. Em contrapartida, Donatella - música que celebra a estilista italiana Donatella Versacce e que é introduzida pelo som de uma bebida (champagne, claro) caindo em copo com gelo - reitera a capacidade de Gaga de criar um refrão poderoso que vai surtir efeito nos shows. Na sequência, ainda no mundo da moda, Fashion! bebe da fonte de David Bowie e de Madonna sem sorver a genialidade do artista britânico e a autoridade da rival norte-americana para tocar no assunto. Mary Jane Holland - uma possível alusão à maconha (marijuana, em inglês) - realimenta a sensação de que o repertório de ARTPOP soa por vezes enfadonho. Até que vem Dope - balada de voz e piano - com alguma emoção real e a chance de ouvir a voz privilegiada de Gaga, até então abafada pelas batidas eletrônicas. Gaga também eleva os tons em Gypsy, mas sem deixar de se jogar na pista. A já conhecida Applause encerra ARTPOP com batida house, vibe tecnopop e a certeza de que a discografia da artista não está à altura do barulho feito por Gaga no universo pop. ARTPOP não merece vaias, mas tampouco aplausos calorosos.
Gostei mais de Artpop do que MDNA. Aura, Venus, Swine, Do What You Want são muito boas.
"Tudo parece demasiadamente calculado e manobrado para forjar a impressão de que Gaga é mais relevante e inovadora do que de fato ela é".
Mauro, tá tudo aí nessa frase, nem precisava se dar ao trabalho de comentar as faixas. Talvez somente fosse necessário trocar o "parece" por "é".
Agora reze pra que nenhum bando de Little Monsters desgostosos com as verdades de seu texto, resolva rebater toda e qualquer frase do texto ou dos comentários com argumentos de gosto duvidoso e nível intelectual "elevado".
Gosto de Gypsy.
Até mais.
MDNA é magnífico, Born this way achei chato,vamos ver esse ArtPop
Discordo aqui também um pouco da crítica. Desde o excesso de alarde e promessas do Bron This Way que tenho um pé atrás com a Gaga. Por isso já estava mais pre disposto a nao gostar do atual trabalho devido as ultimas expectativas frustradas. Contudo, achei o seu melhor album. Ela conseguiu misturar vários elementos ao pop - como rock, hip hop, r&b, industrial, tecno - sem perder a coesao, sem se tornar repetitiva e sem tornar os arranjos muito pesados e sujos de sintetizadores como foi no Born This Way. As letras tb estao otimas e as melodias grudentas mas nao previsiveis. Gypsy, Aura, GUY, Manicure e Sexxx Dreams sao hinos instantaneos. Muito boa essa nova fase menos over ^^
não vamos comparar cantoras...
"born this way" é um album ruim, já "artpop", ela acertou! não curto l. gaga mas esse album eu compraria, importado, de prefeência.
Empurraram Britney Spears como a nova Madonna. Agora é Lady Gagan que tentam empurrar pela goela abaixo (e tem gente que engole achando o melhor acepipe!), que já está dando mostras de que não tem esse fôlego todo. Quem será a próxima?
Ai, esse mundinho das "divas" pop.... muita gente quer, muita gente tenta, mas Madonna é uma só.
Em qualquer área um novato não supera quem tem anos de carreira. Mas pode aproveitar a experiencia do outro a seu favor. Acho que Lady ta aprendendo bem, neste album está cantando melhor e no show da deluxe edition , ao piano mostrou que sabe cantar sem tantos recursos digitéctrônicos ... Madonna é da minha geração, curto desde o primeiro LP ( faz tempo heim ) e a considero a mulher mais inteligente da ArtPop. E Lady gaga depois de tanto exagero para chegar no topo, pode relaxar e a partir de agora fazer trabalhos tão grandes como sua fama monstro. A ART POP de Madonna ...fez Lady contruir um ARTPOP bem legal.
Mauro não entendeu. Artpop tem uma mensagem muito forte de crítica ao universo pop. Vendo as apresentações, lendo algumas letras, fica bem nítida esta crítica. Achei a crítica cruel, sem bases fortes e quase leviana. A crítica em geral, por adorar Madonna, detona tudo que Gaga faz. Eu adoro Madonna e conheci Gaga agora, mas já entendo que ela desbanca Madonna do trono. Gaga canta, coisa que Madonna nunca fez bem. Ela vem demostrando neste trabalho muita criatividade num universo no qual não há mais tabus para se quebrar, então ela encontrou na crítica ao que faz para dizer algo. Há muita crítica à arte pop neste disco e tudo feito com sutileza ou agressividade.
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