Evento: Festival Back2Black
Artista: Mart'nália (em foto de Cristina Granato)
Local: Grande Sala - Cidade das Artes (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 17 de novembro de 2013
Cotação: * * 1/2
"Tamo ajeitado? Tamo ajeitado, né?", perguntou Mart'nália para um dos músicos que dividiram com ela o palco da Grande Sala, na Cidade das Artes, no show em homenagem ao centenário de nascimento do compositor e poeta carioca Vinicius de Moraes (1913 - 1980). A pergunta foi feita após o sétimo número da atribulada apresentação da cantora carioca no terceiro e último dia do festival Back2Black. Tinha tudo para ser antológico o tributo a Vinicius prestado por uma cantora que soube dar alma pop ao samba com sua voz e seu estilo peculiar. Contudo, problemas de som - provocados pela transferência do show do cantor norte-americano Bobby Womack do Palco Rio para a Grande Sala - empanaram o brilho do show de Mart'nália. O início do show transcorreu como se fosse uma passagem de som, com a luz da plateia ainda acesa e com os técnicos ajustando os instrumentos da banda. O que não impediu que o microfone de Mart'nália soasse demasiadamente baixo quando a cantora soltou sua voz rouca na canção Sabe você (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, 1961) - apresentada em atmosfera de samba-canção - e nos sambas Regra três (Toquinho e Vinicius de Moraes, 1971) e Sei lá... A vida tem sempre razão (Toquinho e Vinicius de Moraes, 1971). O som foi regulado somente a partir do número que reuniu Garota de Ipanema (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962), Ela é carioca (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1963), Minha namorada (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, 1962) e Eu sei que vou te amar (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959) em medley que celebrou a beleza feminina e o amor ao jeito maroto de Mart'nália. Ainda em clima de improviso, a cantora repetiu Sabe você e Sei lá... A vida tem sempre razão - já com o som do microfone ajustado - para retomar o roteiro com Samba de benção (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1966), primeiro grande momento do show. Munida de percussão, Mart'nália sambou no palco, caiu no suingue e deitou e rolou na cadência do Samba da benção em arranjo que incorporou levadas baianas. "Com Vinicius tem que ser tudo no improviso mesmo. Não dá para ser muito certinho, certo?", ponderou a cantora, entrando no clima do show, ao cantar Pra que chorar? (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1964). Foi no improviso que, no bis, após cantar A tonga da mironga do kabuletê (Toquinho e Vinicius de Moraes, 1971), Mart'nália puxou Tarde em Itapoã (Toquinho e Vinicius de Moraes, 1971). Enfim, ao seu jeito desencanado, Mart'nália acabou ajeitando seu tributo a Vinicius. Botou um copo de uísque ao centro do palco, em cima de um copo de gelo, e saudou o poeta a cada gole com um "Saravá!". Botou também no palco a sobrinha Dandara, que evoluiu em cena à moda das mulatas globelezas, em Garota porongondon (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1965), uma das músicas menos conhecidas do roteiro ao lado de Mulata do sapateado, bissexta parceria de Vinicius com o compositor mineiro Ary Barroso (1903 - 1964), gravada em 1960 por Ângela Maria - citada por Mart'nália no show - e revivida pela filha de Martinho da Vila no álbum Pé do meu samba (2002). Enfim, Mart'nália tem muito porongondon. E foi com esse porongondon que salvou show prejudicado pela súbita alteração na logística da última noite da quinta edição do Back2Black. No improviso, sem stress, a artista ajeitou o tributo a Vinicius.
Um comentário:
"Tamo ajeitado? Tamo ajeitado, né?", perguntou Mart'nália para um dos músicos que dividiram com ela o palco da Grande Sala, na Cidade das Artes, no show em homenagem ao centenário de nascimento do compositor e poeta carioca Vinicius de Moraes (1913 - 1980). A pergunta foi feita após o sétimo número da atribulada apresentação da cantora carioca no terceiro e último dia do festival Back2Black. Tinha tudo para ser antológico o tributo a Vinicius prestado por uma cantora que soube dar alma pop ao samba com sua voz e seu estilo peculiar. Contudo, problemas de som - provocados pela transferência do show do cantor norte-americano Bobby Womack do Palco Rio para a Grande Sala - empanaram o brilho do show de Mart'nália. O início do show transcorreu como se fosse uma passagem de som, com a luz da plateia ainda acesa e com os técnicos ajustando os instrumentos da banda. O que não impediu que o microfone de Mart'nália soasse demasiadamente baixo quando a cantora soltou sua voz rouca na canção Sabe você (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, 1961) - apresentada em atmosfera de samba-canção - e nos sambas Regra três (Toquinho e Vinicius de Moraes, 1971) e Sei lá... A vida tem sempre razão (Toquinho e Vinicius de Moraes, 1971). O som foi regulado somente a partir do número que reuniu Garota de Ipanema (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962), Ela é carioca (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1963), Minha namorada (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, 1962) e Eu sei que vou te amar (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959) em medley que celebrou a beleza feminina e o amor ao jeito maroto de Mart'nália. Ainda em clima de improviso, a cantora repetiu Sabe você e Sei lá... A vida tem sempre razão - já com o som do microfone ajustado - para retomar o roteiro com Samba de benção (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1966), primeiro grande momento do show. Munida de percussão, Mart'nália sambou no palco, caiu no suingue e deitou e rolou na cadência do Samba da benção em arranjo que incorporou levadas baianas. "Com Vinicius tem que ser tudo no improviso mesmo. Não dá para ser muito certinho, certo?", ponderou a cantora, entrando no clima do show, ao cantar Pra que chorar? (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1962). Foi no improviso que, no bis, após cantar A tonga da mironga do kabuletê (Toquinho e Vinicius de Moraes, 1971), Mart'nália puxou Tarde em Itapoã (Toquinho e Vinicius de Moraes, 1971). Enfim, ao seu jeito desencanado, Mart'nália acabou ajeitando seu tributo a Vinicius. Botou um copo de uísque ao centro do palco, em cima de um copo de gelo, e saudou o poeta a cada gole com um "Saravá!". Botou também no palco a sobrinha Dandara, que evoluiu em cena à moda das mulatas globelezas, em Garota porongondon (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1965), uma das músicas menos conhecidas do roteiro ao lado de Mulata do sapateado, bissexta parceria de Vinicius com o compositor mineiro Ary Barroso (1903 - 1964), gravada em 1960 por Ângela Maria - citada por Mart'nália no show - e revivida pela filha de Martinho da Vila no álbum Pé do meu samba (2002). Enfim, Mart'nália tem muito porongondon. E foi com esse porongondon que salvou show prejudicado pela súbita alteração na logística da última noite da quinta edição do Back2Black. No improviso, sem stress, a artista ajeitou o tributo a Vinicius.
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