domingo, 10 de novembro de 2013

Edição de 20 anos de 'In utero' expõe gênese do relevante CD do Nirvana

Resenha de CD
Título: In utero - 20th anniversary edition
Artista: Nirvana
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * 1/2

A edição comemorativa de 20 anos de In utero - recém-lançada no Brasil pela Universal Music em sua forma mais simplificada (um alentado disco duplo com demos, b-sides e uma versão do álbum com nova mixagem, feita neste ano de 2013) - permite que se compreenda com mais detalhes a gênese do último álbum de estúdio do grupo norte-americano Nirvana. Um álbum consistente e excepcional - qualidades não percebidas com clareza por todo o universo pop na época de seu lançamento, em setembro de 1993 -  com o qual o atormentado Kurt Cobain (1967 - 1994) tentou desviar sua banda do som rotulado como grunge e imortalizado no álbum anterior do Nirvana, Nevermind (1991), pedra fundamental do gênero que gerou grupos como o Pearl Jam. A gênese de In utero começa efetivamente com a gravação, em 26 de outubro de 1992, de embrionárias demos instrumentais produzidas por Jack Endino. Foi quando músicas como Dumb e Radio friendly unit shiffer começaram a ganhar uma forma inicial no estúdio Word of  Mouth, em Seattle (Washington, EUA), berço do grunge. Tais demos figuram no farto material adicional da 20th anniversary edition de In utero. Reouvido 20 anos depois de seu lançamento, In utero permanece impactante, fazendo jus ao status de álbum clássico. As angústias de Cobain estão no disco, relatadas sobretudo na autobiográfica Serve the servants, escolhida - talvez não por mero acaso - para abrir o disco. E também não foi por acaso que o título In utero veio de poema de Courtney Love, a controversa mulher de Cobain. Muitas músicas de In utero nasceram inspiradas na união do casal, caso de Heart-shaped box. Assim como a morte e o sexo, a presença de Courtney está entranhada em In utero, cuja edição de 20 anos agrega lados B de singles, como Moist vagina, que concorreram a uma vaga no repertório do álbum oficial. Mas o conteúdo adicional mais relevante talvez seja a (ótima) versão remixada do álbum, produzida em junho de 2013 por Steve Albini. Afinal, Albini foi o responsável pela mixagem original do álbum, que teria sido rejeitada pela gravadora Geffen e pelo próprio grupo, que queria um som cru, mas não tanto. Tal rejeição nunca foi admitida oficialmente, mas o fato é que Scott Litt foi recrutado - com o aval de Cobain... - para remixar All apologies e Heart-shaped box com o intuito de enquadrar as duas faixas em moldura mais radiofônica (as versões originais das músicas, tal como mixadas por Albini em 1993, estão entre as faixas-bônus dessa edição de 20 anos). E foi assim, formatado para o sucesso, que In utero veio ao mundo em momento em que Cobain já estava atolado na lama da heroína. E cabe ressaltar que a remixagem atual de Albini visa oferecer nova visão e nuances das músicas, e não recuperar a pegada original de 1993. Enfim, de qualquer maneira, In utero é disco que resistiu muito bem a esses 20 anos, continuando relevante como em 1993.

3 comentários:

  1. A edição comemorativa de 20 anos de In utero - recém-lançada no Brasil pela Universal Music em sua forma mais simplificada (um alentado disco duplo com demos, b-sides e uma versão do álbum com nova mixagem, feita neste ano de 2013) - permite que se compreenda com mais detalhes a gênese do último álbum de estúdio do grupo norte-americano Nirvana. Um álbum consistente e excepcional - qualidades não percebidas com clareza por todo o universo pop na época de seu lançamento, em setembro de 1993 - com o qual o atormentado Kurt Cobain (1967 - 1994) tentou desviar sua banda do som rotulado como grunge e imortalizado no álbum anterior do Nirvana, Nevermind (1991), pedra fundamental do gênero que gerou grupos como o Pearl Jam. A gênese de In utero começa efetivamente com a gravação, em 26 de outubro de 1992, de embrionárias demos instrumentais produzidas por Jack Endino. Foi quando músicas como Dumb e Radio friendly unit shiffer começaram a ganhar uma forma inicial no estúdio Word of Mouth, em Seattle (Washington, EUA), berço do grunge. Tais demos figuram no farto material adicional da 20th anniversary edition de In utero. Reouvido 20 anos após seu lançamento, In utero permanece impactante, fazendo jus ao status de álbum clássico. As angústias de Cobain estão no disco, relatadas sobretudo na autobiográfica Serve the servants, escolhida - talvez não por mero acaso - para abrir o disco. E também não foi por acaso que o título In utero veio de poema de Courtney Love, a controversa mulher de Cobain. Muitas músicas de In utero nasceram inspiradas na união do casal, caso de Heart-shaped box. Assim como a morte e o sexo, a presença de Courtney está entranhada em In utero, cuja edição de 20 anos agrega lados B de singles, como Moist vagina, que concorreram a uma vaga no repertório do álbum oficial. Mas o conteúdo adicional mais relevante talvez seja a (ótima) versão remixada do álbum, produzida em junho de 2013 por Steve Albini. Afinal, Albini foi o responsável pela mixagem original do álbum, que teria sido rejeitada pela gravadora Geffen e pelo próprio grupo, que queria um som cru, mas não tanto. Tal rejeição nunca foi admitida oficialmente, mas o fato é que Scott Litt foi recrutado - com o aval de Cobain... - para remixar All apologies e Heart-shaped box com o intuito de enquadrar as duas faixas em moldura mais radiofônica (as versões originais das músicas, tal como mixadas por Albini em 1993, estão entre as faixas-bônus dessa edição de 20 anos). E foi assim, formatado para o sucesso, que In utero veio ao mundo em momento em que Cobain já estava atolado na lama da heroína. E cabe ressaltar que a remixagem atual de Albini visa oferecer nova visão e nuances das músicas, e não recuperar a pegada original de 1993. Enfim, de qualquer maneira, In utero é disco que resistiu muito bem a esses 20 anos, continuando relevante como em 1993.

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  2. Um dos melhores discos do Nirvana, senão for o melhor.

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  3. Comprei essa edição comemorativa no meio da semana passada.
    Muito boaaaaaaaa!
    A remasterização do disco original ficou ótima e a versão do disco remixada pelo Albini - com nuances diferentes das músicas, também agrada bastante.
    Até os extras com várias faixas remixadas, lados B e muitas versões instrumentais não destoam.
    E o olhe que eu destesto extras.
    Enfim, imperdível para quem curte o som da banda.

    PS: É o melhor da banda, Maria.
    Nevermind é o mais importante, mas In Utero é melhor.

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