Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Loroza cai bem no suingue da música preta do Brasil no feliz 'Carpe diem'

Resenha de CD
Título: Carpe diem
Artista: Serjão Loroza
Gravadora: Lab 344
Cotação: * * * *

Serjão Loroza cai muito bem no suingue da música preta brasileira em seu segundo álbum solo, Carpe diem, lançado neste mês de novembro de 2013 pelo selo carioca Lab 344. Sucessor de MBP (Música brasileira de pista) (Zambo Discos, 2007), Carpe diem desfaz a má impressão deixada pelo último título da discografia do ator e cantor, Loroza & Us Madureira ao vivo (2010), trabalho de tom desleixado, perceptível até no erro da grafia de algumas músicas. Calcado no balanço blackCarpe diem é disco de ótimo acabamento, garantido pela produção de Plínio Profeta, pelos arranjos de sopros de Marlon Sette - fundamentais para sustentar a levada abrasileirada de músicas como a sedutora Preta dileta (Serjão Loroza e Pedro Luís) - e pela arregimentação de músicos como o guitarrista Davi Moraes e o tecladista Humberto Barros. Assim como Tim Maia (1942 - 1998), dono de obra pioneira cujo balanço funk é evocado com reverência no suingue da música-título Carpe diem (Serjão Loroza e Bruno Migliari), Loroza cai no suingue black com sotaque nacional. Esse abrasileiramento dos códigos da música negra dos Estados Unidos faz com que soe natural em Carpe Diem a convivência de um baladão de espírito soul, como Ainda vou te amar (Serjão Loroza, Mu Chebabi e Jomar Magalhães), com um partido alto cheio de suingue e com humor à moda de Zeca Pagodinho, caso de Se um dia fui pobre (Serjão Loroza, Gabriel Moura e Fabinho D'Lélis). À vontade nesse universo black, a percussão de Marçalzinho e o cavaco de Pretinho da Serrinha acentuam a cadência bonita do samba 17 beijos, parceria de Hyldon - pioneiro soulman nacional - com Céu e Arnaldo Antunes (a primeira música do trio lançada em CD, a funkeada Trato, apareceu em Disco, álbum editado por Arnaldo em outubro). Pena que a letra da canção Basta a gente se olhar (Arlindo Cruz e Dhemma) lambuza Carpe diem com o mel falsificado dos pagodes românticos. O disco fica mais sedutor à medida em que cai mais no suingue, seja o do funk ou o do samba. Música deliciosa de Rodrigo Maranhão, Caia exala felicidade em suas sinuosas quebradas. "A vida é mais leve do que você leva", avisa Loroza, por meio de verso de Mais simples (Gabriel Moura), tema em sintonia com o alto astral do álbum. Coeso em dez faixas que roçam os 41 minutos, Carpe diem manda papo reto em músicas como É nóis (Serginho Meriti, Rodrigo Leite e Diogo Leite). É disco feliz, à altura do vozeirão grave de Serjão Loroza.

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Serjão Loroza cai muito bem no suingue da música preta brasileira em seu segundo álbum solo, Carpe diem, lançado neste mês de novembro de 2013 pelo selo carioca Lab 344. Sucessor de MBP (Música brasileira de pista) (Zambo Discos, 2007), Carpe diem desfaz a má impressão deixada pelo último título da discografia do ator e cantor, Loroza & Us Madureira ao vivo (2010), trabalho de tom desleixado, perceptível até no erro da grafia de algumas músicas. Calcado no balanço black, Carpe diem é disco de ótimo acabamento, garantido pela produção de Plínio Profeta, pelos arranjos de sopros de Marlon Sette - fundamentais para sustentar a levada abrasileirada de músicas como a sedutora Preta dileta (Serjão Loroza e Pedro Luís) - e pela arregimentação de músicos como o guitarrista Davi Moraes e o tecladista Humberto Barros. Assim como Tim Maia (1942 - 1998), dono de obra pioneira cujo balanço funk é evocado com reverência no suingue da música-título Carpe diem (Serjão Loroza e Bruno Migliari), Loroza cai no suingue black com sotaque nacional. Esse abrasileiramento dos códigos da música negra dos Estados Unidos faz com que soe natural em Carpe Diem a convivência de um baladão de espírito soul, como Ainda vou te amar (Serjão Loroza, Mu Chebabi e Jomar Magalhães), com um partido alto cheio de suingue e com humor à moda de Zeca Pagodinho, caso de Se um dia fui pobre (Serjão Loroza, Gabriel Moura e Fabinho D'Lélis). À vontade nesse universo black, a percussão de Marçalzinho e o cavaco de Pretinho da Serrinha acentuam a cadência bonita do samba 17 beijos, parceria de Hyldon - pioneiro soulman nacional - com Céu e Arnaldo Antunes (a primeira música do trio lançada em CD, a funkeada Trato, apareceu em Disco, álbum editado por Arnaldo em outubro). Pena que a letra da canção Basta a gente se olhar (Arlindo Cruz e Dhemma) lambuza Carpe diem com o mel falsificado dos pagodes românticos. O disco fica mais sedutor à medida em que cai mais no suingue, seja o do funk ou o do samba. Música deliciosa de Rodrigo Maranhão, Caia exala felicidade em suas sinuosas quebradas. "A vida é mais leve do que você leva", avisa Loroza, por meio de verso de Mais simples (Gabriel Moura), tema em sintonia com o alto astral do álbum. Coeso em dez faixas que roçam os 41 minutos, Carpe diem manda papo reto em músicas como É nóis (Serginho Meriti, Rodrigo Leite e Diogo Leite). É disco feliz, à altura do vozeirão grave de Serjão Loroza.

Rafael disse...

Mauro, trabalho com pesquisa musical e preciso da sua ajuda. A autoria da faixa "3001", não citada por você no post, é de quais compositores?

Rafael disse...

Por sinal, achei o disco ótimo. O Serjao tem uma voz maravilhosa e evocou o melhor do soul neste álbum.

Mauro Ferreira disse...

"3001" é parceria de Loroza com Jomar Magalhães. Abs, MauroF

Rafael disse...

Mauro, obrigado pela resposta. Abraço.