Resenha de CD
Título: Água lusa - Jussara Silveira canta Tiago Torres da Silva
Artista: Jussara Silveira
Gravadora: Dubas Música / Universal Music
Cotação: * * * *
"Sei que não sou do fado por nascença / E só o posso ser por condição / Por isso, ao começar, peço licença / E assim que terminar, peço perdão", justifica-se Jussara Silveira, através de versos de Na companhia de fadistas (Fado Margaridas) (Miguel Ramos e Tiago Torres da Silva), por dar sua voz precisa a onze canções portuguesas no álbum Água lusa. A humilde justificativa soa simpática, mas dispensável. Grande cantora mineira de criação baiana, Jussara não é do fado por nascença, tendo sido introduzida no universo do ritmo lusitano na infância pela voz imortal da cantora portuguesa Amália Rodrigues (1920 - 1999), ícone do gênero. Só que Jussara tem realmente no canto o que o poeta lusitano Tiago Torres da Silva chama de portugalidade, característica que permite que a cantora brasileira se banhe com naturalidade e frescor nos sentimentos dessas canções portuguesas irmanadas pelo fato de todas as onze terem versos de Torres da Silva, com letras que quase sempre versam sobre amor e mar. Sob a direção musical do guitarrista Pedro Jóia, produtor e arranjador deste belo disco recém-lançado no Brasil pelo selo carioca Dubas Música, Jussara põe essa portugalidade tanto a serviço da melancolia embutida em canções com Voltarei à minha terra (Armandinho e Tiago Torres da Silva) e O nome do mar (Rui Veloso e Tiago Torres da Silva) como a favor da vivacidade que pauta a Cantiga do ladrão (Rão Kyao e Tiago Torres da Silva) e o refrão do Beijo alentejano (Carlos Gonçalves e Tiago Torres da Silva), de alegria sublinhada pelo acordeom de Filipe Raposo. Água lusa mergulha nesse universo lusitano com fidelidade aos signos da canção portuguesa, mas sem ranços tradicionalistas. O toque de samba inserido ao fim de Uma canção por acaso (Pedro Jóia) é exemplo de que Água lusa foge da tentação de fazer emergir o som exato de um tempo e de um passado já cristalizados na memória afetiva dos admiradores da música portuguesa. Ao mesmo tempo, todos os códigos da música da Terrinha estão lá quando Jussara Silveira canta com técnica e emoção Sereia (Fado menor do Porto) (Jaime Cavalheiro e Tiago Torres da Silva). Códigos realçados pelo toque do violão de Pedro Jóia, pelas cordas dos bandolins de Edu Miranda e pela poesia pura dos versos de Tiago Torres da Silva. Os de Meu amor abre a janela (Fado Santa Luzia) (Armando Machado e Tiago Torres da Silva) até resistem sem música. Mas a música é quase sempre muito bonita. Quem há de resistir à beleza do refrão de O mar fala de ti (Ernesto Leite e Tiago Torres da Silva), em que a voz límpida de Jussara se harmoniza somente com o piano e o acordeom de Filipe Raposo? No fim, a valsa Quase a amanhecer (Pedro Jóia e Tiago Torres da Silva) - em que o toque do alaúde de Jóia evoca a influência árabe na música portuguesa - banha Água lusa de delicadeza, selando a beleza do disco. Basta ouvir Vou num rio (Fado Licas) (Armando Machado e Tiago Torres da Silva) para perceber a portugalidade de Jussara Silveira, fadista por condição.
"Sei que não sou do fado por nascença / E só o posso ser por condição / Por isso, ao começar, peço licença / E assim que terminar, peço perdão", justifica-se Jussara Silveira, através de versos de Na companhia de fadistas (Fado Margaridas) (Miguel Ramos e Tiago Torres da Silva), por dar sua voz precisa a onze canções portuguesas no álbum Água lusa. A humilde justificativa soa simpática, mas dispensável. Grande cantora mineira de criação baiana, Jussara não é do fado por nascença, tendo sido introduzida no universo do ritmo lusitano na infância pela voz imortal da cantora portuguesa Amália Rodrigues (1920 - 1999), ícone do gênero. Só que Jussara tem realmente no canto o que o poeta lusitano Tiago Torres da Silva chama de portugalidade, característica que permite que a cantora brasileira se banhe com naturalidade e frescor nos sentimentos dessas canções portuguesas irmanadas pelo fato de todas as onze terem versos de Torres da Silva, com letras que quase sempre versam sobre amor e mar. Sob a direção musical do guitarrista Pedro Jóia, produtor e arranjador deste belo disco recém-lançado no Brasil pelo selo carioca Dubas Música, Jussara põe essa portugalidade tanto a serviço da melancolia embutida em canções com Voltarei à minha terra (Armandinho e Tiago Torres da Silva) e O nome do mar (Rui Veloso e Tiago Torres da Silva) como a favor da vivacidade que pauta a Cantiga do ladrão (Rão Kyao e Tiago Torres da Silva) e o refrão do Beijo alentejano (Carlos Gonçalves e Tiago Torres da Silva), de alegria sublinhada pelo acordeom de Filipe Raposo. Água lusa mergulha nesse universo lusitano com fidelidade aos signos da canção portuguesa, mas sem ranços tradicionalistas. O toque de samba inserido ao fim de Uma canção por acaso (Pedro Jóia) é exemplo de que Água lusa foge da tentação de fazer emergir o som exato de um tempo e de um passado já cristalizados na memória afetiva dos admiradores da música portuguesa. Ao mesmo tempo, todos os códigos da música da Terrinha estão lá quando Jussara Silveira canta com técnica e emoção Sereia (Fado menor do Porto) (Jaime Cavalheiro e Tiago Torres da Silva). Códigos realçados pelo toque do violão de Pedro Jóia, pelas cordas dos bandolins de Edu Miranda e pela poesia pura dos versos de Tiago Torres da Silva. Os de Meu amor abre a janela (Fado Santa Luzia) (Armando Machado e Tiago Torres da Silva) até resistem sem música. Mas a música é quase sempre muito bonita. Quem há de resistir à beleza do refrão de O mar fala de ti? (Ernesto Leite e Tiago Torres da Silva), em que a voz límpida de Jussara se harmoniza somente com o piano e o acordeom de Filipe Raposo? No fim, a valsa Quase a amanhecer (Pedro Jóia e Tiago Torres da Silva) - em que o toque do alaúde de Jóia evoca a influência árabe na música portuguesa - banha Água lusa de delicadeza, selando a beleza do disco. Basta ouvir Vou num rio (Fado Licas) (Armando Machado e Tiago Torres da Silva) para perceber a portugalidade de Jussara Silveira, fadista por condição.
ResponderExcluirPrimeiro disco de Jussara que ouvi e não senti nada... As canções de Tiago Torres são muito fracas e chatas.
ResponderExcluirEsse disco pode ser resumido assim: zzzzzzz....zzzzzz.....zzzzzz....😴😴😴
ResponderExcluirUm disco para se ouvir nas horas calmas... com tempo para a absorção/reflexão... — Nesses tempos apressados, em que tudo é "pra ontem" ou "já passou", os ouvidos gerais se desacostumaram... Agora (será pra sempre assim?) tudo tem que ser rá-pi-do, ras-tei-ro... Resumindo: Eu gostei/gosto deste disco e da abordagem de Jussara Silveira e seus acompanhantes "afiados" exatamente por isso: pela pausa, pela degustação.
ResponderExcluirAguardando ansioso.... Jussara é cantora fabulosa.
ResponderExcluirAnsioso pra ouvir.... Jussara é enorme cantora!
ResponderExcluirGostei bastante, me surpreendeu.
ResponderExcluirNestes tempo de gritos, de indelicadezas, de grosserias musicais, a voz e os versos cantados por Jussara podem parecer deslocados deste contexto perturbador. Melhor que seja assim, não para aqueles que ainda acreditam na canção, na poesia,na beleza da voz de alguem como Jussara Silveira.
ResponderExcluirFiz uma resenha e duas entrevistas (com Jussara e com o Tiago) pro blog do meu site. Gostaria de disponibilizar aqui para quem queira ler:
ResponderExcluirhttp://www.sitecantorasdobrasil.blogspot.com.br/2013/12/jussara-silveira-e-sua-viagem-pela-agua.html
http://www.sitecantorasdobrasil.blogspot.com.br/2013/12/entrevista-com-jussara-silveira.html
http://www.sitecantorasdobrasil.blogspot.com.br/2013/12/entrevista-com-tiago-torres-da-silva.html