Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

'Pure heroine' impõe Lorde no universo pop sem (chegar a) ser viciante

Resenha de CD
Título: Pure heroine
Artista: Lorde
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Houve um momento neste ano de 2013 em que o universo pop começou a falar de Lorde, apontando a adolescente da Nova Zelândia - de 17 anos completados em novembro - como a sensação do universo pop por conta de seu primeiro álbum, Pure heroine. É aquele momento em que jornais, revistas e blogs musicais começam a falar em bloco de determinado nome, reproduzindo elogios e expandindo culto não raro engendrado por ações do departamento de marketing de alguma gravadora - no caso, a Universal Music. Bastou uma música de Lorde virar viral na rede - Royals, originalmente lançada pela artista no EP The love club, gravado em 2012, mas lançado em março de 2013 - para que a cantora e compositora neozelandesa fosse apontada como a maior revelação pop de todos os tempos daquelas semanas. Incenso de aura mercadológica, desfeita por uma avaliação sensata de Pure heroine. Produzido por Joe Little, o disco é realmente bom sem chegar a ser viciante. A questão é que o art indie pop de Lorde - aditivado com coros em temas como Ribs - soa por vezes monocórdio ao longo das dez faixas do álbum. Há músicas realmente bacanas em Pure heroine, com menções honrosas para Glory and gore e para os singles Royals, Tennis court e Team (de tom tecnopop), mas outras (como White teeth teens e Still sane, por exemplo) passariam batidas não fossem suas letras. A ideologia exposta por Lorde em seus versos é o grande trunfo do disco. Pure heroine versa sobre os desajustes emocionais de uma adolescente face a um mundo consumista, cibernético, em que o próprio universo pop parece conspirar a favor da visão de que, ou você entra na moda e nas ondas, ou é um fracassado, um loser, para usar termo da língua inglesa.  Lorde se sentia uma perdedora quando escreveu as letras de músicas como 400 lux e Buzzcut season (a faixa de contorno mais pop). Por isso, sim, Pure heroine impõe o nome de Lorde - cuja voz por ironia se parece com a de sua desafeta Lana Del Rey - como uma das gratas revelações do universo pop neste ano de 2013. Mas é preciso dimensionar o culto a Lorde, artista que expõe emoções e dilemas reais em suas músicas enquanto suas colegas parecem tomar atitudes fabricadas em série para se ajustarem às regras de jogo volátil e voraz - caso de Miley Cyrus. Resta saber se a fama e o triunfo vão alterar a visão de mundo de Lorde nas próximas músicas.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Houve um momento neste ano de 2013 em que o universo pop começou a falar de Lorde, apontando a adolescente da Nova Zelândia - de 17 anos completados em novembro - como a sensação do universo pop por conta de seu primeiro álbum, Pure heroine. É aquele momento em que jornais, revistas e blogs musicais começam a falar em bloco de determinado nome, reproduzindo elogios e expandindo culto não raro engendrado por ações do departamento de marketing de alguma gravadora - no caso, a Universal Music. Bastou uma música de Lorde virar viral na rede - Royals, originalmente lançada pela artista no EP The love club, gravado em 2012, mas lançado em março de 2013 - para que a cantora e compositora neozelandesa fosse apontada como a maior revelação pop de todos os tempos daquelas semanas. Incenso de aura mercadológica, desfeita por uma avaliação sensata de Pure heroine. Produzido por Joe Little, o disco é realmente bom sem chegar a ser viciante. A questão é que o art indie pop de Lorde - aditivado com coros em temas como Ribs - soa por vezes monocórdio ao longo das dez faixas do álbum. Há músicas realmente bacanas em Pure heroine, com menções honrosas para Glory and gore e para os singles Royals, Tennis court e Team (de tom tecnopop), mas outras (como White teeth teens e Still sane, por exemplo) passariam batidas não fossem suas letras. A ideologia exposta por Lorde em seus versos é o grande trunfo do disco. Pure heroine versa sobre os desajustes emocionais de uma adolescente face a um mundo consumista, cibernético, em que o próprio universo pop parece conspirar a favor da visão de que, ou você entra na moda e nas ondas, ou é um fracassado, um looser, para usar termo da língua inglesa. Lorde se sentia uma perdedora quando escreveu as letras de músicas como 400 lux e Buzzcut season (a faixa de contorno mais pop). Por isso, sim, Pure heroine impõe o nome de Lorde - cuja voz por ironia se parece com a de sua desafeta Lana Del Rey - como uma das gratas revelações do universo pop neste ano de 2013. Mas é preciso dimensionar o culto a Lorde, artista que expõe emoções e dilemas reais em suas músicas enquanto suas colegas parecem tomar atitudes fabricadas em série para se ajustarem às regras de jogo volátil e voraz - caso de Miley Cyrus. Resta saber se a fama e o triunfo vão alterar a visão de mundo de Lorde nas próximas músicas.

Felipe dos Santos disse...

Mauro, só para constar: o termo em inglês que define os desajustados do mundo, os "perdedores" (e bote aspas nisso), é "loser", não "looser".

Dito isto, devo opinar que Lorde, de fato, mostra um lado mais introspectivo do que o perfil "bitch" incorporado por onze entre dez estrelas femininas do mundo "teen/adulto jovem" da música. Miley Cyrus que o diga, mas Selena Gomez também adotou ar mais "femme fatale". Até Taylor Swift distancia-se mais e mais do ar country de sua música dos primórdios, rumando para a pista.

Bem... no fundo, todas são jovens. Sem contar que algumas nem mesmo seguirão com a música (principalmente as vindas da Disney, que uma hora acabam decidindo-se entre atuação e música). Vamos esperar os 25 anos para ver quem amadureceu e quem durou só uns meses.

Felipe dos Santos Souza

Mauro Ferreira disse...

Grato (mais uma vez), Felipe, dessa vez por corrigir meu inglês destreinado. Abs, MauroF