segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Cérebro Eletrônico convida à boa viagem lisérgica em 'Vamos pro quarto'

Resenha de CD
Título: Vamos pro quarto
Artista: Cérebro Eletrônico
Gravadora: Edição independente do artista (à venda no site oficial do grupo)
Cotação: * * * *

Até os dois minutos, Um brinde aos pássaros (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano) - música que abre o quarto álbum do quinteto paulista Cérebro Eletrônico, Vamos pro quarto - dá a impressão de ser canção bucólica que celebra as aves e a natureza. Mas aí, após os dois minutos, a faixa ganha toques psicodélicos e as aves voam em retirada. Tatá Aeroplano (voz), Fernando Maranho (guitarra), Fernando TRZ (teclados), Gustavo Souza (bateria) e Renato Cortez (baixo) propõem viagem lisérgica no sucessor de Deus o diabo no liquidificador (2010). Gravado entre maio e junho deste ano de 2013, Vamos pro quarto transpõe para o estúdio a onda iniciada em dezembro de 2012, em fim de semana em que os cinco integrantes da banda se refugiaram da selva da cidade de São Paulo (SP) em recanto rural de Bragança Paulista (SP). Dessa imersão, nasceram as nove composições de Vamos pro quarto, álbum produzido pelo próprio Cérebro Eletrônico com a colaboração de Otavio Carvalho, o Ota. O resultado é um disco viajante, mas que se recusa a traçar a rota déjà vu da década de 60. As letras curtas de temas como Seus papos não colam (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano) e Oh! my Lou! (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano) abrem espaço para longas passagens instrumentais de tom lisérgico e atual. Já Não bateu (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano), faixa de vibe roqueira, reitera a sensação de que o vocalista Tatá Aeroplano soa como a mais perfeita tradução paulista de Cazuza (1958 - 1990), encarnando boêmio jogado aos pés de toda espécie de exageros noturnos, como relata na letra de Canibais ancestrais (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano). Além da voz, Aeroplano parece dar alma aos versos "Eu já fui triste / Mas muito triste / Hoje eu sou mais" - três versos que compõem toda a letra de Tristeza retrô (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano). Para quem busca melodias convencionais, Vamos pro quarto pode até soar claustrofóbico. Ao experimentar a lisergia no mundo rural, Libertem os faunos (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano), por exemplo, é prova de que o Cérebro Eletrônico funciona sem o raciocínio pop. O álbum se sustenta nos arranjos e nos timbres que dão sentido a músicas de rala inspiração melódica, caso de Egyptian birinights (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano), tema que conduz a viagem psicodélica a outras galáxias. Contudo, as doses lisérgicas do disco não alteraram o estado de consciência do Cérebro Eletrônico. De surrealista narrativa cinematográfica que ecoa influências dos sons da vanguarda paulista dos anos 80, A internet parou (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano) sintoniza a solidão e a insensibilidade humana em tempos virtuais de caos social e existencial. Sim, o Cérebro Eletrônico viaja, mas sem perder a lucidez.

Um comentário:

  1. Até os dois minutos, Um brinde aos pássaros (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano) - música que abre o quarto álbum do quinteto paulista Cérebro Eletrônico, Vamos pro quarto - dá a impressão de ser canção bucólica que celebra as aves e a natureza. Mas aí, após os dois minutos, a faixa ganha toques psicodélicos e as aves voam em retirada. Tatá Aeroplano (voz), Fernando Maranho (guitarra), Fernando TRZ (teclados), Gustavo Souza (bateria) e Renato Cortez (baixo) propõem viagem lisérgica no sucessor de Deus o diabo no liquidificador (2010). Gravado entre maio e junho deste ano de 2013, Vamos pro quarto transpõe para o estúdio a onda iniciada em dezembro de 2012, em fim de semana em que os cinco integrantes da banda se refugiaram da selva da cidade de São Paulo (SP) em recanto rural de Bragança Paulista (SP). Dessa imersão, nasceram as nove composições de Vamos pro quarto, álbum produzido pelo próprio Cérebro Eletrônico com a colaboração de Otavio Carvalho, o Ota. O resultado é um disco viajante, mas que se recusa a traçar a rota déjà vu da década de 60. As letras curtas de temas como Seus papos não colam (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano) e Oh! my Lou! (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano) abrem espaço para longas passagens instrumentais de tom lisérgico e atual. Já Não bateu (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano), faixa de vibe roqueira, reitera a sensação de que o vocalista Tatá Aeroplano soa como a mais perfeita tradução paulista de Cazuza (1958 - 1990), encarnando boêmio jogado aos pés de toda espécie de exageros noturnos, como relata na letra de Canibais ancestrais (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano). Além da voz, Aeroplano parece dar alma aos versos "Eu já fui triste / Mas muito triste / Hoje eu sou mais" - três versos que compõem toda a letra de Tristeza retrô (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano). Para quem busca melodias convencionais, Vamos pro quarto pode até soar claustrofóbico. Ao experimentar a lisergia no mundo rural, Libertem os faunos (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano), por exemplo, é prova de que o Cérebro Eletrônico funciona sem o raciocínio pop. O álbum se sustenta nos arranjos e nos timbres que dão sentido a músicas de rala inspiração melódica, caso de Egyptian birinights (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano), tema que conduz a viagem psicodélica a outras galáxias. Contudo, as doses lisérgicas do disco não alteraram o estado de consciência do Cérebro Eletrônico. De surrealista narrativa cinematográfica que ecoa influências dos sons da vanguarda paulista dos anos 80, A internet parou (Fernando Maranhão, Fernando TRZ, Gustavo Souza, Renato Cortez e Tatá Aeroplano) sintoniza a solidão e a insensibilidade humana em tempos virtuais de caos social e existencial. Sim, o Cérebro Eletrônico viaja, mas sem perder a lucidez.

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