Mauro Ferreira no G1

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domingo, 15 de dezembro de 2013

Cordeiro vira 'entertainer' ao cantar 'música para bibas' no retorno ao Rio

Resenha de show
Título: Discoclubbing 15 anos
Artista: Edson Cordeiro (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Miranda (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 15 de dezembro de 2013
Cotação: * * *

Em determinado momento da estreia do show Discoclubbing 15 anos no Rio de Janeiro (RJ), Edson Cordeiro interrompeu a cantoria de sucessos da era da disco music - extraídos dos repertórios dos CDs Disco clubbing ao vivo (Sony Music, 1998) e Disco clubbing 2 - Mestre de cerimônia (Sony Music, 1999) - e começou a entrevistar os backing-vocals Augusto César e Victor Benain. As perguntas foram meros pretextos para a obtenção de respostas maliciosas para provocar a libido do público GLS que ocupou parte da pista da casa Miranda no início da madrugada deste domingo, 15 de dezembro de 2013, para ver o show que marcou o retorno aos palcos cariocas deste cantor paulista radicado na Alemanha desde 2007. Celebrizado no Brasil no início dos anos 90, por conta de sua potente e extensa voz de contratenor, que lhe permite alternar registros de tons masculino e feminino, o cantor virou atualmente um entertainer de plateias GLS, cantando o que caracterizou com humor em cena de "música para bibas". A voz ainda está lá e, mesmo resultando menos impactante do que há duas décadas, deslumbrou quando Cordeiro escalou sem esforço as notas de L'amour est un oiseau rebelle (Habanera) em releitura eletrônica da ária mais famosa da ópera Carmen (Georges Bizet, 1875). Sua Car-Men elektrica foi licença musical em show centrado nos hits das discotecas, cantados por Cordeiro com as bases eletrônicas do tecladista Franco Jr. - já presente no CD Disco clubbing ao vivo, registro de show captado em agosto de 1998 no Rio de Janeiro (RJ). Tais hits, contudo, ressurgem em cena sem soarem como cópias de suas imbatíveis gravações originais. A percussão de Eric Chica põe molho e suingue brasileiros em temas como We are family (Nile Rodgers e Bernards Edwards, 1979) - sucesso do feminino grupo norte-americano Sister Sledge- e Don't let me be misunderstood (Bennie Benjamin, Gloria Caldwell e Sol Marcus, 1964), música que o grupo franco-americano Santa Esmeralda jogou na pista da discotecas em 1977 com dose farta de latinidade em gravação de pegada flamenca. Dentro desse espírito, Last dance (Paul Jabara) - um dos hits imortais da cantora norte-americana Donna Summer (1948 - 2012) - terminou naturalmente em samba, fechando com batucada um show valorizado pelas belas presenças cênicas dos vocalistas Augusto César e Victor Benain. Shows à parte no palco baixo da casa Miranda, o baiano Augusto e o paulista Victor cantaram, dançaram e interagiram com Cordeiro. Indo além da função de backing-vocals, eles dividiram com o mestre de cerimônias as interpretações de músicas como That's the way (I like it) (Harry Casey e Richard Finch, 1975), sucesso de KC and The Sunshine Band. Quase no fim, Augusto César até encarnou um MC e inseriu rap em I will survive (Freddie Perren e Dino Fekaris, 1978), hino femininista da cantora norte-americana Gloria Gaynor. Por atuar como entertainer, o cantor deixou que o show por vezes perdesse o pique. A enquete sobre o estado civil da plateia - feita antes da balada Music and me (Jerry Marcellino, Mel Larson, Don Fenceton e Mike Cannon, 1973), sucesso da fase infanto-juvenil da carreira de Michael Jackson (1958 - 2009) - resultou boba e sem graça. Assim como a ênfase nas coreografias de Freak le boom boom (Mister Sam, 1979), sucesso da carioca Gretchen, acoplado em medley com outro hit, Conga conga conga (Mister Sam, 1980), da rebolativa entertainer da era brasileira das discotecas. No segundo bis, a lembrança de Titanium (Sia Furler, David Guetta, Giorgio Tuinfort e Nick Van de Wall, 2011) - sucesso recente de David Guetta, DJ francês de pop dance - mostrou que Edson Cordeiro continua antenado com o som das pistas. Por isso mesmo, já passa da hora de o cantor estrear no Brasil espetáculo escorado em seu momento presente. 

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Em determinado momento da estreia do show Discoclubbing 15 anos no Rio de Janeiro (RJ), Edson Cordeiro interrompeu a cantoria de sucessos da era da disco music - extraídos dos repertórios dos CDs Disco clubbing ao vivo (Sony Music, 1998) e Disco clubbing 2 - Mestre de cerimônia (Sony Music, 1999) - e começou a entrevistar os backing-vocals Augusto César e Victor Benain. As perguntas foram meros pretextos para a obtenção de respostas maliciosas para provocar a libido do público GLS que ocupou parte da pista da casa Miranda no início da madrugada deste domingo, 15 de dezembro de 2013, para ver o show que marcou o retorno aos palcos cariocas deste cantor paulista radicado na Alemanha desde 2007. Celebrizado no Brasil no início dos anos 90, por conta de sua potente e extensa voz de contratenor, que lhe permite alternar registros de tons masculino e feminino, o cantor virou atualmente um entertainer de plateias GLS, cantando o que caracterizou com humor em cena de "música para bibas". A voz ainda está lá e, mesmo resultando menos impactante do que há duas décadas, deslumbrou quando Cordeiro escalou sem esforço as notas de L'amour est un oiseau rebelle (Habanera) em releitura eletrônica da ária mais famosa da ópera Carmen (Georges Bizet, 1875). Sua Car-Men elektrica foi licença musical em show centrado nos hits das discotecas, cantados por Cordeiro com as bases eletrônicas do tecladista Franco Jr. - já presente no CD Disco clubbing ao vivo, registro de show captado em agosto de 1998 no Rio de Janeiro (RJ). Tais hits, contudo, ressurgem em cena sem soarem como cópias de suas imbatíveis gravações originais. A percussão de Eric Chica põe molho e suingue brasileiros em temas como We are family (Nile Rodgers e Bernards Edwards, 1979) - sucesso do feminino grupo norte-americano Sister Sledge- e Don't let me be misunderstood (Bennie Benjamin, Gloria Caldwell e Sol Marcus, 1964), música que o grupo franco-americano Santa Esmeralda jogou na pista da discotecas em 1977 com dose farta de latinidade em gravação de pegada flamenca. Dentro desse espírito, Last dance (Paul Jabara) - um dos hits imortais da cantora norte-americana Donna Summer (1948 - 2012) - terminou naturalmente em samba, fechando com batucada um show valorizado pelas belas presenças cênicas dos vocalistas Augusto César e Victor Benain. Shows à parte no palco baixo da casa Miranda, o baiano Augusto e o paulista Victor cantaram, dançaram e interagiram com Cordeiro. Indo além da função de backing-vocals, eles dividiram com o mestre de cerimônias as interpretações de músicas como That's the way (I like it) (Harry Casey e Richard Finch, 1975), sucesso de KC and The Sunshine Band. Quase no fim, Augusto César até encarnou um MC e inseriu rap em I will survive (Freddie Perren e Dino Fekaris, 1978), hino femininista da cantora norte-americana Gloria Gaynor. Por atuar como entertainer, o cantor deixou que o show por vezes perdesse o pique. A enquete sobre o estado civil da plateia - feita antes da balada Music and me (Jerry Marcellino, Mel Larson, Don Fenceton e Mike Cannon, 1973), sucesso da fase infanto-juvenil da carreira de Michael Jackson (1958 - 2009) - resultou boba e sem graça. Assim como a ênfase nas coreografias de Freak le boom boom (Mister Sam, 1979), sucesso da carioca Gretchen, acoplado em medley com outro hit, Conga conga conga (Mister Sam, 1980), da rebolativa entertainer da era brasileira das discotecas. No segundo bis, a lembrança de Titanium (Sia Furler, David Guetta, Giorgio Tuinfort e Nick Van de Wall, 2011) - sucesso recente de David Guetta, DJ francês de pop dance - mostrou que Edson Cordeiro continua antenado com o som das pistas. Por isso mesmo, já passa da hora de o cantor estrear no Brasil espetáculo escorado em seu momento presente.