quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Diretor que moldou a personalidade teatral de Bethânia, Arap sai de cena

A cena está muda, de luto, com a morte de Fauzi Arap (1938 - 2013). Aos 75 anos, o ator, diretor, dramaturgo e roteirista paulista saiu de cena na manhã de hoje, 5 de dezembro de 2013, mas deixou legado inestimável para o teatro brasileiro e também para a dramaturgia musical do país. Foi Arap quem deu rumo teatral à carreira de Maria Bethânia, cantora baiana que irrompeu como um furacão na cena nacional ao substituir a cantora capixaba Nara Leão (1942 - 1989) no espetáculo Opinião, a partir de fevereiro de 1965. Passada a explosão do Opinião, Bethânia voltou para a Bahia, decidida a não se transformar numa cantora de música de protesto, como queria o mercado fonográfico da época. Na volta ao Rio de Janeiro (RJ), Bethânia procurou Arap e, com o auxílio do diretor, criou sua forte personalidade cênica, transformando-se na intérprete reverenciada como uma das mais importantes do Brasil em todos os tempos. Iniciada há 46 anos, quando Arap dirigiu o primeiro show expressivo de Bethânia, Comigo me desavim (1967), a longeva parceria da artista com o arquiteto de sua cena - mantida ainda neste ano de 2013, já que Arap assinou com a cantora o roteiro do show Carta de amor - alcançou ponto culminante logo no início dos anos 70 com o show Rosa dos ventos (1971), espetáculo emblemático de dramaturgia que norteou, a partir de então, a trajetória de Bethânia nos palcos brasileiros. Toda a interseção entre música, teatro e poesia dos espetáculos de Bethânia - mistura que permitiu à intérprete mostrar todo seu potencial dramático em cena - foi criação de Arap, que dirigiria a cantora em shows posteriores como A cena muda (1974), Pássaro da manhã (1977) e Estranha forma de vida (1981). A partir dos anos 90, Arap deixou de dirigir Bethânia, mas permaneceu auxiliando a intérprete na criação dos roteiros bem amarrados de seus espetáculos. Seu d.n.a. teatral também está impresso na gênese de shows antológicos como Âmbar (1996) - perpetuado em disco duplo ao vivo de 1997 com o título de Imitação da vida - e Maricotinha (2001). Por mais que Bethânia tenha luz própria como intérprete e uma carga dramática natural, já perceptível em sua estreia no Opinião (1965), foi Arap quem moldou toda essa dramaticidade e deu um rumo à carreira da intérprete nos palcos. Enlutada e perplexa, a cena está muda com a saída de Arap dos palcos.

4 comentários:

  1. A cena está muda, de luto, com a morte de Fauzi Arap (1938 - 2013). Aos 75 anos, o ator, diretor, dramaturgo e roteirista paulista saiu de cena na manhã de hoje, 5 de dezembro de 2013, mas deixou legado inestimável para o teatro brasileiro e também para a dramaturgia musical do país. Foi Arap quem deu rumo teatral à carreira de Maria Bethânia, cantora baiana que irrompeu como um furacão na cena nacional ao substituir a cantora capixaba Nara Leão (1942 - 1989) no espetáculo Opinião, a partir de fevereiro de 1965. Passada a explosão do Opinião, Bethânia voltou para a Bahia, decidida a não se transformar numa cantora de música de protesto, como queria o mercado fonográfico da época. Na volta ao Rio de Janeiro (RJ), Bethânia procurou Arap e, com o auxílio do diretor, criou sua forte personalidade cênica, transformando-se na intérprete reverenciada como uma das mais importantes do Brasil em todos os tempos. Iniciada há 46 anos, quando Arap dirigiu o primeiro show expressivo de Bethânia, Comigo me desavim (1967), a longeva parceria da artista com o arquiteto de sua cena - mantida ainda neste ano de 2013, já que Arap assinou com a cantora o roteiro do show Carta de amor - alcançou ponto culminante logo no início dos anos 70 com o show Rosa dos ventos (1971), espetáculo emblemático de dramaturgia que norteou, a partir de então, a trajetória de Bethânia nos palcos brasileiros. Toda a interseção entre música, teatro e poesia dos espetáculos de Bethânia - mistura que permitiu à intérprete mostrar todo seu potencial dramático em cena - foi criação de Arap, que dirigiria a cantora em shows posteriores como A cena muda (1974), Pássaro da manhã (1977) e Estranha forma de vida (1981). A partir dos anos 90, Arap deixou de dirigir Bethânia, mas permaneceu auxiliando a intérprete na criação dos roteiros bem amarrados de seus espetáculos. Seu d.n.a. teatral também está impresso na gênese de shows antológicos como Âmbar (1996) - perpetuado em disco duplo ao vivo de 1997 com o título de Imitação da vida - e Maricotinha (2001). Por mais que Bethânia tenha luz própria como intérprete e uma carga dramática natural, já perceptível em sua estreia no Opinião (1965), foi Arap quem moldou toda essa dramaticidade e deu um rumo à carreira da intérprete nos palcos. Enlutada e perplexa, a cena está muda com a saída de Arap dos palcos.

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  2. Disse muito bem, Mauro. Enlutados, perplexos e mudos estamos todos - eu, ao menos - com essa notícia. Tive a chance de assistir o Fauzi em uma de suas raras aparições em SP para uma palestra sobre o gênero teatral e justamente "A Cena Muda" foi seu trabalho de maior orgulho (nas palavras do próprio). Sabemos que é inevitável, a morte vem pra cada um, mas que é um baque quando grandes personalidades se vão, aí não há discussão. Pena também que dona Maria não terá mais seu auxílio. Uma grande pena.

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  3. Não sabia. Depois fui ler mais. Uma pena.

    Arap foi para Bethânia o que Flávio Rangel foi para Simone, o que Antônio Cícero foi (e aqui, é) para Marina Lima, o que Cesar Mariano foi para Elis, o que Guilherme Araújo foi para Gal... enfim, um parceiro que aponta caminhos, que compreende perfeitamente o artista, alguém capaz de ajudá-lo a concretizar seu pensamento.

    No caso de Berré, coloque-se na lista gente como Jaime Alem, Augusto Boal (também de saudosa memória), o Terra Trio etc.

    Triste perda.

    Felipe dos Santos Souza

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  4. Não acredito... Grande perda... Que descanse em paz, e que dirija, agora, peças celestiais para os anjos cantarem.

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