A cena está muda, de luto, com a morte de Fauzi Arap (1938 - 2013). Aos 75 anos, o ator, diretor, dramaturgo e roteirista paulista saiu de cena na manhã de hoje, 5 de dezembro de 2013, mas deixou legado inestimável para o teatro brasileiro e também para a dramaturgia musical do país. Foi Arap quem deu rumo teatral à carreira de Maria Bethânia, cantora baiana que irrompeu como um furacão na cena nacional ao substituir a cantora capixaba Nara Leão (1942 - 1989) no espetáculo Opinião, a partir de fevereiro de 1965. Passada a explosão do Opinião, Bethânia voltou para a Bahia, decidida a não se transformar numa cantora de música de protesto, como queria o mercado fonográfico da época. Na volta ao Rio de Janeiro (RJ), Bethânia procurou Arap e, com o auxílio do diretor, criou sua forte personalidade cênica, transformando-se na intérprete reverenciada como uma das mais importantes do Brasil em todos os tempos. Iniciada há 46 anos, quando Arap dirigiu o primeiro show expressivo de Bethânia, Comigo me desavim (1967), a longeva parceria da artista com o arquiteto de sua cena - mantida ainda neste ano de 2013, já que Arap assinou com a cantora o roteiro do show Carta de amor - alcançou ponto culminante logo no início dos anos 70 com o show Rosa dos ventos (1971), espetáculo emblemático de dramaturgia que norteou, a partir de então, a trajetória de Bethânia nos palcos brasileiros. Toda a interseção entre música, teatro e poesia dos espetáculos de Bethânia - mistura que permitiu à intérprete mostrar todo seu potencial dramático em cena - foi criação de Arap, que dirigiria a cantora em shows posteriores como A cena muda (1974), Pássaro da manhã (1977) e Estranha forma de vida (1981). A partir dos anos 90, Arap deixou de dirigir Bethânia, mas permaneceu auxiliando a intérprete na criação dos roteiros bem amarrados de seus espetáculos. Seu d.n.a. teatral também está impresso na gênese de shows antológicos como Âmbar (1996) - perpetuado em disco duplo ao vivo de 1997 com o título de Imitação da vida - e Maricotinha (2001). Por mais que Bethânia tenha luz própria como intérprete e uma carga dramática natural, já perceptível em sua estreia no Opinião (1965), foi Arap quem moldou toda essa dramaticidade e deu um rumo à carreira da intérprete nos palcos. Enlutada e perplexa, a cena está muda com a saída de Arap dos palcos.
Guia jornalístico do mercado fonográfico brasileiro com resenhas de discos, críticas de shows e notícias diárias sobre futuros lançamentos de CDs e DVDs. Do pop à MPB. Do rock ao funk. Do axé ao jazz. Passando por samba, choro, sertanejo, soul, rap, blues, baião, música eletrônica e música erudita. Atualizado diariamente. É proibida a reprodução de qualquer texto ou foto deste site em veículo impresso ou digital - inclusive em redes sociais - sem a prévia autorização do editor Mauro Ferreira.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
A cena está muda, de luto, com a morte de Fauzi Arap (1938 - 2013). Aos 75 anos, o ator, diretor, dramaturgo e roteirista paulista saiu de cena na manhã de hoje, 5 de dezembro de 2013, mas deixou legado inestimável para o teatro brasileiro e também para a dramaturgia musical do país. Foi Arap quem deu rumo teatral à carreira de Maria Bethânia, cantora baiana que irrompeu como um furacão na cena nacional ao substituir a cantora capixaba Nara Leão (1942 - 1989) no espetáculo Opinião, a partir de fevereiro de 1965. Passada a explosão do Opinião, Bethânia voltou para a Bahia, decidida a não se transformar numa cantora de música de protesto, como queria o mercado fonográfico da época. Na volta ao Rio de Janeiro (RJ), Bethânia procurou Arap e, com o auxílio do diretor, criou sua forte personalidade cênica, transformando-se na intérprete reverenciada como uma das mais importantes do Brasil em todos os tempos. Iniciada há 46 anos, quando Arap dirigiu o primeiro show expressivo de Bethânia, Comigo me desavim (1967), a longeva parceria da artista com o arquiteto de sua cena - mantida ainda neste ano de 2013, já que Arap assinou com a cantora o roteiro do show Carta de amor - alcançou ponto culminante logo no início dos anos 70 com o show Rosa dos ventos (1971), espetáculo emblemático de dramaturgia que norteou, a partir de então, a trajetória de Bethânia nos palcos brasileiros. Toda a interseção entre música, teatro e poesia dos espetáculos de Bethânia - mistura que permitiu à intérprete mostrar todo seu potencial dramático em cena - foi criação de Arap, que dirigiria a cantora em shows posteriores como A cena muda (1974), Pássaro da manhã (1977) e Estranha forma de vida (1981). A partir dos anos 90, Arap deixou de dirigir Bethânia, mas permaneceu auxiliando a intérprete na criação dos roteiros bem amarrados de seus espetáculos. Seu d.n.a. teatral também está impresso na gênese de shows antológicos como Âmbar (1996) - perpetuado em disco duplo ao vivo de 1997 com o título de Imitação da vida - e Maricotinha (2001). Por mais que Bethânia tenha luz própria como intérprete e uma carga dramática natural, já perceptível em sua estreia no Opinião (1965), foi Arap quem moldou toda essa dramaticidade e deu um rumo à carreira da intérprete nos palcos. Enlutada e perplexa, a cena está muda com a saída de Arap dos palcos.
Disse muito bem, Mauro. Enlutados, perplexos e mudos estamos todos - eu, ao menos - com essa notícia. Tive a chance de assistir o Fauzi em uma de suas raras aparições em SP para uma palestra sobre o gênero teatral e justamente "A Cena Muda" foi seu trabalho de maior orgulho (nas palavras do próprio). Sabemos que é inevitável, a morte vem pra cada um, mas que é um baque quando grandes personalidades se vão, aí não há discussão. Pena também que dona Maria não terá mais seu auxílio. Uma grande pena.
Não sabia. Depois fui ler mais. Uma pena.
Arap foi para Bethânia o que Flávio Rangel foi para Simone, o que Antônio Cícero foi (e aqui, é) para Marina Lima, o que Cesar Mariano foi para Elis, o que Guilherme Araújo foi para Gal... enfim, um parceiro que aponta caminhos, que compreende perfeitamente o artista, alguém capaz de ajudá-lo a concretizar seu pensamento.
No caso de Berré, coloque-se na lista gente como Jaime Alem, Augusto Boal (também de saudosa memória), o Terra Trio etc.
Triste perda.
Felipe dos Santos Souza
Não acredito... Grande perda... Que descanse em paz, e que dirija, agora, peças celestiais para os anjos cantarem.
Postar um comentário