Resenha de CD
Título: Flavio Tris
Artista: Flavio Tris
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * *
Disco disponível para download gratuito e legalizado no site oficial do artista
Basta ouvir Fotografia - primeira das 13 músicas autorais do primeiro álbum de Flavio Tris, gravada com o violão de aço e os vocais de Luiz Gabriel Lopes - para identificar no disco influências da época áurea (1965 - 1982) da MPB. Sim, o CD Flavio Tris - lançado de forma independente neste segundo semestre de 2013 - explicita as fontes nas quais bebeu o cantor, compositor e músico paulistano. Tris se apresenta em tom contemporâneo, mas suas músicas remetem a alguns lugares do passado musical do Brasil pré e pós-Bossa Nova. Em atividade profissional desde 2009, o artista debutou no mercado fonográfico há três anos com a edição do EP Flavio Tris (2010). Das cinco músicas deste seminal EP, somente uma - Brisa boa, vento leste - não figura no álbum (bem) produzido por Alê Siqueira. As outras quatro músicas - Alento noturno, Asa de São João, Pra ver a voz e Sereia da noite - ganham novos registros formatados por Alê. Alento noturno começa minimalista no estilo voz & acordeom (o tocado por Maurício Mass) e vai ganhando vivacidade no arranjo que evoca os tangos do compositor e bandoneonista argentino Astor Piazzolla (1921 - 1992). Já Asa de São João é baião que celebra o legado do compositor pernambucano Luiz Gonzaga (1912 - 1989) com letra construída com versos de músicas do rei do gênero. Pra ver a voz é balada que reitera o elo de Tris com a MPB nascida na era dos festivais. Ligação reforçada pela arquitetura buarquiana da letra da erotizada Selva, pela pulsação de Noite e pela evocação em De manhã da musicalidade vivaz de Gilberto Gil. Tantas influências - deglutidas de forma contemporânea pela produção de Alê Siqueira - não diluem a assinatura própria da obra autoral de Tris, que se revela um bom compositor, capaz inclusive de criar bolerão de versos passionais, Sejas tu, gravado com a cantora paulista Tulipa Ruiz. Com versos de imagens fortes, Pandora corrobora o talento do compositor, remetendo à fase inicial e mais brasileira da obra de Gil, aparentemente uma referência forte para Tris. Por mais que o canto eficiente de Tris tenha gama limitada de cores, salta aos ouvidos o brilho de Sol nosso de cada tempo, faixa gravada com a adesão da voz de Celso Sim e arranjada lindamente somente com o piano (tocado pelo próprio Tris) e violoncelo (de Bruno Serroni). Músico polivalente, Tris também toca o violão de Porto de descanso, tema (in)tenso, mas com arranjo de paradoxal serenidade, contrastante com o tom carnavalizante de Tudo, faixa que agrega os vocais de Celso Sim, Filipe Catto e Leo Cavalcanti ao fim do CD. Enfim, Flavio Tris - o disco - apresenta bom compositor que ecoa tradições da MPB e da Nação Nordestina sem soar passadista. Merece a atenção dos que cultuam o gênero.
Basta ouvir Fotografia - primeira das 13 músicas autorais do primeiro álbum de Flavio Tris, gravada com o violão de aço e os vocais de Luiz Gabriel Lopes - para identificar no disco influências da época áurea (1965 - 1982) da MPB. Sim, o CD Flavio Tris - lançado de forma independente neste segundo semestre de 2013 - explicita as fontes nas quais bebeu o cantor, compositor e músico paulistano. Tris se apresenta em tom contemporâneo, mas suas músicas remetem a alguns lugares do passado musical do Brasil pré e pós-Bossa Nova. Em atividade profissional desde 2009, o artista debutou no mercado fonográfico há três anos com a edição do EP Flavio Tris (2010). Das cinco músicas deste seminal EP, somente uma - Brisa boa, vento leste - não figura no álbum (bem) produzido por Alê Siqueira. As outras quatro músicas - Alento noturno, Asa de São João, Pra ver a voz e Sereia da noite - ganham novos registros formatados por Alê. Alento noturno começa minimalista no estilo voz & acordeom (o tocado por Maurício Mass) e vai ganhando vivacidade no arranjo que evoca os tangos do compositor e bandoneonista argentino Astor Piazzolla (1921 - 1992). Já Asa de São João é baião que celebra o legado do compositor pernambucano Luiz Gonzaga (1912 - 1989) com letra construída com versos de músicas do rei do gênero. Pra ver a voz é balada que reitera o elo de Tris com a MPB nascida na era dos festivais. Ligação reforçada pela arquitetura buarquiana da letra da erotizada Selva, pela pulsação de Noite e pela evocação em De manhã da musicalidade vivaz de Gilberto Gil. Tantas influências - deglutidas de forma contemporânea pela produção de Alê Siqueira - não diluem a assinatura própria da obra autoral de Tris, que se revela um bom compositor, capaz inclusive de criar bolerão de versos passionais, Sejas tu, gravado com a cantora paulista Tulipa Ruiz. Com versos de imagens fortes, Pandora corrobora o talento do compositor, remetendo à fase inicial e mais brasileira da obra de Gil, aparentemente uma referência forte para Tris. Por mais que o canto eficiente de Tris tenha gama limitada de cores, salta aos ouvidos o brilho de Sol nosso de cada tempo, faixa gravada com a adesão da voz de Celso Sim e arranjada lindamente somente com o piano (tocado pelo próprio Tris) e violoncelo (de Bruno Serroni). Músico polivalente, Tris também toca o violão de Porto de descanso, tema (in)tenso, mas com arranjo de paradoxal serenidade, contrastante com o tom carnavalizante de Tudo, faixa que agrega os vocais de Celso Sim, Filipe Catto e Leo Cavalcanti ao fim do CD. Enfim, Flavio Tris - o disco - apresenta bom compositor que ecoa tradições da MPB e da Nação Nordestina sem soar passadista. Merece a atenção dos que cultuam o gênero.
ResponderExcluirSó agora ouvi o disco todo- muito belo !!Olha um compositor para as intérpretes se ligarem !
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