segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Gadú interpreta Cazuza em show no Rio sem recorrer à muleta do 'cover'

Resenha de show
Evento: Banco do Brasil covers
Título: Maria Gadú interpreta Cazuza
Artista: Maria Gadú (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 1º de dezembro de 2013
Cotação: * * * 1/2

Maria Gadú usou muleta na apresentação carioca do show em que interpreta o repertório de Cazuza (1958 - 1990) dentro do projeto Banco do Brasil covers. Mas a muleta foi usada somente para ajudar a artista paulista - ainda com sua locomoção parcialmente comprometida por ter rompido os ligamentos do joelho - a se movimentar pelo palco da Casa Vivo Rio na noite de 1º de dezembro de 2103. Em cena, Gadú jamais recorreu à muleta dos covers. Ao contrário: cantou Cazuza com ousadias estilísticas e com a personalidade forte já mostrada em seu show de intérprete Doncovim (2012). Alvo de amores e ódios expressados na mesma intensa proporção, Gadú - justiça seja feita - jamais escolheu o caminho mais fácil. Em 2011, ao gravar seu segundo álbum de estúdio, Mais uma página (Slap, 2011), mexeu no time vitorioso do CD de estreia Maria Gadú (2009) e mudou o disco, virando a página. Já o show Maria Gadú interpreta Cazuza - formatado sob a direção de Monique Gardenberg - virou do avesso o cancioneiro do Exagerado, retrato contundente do Brasil e do rock dos anos 80. Já na abertura do show - em que o violoncelista Federico Puppi fez seu instrumento soar como frenética rabeca - Gadú deu a pista de que ia inventar moda, cantando os versos de O tempo não para (Arnaldo Brandão e Cazuza, 1988) de forma recitada, sob baticum intenso, com direito à troca da palavra bicha por sapatão na letra que teve seu sentido realçado na voz da assumida Gadú. Na sequência, Posando de star (Roberto Frejat e Cazuza, 1982) - rock do primeiro álbum do Barão Vermelho, o grupo carioca que projetou Cazuza como cantor e compositor - veio à cena em tom agitado, nervoso. Não, Gadú não fez covers de Cazuza em clima de barzinho. Se alguém ainda duvidava, a cantora mostrou definitivamente a que veio ao alterar a divisão e a entonação de O nosso amor a gente inventa (Estória romântica) (João Rebouças, Rogério Meanda e Cazuza, 1987), terceira das 20 músicas do roteiro pontuado por saudações a João Araújo (1935 - 2013), pai do homenageado, morto na véspera da apresentação do show no Rio de Janeiro (RJ), cidade natal de Cazuza e destino final (em 2013) da turnê que passou Natal (RN), Recife (PE), Fortaleza (CE) e Porto Alegre (RS). Se Mais feliz (Dé Palmeira, Cazuza e Bebel Gilberto, 1986) ganhou suingue inadequado no toque da banda que incluiu o guitarrista Fernando Caneca e o baterista Cezinha, Faz parte do meu show (Renato Ladeira e Cazuza, 1988) teve diluída a aura bossa-novista da gravação original de Cazuza sem perder seu clima de intimidade, como se Gadú sussurrasse a letra ao pé do ouvido da personagem de uma estória romântica. Já Medieval II (Rogério Meanda e Cazuza, 1985) recuperou a pegada roqueira do show enquanto Bete Balanço (Roberto Frejat e Cazuza, 1985) caiu no suingue da percussão da banda. Um dos grandes momentos do show, Vida louca vida (Lobão e Bernardo Vilhena, 1987) ganhou interpretação arrebatadora, perfeita ao alternar andamentos elétricos e os tons suaves do refrão, cantado por Gadú quase como um lamento pela brevidade da vida. Todo amor que houver nessa vida (Roberto Frejat e Cazuza, 1982) foi outro acerto, pois o toque mais minimalista do arranjo evidenciou toda a força poética dos versos que, entre 1982 e 1983, chamaram a atenção de nomes da MPB, como Caetano Veloso, para o nome e a música de Cazuza. Em contrapartida, Preciso dizer que te amo (Dé Palmeira, Cazuza e Bebel Gilberto, 1986) - linkada no roteiro com Todo amor que houver nessa vida - perdeu sua delicadeza romântica na pulsação agitada da abordagem de Gadú. Pequeno deslize encoberto, dois números depois, pela grande interpretação do Blues da piedade (Roberto Frejat e Cazuza, 1988). Gestos, tons e ênfases da cantora valorizaram a pregação da letra impiedosa com as almas pequenas. Alocado no roteiro após a releitura veloz de Exagerado (Leoni, Ezequiel Neves e Cazuza, 1985), luminoso instante pop da carreira solo de Cazuza, o samba-rock Brasil (George Israel, Nilo Romero e Cazuza, 1988) também ganhou tom bluesy em outra amostra de que Gadú se debruçou sem preguiça no cancioneiro de Cazuza. Ao fechar o show cantando os versos "Aquele garoto que ia mudar o mundo / Agora assiste a tudo em cima do muro", a cantora deu sentido metafísico a esses versos de Ideologia (Roberto Frejat e Cazuza, 1988) em (mais uma) prova de que não precisou de muletas para interpretar Cazuza.

11 comentários:

  1. Maria Gadú usou muleta na apresentação carioca do show em que interpreta o repertório de Cazuza (1958 - 1990) dentro do projeto Banco do Brasil covers. Mas a muleta foi usada somente para ajudar a artista paulista - ainda com sua locomoção parcialmente comprometida por ter rompido os ligamentos do joelho - a se movimentar pelo palco da Casa Vivo Rio na noite de 1º de dezembro de 2103. Em cena, Gadú jamais recorreu à muleta dos covers. Ao contrário: cantou Cazuza com ousadias estilísticas e com a personalidade forte já mostrada em seu show de intérprete Doncovim (2012). Alvo de amores e ódios expressados na mesma intensa proporção, Gadú - justiça seja feita - jamais escolheu o caminho mais fácil. Em 2011, ao gravar seu segundo álbum de estúdio, Mais uma página (Slap, 2011), mexeu no time vitorioso do CD de estreia Maria Gadú (2009) e mudou o disco, virando a página. Já o show Maria Gadú interpreta Cazuza - formatado sob a direção de Monique Gardenberg - virou do avesso o cancioneiro do Exagerado, retrato contundente do Brasil e do rock dos anos 80. Já na abertura do show - em que o violoncelista Federico Puppi fez seu instrumento soar como frenética rabeca - Gadú deu a pista de que ia inventar moda, cantando os versos de O tempo não para (Arnaldo Brandão e Cazuza, 1988) de forma recitada, sob baticum intenso, com direito à troca da palavra bicha por sapatão na letra que teve seu sentido realçado na voz da assumida Gadú. Na sequência, Posando de star (Roberto Frejat e Cazuza, 1982) - rock do primeiro álbum do Barão Vermelho, o grupo carioca que projetou Cazuza como cantor e compositor - veio à cena em tom agitado, nervoso. Não, Gadú não fez covers de Cazuza em clima de barzinho. Se alguém ainda duvidava, a cantora mostrou definitivamente a que veio ao alterar a divisão e a entonação de O nosso amor a gente inventa (Estória romântica) (João Rebouças, Rogério Meanda e Cazuza, 1987), terceira das 20 músicas do roteiro pontuado por saudações a João Araújo (1935 - 2013), pai do homenageado, morto na véspera da apresentação do show no Rio de Janeiro (RJ), cidade natal de Cazuza e destino final (em 2013) da turnê que passou Natal (RN), Recife (PE), Fortaleza (CE) e Porto Alegre (RS). Se Mais feliz (Dé Palmeira, Cazuza e Bebel Gilberto, 1986) ganhou suingue inadequado no toque da banda que incluiu o guitarrista Fernando Caneca e o baterista Cezinha, Faz parte do meu show (Renato Ladeira e Cazuza, 1988) teve diluída a aura bossa-novista da gravação original de Cazuza sem perder seu clima de intimidade, como se Gadú sussurrasse a letra ao pé do ouvido da personagem de uma estória romântica. Já Medieval II (Rogério Meanda e Cazuza, 1985) recuperou a pegada roqueira do show enquanto Bete Balanço (Roberto Frejat e Cazuza, 1985) caiu no suingue da percussão da banda.

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  2. Um dos grandes momentos do show, Vida louca vida (Lobão e Bernardo Vilhena, 1987) ganhou interpretação arrebatadora, perfeita ao alternar andamentos elétricos e os tons suaves do refrão, cantado por Gadú quase como um lamento pela brevidade da vida. Todo amor que houver nessa vida (Roberto Frejat e Cazuza, 1982) foi outro acerto, pois o toque mais minimalista do arranjo evidenciou toda a força poética dos versos que, entre 1982 e 1983, chamaram a atenção de nomes da MPB, como Caetano Veloso, para o nome e a música de Cazuza. Em contrapartida, Preciso dizer que te amo (Dé Palmeira, Cazuza e Bebel Gilberto, 1986) - linkada no roteiro com Todo amor que houver nessa vida - perdeu sua delicadeza romântica na pulsação agitada da abordagem de Gadú. Pequeno deslize encoberto, dois números depois, pela grande interpretação do Blues da piedade (Roberto Frejat e Cazuza, 1988). Gestos, tons e ênfases da cantora valorizaram a pregação da letra impiedosa com as almas pequenas. Alocado no roteiro após a releitura veloz de Exagerado (Leoni, Ezequiel Neves e Cazuza, 1985), luminoso instante pop da carreira solo de Cazuza, o samba-rock Brasil (George Israel, Nilo Romero e Cazuza, 1988) também ganhou tom bluesy em outra amostra de que Gadú se debruçou sem preguiça no cancioneiro de Cazuza. Ao fechar o show cantando os versos "Aquele garoto que ia mudar o mundo / Agora assiste a tudo em cima do muro", a cantora deu sentido metafísico a esses versos de Ideologia (Roberto Frejat e Cazuza, 1988) em (mais uma) prova de que não precisou de muletas para interpretar Cazuza.

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  3. Porcaria de cantora. Uma Cássia Eller piorada essa daí.

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  4. Maria Gadu destruiu as músicas do Cazuza. O que foi "O Tempo Não Para"? Que sofrível foi esse show, me deu vergonha alheia.

    Gadu tem a necessidade de melar as músicas. Ela definitivamente não tem pegada e como Lobão disse é "cantora de churrascaria".

    Não chega aos pés do Veneno Antimonotonia e do Veneno Vivo da Cássia Eller.

    Putz, foi lixo esse show da Gadu, puro lixo!

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  5. Não vou nem falar que quem nasceu para Maria Gadú jamais chegará a Cássia Eller.

    Ih... já disse... ups!

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  6. Ela estava cantando muito mal e estranho no 'Som Brasil'
    É sério, a Gadu tá na rotação errada... horrível!

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  7. Cássia Eller ou Dom Paulinho? hehe

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  8. Quando eu tentei assistir um trecho do show pelo Multishow, quase caí duo. Pensei: No dia em que João Araújo parte, Cazuza deve estar se revirando no túmulo. De desgosto. Gadú chegou no cenário musical botando pra quebrar, impactando com o seu canto diferencial, sereno, gostoso de ouvir, encantador. Porém, a fama efêmera não o sustentou. Hoje a vejo, infelizmente, como uma verdadeira decepção. Uma farsa. O que vejo é uma cantora metida a pop-moderninha meio perdida em suas escolhas. E, Cazuza, está muito aquém de seu potencial. Ela destruiu todo o repertório dele. Se eu estivesse no Vivo Rio àquela noite, teria levantado e ido embora em respeito a alma e a obra do poeta. Saudades de Cássia Éller!!!

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  9. Cheguei neste post procurando criticas sobre a fase de Maria Gadú após vê-la "soletrando" no The Voice Brasil;

    A apresentação da moça foi horrível. Mais parecia um concurso de quem soletra a musica no Caldeirão do Huck do que uma apresentação no The Voice;

    Não entendi o que ela quis fazer... só sei que não foi nada agradável ao meus ouvidos!

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  10. Cheguei neste post procurando criticas sobre a fase de Maria Gadú após vê-la "soletrando" no The Voice Brasil;

    A apresentação da moça foi horrível. Mais parecia um concurso de quem soletra a musica no Caldeirão do Huck do que uma apresentação no The Voice;

    Não entendi o que ela quis fazer... só sei que não foi nada agradável ao meus ouvidos!

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