Libertango - tema de 1974 em que o compositor e bandoneonista argentino Astor Piazzolla (1921 - 1992) exercitou a liberdade estilística de fazer um tango sem clonar com rigidez a estrutura do gênero - vira quadrilha no arranjo de clima forrozeiro criado pelo acordeonista Marcelo Caldi para o quarto álbum do LiberTango, Tangos hermanos. No CD, lançado pela Mills Records neste mês de dezembro de 2013, o grupo carioca faz uso dessa liberdade estilística não somente ao trazer o tema Libertango para o universo musical do Nordeste do Brasil - com direito a zabumba e ai triângulo percutidos por Fábio Lua - mas também ao explicitar toda a influência exercida pelo ritmo argentino sobre os hermanos da América Latina, sobretudo os brasileiros. Tanto que, das onze composições que formam o mixado repertório de Tangos hermanos, cinco são da lavra do compositor carioca Ernesto Nazareth (1863 - 1934), criador do chamado tango brasileiro e um dos pioneiros do choro. Bambino (1907 - revivido no disco com os versos escritos postumamente pelo poeta José Miguel Wisnik), Encantada (schottisch de 1901), Nove de julho (1917), Plangente (1925) e Tenebroso (1913) são os cinco temas gravados pelo LiberTango em Tangos hermanos com toques de tango argentino. Embora seja essencialmente instrumental, o disco perpetua também as vozes dos irmãos Alexandre Caldi (flautista e saxofonista) e Marcelo Caldi (acordeom). Alexandre dá voz à letra póstuma de Bambino. Já Marcelo canta Mi Buenos Aires querido (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera, 1934), sucesso na voz de Carlos Gardel (1887 - 1935), cantor que, embora não tenha nascido na Argentina, se tornou uma das mais perfeitas traduções da música do país em que viveu desde a infância. Os irmãos também apresentam composições em tributo a familiares. Alexandre dedica à mãe - Estela Caldi, pianista do grupo - o tango Estrela. Já Marcelo celebra o irmão Leonardo Caldi - designer que assina a arte das capas de todo os discos do LiberTango - com Léo, composição que fica entre o tango e o choro, realçando as afinidades entre os hermanos.
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Libertango - tema de 1974 em que o compositor e bandoneonista argentino Astor Piazzolla (1921 - 1992) exercitou a liberdade estilística de fazer um tango sem clonar com rigidez a estrutura do gênero - vira quadrilha no arranjo de clima forrozeiro criado pelo acordeonista Marcelo Caldi para o quarto álbum do LiberTango, Tangos hermanos. No CD, lançado pela Mills Records neste mês de dezembro de 2013, o grupo carioca faz uso dessa liberdade estilística não somente ao trazer o tema Libertango para o universo musical do Nordeste do Brasil - com direito a zabumba e ai triângulo percutidos por Fábio Lua - mas também ao explicitar toda a influência exercida pelo ritmo argentino sobre os hermanos da América Latina, sobretudo os brasileiros. Tanto que, das onze composições que formam o mixado repertório de Tangos hermanos, cinco são da lavra do compositor carioca Ernesto Nazareth (1863 - 1934), criador do chamado tango brasileiro e um dos pioneiros do choro. Bambino (1907 - revivido no disco com os versos escritos postumamente pelo poeta José Miguel Wisnik), Encantada (schottisch de 1901), Nove de julho (1917), Plangente (1925) e Tenebroso (1913) são os cinco temas gravados pelo LiberTango em Tangos hermanos com toques de tango argentino. Embora seja essencialmente instrumental, o disco perpetua também as vozes dos irmãos Alexandre Caldi (flautista e saxofonista) e Marcelo Caldi (acordeom). Alexandre dá voz à letra póstuma de Bambino. Já Marcelo canta Mi Buenos Aires querido (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera, 1934), sucesso na voz de Carlos Gardel (1887 - 1935), cantor que, embora não tenha nascido na Argentina, se tornou uma das mais perfeitas traduções da música do país em que viveu desde a infância. Os irmãos também apresentam composições em tributo a familiares. Alexandre dedica à mãe - Estela Caldi, pianista do grupo - o tango Estrela. Já Marcelo celebra o irmão Leonardo Caldi - designer que assina a arte das capas de todo os discos do LiberTango - com Léo, composição que fica entre o tango e o choro, realçando as afinidades entre os hermanos.
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