sábado, 21 de dezembro de 2013

Mayra se dispersa ao alternar pop e sons de sua terra em 'Lovely difficult'

Resenha de CD
Título: Lovely difficult
Artista: Mayra Andrade
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * 1/2

Apontada como moderna sucessora de Cesaria Évora (1941 - 2011) por ter sido criada em Cabo Verde, a cantora e compositora Mayra Andrade - cubana por acidente, atualmente radicada na França, país onde mora já há 11 anos - tenta fazer uma travessia pop em seu quarto álbum, Lovely difficult, recém-lançado no Brasil pela gravadora Sony Music. Com múltiplos focos, o disco busca harmonizar músicas cantadas em inglês (língua até então ausente nos CDs da artista), em francês e no dialeto crioulo ouvido em Cabo Verde. Na teoria, o cruzamento de idiomas, ritmos e culturas pode soar sedutor. Na prática, Lovely difficult resulta disperso. A produção de Mike Pelanconi persegue levadas mais contemporâneas, mas também parece ter ficado no meio do caminho. O approach com o pop mais palatável fica evidente em We used to call it love (Pascal Danaë e Mayra Andrade), faixa estrategicamente escolhida para ser o primeiro single do álbum. Ao mesmo tempo, um tema como Ilha de Santiago (Mário Lúcio) - ode em crioulo à maior ilha de Cabo Verde - remete de imediato ao som e aos discos de Cesaria Évora. Aliás, Cabo Verde também é assunto de Téra lonji, parceria de Mayra com o compositor e guitarrista francês Pascal Danaë. Batida que evova a Bossa Nova se insinua na introdução de Build it up (Krysle Warren) - uma das músicas gravadas em inglês neste disco formatado no Reino Unido - mas se dilui ao longo da faixa. Enfim, a sensação predominante em Lovely difficult é que, ao se debater entre o som pop universal e suas origens cabo-verdianas, Mayra Andrade fica perdida, sem saber qual caminho efetivamente seguir. É preciso ajustar o foco em direção específica para que venham discos à altura da voz de Mayra Andrade.

Um comentário:

  1. Apontada como moderna sucessora de Cesaria Évora (1941 - 2011) por ter sido criada em Cabo Verde, a cantora e compositora Mayra Andrade - cubana por acidente, atualmente radicada na França, país onde mora já há 11 anos - tenta fazer uma travessia pop em seu quarto álbum, Lovely difficult, recém-lançado no Brasil pela gravadora Sony Music. Com múltiplos focos, o disco busca harmonizar músicas cantadas em inglês (língua até então ausente nos CDs da artista), em francês e no dialeto crioulo ouvido em Cabo Verde. Na teoria, o cruzamento de idiomas, ritmos e culturas pode soar sedutor. Na prática, Lovely difficult resulta disperso. A produção de Mike Pelanconi persegue levadas mais contemporâneas, mas também parece ter ficado no meio do caminho. O approach com o pop mais palatável fica evidente em We used to call it love (Pascal Danaë e Mayra Andrade), faixa estrategicamente escolhida para ser o primeiro single do álbum. Ao mesmo tempo, um tema como Ilha de Santiago (Mário Lúcio) - ode em crioulo à maior ilha de Cabo Verde - remete de imediato ao som e aos discos de Cesaria Évora. Aliás, Cabo Verde também é assunto de Téra lonji, parceria de Mayra com o compositor e guitarrista francês Pascal Danaë. Batida que evova a Bossa Nova se insinua na introdução de Build it up (Krysle Warren) - uma das músicas gravadas em inglês neste disco formatado no Reino Unido - mas se dilui ao longo da faixa. Enfim, a sensação predominante em Lovely difficult é que, ao se debater entre o som pop universal e suas origens cabo-verdianas, Mayra Andrade fica perdida, sem saber qual caminho efetivamente seguir. É preciso ajustar o foco em direção específica para que venham discos à altura da voz de Mayra Andrade.

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