Resenha de CD
Título: The Marshall Mathers LP 2
Artista: Eminem
Gravadora: Shady Records / Interscope Records / Universal Music
Cotação: * * * 1/2
Em 2000, ao versar sobre delicadas questões pessoais como o ódio da mãe e o uso de drogas em seu autobiográfico e tenso terceiro álbum, The Marshall Mathers LP, Marshall Bruce Mathers III - desbocado e controvertido rapper norte-americano conhecido pelo nome artístico de Eminem - reinou soberano no universo do hip hop dos EUA. The Marshall Mathers LP se tornou um dos clássicos do gênero, vendeu mais de 20 milhões de cópias ao redor do mundo e foi seguido dois anos depois por outra obra-prima da discografia do artista, The Eminem show (2002). Decorrida mais de uma década, Eminem já não é a bola da vez. O fato de estar lançando em 2013 a sequência de seu emblemático álbum de 2000, The Marshall Mathers LP 2, sinaliza claramente a intenção de (tentar) recuperar um status e um prestígio atualmente já destinados a outros rappers. Produzida por Dr. Dre e Rick Rubin, a sequência é interessante e cresce quando se aproxima dos climas tensos do álbum original. Só que Eminem nem sempre consegue resistir à tentação de seguir fórmulas de sucesso que fogem do espírito do disco de 2000. O dueto com Rihanna em The monster segue nitidamente a receita do encontro anterior do rapper com a artista de Barbados em Love the way you lie, grande sucesso de um dos últimos álbuns de Eminem, Recovery (2010). Já o dueto com o emergente rapper Kendrick Lamar em Love game - tema que versa sobre (des)encontro amoroso - parece ter a função de pôr Eminem em sintonia com os tempos atuais, como se atestasse que The Marshall Mathers LP 2 extrapola o mero exercício de nostalgia, sendo mais do que tentativa de reeditar o espírito e o sucesso de disco confinado a um passado de glória. Da mesma forma, a presença de Nate Ruess - vocalista da banda norte-americana Fun. - na melódica Headlights traz Eminem para o presente. Curiosamente, essas três faixas estão alocadas no fim do disco, como se estivessem ali por imposições mercadológicas. Para quem procura o Eminem tenso e explosivo de 2000 neste seu oitavo álbum solo de estúdio, as faixas mais indicadas são Asshole e Rad God, de batidas inebriantes. Com versos cuspidos em velocidade vertiginosa, Rad God é o grande momento de The Marshall Mathers LP 2, álbum de longos 78 minutos. Bad guy e Rhyme or reason são outros instantes em que Eminem evoca seu momento áureo com tensão amplificada pelos tiros e sirenes de polícia ouvidos na faixa posterior Parking lot (Skit). Mesmo sendo exercício de egotrip, So much better também contribui para que o saldo do disco seja positivo. A questão é que Eminem fala muito, mas parece ouvir pouco. Se tivesse ouvido a máxima do filósofo alemão Karl Marx (1818 - 1883) de que a história somente se repete como farsa, o rapper talvez tivesse resistido à ideia de gravar sequência de grande álbum de um bom tempo que, não, não vai mais voltar. A fila anda bem rápido no volátil mundo do hip hop.
Em 2000, ao versar sobre delicadas questões pessoais como o ódio da mãe e o uso de drogas em seu autobiográfico e tenso terceiro álbum, The Marshall Mathers LP, Marshall Bruce Mathers III - desbocado e controvertido rapper norte-americano conhecido pelo nome artístico de Eminem - reinou soberano no universo do hip hop dos EUA. The Marshall Mathers LP se tornou um dos clássicos do gênero, vendeu mais de 20 milhões de cópias ao redor do mundo e foi seguido dois anos depois por outra obra-prima da discografia do artista, The Eminem show (2002). Decorrida mais de uma década, Eminem já não é a bola da vez. O fato de estar lançando em 2013 a sequência de seu emblemático álbum de 2000, The Marshall Mathers LP 2, sinaliza claramente a intenção de (tentar) recuperar um status e um prestígio atualmente já destinados a outros rappers. Produzida por Dr. Dre e Rick Rubin, a sequência é interessante e cresce quando se aproxima dos climas tensos do álbum original. Só que Eminem nem sempre consegue resistir à tentação de seguir fórmulas de sucesso que fogem do espírito do disco de 2000. O dueto com Rihanna em The monster segue nitidamente a receita do encontro anterior do rapper com a artista de Barbados em Love the way you lie, grande sucesso de um dos últimos álbuns de Eminem, Recovery (2000). Já o dueto com o emergente rapper Kendrick Lamar em Love game - tema que versa sobre (des)encontro amoroso - parece ter a função de pôr Eminem em sintonia com os tempos atuais, como se atestasse que The Marshall Mathers LP 2 extrapola o mero exercício de nostalgia, sendo mais do que tentativa de reeditar o espírito e o sucesso de disco confinado a um passado de glória. Da mesma forma, a presença de Nate Ruess - vocalista da banda norte-americana Fun. - na melódica Headlights traz Eminem para o presente. Curiosamente, essas três faixas estão alocadas no fim do disco, como se estivessem ali por imposições mercadológicas. Para quem procura o Eminem tenso e explosivo de 2000 neste seu oitavo álbum solo de estúdio, as faixas mais indicadas são Asshole e Rad God, de batidas inebriantes. Com versos cuspidos em velocidade vertiginosa, Rad God é o grande momento de The Marshall Mathers LP 2, álbum de longos 78 minutos. Bad guy e Rhyme or reason são outros instantes em que Eminem evoca seu momento áureo com tensão amplificada pelos tiros e sirenes de polícia ouvidos na faixa posterior Parking lot (Skit). Mesmo sendo exercício de egotrip, So much better também contribui para que o saldo do disco seja positivo. A questão é que Eminem fala muito, mas parece ouvir pouco. Se tivesse ouvido a máxima do filósofo alemão Karl Marx (1818 - 1883) de que a história somente se repete como farsa, o rapper talvez tivesse resistido à ideia de gravar sequência de grande álbum de um bom tempo que, não, não vai mais voltar. A fila anda bem rápido no volátil mundo do hip hop.
ResponderExcluirCaro Mauro, uma correção de digitação: "Recovery" é de 2010 (embora "Love the way you lie" tenha feito sucesso mesmo em 2011).
ResponderExcluirAbraços, Felipe dos Santos Souza
Oi, Felipe, grato (mais uma vez) pelo toque do erro de digitação. Abs, obrigado, Maurof
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