Resenha de CD
Título: Violão, voz e Zé Kéti
Artistas: Augusto Martins e Marcel Powell
Gravadora: Kuarup
Cotação: * * * 1/2
José Flores de Jesus (16 de setembro de 1921 - 14 de novembro de 1999) - cantor e compositor carioca conhecido como Zé Kétti ou mais comumente Zé Kéti, como grafado no título do ora lançado disco que une o cantor carioca Augusto Martins ao violonista também carioca Marcel Powell - foi realmente uma voz (da população marginalizada) do morro, como sentenciou no título e em verso de um de seus sambas mais conhecidos, A voz do morro (Zé Kétti, 1955), fecho deste CD que se impõe como o mais coeso trabalho fonográfico de Martins. O cantor e o virtuoso violonista - filho e discípulo de Baden Powell (1937 - 2000), um dos mestres do violão brasileiro - se afinam ao subir o morro em que Kétti perfilou, na cadência bonita do samba, personagens como Nega Dina (Zé Kéti, 1965), a esquentada mulata que percorre favelas à procura de um. marginal brasileiro, e o valente (porém conceituado) malandro Malvadeza Durão (1959), assassinado em crime impune. Editado pela gravadora Kuarup, o CD Violão, voz e Zé Kéti tem arranjos criados pelo cantor com o violonista, único músico a passear com Martins por repertório que funciona como best of de Kétti. A despeito da irretocável qualidade do coeso repertório, aliás, o disco cresce quando a dupla revitaliza sambas menos conhecidos como Tamborim (Zé Kétti e Mourão Filho, 1979), destaque de disco pouco ouvido do compositor, Identificação (Continental, 1979), lançado em fase já crepuscular do artista. Ligado à escola de samba carioca Portela, Kétti - cuja obra já mereceu belo tributo fonográfico do cantor carioca Zé Renato, Natural do Rio de Janeiro - Sobre os sambas de Zé Kéti (MP,B Discos, 1996), disco de repertório quase idêntico ao de Martins e Marcel - começou a compor nos anos 30, ainda adolescente, e teve seus sambas gravados a partir de 1946. Contudo, seu auge artístico aconteceu somente nos anos 50 - década de sucessos como Leviana (Zé Kétti e Amado Régis, 1954) - e nos anos 60. Nesta década, a projeção de Kétti aumentou com sua escalação para o elenco do marcante espetáculo teatral Opinião (1964), de cujo repertório Martins e Marcel pescaram pérolas como o samba Diz que fui por aí (Zé Kétti e Hortêncio Rocha), a música-título Opinião (Zé Kétti) e Acender as velas (Zé Kétti), tema ouvido no disco em registro instrumental que mostra que Marcel Powell foi aplicado aluno da escola de Baden. Mesmo soando por vezes limitador, já que a ausência de percussão afasta eventualmente os sambas do morro, o formato voz & violão se revela interessante ao acentuar a melancolia embutida na carnavalesca marcha-rancho Máscara negra (Zé Kétti e Pereira Martins, 1967). Enfim, o CD Violão, voz e Zé Kéti resulta tão bom quanto previsível. Martins está cantando bem e - com Marcel - sobe o morro sem levar tombo.
José Flores de Jesus (16 de setembro de 1921 - 14 de novembro de 1999) - cantor e compositor carioca conhecido como Zé Kétti ou mais comumente Zé Kéti, como grafado no título do ora lançado disco que une o cantor carioca Augusto Martins ao violonista também carioca Marcel Powell - foi realmente uma voz (da população marginalizada) do morro, como sentenciou no título e em verso de um de seus sambas mais conhecidos, A voz do morro (Zé Kétti, 1955), fecho deste CD que se impõe como o mais coeso trabalho fonográfico de Martins. O cantor e o virtuoso violonista - filho e discípulo de Baden Powell (1937 - 2000), um dos mestres do violão brasileiro - se afinam ao subir o morro em que Kétti perfilou, na cadência bonita do samba, personagens como Nega Dina (Zé Kéti, 1965), a esquentada mulata que percorre favelas à procura de um. marginal brasileiro, e o valente (porém conceituado) malandro Malvadeza Durão (1959), assassinado em crime impune. Editado pela gravadora Kuarup, o CD Violão, voz e Zé Kéti tem arranjos criados pelo cantor com o violonista, único músico a passear com Martins por repertório que funciona como best of de Kétti. A despeito da irretocável qualidade do coeso repertório, aliás, o disco cresce quando a dupla revitaliza sambas menos conhecidos como Tamborim (Zé Kétti e Mourão Filho, 1979), destaque de disco pouco ouvido do compositor, Identificação (Continental, 1979), lançado em fase já crepuscular do artista. Ligado à escola de samba carioca Portela, Kétti - cuja obra já mereceu belo tributo fonográfico do cantor carioca Zé Renato, Natural do Rio de Janeiro - Sobre os sambas de Zé Kéti (MP,B Discos, 1996), disco de repertório quase idêntico ao de Martins e Marcel - começou a compor nos anos 30, ainda adolescente, e teve seus sambas gravados a partir de 1946. Contudo, seu auge artístico aconteceu somente nos anos 50 - década de sucessos como Leviana (Zé Kétti e Amado Régis, 1954) - e nos anos 60. Nesta década, a projeção de Kétti aumentou com sua escalação para o elenco do marcante espetáculo teatral Opinião (1964), de cujo repertório Martins e Marcel pescaram pérolas como o samba Diz que fui por aí (Zé Kétti e Hortêncio Rocha), a música-título Opinião (Zé Kétti) e Acender as velas (Zé Kétti), tema ouvido no disco em registro instrumental que mostra que Marcel Powell foi aplicado aluno da escola de Baden. Mesmo soando por vezes limitador, já que a ausência de percussão afasta eventualmente os sambas do morro, o formato voz & violão se revela interessante ao acentuar a melancolia embutida na carnavalesca marcha-rancho Máscara negra (Zé Kétti e Pereira Martins, 1967). Enfim, o CD Violão, voz e Zé Kéti resulta tão bom quanto previsível. Martins está cantando bem e - com Marcel - sobe o morro sem levar tombo.
ResponderExcluirBela iniciativa. O Zé Ketti é um dos grandes compositores esquecidos até mesmo pelos artistas do seu meio.
ResponderExcluirQuanto ao Augusto, gosto muito da sua voz. Fez um bonito cd sobre Djavan.
Belo disco... Um excelente cantor, um excelente violonista, um excelente compositor...
ResponderExcluirabração,
Denilson